“O Evangelho deste Domingo (Mc 10, 17-39) tem como tema principal a riqueza. Jesus ensina que para um rico é muito difícil entrar no Reino de Deus, mas não impossível; de facto, Deus pode conquistar o coração de uma pessoa que possui muitos bens e levá-la à solidariedade e à partilha com quem está em necessidade, com os pobres, isto é, a entrar na lógica da doação. Deste modo ela põe-se no caminho de Jesus Cristo, o qual — como escreve o apóstolo Paulo — «sendo rico, fez-se pobre por vós, para que vos tornásseis ricos por meio da sua pobreza» (2 Cor 8, 9)…
Assim comenta São Clemente de Alexandria: «A parábola ensina aos ricos que não devem descuidar a sua salvação como se fossem já condenados, nem devem abandonar a riqueza nem condená-la como insidiosa e hostil à vida, mas devem aprender de que modo usar a riqueza e conquistar a vida» (Os ricos poderão salvar-se?, 27, 1-2). A história da Igreja está cheia de exemplos de pessoas ricas, que usaram os próprios bens de modo evangélico, alcançando também a santidade. Pensemos apenas em São Francisco, em Santa Isabel da Hungria ou em são Carlos Borromeu”. (Bento XVI, Angelus, 14 de Outubro, 2012).
“O grande perigo, a grande tentação, é tornarmo-nos auto-suficientes, ricos de nós próprios, ricos de bens, de teres. O Evangelho não está contra ter, está contra o modo como se tem, contra aquele que põe a confiança nos seus bens e espera daí a felicidade. Isto é, fechar-se sobre si próprio. É uma atitude com muitas consequências práticas, a de pôr o seu deus nos bens. Em quem pões a tua segurança, em Deus ou nos bens materiais? E o que é que estás disposto a largar da mão, o que tens e és ou só aquilo que te sobra? A riqueza é vista como um grande vício, porque é fazer daquilo que se tem, dos bens materiais, o seu deus… e até mesmo os bens espirituais se podem tornar uma riqueza neste sentido se penso que me são devidos, se fazem o meu orgulho”. (Vasco P. Magalhães sj).