Foste um homem de fé heróica, Isidoro Bakanja, jovem leigo do Zaire. Como baptizado, chamado a difundir a Boa Nova, compartilhaste a tua fé e testemunhaste Cristo com tanta convicção que, aos teus companheiros, te mostraste como um daqueles valorosos fiéis leigos que são os catequistas. Sim, Beato Isidoro, plenamente fiel às promessas do teu baptismo, foste realmente um catequista, trabalhaste generosamente pela «Igreja na África e pela sua missão evangelizadora».
No dia em que proclamamos os teus méritos, queremos prestar homenagem a todos os catequistas, estes colaboradores indispensáveis para a edificação da Igreja no continente africano. Os catequistas precedem, acompanham e completam a obra dos sacerdotes no meio do seu povo. Em numerosas épocas históricas, eles consentiram à fé sobreviver às perseguições. Eles sabem ser Pastores verdadeiros, que conhecem as suas ovelhas e por elas são conhecidos; e, se necessário, defendem o rebanho à custa da própria vida. Os catequistas estão bem conscientes de que um grande número dos seus irmãos e irmãs ainda não pertence ao rebanho e espera, da sua solicitude fraterna, o anúncio da Boa Nova. Mediante a sua obra, os catequistas dão verdadeiro testemunho de Cristo, o único Pastor.
Isidoro, a tua participação no mistério pascal de Cristo, na obra suprema do seu amor, foi total. Porque querias permanecer fiel, custasse o que custasse, à fé do teu baptismo, sofreste a flagelação como o teu Mestre. Perdoaste aos teus perseguidores, como o teu Mestre na Cruz, e demonstraste ser artífice de paz e de reconciliação.
Numa África dolorosamente provada pelas lutas entre etnias, o teu exemplo luminoso é um convite à concórdia e à aproximação entre os filhos do mesmo Pai celeste. Tu praticaste a caridade fraterna para com todos, sem distinção de raça ou de condição social; ganhaste a estima e o respeito dos teus companheiros, muitos dos quais não eram cristãos. Mostras-nos assim o caminho do diálogo necessário entre os homens.
Neste Advento preparatório para o terceiro milénio, tu nos convidas a acolher, segundo o teu exemplo, o dom que, na Cruz, Jesus nos fez da própria Mãe (cf. Jo 19,27). Revestido com o «escapulário de Maria» continuaste, como Maria e com Ela, a tua peregrinação de fé; como Jesus, o Bom Pastor, chegaste a dar a tua vida pelas ovelhas. Ajuda-nos, a nós que devemos percorrer o mesmo caminho, a dirigir os nossos olhos para Maria e a tomá-la como guia.
João Paulo II, Homilia da beatificação, 24 de Abril, 1994
Abrir