Antes de mais nada, o Espírito é fonte de alegria. A água doce que o Senhor quer fazer correr nos desertos da nossa humanidade, feita de terra e fragilidade, é a certeza de nunca estarmos sozinhos no caminho da vida. De facto, o Espírito é Aquele que não nos deixa sozinhos, é o Consolador; conforta-nos com a sua discreta e benéfica presença, acompanha-nos com amor, ampara-nos nas lutas e dificuldades, encoraja os nossos sonhos mais belos e os nossos maiores desejos, abrindo-nos ao assombro perante a beleza da vida. Por isso, a alegria do Espírito não é um estado ocasional nem uma emoção do momento; e muito menos aquela espécie de «alegria consumista e individualista tão presente nalgumas experiências culturais de hoje» (Francisco, Exort. ap. Gaudete et exsultate, 128). Pelo contrário, a alegria no Espírito é aquela que nasce da relação com Deus, de saber que, mesmo nas dificuldades e noites obscuras que por vezes atravessamos, não estamos sozinhos, perdidos ou derrotados, porque Ele está connosco. E, com Ele, podemos enfrentar e superar tudo, até os abismos do sofrimento e da morte.
A vós, que descobristes esta alegria e a viveis em comunidade, gostaria de dizer: conservai-a; mais ainda, multiplicai-a. E sabeis qual é o método melhor para fazer isto? É dá-la… A alegria cristã não a podemos guardar para nós mesmos e, quando a colocamos em circulação, multiplica-se.
Papa Francisco, Manama (Bahrain), 6 de Novembro, 2022