30º Domingo do Tempo Comum – Ano B

O texto que nos é proposto para o 30º Domingo do Tempo Comum, Ano B, narra a cura do cego Bartimeu que levará este homem a seguir Jesus porque se operou nele uma iluminação pelo encontro com Aquele que é a “Luz do mundo”. Bartimeu vive de esmolas, dependendo da compaixão alheia. Está fora da cidade, é um excluído. As doenças e as deficiências físicas eram vistas como fruto do pecado. Segundo o modo de pensar de então, Deus castigava de acordo com a gravidade da culpa, o que se deduz que a cegueira dever-se-ia a um pecado bastante grave, próprio ou dos pais (cf. Jo 9,2). Está «sentado» porque é incapaz de mudar a sua condição; e «à beira do caminho», porque é um marginalizado, que não pode alcançar a salvação. Bartimeu é imagem da humanidade necessitada da Luz da salvação.

Porque cego, rege-se pelo ouvido. Ouve uma multidão que se aproxima e o povo a exclamar: «É Jesus, o Nazareno», aquele de quem já antes ouvira falar. Nasce então nele uma nova esperança e logo se põe a clamar: «Jesus, filho de David, tem misericórdia de mim». Muitos dos que estavam com Jesus repreendiam Bartimeu para que estivesse calado (Mc 10, 48).

Quando Jesus pergunta a Bartimeu o que deseja dele, o cego não duvida. Sabe muito bem aquilo que necessita: “Mestre, que eu veja”. Isto é o mais importante. Quando alguém começa a ver as coisas de maneira nova, a sua vida transforma-se. Quando uma comunidade recebe a luz de Jesus, converte-se.

«Jesus, Filho de David, tem misericórdia de mim». A súplica de Bartimeu tornou-se na oração que tem acompanhado as noites de insónia de tantos doentes, quando nenhuma palavra satisfaz, porque inúteis e vazias, e o sofrimento não dá descanso ao corpo nem à alma. Aquele grito de súplica tornou-se oração de peregrinos, murmúrurio incessante de monges… Também é a voz dos pobres, dos humildes, súplica de tantas mães que vêem os seus filhos a perder-se pelo caminho da droga, da violência e da diversão atordoante.

Palavra para o caminho

Quando a fé está viva, a oração é sentida: não mendiga tostões, não se reduz às necessidades do momento. A Jesus, que tudo pode, deve ser pedido tudo. Não vos esqueçais disto. A Jesus que tudo pode, deve-se pedir tudo, com a minha insistência perante Ele. Ele não vê a hora de derramar a sua graça e alegria nos nossos corações, mas infelizmente somos nós que mantemos a distância, talvez por timidez, ou preguiça ou incredulidade. (Papa Francisco, Angelus, 24 de Out., 2021).

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Nada te perturbe, só Deus basta

Nada te perturbe,
nada te espante,
tudo passa,
Deus não muda,
a paciência tudo alcança;
quem a Deus tem,
nada lhe falta:
SÓ DEUS BASTA.

Eleva o pensamento,
ao céu sobe,
por nada te angusties,
nada te perturbe.
A Jesus Cristo segue,
com grande entrega,
e, venha o que vier,
nada te espante.
Vês a glória do mundo?
É glória vã;
nada tem de estável,
TUDO PASSA.

Deseja as coisas celestes,
que sempre duram;
fiel e rico em promessas,
Deus não muda.
Ama-o como merece,
Bondade Imensa;
quem a Deus tem,
mesmo que passe por momentos difíceis,
sendo Deus o seu tesouro,
nada lhe falta.
SÓ DEUS BASTA!

Santa Teresa de Jesus

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A liberdade realiza-se na caridade

Na Carta aos Gálatas, o apóstolo Paulo introduz-nos na grande novidade da fé, da “vida nova” recebida no Baptismo, com o dom maior de sermos filhos de Deus. Renascidos com Cristo, passamos de uma religiosidade de preceitos a uma fé viva, tendo como centro a comunhão com Deus e com os irmãos. Passamos da escravidão do medo e do pecado à liberdade dos filhos de Deus. Mas esta liberdade expressa-se plenamente na vivência da caridade, e aqui, uma vez mais, estamos diante do paradoxo do Evangelho: somos livres quando nos colocamos ao serviço dos demais. Como se explica esse paradoxo? Pela caridade, pelo amor. Foi o amor de Cristo que nos libertou, e é o amor que nos liberta da escravidão do egoísmo. A liberdade guiada pelo amor torna livres os outros e a nós mesmos, e conduz-nos a servir especialmente os mais pobres, reconhecendo nestes o rosto de Cristo. Uma das concepções modernas de liberdade afirma: “a minha liberdade termina onde começa a tua”. Trata-se de um conceito individualista, onde falta a dimensão comunitária. A pandemia ensinou-nos o quanto necessitamos uns dos outros. Afirmamos e cremos que os outros não são um obstáculo à minha liberdade, mas a possibilidade de realizá-la plenamente, pois a nossa liberdade nasce do amor de Deus e cresce na caridade. (Resumo da catequese da Papa Francisco, 20 de Outubro, 2021).

Catequese completa

https://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2021/documents/papa-francesco_20211020_udienza-generale.html

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29º Domingo do Tempo Comum – Ano B

No Evangelho do 29º Domingo do Tempo Comum, Ano B, Marcos narra que dois dos discípulos de Jesus, Tiago e João, pedem-lhe para se sentarem a seu lado na glória, “como primeiros-ministros”, ou algo semelhante. Este pedido causa indignação nos demais companheiros. Jesus aproveita a ocasião para ensinar que a verdadeira glória se obtém vivendo o baptismo que estava para receber em Jerusalém, ou seja, a cruz, e não elevando-se sobre os outros. A palavra baptismo significa “imersão”. Com a sua Paixão Jesus imergiu-se na morte, oferecendo a sua vida para nos salvar. Portanto, a glória de Deus é amor que se faz serviço, não poder que busca o domínio.

A frase “o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por todos” (Mc 10,45) resume admiravelmente a existência de Jesus. Desde o primeiro instante, Ele fez da sua vida serviço, e o ponto culminante foi a morte na cruz, expressão máxima e total do seu amor aos homens. Nós, seguidores de Jesus, devemos estar plenamente conscientes desta realidade.

Somos confrontados com duas lógicas diferentes: os discípulos querem emergir e Jesus quer imergir. A primeira expressa aquela mentalidade mundana pela qual sempre somos tentados: viver todas as coisas, até mesmo os relacionamentos, para alimentar a nossa ambição, para galgar os degraus do sucesso, para chegar a lugares importantes. Olhamos para o Senhor Crucificado, que imerge até ao fundo da nossa história ferida, e descobrimos o modo de agir de Deus. Vemos que Ele não ficou lá em cima nos céus, olhando para nós de cima para baixo, mas desceu para lavar os nossos pés. Deus é amor e o amor é humilde, não sobe, mas desce, como a chuva que cai na terra e traz vida.

Quem são os primeiros na comunidade cristã? As palavras de Jesus não deixam qualquer dúvida: “quem quiser ser o primeiro, será o último de todos e o servo de todos”. Aquilo que nos deve mover é a vontade de servir, de partilhar com os irmãos os dons que Deus nos concedeu.

Que o Espírito Santo renove em nós a graça do Baptismo, a imersão em Jesus, no seu modo de ser, para ser mais servos, ser servos como Ele foi connosco. Peçamos a Nossa Senhora que sendo a maior, não quis emergir, mas foi a humilde serva do Senhor e está totalmente imersa no nosso serviço, para nos ajudar a encontrar Jesus.

 

 

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Santa Teresa de Jesus – 15 de Outubro

Nada te perturbe, nada te espante; tudo passa… só Deus não muda. A paciência tudo alcança, quem a Deus tem nada lhe falta: só Deus basta (Santa Teresa de Jesus).

Bem sabe Sua Majestade que só posso presumir da Sua Misericórdia; e, já que não posso deixar de ser a que tenho sido, não tenho outro remédio, senão acolher-me a ela e confiar nos méritos de Seu Filho e da Virgem, Sua Mãe, cujo hábito indignamente trago, e vós trazeis também. Louvai-O, minhas filhas, pois verdadeiramente o sois desta Senhora; e assim não tendes de vos afrontar que eu seja ruim, pois tendes tão boa Mãe. Imitai-A e considerai qual deve ser a grandeza desta Senhora, e o bem de A ter por Padroeira, pois não bastaram meus pecados e ser a que sou, para em nada deslustrar esta sagrada Ordem.

Santa Teresa de Jesus

Oração

Senhor, que por meio de Santa Teresa de Jesus, inspirada pelo Espírito Santo, manifestastes à vossa Igreja o caminho da perfeição, concedei-nos a graça de encontrar alimento na sua doutrina espiritual e de nos inflamarmos no desejo da verdadeira santidade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. Amen.

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A liberdade cristã, fermento universal de libertação

Na chamada à liberdade tal como Paulo a explica na Carta aos Gálatas, descobrimos o verdadeiro sentido da inculturação do Evangelho: ser capazes de anunciar a Boa Nova de Cristo Salvador, respeitando aquilo que existe de bom e verdadeiro nas culturas. A visão paulina da liberdade é inteiramente iluminada e fecundada pelo mistério de Cristo, que, «pela sua encarnação – como recorda Concílio Vaticano II –, Se uniu de certo modo a cada homem» (GS, 22). Assim a liberdade que Jesus nos alcançou, com a sua morte e ressurreição, não entra em conflito com as culturas e tradições que recebemos. Na verdade, o Batismo permite-nos obter a plena liberdade de filhos de Deus; e ao mesmo temos que permanecemos inseridos nas nossas raízes culturais, abrimo-nos ao universalismo da fé que penetra e abraça todas as culturas, desenvolvendo até à plenitude as sementes de bem nelas contido. Segundo explica o Apóstolo, acolher a fé obriga a renunciar, não ao coração das culturas e tradições, mas apenas àquilo que nelas possa obstaculizar a novidade e pureza do Evangelho. Para quem adere a Jesus, não conta ser circuncidado ou não circuncidado, ser judeu ou pagão; o que conta é a fé que atua pelo amor. A Igreja tem, na sua própria natureza, a abertura a todos os povos e às culturas de todos os tempos, porque Cristo nasceu, morreu e ressuscitou por todos. (Resumo da catequese da Papa Francisco, 13 de Outubro, 2021).

Catequese completa 

https://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2021/documents/papa-francesco_20211013_udienza-generale.html

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A palavra de Deus é viva, eficaz (Hb 4, 12)

Nos Livros Sagrados, o Pai que está nos céus vem amorosamente ao encontro dos seus filhos e conversa com eles; e tão grande é a força e a virtude da Palavra de Deus, que ela se torna a força e o vigor da Igreja e fortaleza da fé para os seus filhos, alimento da alma, fonte pura e perene de vida espiritual! Por isso, excelentemente convém à Sagrada Escritura estas palavras: “A palavra de Deus é viva, eficaz” (Hb 4, 12) e “tem o poder de construir o edifício e de vos conceder parte na herança com todos os santificados” (At 20, 32; cfr. 1 Ts 2, 13).

Concílio Ecuménico Vaticano II, Dei Verbum, nº 21

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28º Domingo do Tempo Comum – Ano B

“O Evangelho deste Domingo (Mc 10, 17-39) tem como tema principal a riqueza. Jesus ensina que para um rico é muito difícil entrar no Reino de Deus, mas não impossível; de facto, Deus pode conquistar o coração de uma pessoa que possui muitos bens e levá-la à solidariedade e à partilha com quem está em necessidade, com os pobres, isto é, a entrar na lógica da doação. Deste modo ela põe-se no caminho de Jesus Cristo, o qual — como escreve o apóstolo Paulo — «sendo rico, fez-se pobre por vós, para que vos tornásseis ricos por meio da sua pobreza» (2 Cor 8, 9)…

Assim comenta São Clemente de Alexandria: «A parábola ensina aos ricos que não devem descuidar a sua salvação como se fossem já condenados, nem devem abandonar a riqueza nem condená-la como insidiosa e hostil à vida, mas devem aprender de que modo usar a riqueza e conquistar a vida» (Os ricos poderão salvar-se?, 27, 1-2). A história da Igreja está cheia de exemplos de pessoas ricas, que usaram os próprios bens de modo evangélico, alcançando também a santidade. Pensemos apenas em São Francisco, em Santa Isabel da Hungria ou em são Carlos Borromeu”. (Bento XVI, Angelus, 14 de Outubro, 2012).

“O grande perigo, a grande tentação, é tornarmo-nos auto-suficientes, ricos de nós próprios, ricos de bens, de teres. O Evangelho não está contra ter, está contra o modo como se tem, contra aquele que põe a confiança nos seus bens e espera daí a felicidade. Isto é, fechar-se sobre si próprio. É uma atitude com muitas consequências práticas, a de pôr o seu deus nos bens. Em quem pões a tua segurança, em Deus ou nos bens materiais? E o que é que estás disposto a largar da mão, o que tens e és ou só aquilo que te sobra? A riqueza é vista como um grande vício, porque é fazer daquilo que se tem, dos bens materiais, o seu deus… e até mesmo os bens espirituais se podem tornar uma riqueza neste sentido se penso que me são devidos, se fazem o meu orgulho”. (Vasco P. Magalhães sj).

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Cristo libertou-nos

Na sua Carta aos Gálatas, Paulo convida os cristãos a permanecerem firmes na liberdade recebida no Batismo e que Cristo lhes conquistara na Cruz. Foi na Cruz, onde Jesus Se deixou cravar, que Deus colocou a fonte da libertação radical do ser humano. Parece incrível que a fonte da liberdade possa estar precisamente no ponto onde acabamos despojados de toda a liberdade, isto é, na morte. Mas foi o próprio Jesus que o disse: «É por isto que meu Pai Me tem amor: por Eu oferecer a minha vida, para a retomar depois. Ninguém ma tira, mas sou Eu que a ofereço livremente. Tenho poder de a oferecer e poder de a retomar» (Jo 10, 17-18). Com plena liberdade, Jesus entrega-Se à morte; sabe que só assim pode obter a vida para todos. É o mistério do amor de Deus. Paulo experimentara em si próprio este mistério de amor, chegando a dizer: «Eu estou crucificado com Cristo» (2, 9). Na Cruz, cravou «a carne com as suas paixões e desejos» (5, 24). Neste ato de suprema união com o Senhor, o Apóstolo sabe que recebeu o maior dom da sua vida: a liberdade. E não podia suportar que os Gálatas, depois de ter conhecido e acolhido a verdade de Cristo, se deixassem atrair por propostas enganadoras, passando da presença libertadora de Jesus para a escravidão do pecado, do legalismo, etc. Ninguém pode ser feito escravo em nome de Jesus, que nos torna livres! Tudo isto nos faz ver a grande fé que animava Paulo, e como era grande a sua intimidade com Cristo. Quanto a nós, se, por um lado, sentimos o muito que ainda falta para nos parecermos com o Apóstolo, por outro enche-nos de coragem o seu testemunho. (Resumo da catequese da Papa Francisco, 6 de Outubro, 2021). 

Catequese completa 

https://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2021/documents/papa-francesco_20211006_udienza-generale.html

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A vida na fé

Na Carta aos Gálatas e também na Carta aos Romanos, Paulo deixa claro que recebemos a justificação pela fé em Cristo. E que entende o Apóstolo por justificação? É a consequência da misericórdia de Deus que nos oferece o perdão. Através da morte de Jesus, Ele destruiu o pecado e deu-nos definitivamente o perdão e a salvação. Assim justificados, os pecadores são acolhidos por Deus e ficam reconciliados com Ele, regressando àquela relação originária entre o Criador e a criatura que havia antes da desobediência do pecado: recuperam a inocência perdida com o pecado. Uma tal justificação insere-nos na longa história da salvação que mostra a justiça de Deus: perante as nossas repetidas quedas e a incapacidade de nos levantarmos, Deus não Se arrende, mas quis tornar-nos justos e fê-lo pela graça, através do dom de Jesus Cristo, da sua morte e ressurreição. Paulo tem sempre presente o seu encontro com Jesus ressuscitado no caminho de Damasco; e, para ter um conhecimento pleno do mistério de Cristo, está pronto a renunciar a tudo aquilo de que antes se vangloriava, pois descobriu que só a graça de Deus o salvou. Assim a luz da fé permite-nos reconhecer quão infinita é a misericórdia de Deus, a graça que opera para nosso bem. Mas a mesma luz faz-nos ver também a responsabilidade que nos está confiada de colaborar com Deus na sua obra de salvação. A força da graça precisa de se conjugar com as obras de misericórdia que somos chamados a viver para testemunhar como é grande o amor de Deus. (Resumo da catequese do Papa Francisco, 29 de Setembro, 2021). 

 Catequese completa

https://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2021/documents/papa-francesco_20210929_udienza-generale.html

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