16º Domingo do Tempo Comum – Ano A

Green wheat under a blue sky

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus (Mt 13, 24-43)

Jesus propôs-lhes outra parábola: «O Reino do Céu é comparável a um homem que semeou boa semente no seu campo. Ora, enquanto os seus homens dormiam, veio o inimigo, semeou joio no meio do trigo e afastou-se. Quando a haste cresceu e deu fruto, apareceu também o joio. Os servos do dono da casa foram ter com ele e disseram-lhe: ‘Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde vem, pois, o joio?’ ‘Foi algum inimigo meu que fez isto’ – respondeu ele. Disseram-lhe os servos: ‘Queres que vamos arrancá-lo?’ Ele respondeu: ‘Não, para que não suceda que, ao apanhardes o joio, arranqueis o trigo ao mesmo tempo. Deixai um e outro crescer juntos, até à ceifa; e, na altura da ceifa, direi aos ceifeiros: Apanhai primeiro o joio e atai-o em feixes para ser queimado; e recolhei o trigo no meu celeiro.’»

Jesus propôs-lhes outra parábola: «O Reino do Céu é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e semeou no seu campo. É a mais pequena de todas as sementes; mas, depois de crescer, torna-se a maior planta do horto e transforma-se numa árvore, a ponto de virem as aves do céu abrigar-se nos seus ramos.»

Jesus disse-lhes outra parábola: «O Reino do Céu é semelhante ao fermento que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha, até que tudo fique fermentado.»

Tudo isto disse Jesus, em parábolas, à multidão, e nada lhes dizia sem ser em parábolas. Deste modo cumpria-se o que fora anunciado pelo profeta: «Abrirei a minha boca em parábolas e proclamarei coisas ocultas desde a criação do mundo.»

Afastando-se, então, das multidões, Jesus foi para casa. E os seus discípulos, aproximando-se dele, disseram-lhe: «Explica-nos a parábola do joio no campo.» Ele, respondendo, disse-lhes: «Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem; o campo é o mundo; a boa semente são os filhos do Reino; o joio são os filhos do maligno; o inimigo que a semeou é o diabo; a ceifa é o fim do mundo e os ceifeiros são os anjos. Assim, pois, como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será no fim do mundo: o Filho do Homem enviará os seus anjos, que hão-de tirar do seu Reino todos os escandalosos e todos quantos praticam a iniquidade, e lançá-los na fornalha ardente; ali haverá choro e ranger de dentes. Então os justos resplandecerão como o Sol, no Reino de seu Pai. Aquele que tem ouvidos, oiça!»

Mensagem

O Evangelho deste Domingo fala-nos da parábola do joio e do trigo. Tanto na sociedade como na comunidade e na vida de todos nós, existe tudo misturado: qualidades boas e incoerências, limites e falhas. As nossas comunidades são constituídas por pessoas cada uma com a sua história, com a sua vivência, a sua opinião, os seus anseios, as suas diferenças. Existem pessoas que não sabem conviver com as diferenças. Querem ser juízes dos outros. Acham que só elas estão certas, e os outros errados. A parábola do joio e do trigo ajuda a não cair na tentação de querer excluir da comunidade os que não pensam como nós. Os empregados que aparecem na parábola representam certos membros da comunidade. O dono da terra representa Deus.

Mateus 13,24-26: A situação: joio e trigo crescem juntos. A palavra de Deus que faz nascer a comunidade é semente boa, mas nas comunidades sempre aparecem coisas que são contrárias à Palavra de Deus. De onde vêm? Essa era a discussão.

Mateus 13,27-28a: A causa da mistura que existe na vida. Um inimigo fez isso. Quem é este inimigo? O inimigo, o adversário, Satanás ou diabo (Mt 13,39), é aquele que divide, que desvia. A tendência de divisão existe dentro de cada um de nós. O desejo de dominar, de se aproveitar da comunidade para subir e tantos outros desejos interesseiros são divisionistas, são do inimigo que dorme dentro de cada um de nós.

Mateus 13,28b-30: A reacção diferente diante da ambiguidade. Diante dessa mistura do bem e do mal, alguns queriam arrancar o joio. Pensavam: “Se deixarmos todo o mundo na comunidade, perdemos a nossa razão de ser! Perdemos a identidade!” Queriam expulsar os que pensavam de modo diferente. Mas esta não é a decisão do Dono da terra. Ele diz: “Deixai-os crescer juntos até à colheita!” O que vai decidir não é o que cada um fala e diz, e sim o que cada um vive e faz. É pelo fruto produzido que Deus nos julgará. A força e o dinamismo do Reino manifestam-se na comunidade. Mesmo sendo pequena e cheia de contradições, ela é um sinal do Reino. Mas ela não é dona do Reino, nem pode considerar-se justa. A parábola do joio e do trigo explica a maneira como a força do Reino age na história. É preciso ter paciência e aprender a conviver com as contradições e as diferenças, mesmo tendo uma opção clara pela justiça do Reino.

O Evangelho deste domingo propõe-nos ainda duas outras parábolas: a parábola do grão de mostarda (vers. 31-32) e a parábola do fermento (vers. 33). São duas parábolas muito semelhantes, quer quanto ao conteúdo, quer quanto à forma. Numa e noutra, o quadro é o mesmo: sublinha-se a desproporção entre o início e o resultado final. O grão de mostarda é uma semente muito pequena, que no entanto pode dar origem a um arbusto de razoáveis dimensões; o fermento apresenta um aspecto perfeitamente insignificante, mas tem a capacidade de fermentar uma grande quantidade de massa. Estas duas comparações servem para apresentar o dinamismo do Reino. O Reino anunciado por Jesus compara-se ao grão de mostarda e ao fermento: parece algo insignificante, que tem inícios muito modestos e humildes, mas contém potencialidades para encher o mundo, para o transformar e renovar. Trata-se de um dinamismo de vida nova que começa como uma pequena semente lançada à terra numa província obscura e insignificante do império romano, mas que vai lançar as suas raízes, invadir história dos homens e potenciar o aparecimento de um mundo novo.

Com estas parábolas, Jesus responde às objecções daqueles que não acreditavam que da mensagem de um carpinteiro de Nazaré, pudesse surgir uma proposta de vida, capaz de fermentar o mundo e a história. Ele garante-nos que o Reino é uma realidade irreversível, que veio para ficar e para transformar o mundo. Escutar estas parábolas é receber uma injecção de ânimo e de esperança, capaz de levar a um compromisso mais sério e mais exigente com o “Reino”.

O ensino em parábolas. A parábola é um instrumento pedagógico que usa o quotidiano para mostrar como a vida nos fala de Deus. Torna a realidade transparente e faz com que as pessoas tenham um olhar contemplativo. Uma parábola aponta para as coisas da vida e, por isso mesmo, é um ensinamento aberto, pois das coisas da vida todo o mundo tem alguma experiência. O ensinamento por parábolas faz a pessoa partir da experiência que tem: semente, sal, luz, ovelha, flor, passarinho, mulher, criança, pai, rede, peixe, etc. Assim, ele torna a vida quotidiana transparente, reveladora da presença e da acção de Deus. Jesus não costumava explicar as parábolas. Geralmente, terminava com esta frase: “Quem tem ouvidos ouça!” (Mt 11,15; 13,9.43). Ou seja: “É isso! Vocês ouviram! Agora tratem de entender!” Jesus deixava o sentido da parábola em aberto e não o determinava. Sinal de que acreditava na capacidade do povo de descobrir o sentido da parábola, baseado na sua experiência de vida. De vez em quando, a pedido dos discípulos, ele explicava o sentido.

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Nossa Senhora do Carmo – 16 de Julho

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Os primeiros eremitas do Monte Carmelo, local da Terra Santa onde nasceu a Ordem do Carmo, construíram no meio das suas celas uma capela, centro das suas vidas, onde diariamente se reuniam para celebrar em conjunto a Eucaristia. Esta capela dedicaram-na à Bem-Aventurada Virgem Maria. Com este gesto, o primeiro grupo de Carmelitas escolheu-a como Patrona, comprometendo-se deste modo a estar ao seu serviço e a esperar dela confiadamente a sua protecção. Tinham orgulho em ser chamados de Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo e defenderam este título com toda a energia, quando viram ameaçado o direito de ter este nome.

A Virgem Maria foi sempre um “sim” a Deus. Assim como esteve sempre presente na vida de Jesus como discípula fiel, do mesmo modo ela está sempre presente na vida de todo o Carmelita, guiando-o e protegendo-o no seu obséquio a Jesus Cristo.

Durante muitos séculos o Escapulário do Carmo sintetizou no seu significado a relação dos Carmelitas com a Virgem Maria. O Escapulário constitui uma parte do hábito tradicional vestido pelos religiosos. Trazer o Escapulário é um sinal de consagração a Maria e de aceitação da sua protecção. Na Virgem Maria, os Carmelitas encontram a imagem perfeita de tudo o que eles esperam: entrar numa relação íntima com Cristo, estar totalmente abertos à vontade de Deus e deixar que as suas vidas sejam transformadas pela Palavra de Deus. Os Carmelitas consideraram sempre Maria como a Patrona da Ordem, e proclamaram-na como Mãe e Formosura do Carmelo. Os Carmelitas vivem em intimidade espiritual com ela, para que possam aprender dela a viver como filhos de Deus.

A celebração de Nossa Senhora do Carmo tem lugar a 16 de Julho e é a principal solenidade da Ordem Carmelita.

Oração a Nossa Senhora do Carmo

Ó Senhora do Carmo, revestido(a) do vosso Escapulário, eu vos peço que ele seja para mim sinal da vossa maternal protecção, em todas as necessidades, nos perigos e nas aflições da vida. Acompanhai-me com a vossa intercessão, para que eu possa crescer na Fé, Esperança e Caridade, seguindo Jesus e praticando a Sua Palavra. Ajudai-me, ó Mãe querida, para que, levando com devoção o vosso santo Escapulário, mereça a felicidade de morrer piedosamente com ele, na graça de Deus, e assim, alcançar a vida eterna. Amen.

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9º – Novena de Nossa Senhora do Carmo

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Maria no Pentecostes

Olha bem para o símbolo da pintura que retrata a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes. Diz o livro dos Actos: “Todos tinham os mesmos sentimentos e eram assíduos na oração, junto com as mulheres, entre as quais Maria, a mãe de Jesus (Act 1,14). Trata-se da primeira comunidade: semente e ideal de todas as comunidades. A comunidade reunida no Cenáculo é o pequeno resto que sobrou e é também o novo começo. Ela é a “Comunidade Original”, da qual vai nascer a Igreja no dia de Pentecostes. Sem Comunidade em oração não haveria Pentecostes! Foi a prece que fez descer em abundância o dom do Espírito (Lc 11,13).

Lucas insiste em três atitudes que marcam esta Comunidade Original e que devem marcar a vida de todas as comunidades, para que possam anunciar a Boa Nova de Deus: (1) – todos tinham os mesmos sentimentos, viviam em comunhão fraterna, (2) – eram assíduos na oração (3) – e estavam reunidos ao redor de Maria a mãe de Jesus aguardando a vinda do Espírito Santo (Act 1,14).

Situando o nono dia no conjunto da novena

Neste nono dia da novena, a ênfase cai na atitude de silêncio, de oração e de espera. Como diz a Regra do Carmo: “No silêncio e na esperança está a vossa força”. Diz o Salmo: “Descansa em Javé e nele espera”. Literalmente se diz: “Esvazia-te diante de Javé e aguenta”(Sl 37,7). A palavra esperar (aguentar) sugere a atitude da mulher em dores de parto. Ela aguenta, pois sabe que, apesar das muitas dores, vai nascer vida nova. Diz o lamento de Jeremias: “É bom esperar em silêncio a salvação de Javé” (Lm 3,26). É a certeza de que Deus vai atender. A pessoa não sai de frente de Deus: “Como os olhos dos escravos, fixos nas mãos do seu senhor, e como os olhos da escrava, fixos nas mãos da sua senhora, assim estão os nossos olhos fixos em Javé nosso Deus, até que se compadeça de nós” (Sl 123,2).

O objectivo a ser alcançado no nono dia da novena

– Durante este nono e último dia da novena tenta resumir as lições e as graças que foste recebendo de Maria.

– Tenta formular um propósito pequeno e viável a ser assumido e vivido no futuro como conclusão desta novena.

Atitude orante a ser cultivada no nono dia da novena

Ter momentos especiais de oração, junto com Maria a Mãe de Jesus, e pedir com insistência o dom do Espírito Santo, para que ele nos conduza pelo caminho do Evangelho, caminho sem retorno, e nos ensine como amar a Deus e ao próximo.

Padroeira: Maria, a Mãe de Jesus

A Regra do Carmo pede: “Permaneça cada um na sua cela ou na proximidade dela, meditando dia e noite na Lei do Senhor e vigiando em orações” (RC 10). Neste ponto, temos como mestra e guia Maria, a Mãe de Jesus: “Enquanto Jesus dizia essas coisas, uma mulher levantou a voz no meio da multidão, e disse-lhe: “Feliz o ventre que te carregou, e os seios que te amamentaram”. Jesus respondeu: “Mais felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 11,27-28). O que caracterizava a vida de Maria era “ouvir e praticar a Palavra de Deus”.

A Bíblia fala pouco da Mãe de Jesus. Só sete livros a mencionam: Gálatas (Gl 4,4), Marcos (Mc 3,20-21.31-35), Lucas (Lc 1 e 2; 11,17), Actos (Act 1,13), Mateus (Mt 1 e 2), João (Jo 2,1-13; 19.25-26) e Apocalipse (Apc 12,1-17). Ela mesma fala menos ainda. Cinco destes sete livros só falam sobre Maria. Ela mesma só fala em dois livros: Lucas e João. E mesmo estes dois conservam apenas sete palavras de Maria. Nada mais!

– 1ª Palavra: “Como pode ser isso se não conheço homem?” (Lc 1,34).

– 2ª Palavra: “Eis aqui a serva do Senhor!” (Lc 1,38).

– 3ª Palavra: “A minha alma louva o Senhor!” (Lc 1,46).

– 4ª Palavra: “Meu filho, porque fizeste isso connosco?” (Lc 2,48).

– 5º Palavra: “Eles não têm mais vinho!” (Jo 2,3).

– 6ª Palavra: “Fazei tudo o que ele vos disser!” (Jo 2,5).

– 7ª Palavra: O silêncio ao pé da Cruz, mais eloquente do que mil palavras! (Jo 19,25-27).

Os Evangelhos apresentam a Mãe de Jesus como mulher silenciosa. Apenas sete palavras! É a prática do silêncio que capacita as pessoas para meditar e escutar a Palavra de Deus nos factos da vida. O que mais nos falta hoje é o silêncio. Não é fácil fazer silêncio. Não é fácil escutar. Muito barulho, não só ao redor, mas também dentro de nós. Condição para poder escutar é saber fazer silêncio, sobretudo dentro de nós. Cada uma daquelas sete palavras da Mãe de Jesus faz-nos saber como ela fazia para escutar os apelos de Deus, mesmo lá onde não havia palavras, mas apenas o silêncio de uma situação humana pedindo socorro.

 

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8º – Novena de Nossa Senhora do Carmo

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Maria, a mãe das dores

Olha bem para a imagem da mãe e do filho Jesus. O filho morreu aos 33 anos de idade. Maria, sua mãe, devia ter no mínimo em torno de 50 anos de idade. Nesta estátua, feita por Miguel Ângelo, a mãe parece mais jovem que o filho. Perguntaram ao artista: “Como é que a mãe pode ser mais jovem que o filho?” Ele respondeu: “Quem se apaixona por Deus não envelhece!”

Foi esta paixão que manteve Maria de pé junto à Cruz dando força ao filho na hora da sua agonia. É esta mesma paixão que ela irradia para nós com Jesus morto nos braços, à espera da ressurreição.

Situando o sétimo dia no conjunto da novena

Neste oitavo dia da novena, a ênfase cai na atitude silenciosa de compaixão diante do sofrimento sem remédio e sem solução que nos desafia. Mesmo causado pela morte de Jesus, o sofrimento de Maria era como dor de parto, fonte de vida nova e de esperança. Isto vale para todo e qualquer sofrimento. Este é o grande desafio hoje: experimentar no sofrimento a força geradora de vida nova.

Perto da cruz estavam algumas mulheres (Jo 19,25-27); entre elas estava a Mãe de Jesus. Jesus entrega sua Mãe ao discípulo amado e entrega o discípulo amado à sua Mãe. No evangelho de João, a Mãe de Jesus representa o Antigo Testamento. Representa Eva, a mãe de todos os viventes. O discípulo amado representa o Novo Testamento, a comunidade que cresceu ao redor de Jesus. Ele é o filho nascido do Antigo Testamento. É a nova humanidade que se forma a partir da vivência do Evangelho. A pedido de Jesus, o Filho (Novo Testamento) recebe a Mãe (Antigo Testamento) em sua casa. Os dois devem caminhar juntos. Pois o Novo não se entende sem o Antigo. Seria um prédio sem fundamento. E o Antigo sem o Novo ficaria incompleto. Seria uma árvore sem fruto. Vida e fé devem estar unidas.

O objectivo a ser alcançado no oitavo dia da novena

– Neste oitavo dia da novena, diante da imagem da Mãe das Dores, convém renovar o compromisso assumidos no primeiro dia da novena: doar-se plenamente.

– Lembrar e assumir o compromisso do terceiro dia da novena, quando meditamos o significado e o alcance da cruz de Jesus: colocar o bem do outro em primeiro lugar.

Atitude orante a ser cultivada no oitavo dia da novena

Colocar-se diante da imagem da Mãe das Dores, fixar os olhos da mente e do coração no sofrimento dela e das mães que hoje sofrem, e rezar uma Avé Maria.

Padroeiro: São José, esposo de Maria, a mãe de Jesus

O evangelho de Lucas fala-nos de Maria. O evangelho de Mateus fala-nos de José. O anjo esclarece Maria e diz-lhe: “O Espírito Santo descerá sobre ti!” (Lc 1,35). Esclarecida pelo anjo, ela se oferece e faz-se empregada de Deus: “Eis aqui a serva do Senhor!” (Lc 1,38). Maria sabe que isto vai trazer muitos problemas para a sua vida. Como explicar a gravidez ao povo de Nazaré? Ninguém iria acreditar nela. Como explicá-la a José, seu prometido esposo? Ela correria o perigo de ser apedrejada. Apesar de todas estas dificuldades, Maria entrega-se à acção da Palavra de Deus: “Faça-se em mim segundo a tua palavra!” (Lc 1,38). O que conta não é o bem-estar dela mesma, mas sim ela ser um instrumento eficaz na realização do plano de Deus.

O evangelho de Mateus diz que José era justo (Mt 1,19). Mas era uma justiça diferente. Se José tivesse sido justo conforme a justiça dos fariseus da época, ele deveria ter denunciado Maria, pois a gravidez tinha acontecido antes de ela conviver com José. Maria teria sido apedrejada e, com ela, teria sido morto Jesus, o Messias. Mas a justiça de José era maior. Foi exactamente por ter esta outra justiça maior que Josénão obedeceu àquelas leis e salvou a vida tanto de Maria como de Jesus. Mais tarde, Jesus irá dizer: “Se a vossa justiça não for maior do que a dos escribas e fariseus, não podereis entrar no Reino dos céus” (Mt 5,20).

Em sonhos, José foi “esclarecido pelo anjo” (Mt 1,10), que lhe disse para aceitar Maria como esposa em sua casa e dar ao menino o nome de Jesus” (Mt 1,21). Esclarecido pelo anjo, José consegue descobrir a acção de Deus, onde, conforme a opinião da época, só parecia haver desvio e pecado.

Anjo é o mesmo que mensageiro. Ele traz uma mensagem e ajuda a perceber a acção de Deus na vida. Hoje, há muitos anjos e anjas que nos orientam na vida. Às vezes, eles actuam nos sonhos, outras vezes nas reuniões, nas conversas, nos Círculos Bíblicos, nos factos, etc… Tantos anjos! Tantas anjas!

Jesus significa “Javé salva”. A salvação não vem do que nós fazemos para Deus, mas do que Deus faz por nós. Jesus recebe um segundo nome Emanuel que significa “Deus connosco” (Mt 1,23). Na saída do Egipto, no Êxodo, Deus desceu para junto do povo oprimido (Ex 3,8) e disse a Moisés: “Estou contigo!” (Ex 3,12), e desde aquele momento ele nunca mais abandonou o seu povo. Sempre foi “Emanuel, Deus-connosco”. Jesus Emanuel, é a prova de que Deus continua sendo Deus connosco. Os dois nomes, Jesus e Emanuel, revelam que o projecto de Deus se realiza através do filho de Maria.

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7º – Novena de Nossa Senhora do Carmo

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A comunidade

Procura uma foto em que apareces dentro da tua família ou dentro da tua comunidade. Esta foto é para ti o símbolo concreto deste sétimo dia da novena. Olhando a foto, percebes-te imediatamente como fazendo parte do grupo com o qual convives e trabalhas. Tu conheces o grupo e lembras o nome de todos e todas e saberás enumerar o que aprendeste de cada um. Também lembrarás aquilo com que contribuíste para o crescimento do grupo, da família.

Jesus chamou-nos “para estar com ele e enviá-los a pregar” (Mc 3,13-14), isto é, para formar comunidade com ele e para ir em missão. Isto significa que a vida em comunidade é a plataforma de onde se parte para a missão do anúncio da Boa Nova do Reino.

Situando o sétimo dia no conjunto da novena

Neste sétimo dia da nossa novena, a ênfase cai na dimensão comunitária da vida no Carmelo. O símbolo é a comunidade, a fotografia em que apareces dentro da tua família ou comunidade. Como carmelitas temos que viver em comunidade. Sem comunidade, a nossa palavra é microfone sem altifalante; é lâmpada bonita sem luz eléctrica; peruca em cabeça careca. Engana, e não realiza nada.

O crescimento pessoal só se faz e só é possível dentro da comunidade. Vocação é como a gente. Ninguém nasce sozinho, mas nasce-se de pai e mãe, no meio de uma família. Não se cresce sozinho, mas com a ajuda de outras pessoas.

A dimensão comunitária da espiritualidade carmelita completa e consolida tudo aquilo que meditámos até agora nestes sete dias da novena. Toda a reflexão feita até agora nestes sete dias não terá sentido nenhum, se o resultado não aparecer no testemunho comunitário da nossa vida. Ela deve começar a irradiar através de nós na comunidade e no meio do povo.

O objectivo a ser alcançado no sétimo dia da novena

– Aprofundar, através da escuta e do diálogo, a nossa convivência comunitária, seja na família seja na comunidade.

– Partilhar com os outros aquilo que viveste, descobriste e aprendeste até agora nestes sete dias da nossa novena a respeito do Carisma do Carmelo.

Atitude orante a ser cultivada no sétimo dia da novena

Participar com mais atenção na oração comunitária: seja na família ou na comunidade, seja na paróquia ou em qualquer outro grupo. Jesus rezava sozinho nas montanhas, e também participava da oração comunitária nas sinagogas e das romarias para o Templo em Jerusalém.

Padroeira: Santa Teresa de Ávila, a grande reformadora do Carmelo

Nasceu em Ávila, Espanha, no dia 28 de Março de 1515, época da descoberta das Américas. Teve uma infância apaixonada. Por volta dos seis ou sete anos de idade, ela lia as histórias dos santos e mártires, ficava fascinada e queria imitá-los.

Aos 13 anos fica órfã, perde a mãe. Aflita ela procurou uma imagem de Nossa Senhora e suplicou que a partir de agora a Virgem fosse sua mãe.

Aos 21 anos de idade entrou no mosteiro carmelita da Encarnação, em Ávila. Mulher de excepcionais talentos humanos e espirituais, Teresa não se contentava com a vida religiosa bastante medíocre tal como era vivida no Mosteiro da Encarnação. Na sua conversão em 1554, uniu-se a Deus para sempre e nunca mais O abandonou. E a partir daí, realizou grandes progressos no caminho da perfeição e teve experiências místicas extraordinários.

Aos poucos amadureceu nela a ideia de criar uma vida carmelita mais de acordo com a Regra de Santo Alberto. Assim, a partir de 24 de Agosto de 1562, aos 45 anos de idade, ela empreendeu uma reforma da Ordem que recebeu o seu nome: Reforma Teresiana. Fundou 17 mosteiros femininos e conseguiu a autorização para a criação de conventos masculinos reformados em 10 de Agosto de 1567.

Para Teresa a vida em comunidade é um dom que Deus nos concede para amarmos muito mais. Desta maneira, ela era calorosa e afectuosa e tinha um dom extraordinário para fazer amizade. Por onde passava deixou amizades que em horas de apuros e sofrimento eram um alívio para a alma. Ela mesma diz que “graças aos seus amigos não fui para o inferno”. Disto nasce a importância de termos bons amigos e de estimular sempre a vida em comunidade.

Teresa morreu em Alba de Tormes no dia 4 de Outubro de 1582. Toda a sua experiência de fé e de vida, ela a comunicava nas suas reflexões e nos milhares de cartas. Deixou também vários livros: “Livro da Vida”, “Caminho de Perfeição”, “Castelo da Alma”, “Livro das Fundações”. Nestes livros Teresa descreveu as suas próprias experiências.

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6º – Novena de Nossa Senhora do Carmo

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O logotipo da Família Carmelita

Observa bem o símbolo do logótipo com todos os seus detalhes e procure decifrá-los, pois tudo tem um sentido: os três círculos, as estrelas, as palavras, o desenho, a figura central, a combinação das palavras, das linhas e dos círculos. Procura descobrir a ligação que há entre os três círculos e as várias palavras.

O símbolo do logótipo é um resumo do carisma e da espiritualidade da Família Carmelita. Por uma feliz coincidência a combinação dos três círculos fez surgir no centro o escudo do Carmo com as três estrelas-guia (Maria, Elias e Eliseu), e a palavra contemplação (mística) como fonte e fruto de tudo o que se vive no Carmelo.

Situando o sexto dia no conjunto da novena

Neste sexto dia a ênfase cai na vivência da espiritualidade carmelita. Este logótipo do Carmelo resume toda a espiritualidade num desenho que pode ser meditado, comentado e partilhado em grupo como a síntese de tudo o que já rezámos e meditámos nos cinco dias anteriores da novena.

Os três círculos trazem as palavras centrais do nosso carisma e espiritualidade: Oração, Fraternidade, Missão profética. Ou seja: “fraternidade orante no meio do povo”. Se a Fraternidade for banhada pela Oração, ela produz Ternura na maneira de conviver entre irmãos e irmãs e com o povo. Se a Fraternidade procura ser Profética, ela produz Solidariedade. Se a Fraternidade, nascida da contemplação e alimentada pela oração, procura ser verdadeira ela gera uma mística que se compromete na luta pela Justiça.

O objectivo a ser alcançado no sexto dia da novena

– Resumir o que significam para cada um, na sua vida pessoal, familiar e comunitária, as três virtudes centrais: oração, fraternidade e missão profética.

– Fazer uma revisão de como pratico estas três virtudes centrais do ideal do Carmelo.

Atitude orante a ser cultivada no sexto dia da novena

Como Carmelitas, devemos dar muita atenção à contemplação, à vida na presença de Deus, pois este é o centro da nossa missão na Igreja. Por isso, convém retomar, novamente, as práticas orantes, sugeridas nos cinco dias anteriores da novena e intensificá-las.

Padroeiro: São João da Cruz, grande místico

Nasceu em Fontiveros, perto de Ávila, em Espanha, em 1542. Entrou na Ordem do Carmo aos 21 anos de idade. Desde o início, tinha o grande desejo de levar uma vida mais austera, mais fiel à Regra de Santo Alberto. Uma conversa providencial com Teresa de Jesus impediu-o de sair da Ordem e fez com que se tornasse a pessoa chamada por Deus para iniciar a reforma do Carmelo masculino. No dia 28 de Novembro de 1568, em Duruelo, Frei João da Cruz inicia a primeira comunidade reformada de religiosos Carmelitas contemplativos.

João sofreu muito da parte dos seus próprios confrades que o prenderam em prisão domiciliária durante nove meses. Mas foram estes mesmos sofrimentos que o ajudaram a relativizar tudo em vista do absoluto de Deus e a aprofundar o sentido da vida. O resultado destas experiências, ele as comunicava nas suas meditações, nas inúmeras cartas e nos seus escritos: “Subida do Monte Carmelo”, “Noite Escura”, “Cântico Espiritual” e “Chama Viva de Amor” que, até hoje, estão entre os escritos mais lidos da mística.

Frei João da Cruz foi um grande místico contemplativo. Ele nos ensina a relativizar as ideias e as imagens que temos de Deus. Deus é sempre maior do que tudo aquilo que a respeito dele pensamos ou afirmamos. João da Cruz ensina que a nossa segurança não pode estar nas nossas ideias sobre Deus, mas sim em Deus, Ele mesmo.

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5º – Novena de Nossa Senhora do Carmo

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O escudo carmelita

Olha bem o símbolo do escudo com todos os seus detalhes: a espada, as doze estrelas ao redor, as três estrelas maiores no centro, a coroa, a frase, o desenho. Tudo tem um sentido. As três estrelas são as estrelas-guia do Carmelo: Maria, Elias e Eliseu. Elas nos ensinam como viver em obséquio de Jesus Cristo. Elias com o seu fogo profético, Maria com seu desejo de encarnar a Palavra e Eliseu com a vontade de ser discípulo fiel, os três apontam Jesus como caminho, verdade e vida; como pastor que nos guia; como vida e ressurreição que nos enche de esperança; como a fonte que mata em nós a sede de Deus. Eles repetem para nós o que Maria disse nas bodas de Caná: “Fazei tudo que ele vos disser” (Jo 2,5).

As doze estrelas são as estrelas que envolvem Maria, a mulher que no Apocalipse enfrenta o Dragão (Ap 12,1-6). Elas trazem à memória tudo o que Maria fez para encarnar a Palavra de Deus na sua vida.

Situando o quinto dia no conjunto da Novena

Neste quinto dia, a ênfase cai na luta que a Regra nos pede e que é simbolizada no escudo do Carmo. Um escudo é uma arma de defesa e não de ataque. Ela nos defende na luta. A Regra diz: “Sempre e em tudo deve ser empunhado o escudo da fé, com o qual podereis apagar todas as flechas incendiárias do maligno, pois sem a fé é impossível agradar a Deus”. O escudo da fé capacita-nos para enfrentar a dura luta da vida sem desanimar.

O escudo do Carmo simboliza também a nossa pertença à Família Carmelita e traz o resumo da vida em obséquio de Jesus Cristo, pois traz a estrela do Profeta Elias: “Vivo é o Senhor, em cuja presença estou!” (1Re 17,1). Traz a estrela de Maria, a Mãe de Jesus: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra” (Lc 1,38). Traz a estrela do profeta Eliseu: “Eliseu levantou-se, seguiu Elias, e colocou-se ao seu serviço”(2Re 19,21).

O objectivo a ser alcançado neste quinto dia da novena

– Reflectir sobre Maria, como nossa irmã e educadora, sobre Elias, nossa fonte de inspiração, e sobre Eliseu o discípulo-modelo de Elias.

– Resumir para cada um o que aprendeu das três personagens sobre como viver em obséquio de Jesus Cristo e sobre como conduzir a luta que a Regra nos propõe.

Atitude orante a ser cultivada no quinto dia da novena

Acostumar-se a decorar uma breve prece, uma jaculatória, um versículo da Bíblia, e repeti-lo durante o dia. Ou formular uma palavra sagrada significativa, que vamos repetindo durante o dia como se fosse um rebuçado gostoso na boca que nunca derrete, como uma flecha de amor dirigida para o coração de Deus que nos ama.

Padroeiro: Beato João Soreth, grande reformador do Carmelo

Nasceu no norte de França no ano de 1394. Entrou na Ordem do Carmo e foi ordenado sacerdote em 1417. Formou-se em Teologia na Universidade de Paris e foi nomeado regente de estudo dos frades jovens. Eleito provincial da sua província participou do Capítulo Geral, onde foi eleito Prior Geral, cargo que ocupou até à sua morte em 1471.

Foi Frei João Soreth que abriu as portas do Carmelo para a entrada de leigos e religiosas na vivência do nosso carisma. É considerado o fundador das Ordens Segunda e Terceira. Devemos muito a ele. A reforma promovida por João Soreth foi a mais importante ao longo da história do Carmelo.

Frei João Soreth foi incansável no seu esforço para reformar a Ordem naquele período histórico crítico. A peste negra tinha devastado a Europa e desintegrado grande parte da Vida Religiosa no Carmelo. João lutou pela reforma da Ordem e pela observância mais fiel da Regra. Escreveu um comentário da Regra para levar os frades a uma observância mais fiel da mesma.

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4º – Novena de Nossa Senhora do Carmo

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A Regra e o Monte Carmelo

A Regra do Carmo foi dada por Santo Alberto, Patriarca de Jerusalém, aos Carmelitas que viviam no Monte Carmelo. O Monte Carmelo marcou de tal maneira a vida dos primeiros Carmelitas que ele deixou de ser uma simples referência geográfica para tornar-se o símbolo do ideal de vida dos Carmelitas.

O símbolo do Monte tem uma força evocativa muito forte. Traz à nossa memória a montanha de Deus do profeta Elias (1Rs 19,8), o monte Sinai do levita Moisés (Ex 3,1), o monte das Nações do profeta Isaías (Is 2,2), o monte Tabor da Transfiguração de Jesus (Mt 17,1), o monte das Oliveiras da agonia de Jesus (Lc 22,39) e da sua Ascensão ao Céu (Mt 28,16;Lc 24,50; Act 1,9), e a “Subida do Monte Carmelo” de São João da Cruz.

Evoca as dificuldades da subida, a solidão das alturas, a vastidão do panorama e o silêncio longínquo dos rumores. Na medida em que cada um vai subindo o monte, o caminho vai ficando mais estreito, mas a visão do horizonte vai-se alargando.

Situando o quarto dia no conjunto da novena

Neste quarto passo, a ênfase cai na Regra do Carmo que contém o projecto de vida elaborado pelos primeiros Carmelitas. Os Carmelitas viviam orando e trabalhando no alto do monte e desciam para anunciar a Boa Nova ao povo e ensinar-lhe como rezar e como viver na presença do Deus libertador e irradiar esta presença no meio da comunidade.

Esta Regra de Vida de toda a Família Carmelita já tem mais de 800 anos! Mas a árvore velha do fundo do quintal não se corta quando, cada ano de novo, ela continua a produzir frutos novos. De facto, em cada século, até hoje, a Regra do Carmo produz frutos novos na Igreja ao serviço do povo de Deus, sobretudo dos “menores”, dos pobres.

A Regra do Carmo, a mais curta de todas as Regras monásticas, é como o mapa de viagem que orienta o peregrino na “Subida do Monte Carmelo”. Ao longo dos seus 24 capítulos cada um vai subindo e, no capítulo 21, o capítulo sobre o silêncio, o viajante alcança o topo do monte. São João da Cruz, inspirando-se nas grandes montanhas da Bíblia, diz que no alto do Carmelo, em cima do monte, reinam o amor e o silêncio.

O objectivo a ser alcançado neste quarto dia da novena

– Fortalecer em nós a identidade como Carmelitas, não só com a cabeça, nas ideias, mas também com o coração, na vivência diária.

– Confrontar a nossa vida com as propostas da Regra e fazer uma boa revisão da nossa vida como Carmelitas que procuram viver o Evangelho de acordo com o ideal proposto pela Regra de Santo Alberto.

Atitude orante a ser cultivada no quarto dia da novena. A oração dos Salmos

A Regra do Carmo insiste muito na oração dos Salmos. Os Salmos são o lado orante da Bíblia e da Vida. Neles meditamos a Lei de Deus, a História, a Sabedoria e a Profecia. Todas as situações da vida humana estão reflectidas nos Salmos. Eles são uma amostra de como rezar. Por isso é bom cada um acostumar-se a rezar os Salmos e até a decorar algum Salmo que mais fala ao coração.

Padroeiro: Santo Alberto, Patriarca de Jerusalém, autor da Regra do Carmo

Alberto nasceu na Itália por volta do ano 1149. Entrou na Congregação dos Cónegos Regulares. Em 1184 foi nomeado bispo de Bobbio e Vercelli. Procurou promover a reforma da Igreja, estimulando, sobretudo o nascimento de novas formas de vida religiosa ao serviço dos pobres. Homem de visão, ele ajudou várias congregações a renovarem-se e a adaptarem-se à nova situação política e social da Europa. Escreveu Regras de Vida para várias Congregações.

Por causa das suas qualidades como pastor, Alberto foi nomeado Patriarca de Jerusalém em 1206. Nesta sua condição como autoridade eclesiástica, ele foi procurado pelos primeiros Carmelitas do Monte Carmelo, para que aprovasse a maneira de eles viverem em obséquio de Jesus Cristo. O Monte Carmelo pertencia à diocese de Jerusalém. Usando a proposta dos próprios frades, Alberto escreveu a Regra do Carmo.

Os três capítulos mais longos da Regra sobre as armas espirituais (RC 18 e 19), sobre o trabalho (RC 20) e sobre o silêncio (RC 21) são um resumo da tradição monástica da Igreja. Alberto queria que esta tradição tão rica fosse colocada ao serviço do Povo de Deus, sobretudo dos pobres, através da nossa fidelidade à Regra.

Pela sua coragem de denunciar os erros e a má conduta do Mestre do Hospital da cidade de Acre a norte do Monte Carmelo, Alberto foi assassinado por ele no dia 14 de Setembro de 1214, durante a procissão do Santíssimo Sacramento.

Mesmo reconhecendo Alberto como autor da Regra, os primeiros frades Carmelitas não quiseram ser chamados de Albertinos, mas sim de Carmelitas, isto é, Moradores do Carmelo. Eles queriam e querem que todas as comunidades de Carmelitas sejam Pequenos Carmelos.

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3º – Novena de Nossa Senhora do Carmo

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A cruz de Jesus

A cruz era o pior instrumento de tortura inventado pelo império romano para abafar qualquer rebelião contra o poder da autoridade imperial. Visava desumanizar as pessoas a ponto de destruir nelas qualquer auto-estima ou sentimento de humanidade, e matava-as através de uma agonia cruel e prolongada. Para um crucificado não havia sepultura. Ele ficava pendurado na cruz até o corpo apodrecer ou ser comido pelos bichos.

Em Jesus, a consciência da sua dignidade humana foi mais forte do que a desumanidade do poder romano. Em vez de odiar e vingar, Jesus perdoava e rezava: “Pai, perdoai, eles não sabem o que fazem!” (Lc 23,34). O amor ao Pai e aos irmãos levou-o a perdoar aos seus próprios torturadores e assassinos. Com este gesto incrível de perdão, Jesus mostrou que um grande amor é capaz de vencer o ódio que mata.

Esta resistência humana e humanizadora de Jesus destruiu na raiz o instrumento do ódio. Em Jesus, a força desumanizadora da cruz, esse terrível instrumento de tortura do império, foi esvaziada. A cruz de Jesus tornou-se o símbolo da vitória do amor sobre o ódio, da vida sobre a morte. O amor levou Jesus ao dom total de si mesmo e, assim, tornou-se fonte de esperança para todo ser humano.

Situando o terceiro dia no conjunto da novena

Neste terceiro dia da novena, a ênfase cai na pessoa de Jesus que carrega a sua cruz até ao Calvário. Para que possamos segui-lo, devemos também nós carregar a nossa cruz. Ele disse: “Toma a tua cruz, e segue-me!” (Mc 8,34). Jesus não pede para carregarmos a cruz dos outros, nem para carregar a cruz que ele carregou, mas pede que cada um carregue a sua própria cruz, não de qualquer jeito, mas sim “atrás de Jesus e por amor a ele e ao evangelho” (Mc 8,35). Isto é, eu devo carregar-me a mim mesmo com as minhas limitações, defeitos e pecados; devo procurar ser eu mesmo sem pretensão nem arrogância, e colocar-me ao serviço, atrás de Jesus, da maneira que Jesus carregou a sua cruz. Foi assim que ele realizou a sua missão: “Eu não vim para ser servido, mas para servir” (Mc 10,45).

O compromisso que se pede consiste em não buscar saídas individuais para problemas colectivos. A cruz de Jesus pede que coloquemos o bem comum acima do bem pessoal ou familiar (de sangue, classe, cultura e demais extensões do meu “eu”). Este é o resumo de toda a Bíblia: “Tudo o que desejardes que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles. Pois nisto consistem a Lei e os Profetas.” (Mt 7,12).

O objectivo a ser alcançado no terceiro dia da novena

– Criar em nós uma atitude de doação: colocar o bem dos outros acima do próprio bem-estar individual.

– Aprender a viver melhor a fé na ressurreição que acontece quando em mim o amor vence o ódio; quando a esperança derruba em mim o desespero; quando a atitude de serviço leva vantagem sobre o egoísmo.

Atitude orante a ser cultivada no terceiro dia da novena

O noivo, mesmo estando sozinho, pensa sempre na noiva e, por amor a ela, suporta qualquer problema. É bom exercitar-nos a pensar sempre em Deus, que revelou o seu amor por nós nas atitudes que Jesus tomava para com as pessoas. Por amor a ele, devemos aprender a carregar a nossa cruz atrás de Jesus. Para poder realizar este exercício é útil levar na memória a lembrança de algum gesto amoroso de Jesus, narrado nos evangelhos.

Padroeiro: Beato Tito Brandsma, mártir Carmelita

Nasceu na cidade de Bolsward, na Frísia (Holanda) em 1881. Entrou na Ordem do Carmo e foi ordenado sacerdote em 1905. Estudou em Roma, onde conseguiu o grau de doutor em filosofia, na Universidade Gregoriana. Voltando para a Holanda viveu grande parte da sua vida em Nimega, cidade universitária, e exerceu uma intensa actividade como sacerdote, professor universitário e jornalista. Dedicou-se ao estudo do movimento místico nos Países Baixos, sobretudo dos místicos e místicas da Idade Média.

Nos anos trinta, quando começou o movimento nazista na Alemanha, Tito tomava posição através dos seus inúmeros artigos nos jornais e nas revistas. Depois do início da guerra em Maio de 1940, opôs-se à ocupação nazista da Holanda e, baseando-se no Evangelho, combateu tenazmente a ideologia nazista, protestou contra a perseguição dos judeus e defendeu a liberdade da educação e da imprensa católicas.

Por estas suas actividades, Frei Tito foi preso. Passou por várias prisões. Foi um longo calvário. Foi morto no campo de concentração de Dachau em 1942. Até ao último suspiro, Tito não se cansava de levar a paz e o conforto aos companheiros da prisão.

Como Jesus, Frei Tito foi condenado por ter defendido a justiça, a liberdade e a fraternidade diante das aberrações do sistema político-social, imposto ao povo holandês pelo nazismo.

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2º – Novena de Nossa Senhora do Carmo

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A Bíblia e o Rosário

Olha bem o símbolo da Bíblia e do Rosário. A Bíblia é o livro de Deus que nos abre os olhos e nos faz ver. Ela é a Palavra escrita de Deus que nos ajuda a descobrir a Palavra viva de Deus na vida, na história e na beleza da criação. Ela nos faz saber que a Palavra de Deus enche a vastidão da terra (Sb 1,7; 8,1). O Papa João XXIII dizia: “O Rosário é a Bíblia dos Pobres”, pois nos leva a meditar os mistérios da vida de Jesus ao longo das suas dezenas.

A Palavra de Deus na Bíblia vale não só pelo ensinamento que nos oferece, mas também e, sobretudo, pela presença do próprio Deus Pai que nela se dirige a nós. Quando alguém te diz: “Eu amo-te”, esta palavra vale não só pelo conteúdo que ela te comunica, mas também e, sobretudo, pela pessoa que a pronuncia. Não é assim? Ora, a palavra da Bíblia é pronunciada por um Pai amoroso que nos ama muito. Esta dimensão pessoal da Palavra de Deus é muito importante e deve ser cultivada por nós Carmelitas. A Palavra de Deus dirige-se não só à cabeça, ela fala também ao coração. “Faz arder o coração” (Lc 24,32).

Situando o segundo dia no conjunto da novena

Neste segundo dia da novena a ênfase cai no desejo de conhecer melhor quem é Jesus para nós e na meditação constante da Palavra de Deus. A Palavra de Deus, que criou o universo e orientou o povo hebreu ao longo da história, chegou perto de nós em Jesus, nosso irmão (Jo 1,14). Jesus deixou a Palavra de Deus tomar conta da sua vida e, por isso, a sua vida é a melhor chave para entendermos a mensagem da Bíblia. Por isso mesmo, é bom, desde este segundo dia, criar o costume de, todos os dias, fazer uma breve leitura da Palavra de Deus, nem que seja de poucos versículos, repetidos de memória durante o dia.

A oração do Terço é uma forma simples e popular de Leitura Orante da Palavra de Deus. A sua oração leva a um confronto com os mistérios principais da vida de Jesus: gozosos, dolorosos e gloriosos, e agora também os luminosos. Maria, a Mãe de Jesus, ajudar-nos-á a encarnar e a assimilar a vida de Jesus na nossa vida.

O objectivo a ser alcançado neste segundo dia

– Esforçar-nos para conhecer melhor a vida de Jesus através da leitura dos Evangelhos e da oração do Terço.

– Começar a ler a Bíblia, sobretudo os Evangelhos, com maior frequência e cultivar a dimensão pessoal da Palavra de Deus.

Atitude orante a ser cultivada no segundo dia da novena

Exercitar-se para meditar os mistérios da vida de Jesus e de Maria, sua Mãe, através da leitura dos Evangelhos e da reza do Terço. Durante o dia, seja no autocarro ou andando na rua, seja durante o trabalho, em casa ou no emprego, rezar de memória uma dezena do Terço, meditando um dos mistérios da vida de Jesus.

Padroeira: Santa Teresinha, que gostava de meditar os quatro Evangelhos

Nasceu em 1873 na França, como última de nove filhos. Perdeu a mãe aos 5 anos. Foi criada por uma tia e pelas duas irmãs mais velhas. A morte da mãe e a ida das duas irmãs mais velhas para o Carmelo afectaram profundamente a pequena Teresa. Chorava muito, vivia isolada dentro do pequeno mundo da família e tinha dificuldade em abrir-se na direcção espiritual. Mas possuía uma vontade de ferro.

Aos 15 anos entrou no Carmelo. Queria ser santa a todo o custo. Mas aos poucos, diante das suas limitações e defeitos, ela foi-se dando conta de ser incapaz de conseguir a santidade. Ela descobriu que não é o nosso esforço que nos leva para perto de Deus, mas sim a bondade acolhedora de Deus que nos atrai e que, sem mérito algum nosso, nos abraça e santifica. A experiência da bondade do seu próprio pai ajudou-a a superar a imagem de Deus como juiz severo que condena e castiga. Teresinha foi amadurecendo ao longo dos poucos anos da sua vida, descobrindo que, diante de Deus, estamos sempre de mãos vazias. Ela dizia: “Senhor, Tu sabes que só tenho o dia de hoje para te amar”.

Os Evangelhos eram o seu livro de cabeceira. Neles encontrava sempre um consolo e uma orientação segura, mesmo no maior abandono. Foi na meditação dos Evangelhos que ela descobriu o seu “pequeno caminho” para chegar até Deus.

Havia momentos em que ela sentia Deus tão perto que parecia poder tocá-lo. Mas nos últimos 18 meses da sua vida Teresa viveu na escuridão total. Era como se Deus já não existisse; como se já não houvesse mais céu e que tudo fosse ilusão e puro engano. Foi uma provação terrível! Ela viveu o ateísmo de verdade. Mas maior que a noite escura era a sua fé na bondade de Deus, Pai que acolhe a sua filha.

Uma tuberculose dolorosa de longos meses levou-a à morte aos 24 anos de idade, no dia 1 de Outubro de 1897, aniversário da aprovação da Regra do Carmo. A sua vida foi tudo, menos um mar de rosas.

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