Discernimento: a desolação

Caros irmãos e irmãs, o discernimento, que nos vem ocupando nestas catequeses, tem a ver sobretudo com as nossas acções e a sua dimensão afectiva, porque Deus fala ao coração. Assim, hoje dedicar-me-ei a reflectir sobre a experiência da desolação, que se manifesta numa certa escuridão da alma, que se sente tíbia, preguiçosa e triste. Aprendermos a ler esta tristeza é importante, para evitar que o tentador a utilize como instrumento para nos desencorajar. Quando o desânimo sobrevém, devemos continuar com firmeza o que nos tínhamos proposto fazer. Se abandonássemos o trabalho ou o estudo por sentir tédio ou tristeza, nunca terminaríamos nada. O mesmo sucede na vida espiritual. Infelizmente, por causa da desolação, alguns abandonam a oração, e até o matrimónio ou a vida religiosa, sem parar, primeiro, a interpretar esse estado de espírito, com a ajuda de uma pessoa prudente. Para quem quer servir o Senhor, há uma regra de ouro: nunca fazer alterações em tempo de desolação. Antes, aproveitar a desolação como uma oportunidade para converter a vida ou para imitar Jesus naquela firme resolução com que rejeitou as tentações. Se soubermos atravessar a solidão e a desolação com esta consciência e abertura ao Espírito Santo, podemos sair delas mais fortes tanto a nível humano como espiritual.

Papa Francisco, Resumo da Audiência Geral, 26 de Outubro, 2022

Catequese completa:

https://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2022/documents/20221026-udienza-generale.html

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Quem se humilha … quem se exalta…

O Evangelho da liturgia de hoje apresenta-nos uma parábola que tem dois protagonistas, um fariseu e um publicano (cf. Lc 18,9-14). Ambos sobem ao templo para orar, mas somente o publicano se eleva verdadeiramente para Deus, porque desce humildemente à verdade de si mesmo e apresenta-se tal como é, sem máscaras, com a sua pobreza. Podemos dizer, então, que a parábola encontra-se entre dois movimentos, expressos pelos verbos: subir e baixar.

O primeiro movimento é “subir”. O texto começa por dizer: “Dois homens subiram ao templo para orar” (v. 10). Subir, portanto, expressa a necessidade do coração de desprender-se de uma vida superficial para se encontrar com o Senhor; de levantar-se das planícies do nosso ego para ascender até Deus – desfazer-se do próprio eu -; de recolher o que vivemos no vale para levá-lo ao Senhor. Isto é “subir”, e quando rezamos subimos.

Mas para viver o encontro com Ele e ser transformados pela oração, para elevar-nos até Deus, necessitamos do segundo movimento: “baixar”. Porquê? Que significa isto? Para subir até Ele devemos descer dentro de nós mesmos: cultivar a sinceridade e a humildade do coração, que nos permitem ver com honestidade as nossas fragilidades e as nossas pobrezas interiores. Com efeito, na humildade tornamo-nos capazes de levar a Deus, sem fingimentos, o que realmente somos, as limitações e as feridas, os pecados e as misérias que pesam no nosso coração, e de invocar a sua misericórdia para que nos cure e nos levante. Será Ele quem nos levanta, e não nós. Quanto mais nos abaixamos na humildade, mais Deus nos eleva.

Papa Francisco, Angelus, 23 de Outubro, 2022

 

 

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Discernimento: o livro da própria vida

 

Entre os elementos indispensáveis para um bom discernimento, conta-se a nossa própria história de vida. De certo modo é o «livro» mais precioso que nos foi confiado; um livro, que muitos, infelizmente, não leem. Mas o ser humano que não conhece o próprio passado, está condenado a repeti-lo. Quantas vezes nos assaltam, uma vez e outra, pensamentos como estes: «eu não valho nada», «a mim tudo me corre mal», «nunca farei nada de jeito», etc. São pensamentos que nos fazem mal e, sem nos darmos conta, intoxicam-nos o coração. Ler a própria história significa reconhecer e livrar-se destes elementos tóxicos, abrindo o coração para horizontes mais amplos, identificando facetas e detalhes importantes da vida, que até agora nos tinham passado despercebidos; notamos outras vertentes possíveis da realidade que reforçam o gosto interior, a paz e a criatividade. E assim uma leitura, um serviço, um encontro que, à primeira vista, pareciam de pouca importância, acabam por nos transmitir a alegria de viver e sugerir novas iniciativas de bem-fazer. Parar para reconhecer tudo isto, é indispensável ao discernimento, pois aperfeiçoa o olhar tornando-o capaz de ver os pequenos milagres que o bom Deus realiza diariamente em nosso favor. Ora o estilo de Deus é discreto, não se impõe; é como o ar que respiramos: não o vemos, mas faz-nos viver e só damos conta dele quando nos falta. De igual modo o bem é silencioso e, para o vermos, requer-se uma busca lenta e continua na nossa história. 

Papa Francisco, Resumo da Audiência geral, 19 de Outubro, 2022 

 Catequese completa

https://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2022/documents/20221019-udienza-generale.html

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Rezar sempre e sem desfalecer

Hoje, Jesus oferece-nos o remédio para aquecer uma fé tíbia. E qual é o remédio? Oração. A oração é o remédio da fé, a restauradora da alma. Deve, no entanto, ser uma oração constante. Precisamos da água diária da oração, precisamos de tempo dedicado a Deus, para que Ele possa entrar no nosso tempo, na nossa história; momentos constantes em que abrimos o nosso coração a Ele, para que Ele possa derramar amor, paz, alegria, força, esperança em nós todos os dias; isto é, alimentar a nossa fé. 

Por isso Jesus fala hoje aos seus discípulos – a todos, não apenas a alguns! – «sobre a obrigação de orar sempre, sem desfalecer» (v. 1). Mas pode-se objetar: “Mas como faço? Talvez uma prática espiritual sábia possa vir em nosso auxílio, que é a das chamadas orações jaculatórias. Do que se trata? Orações muito curtas, fáceis de memorizar, que podemos repetir frequentemente durante o dia, no decorrer de várias atividades, para ficarmos “sintonizados” com o Senhor. Tomemos alguns exemplos. Assim que acordamos, podemos dizer: “Senhor, agradeço-te e ofereço-te este dia”: esta é uma breve oração; depois, antes de uma atividade, podemos repetir: “Vem, Espírito Santo”; e entre uma coisa e outra podemos rezar assim: “Jesus, confio em ti, Jesus, amo-te”. E não nos esqueçamos de ler as suas respostas. O Senhor responde, sempre. Onde as encontramos? No Evangelho, que   deve sempre estar à mão para ser aberto algumas vezes durante o dia, para receber uma Palavra de vida dirigida a nós. 

Papa Francisco, Angelus, 16 de Outubro, 2022 

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Santa Teresa de Jesus – 15 de Outubro

É muito conhecida esta pequena oração / poema de Santa Teresa de Jesus:

Nada te perturbe,
Nada te espante,
Tudo passa,
Deus não muda,
A paciência tudo alcança,
Quem a Deus tem,
Nada lhe falta.
Só Deus basta
.

Nesta oração, Teresa de Ávila fala sobretudo de si e para si, e fala-nos também a nós, transmitindo-nos um ensinamento. Quando começaram as suas experiências místicas e os seus confessores lhe diziam que eram obra do demónio, sentiu no seu interior uma voz: “Não tenhas medo, filha, sou Eu e não te desampararei; não temas. (…) Eis-me aqui, só com estas palavras, sossegada, com fortaleza, com ânimo, com segurança (…) Oh, que bom Deus e que poderoso! (…) Não só dá conselho, mas também o remédio” (Vida 25, 18-19). Esta voz foi suficiente para a pacificar e dar-lhe fortaleza sobre-humana.

Jesus fala a Teresa como falou aos seus discípulos depois da ressurreição, como Deus se manifestou tantas vezes aos que escolheu no passado: “Coragem, sou Eu, não tenhais medo”. Teresa sabe que “Suas palavras são obras” (Vida 25, 19), “A Vossa palavra não pode falhar” (Caminho de Perfeição 27, 2). Deste modo, quando Jesus diz a Teresa: “Não tenhas medo”, todos os seus temores desaparecem e toda ela fica renovada.

Mas é necessário recordar as palavras de Jesus em cada momento. Ela dizia frequentemente a si mesma: Teresa, que nada TE perturbe, que nada TE espante… Só Deus TE basta”. Cada vez que tinha uma contradição e perturbação, repetia-o interiormente e encontrava força neste convencimento, que aprendeu de São Paulo: “Se Deus está por nós, quem estará contra nós?” (Rm 8, 31).

Também eu posso dizer: “Que nada ME perturbe, que nada ME espante… Só Deus ME basta. Ele é o MEU amigo verdadeiro. Ponho n’Ele toda a MINHA confiança, porque sei que nunca ME faltará”. “Levantem-se contra mim todos os letrados, persigam-me todas as coisas criadas, atormentem-me os demónios, mas não me falteis vós, Senhor, que já tenho experiência do ganho que cumulais a quem só em vós confia” (Vida 25,17).

Oração

Senhor, que por meio de Santa Teresa de Jesus, inspirada pelo Espírito Santo, manifestastes à vossa Igreja o caminho da perfeição, concedei-nos a graça de encontrar alimento na sua doutrina espiritual e de nos inflamarmos no desejo da verdadeira santidade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. Amen.

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Discernimento: o desejo

Depois de termos refletido sobre a oração e o conhecimento de si mesmo, hoje gostaria de falar sobre o desejo, que é outro elemento indispensável para o discernimento. Discernir implica procurar, o que por sua vez pressupõe a consciência de que falta algo. O desejo é, assim, o conhecimento da falta de plenitude que impele a fazer um caminho em busca dela. Tomemos como exemplo um jovem que quer ser médico. Ele terá que iniciar um percurso árduo, dizer “não” a outros caminhos de estudo e a possíveis divertimentos; mas como a meta é atraente, os pensamentos são absorvidos por ela, e nem os obstáculos nem os insucessos a conseguem sufocar. O desejo é assim: exige saber o que se quer. Muitas pessoas sofrem porque não sabem o que querem da vida. Como, provavelmente, nunca encontraram o seu desejo profundo, não se decidem a mudar e ficam-se pelas boas intenções. Compreende-se, por isso, que Jesus, antes de realizar um milagre, interrogue a pessoa sobre o seu desejo: Ele pretende fazer luz sobre o que realmente o coração quer. E no coração humano, Deus colocou um profundo desejo por Ele. Peçamos-lhe que nos ajude a conhecer esse desejo e a concretizá-lo.

Papa Francisco, Resumo da Audiência Geral, 12 de Outubro, 2022

Catequese completa

https://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2022/documents/20221012-udienza-generale.html

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“Amas-me?”

E o Senhor, que «na riqueza do seu amor fala aos homens como amigos e convive com eles» (Dei Verbum, 2), pergunta ainda, pergunta sempre à Igreja, sua esposa: «Amas-Me?» O Concílio Vaticano II foi uma grande resposta a esta pergunta: foi para reavivar o seu amor que a Igreja, pela primeira vez na história, dedicou um Concílio a interrogar-se sobre si mesma, a reflectir sobre a sua própria natureza e missão. E descobriu-se mistério de graça gerado pelo amor: descobriu-se povo de Deus, corpo de Cristo, templo vivo do Espírito Santo!

Este é o primeiro olhar que devemos ter sobre a Igreja, o olhar do alto. Sim, antes de mais nada a Igreja deve ser vista do alto, com os olhos enamorados de Deus. Perguntemo-nos se, na Igreja, partimos de Deus, do seu olhar enamorado sobre nós. Existe sempre a tentação de partir do eu antes que de Deus, colocar as nossas agendas antes do Evangelho, deixar-se levar pelo vento do mundanismo para seguir as modas do tempo ou rejeitar o tempo que a Providência nos dá e voltar-nos para trás. Mas tenhamos cuidado! Nem o progressismo que segue o mundo, nem o tradicionalismo – o «retrogradismo» – que lamenta um mundo passado são provas de amor, mas de infidelidade.

Amas-Me? Redescubramos o Concílio para devolver a primazia a Deus, ao essencial: a uma Igreja que seja louca de amor pelo seu Senhor e por todos os homens, por Ele amados; a uma Igreja que seja rica de Jesus e pobre de meios; a uma Igreja que seja livre e libertadora.

Papa Francisco, Homilia, 11 de Outubro, 2023

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Obrigado, Senhor

No grupo dos dez leprosos, há apenas um que, ao ver-se curado, regressa para louvar a Deus e manifestar a sua gratidão a Jesus. Enquanto os outros nove ficam purificados mas prosseguem pelo seu caminho, esquecendo-se d’Aquele que os curou (esquecem a graça que Deus lhes dá), o samaritano faz do dom recebido o princípio dum novo caminho: regressa para junto de Quem o sarou, vai conhecer Jesus de perto, inicia uma relação com Ele. Assim, a sua atitude de gratidão não é um simples gesto de cortesia, mas o início dum percurso de gratidão: prostra-se aos pés de Cristo (cf. Lc 17, 16), isto é, faz um gesto de adoração, reconhecendo que Jesus é o Senhor e que é mais importante do que a cura recebida.

E esta, irmãos e irmãs, é uma grande lição também para nós, que todos os dias beneficiamos dos dons de Deus, mas frequentemente prosseguimos pela nossa estrada esquecendo-nos de cultivar uma relação viva, real com Ele. Trata-se duma grave doença espiritual: dar tudo como garantido, inclusive a fé, mesmo a nossa relação com Deus, a ponto de nos tornarmos cristãos que deixaram de saber maravilhar-se, já não sabem dizer «obrigado», não se mostram agradecidos, não sabem ver as maravilhas do Senhor… Não nos esqueçamos de sentir necessidade e dizer «obrigado»!

Papa Francisco, Homilia, 9 de Outubro, 2022

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Nossa Senhora do Rosário – 7 de Outubro

Momentos depois de termos chegado à Cova da Iria, junto da carrasqueira, entre numerosa multidão de povo, estando a rezar o terço, vimos o reflexo da costumada luz e, em seguida, Nossa Senhora sobre a carrasqueira.

– Vossemecê que me quer? – perguntei.

– Quero que venham aqui no dia 13 do mês que vem, que continuem a rezar o terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer.

Serva de Deus Irmã Lúcia de Jesus

Oração

À Vossa protecção, nos acolhemos, Santa Mãe de Deus, não desprezeis as nossas súplicas nas nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita.

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