Todos os Santos Carmelitas – 14 de Novembro

Salve, falange florida do Carmelo,
nosso modelo, nossa glória, nossa alegria,
porque de Elias perpetuaste o zelo,
e a oração silenciosa de Maria.
 
Com um total desprendimento e pobreza
a alma virgem conservaste para o Amor:
fielmente o serviste com presteza,
amando a Igreja, povo eleito do Senhor.
 
Da solidão saindo, já bem transformados
em mártires fortes e testemunhas da paz,
embora ocultos nesses claustros sagrados,
fizestes no mundo o que o fermento faz.
 
Dai-nos a mão para também nos elevarmos
à contemplação daquele que é nosso encanto,
e convosco pra sempre glorificarmos
o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Os santos do Carmelo formaram-se na escola do fogo espiritual, semelhante à de Elias. São uma imensa multidão de irmãos nossos que consagraram a sua vida a Deus, abraçando os ensinamentos do Divino Mestre e imitaram a sua vida, entregaram-se ao serviço da Virgem Maria na oração, na abnegação evangélica e no amor às almas, selando-a em alguns casos com o seu sangue.

Todos os Santos Carmelitas deixaram-se modelar segundo a figura da Bem-Aventurada Virgem Maria, viveram em intimidade com ela, e foram seus apóstolos. Dela aprenderam a viver em Cristo e do seu amor, inspiraram-se nela para entregar a sua vida à Igreja e às almas. A vida da Virgem Maria é de grande importância nos Santos do Carmelo. Que o exemplo dos nossos santos sirva para suscitar novas gerações de santidade e nos contagie para vivermos um amor activo e grande por Cristo, pela Igreja e por todo o mundo.

Oração

Nós Vos pedimos, Senhor, que nos assistam, com a sua protecção, a Virgem Maria, nossa Mãe, e todos os Santos do Carmelo, para que, seguindo fielmente os seus exemplos, sirvamos a Vossa Igreja com a oração e com obras dignas de Vós. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. Amen.

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«Não se perderá um só cabelo da vossa cabeça»

Jesus, depois de ter falado de cenários de violência e terror, conclui dizendo: «Não se perderá um só cabelo da vossa cabeça» (21, 18). Mas que significa isto? Que Ele está connosco, Ele é o nosso guardião, Ele caminha connosco. Tenho eu esta fé? Tu tens esta fé de que o Senhor caminha contigo? Devemos repetir sempre isto para nós mesmos, especialmente nos momentos mais dolorosos: Deus é Pai e está ao meu lado, conhece-me e ama-me, vela por mim, não dorme, cuida de mim e, com Ele, nem um só cabeleiro da minha cabeça se perderá. E eu, como respondo a isto? Ao ver os irmãos e as irmãs que passam necessidade, ao ver esta cultura do descarte que descarta os pobres, que descarta as pessoas com menos possibilidades, que descarta os idosos, que descarta os nascituros… Ao ver tudo isto, que sinto e que devo fazer como cristão neste momento? (…)

Não podemos ficar – como aqueles de quem fala o Evangelho – a admirar as belas pedras do templo, sem reconhecer o verdadeiro templo de Deus, o ser humano, o homem e a mulher, especialmente o pobre, em cujo rosto, em cuja história, em cujas feridas está Jesus. Foi Ele que o disse… Nunca o esqueçamos!

Papa Francisco, Homilia, 13 de Novembro, 2022

 

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O Espírito é fonte de Alegria

Antes de mais nada, o Espírito é fonte de alegria. A água doce que o Senhor quer fazer correr nos desertos da nossa humanidade, feita de terra e fragilidade, é a certeza de nunca estarmos sozinhos no caminho da vida. De facto, o Espírito é Aquele que não nos deixa sozinhos, é o Consolador; conforta-nos com a sua discreta e benéfica presença, acompanha-nos com amor, ampara-nos nas lutas e dificuldades, encoraja os nossos sonhos mais belos e os nossos maiores desejos, abrindo-nos ao assombro perante a beleza da vida. Por isso, a alegria do Espírito não é um estado ocasional nem uma emoção do momento; e muito menos aquela espécie de «alegria consumista e individualista tão presente nalgumas experiências culturais de hoje» (Francisco, Exort. ap. Gaudete et exsultate, 128). Pelo contrário, a alegria no Espírito é aquela que nasce da relação com Deus, de saber que, mesmo nas dificuldades e noites obscuras que por vezes atravessamos, não estamos sozinhos, perdidos ou derrotados, porque Ele está connosco. E, com Ele, podemos enfrentar e superar tudo, até os abismos do sofrimento e da morte.

A vós, que descobristes esta alegria e a viveis em comunidade, gostaria de dizer: conservai-a; mais ainda, multiplicai-a. E sabeis qual é o método melhor para fazer isto? É dá-la… A alegria cristã não a podemos guardar para nós mesmos e, quando a colocamos em circulação, multiplica-se.

Papa Francisco, Manama (Bahrain), 6 de Novembro, 2022

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Santa Isabel da Trindade, OCD – 8 de Novembro

 Ó meu Deus, Trindade que eu adoro, ajudai-me a esquecer-me inteiramente, para me estabelecer em vós, imóvel e pacífica como se já a minha alma estivesse na eternidade… Que nunca aí eu vos deixe só, mas que esteja lá inteiramente, toda acordada em minha fé, perfeita adoradora, toda entregue à vossa Acção criadora. (Santa Isabel da Trindade, OCD).

– Vou para a Luz, para o Amor, para a Vida. (Santa Isabel da Trindade, OCD).

– Parece-me que no céu a minha missão consistirá em atrair as almas, ajudando-as a sair de si mesmas para aderir a Deus, num impulso espontâneo e amoroso, e de mantê-las naquele grande silêncio interior, que permite que Deus se imprima nelas para que as transforme em si mesmo. (Santa Isabel da Trindade, OCD).

– Lego-vos esta vocação que foi a minha no seio da Igreja militante e que, a partir de agora hei de cumprir sem cessar na Igreja triunfante: “Louvor de glória da Santíssima Trindade”. (Santa Isabel da Trindade, OCD).

No dia 8 de Novembro recordamos Santa Isabel da Trindade, Carmelita Descalça, grande mística dos inícios do século XX. Nasceu em 18 de Julho de 1880 perto de Bourges (França). É dotada para a música e a sua alma sensível levam-na para a contemplação da formosura da natureza que a conduz para Deus porque vê nela a harmonia do Criador.

O dia da sua primeira comunhão, a 19 de Abril de 1891, foi fundamental para ela: sente que Jesus a preencheu. Nessa tarde foi visitar pela primeira vez o Carmelo de Dijon e a priora explica-lhe o significado do seu nome. Isabel significa “casa de Deus”. Isto marca profundamente a criança, que compreende a profundidade dessas palavras. A partir de então quer ser morada de Deus. Isabel deseja ser carmelita, mas a sua mãe proíbe a sua entrada no Carmelo até que faça 21 anos. Ao ler os escritos de Santa Teresa sente uma grande sintonia. Compreende que a contemplação é entregar-se nas mãos de Deus, que a mortificação há-de ser interior e que a amizade é uma atitude que conduz a considerar os interesses do outro. Também a ajudou muito a leitura do livro “História de uma alma”, de Teresa de Lisieux, recém-falecida, que a impulsionou no caminho da confiança em Deus.

A 2 de Agosto de 1901 ingressa no Carmelo de Dijon adoptando o nome de Isabel da Trindade. Isabel vive uma vida completamente normal, uma vida de fé, sem revelações nem êxtases. Ela submerge-se na leitura e aprofundamento da Escritura (fundamentalmente São Paulo) e dos escritos de São João da Cruz. Através deles vai encontrando o seu próprio caminho interior e amadurecendo na sua fé. Lendo São Paulo, descobre uma intensa chamada a ser Louvor da Glória de Deus Trino, em cada instante do dia, vivendo numa constante acção de graças.

Morreu com 26 anos de idade, em 9 de Novembro de 1906. As suas últimas palavras foram: “Vou para a Luz, para o Amor, para a Vida”. Foi canonizada pelo Papa Francisco, em Roma, em 16 de Outubro de 2016.

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Água viva

As palavras de Jesus que ouvimos, falam da água viva que jorra de Cristo e dos crentes (cf. Jo 7, 37-39). Fizeram-me pensar precisamente nesta terra. É verdade que há muito deserto, mas existem também fontes de água doce que correm silenciosamente no subsolo, irrigando-o. É uma boa imagem do que vós sois e sobretudo daquilo que a fé realiza na vida: à superfície emerge a nossa humanidade, ressequida por tantas fragilidades, medos, desafios que deve enfrentar, males pessoais e sociais de vário género; mas no mais fundo da alma, mesmo dentro, no íntimo do coração, corre calma e silenciosa a água doce do Espírito, que irriga os nossos desertos, restitui vigor ao que corre o risco de secar, lava aquilo que nos embrutece, sacia a nossa sede de felicidade. E não cessa de renovar a vida. É desta água viva que fala Jesus; esta é a fonte de vida nova que Ele nos promete: o dom do Espírito Santo, a presença terna, amorosa e regeneradora de Deus em nós.

Papa Francisco, Manama (Bahrein), 6 de Novembro, 2022

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São Nuno de Santa Maria – 6 de Novembro

Os Carmelitas estabeleceram-se em Portugal em meados do século XIV com um convento em Moura, no Alentejo. Estabelecido o Carmelo em Moura depressa se tornou notória a fama de santidade e ciência dos frades que habitavam este convento. O que deve ter impressionado de modo especial o santo português foi a devoção à Santíssima Virgem e ao Profeta Elias. Nuno visitava frequentemente o convento de Moura. É de admitir que através destes contactos frequentes e demorados o Condestável de Portugal foi-se imbuindo em profundidade da espiritualidade da Ordem Carmelita, ele que segundo testemunhos dos seus contemporâneos, enquanto no mundo, jejuava e rezava “como um religioso”.

Um segundo momento de ligação de Nuno Álvares Pereira aos Carmelitas prende-se com a construção e doação aos Carmelitas do Convento de Nossa Senhora do Vencimento (Convento do Carmo de Lisboa). O ponto culminante de ligação de D. Nuno aos Carmelitas é alcançado quando fixa residência no convento e, alguns anos depois, professa na Ordem como Irmão Donato. Com os seus bens mandara construir o Convento e quando se quis apartar para servir a Deus repartiu-os pelos seus netos,  companheiros de armas e pelos pobres. A entrada de D. Nuno no convento que mandara erigir causou em todos um grande espanto e não foi compreendida por muitas pessoas que lhe eram próximas.

Apesar da idade e de proceder de linhagem nobre, não recusava nenhum trabalho por mais duro que fosse. Quando o advertiam para que se resguardasse dos trabalhos mais duros e mais humildes, respondia dizendo que “na casa de Deus tudo é tão ilustre que até os serviços mais baixos têm de ser altos”. A quem lhe recomendava que poupasse as suas já débeis energias, respondia que não entrara para o convento para descansar, mas para trabalhar e que o serviço nada teria de agradável a Deus se não fosse custoso. O exercício da caridade por parte de Frei Nuno de Santa Maria não se limitava ao interior do convento ou à portaria do mesmo onde os pobres acorriam em busca da sopa, do pão e das esmolas.

Se durante toda a sua vida de militar teve uma especial devoção para com o Santíssimo Sacramento e Nossa Senhora, agora, no convento, liberto de outras preocupações, passava longos períodos de tempo em adoração junto do Sacrário e dirigia constantes orações a Nossa Senhora. O seu amor pela Virgem do Monte Carmelo levou-o a promover o culto mariano, mediante a devoção pelo significado do Escapulário. Com efeito, começou por convidar pessoas do seu conhecimento, tanto nobres como pobres, a reunirem-se para a prática devocional do Escapulário, dando origem à primeira Confraria de Leigos em Lisboa, chamada “Confraria do Bentinho”, origem da futura Ordem Terceira Secular. Foi, portanto, o fundador, do movimento do laicado carmelita.

Foi no Convento do Carmo, com quase setenta e um anos de idade, que faleceu no dia 1 de Abril de 1431. Era dia de Páscoa!

 

 

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Semana de oração pelos seminários

Senhor Jesus,
que um dia chamaste os primeiros discípulos
e fizeste deles pescadores de homens:
continua hoje a fazer ressoar
nas comunidades, nas famílias e no coração dos jovens
o teu sublime convite: “Vem e segue-Me!”
Faz com que sejam muitos aqueles que, com prontidão,
respondem ao Teu chamamento à vida sacerdotal
e nunca se envergonhem de dar testemunho de Ti.

Senhor Jesus,
rogamos-Te pelos nossos seminários e pelos seminaristas,
que ali amadurecem a sua vocação:
dá-lhes um coração generoso e forte
e concede-lhes o ardente desejo de se entregarem
ao serviço de Deus e dos homens.
Ampara-os nos momentos de prova e cansaço
e nunca se envergonhem de dar testemunho de Ti!

Senhor Jesus,
guia os formadores dos nossos seminários
com os dons do Teu Espírito de sabedoria e de santidade,
para que com a sua presença amiga
sejam bons companheiros de viagem,
mestres segundo o Teu Evangelho
e nunca se envergonhem de dar testemunho de Ti!

Virgem Maria,
rainha dos apóstolos e mãe dos sacerdotes,
acompanha maternalmente os nossos seminaristas,
para que correspondam, sem medo,
à vocação que lhes foi doada por Jesus.
Faz com que também eles possam pronunciar
com alegria e confiança o seu “Eis-me aqui!”,
imitando o Teu luminoso exemplo
e apoiados na Tua materna intercessão.
Recompensa com a tua solicitude os nossos benfeitores
e acolhe no teu colo os que já adormeceram em Cristo.
Ámen!

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Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos

Na Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, a Igreja, Mãe piedosa, depois da sua solicitude em celebrar com os devidos louvores todos os seus filhos que se alegram no céu, quer interceder diante de Deus pelas almas de todos os que nos precederam, marcados com o sinal da fé e que agora dormem na esperança da ressurreição, bem como por todos os defuntos, cuja fé só Deus conhece, a fim de que, purificados de toda a mancha do pecado, sejam associados aos cidadãos celestes, para poderem gozar da visão da felicidade eterna.

Serão dias difíceis para si, e é possível que até chegue a pensar que algo assim não se pode suportar. No entanto, estou plenamente persuadida de que encontrará em si mesma a força necessária. Agora tem no céu uma fiel intercessora, que certamente conhece todas as suas dificuldades e cuja oração maternal há-de ser escutada com toda a segurança. Nada nos ajuda tanto a dirigir o nosso olhar até à pátria celeste, como o facto de que alguém, a quem estamos muito unidos, nos preceda. (Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein)).

Oração

Escutai benignamente, Senhor, as nossas orações, para que, ao confessarmos a nossa fé no vosso Filho, ressuscitado de entre os mortos, seja fortalecida a nossa esperança na ressurreição dos vossos servos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.

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Solenidade de Todos os Santos

– Que nenhuma alma, por mais miserável que seja, caia em dúvida: enquanto viver, qualquer uma pode atingir uma grande santidade, tão grande é o poder da graça divina. (Santa Faustina Kowalska).

– Toda a santidade consiste em amar a Deus, e todo o amor a Deus consiste em fazer a sua vontade. (Santo Afonso Maria de Ligório).

– A santidade é muito simples, é entregar-se confiante e amorosamente nos braços de Deus, querendo e fazendo o que cremos que Ele quer. (Santa Maria Maravilhas de Jesus).

– Se queremos ser santos, procuremos a verdadeira união com Deus que é unir totalmente a nossa vontade à vontade dele. (Santo Afonso Maria de Ligório).

– A santidade cristã não é, primariamente, obra nossa, mas fruto da docilidade – deliberada e cultivada – ao Espírito do Deus três vezes Santo. (Papa Francisco).

– Posso, apesar de minha pequenez, aspirar à santidade (Santa Teresinha do Menino Jesus).

– Os Santos não são super-homens, nem nasceram perfeitos. Eles são como nós, como cada um de nós, são pessoas que antes de alcançar a glória do Céu levaram uma vida normal, com alegrias e sofrimentos, dificuldades e esperanças. (Papa Francisco).

– Não há nenhum santo, à excepção da bem-aventurada Virgem Maria, que não tenha conhecido também o pecado e que não tenha caído alguma vez. (Bento XVI).

– Por isso, todos nós somos chamados a caminhar pela vereda da santidade, e esta senda tem um nome, um semblante: o rosto de Jesus Cristo. É Ele que nos ensina a tornar-nos Santos. (Papa Francisco).

Oração

Deus eterno e omnipotente, que nos concedeis a graça de honrar numa única solenidade os méritos de Todos os Santos, dignai-Vos derramar sobre nós, em atenção a tão numerosos intercessores, a desejada abundância da vossa misericórdia. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. Amen.

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O olhar de Jesus que procura Zaqueu

Jesus foi enviado pelo Pai para buscar quem estava perdido; e quando chega a Jericó, passa precisamente debaixo da árvore onde estava Zaqueu. O Evangelho narra que «Jesus levantou o olhar e disse-lhe: “Zaqueu, desce depressa, porque hoje devo ficar na tua casa”» (v. 5). É uma imagem muito bela, porque se Jesus deve levantar o olhar, significa que vê Zaqueu desde baixo. Esta é a história da salvação: Deus não nos olhou desde o alto para nos humilhar e julgar, não; pelo contrário, abaixou-se para nos lavar os pés, olhando-nos desde baixo e restituindo-nos a dignidade. Deste modo, o cruzamento de olhares entre Zaqueu e Jesus parece resumir toda a história da salvação: a humanidade com as suas misérias procura a redenção; mas, sobretudo, Deus com a sua misericórdia, procura a criatura para a salvar.
Irmãos, irmãs, lembremo-nos disto: o olhar de Deus nunca pára no nosso passado cheio de erros, mas olha com infinita confiança para aquilo em que nos podemos tornar.

Papa Francisco, Angelus, 30 de Outubro, 2022

 

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