A Bíblia e o Rosário
Olha bem o símbolo da Bíblia e do Rosário. A Bíblia é o livro de Deus que nos abre os olhos e nos faz ver. Ela é a Palavra escrita de Deus que nos ajuda a descobrir a Palavra viva de Deus na vida, na história e na beleza da criação. Ela nos faz saber que a Palavra de Deus enche a vastidão da terra (Sb 1,7; 8,1). O Papa João XXIII dizia: “O Rosário é a Bíblia dos Pobres”, pois nos leva a meditar os mistérios da vida de Jesus ao longo das suas dezenas.
A Palavra de Deus na Bíblia vale não só pelo ensinamento que nos oferece, mas também e, sobretudo, pela presença do próprio Deus Pai que nela se dirige a nós. Quando alguém te diz: “Eu amo-te”, esta palavra vale não só pelo conteúdo que ela te comunica, mas também e, sobretudo, pela pessoa que a pronuncia. Não é assim? Ora, a palavra da Bíblia é pronunciada por um Pai amoroso que nos ama muito. Esta dimensão pessoal da Palavra de Deus é muito importante e deve ser cultivada por nós Carmelitas. A Palavra de Deus dirige-se não só à cabeça, ela fala também ao coração. “Faz arder o coração” (Lc 24,32).
Situando o segundo dia no conjunto da novena
Neste segundo dia da novena a ênfase cai no desejo de conhecer melhor quem é Jesus para nós e na meditação constante da Palavra de Deus. A Palavra de Deus, que criou o universo e orientou o povo hebreu ao longo da história, chegou perto de nós em Jesus, nosso irmão (Jo 1,14). Jesus deixou a Palavra de Deus tomar conta da sua vida e, por isso, a sua vida é a melhor chave para entendermos a mensagem da Bíblia. Por isso mesmo, é bom, desde este segundo dia, criar o costume de, todos os dias, fazer uma breve leitura da Palavra de Deus, nem que seja de poucos versículos, repetidos de memória durante o dia.
A oração do Terço é uma forma simples e popular de Leitura Orante da Palavra de Deus. A sua oração leva a um confronto com os mistérios principais da vida de Jesus: gozosos, dolorosos e gloriosos, e agora também os luminosos. Maria, a Mãe de Jesus, ajudar-nos-á a encarnar e a assimilar a vida de Jesus na nossa vida.
O objectivo a ser alcançado neste segundo dia
– Esforçar-nos para conhecer melhor a vida de Jesus através da leitura dos Evangelhos e da oração do Terço.
– Começar a ler a Bíblia, sobretudo os Evangelhos, com maior frequência e cultivar a dimensão pessoal da Palavra de Deus.
Atitude orante a ser cultivada no segundo dia da novena
Exercitar-se para meditar os mistérios da vida de Jesus e de Maria, sua Mãe, através da leitura dos Evangelhos e da reza do Terço. Durante o dia, seja no autocarro ou andando na rua, seja durante o trabalho, em casa ou no emprego, rezar de memória uma dezena do Terço, meditando um dos mistérios da vida de Jesus.
Padroeira: Santa Teresinha, que gostava de meditar os quatro Evangelhos
Nasceu em 1873 na França, como última de nove filhos. Perdeu a mãe aos 5 anos. Foi criada por uma tia e pelas duas irmãs mais velhas. A morte da mãe e a ida das duas irmãs mais velhas para o Carmelo afectaram profundamente a pequena Teresa. Chorava muito, vivia isolada dentro do pequeno mundo da família e tinha dificuldade em abrir-se na direcção espiritual. Mas possuía uma vontade de ferro.
Aos 15 anos entrou no Carmelo. Queria ser santa a todo o custo. Mas aos poucos, diante das suas limitações e defeitos, ela foi-se dando conta de ser incapaz de conseguir a santidade. Ela descobriu que não é o nosso esforço que nos leva para perto de Deus, mas sim a bondade acolhedora de Deus que nos atrai e que, sem mérito algum nosso, nos abraça e santifica. A experiência da bondade do seu próprio pai ajudou-a a superar a imagem de Deus como juiz severo que condena e castiga. Teresinha foi amadurecendo ao longo dos poucos anos da sua vida, descobrindo que, diante de Deus, estamos sempre de mãos vazias. Ela dizia: “Senhor, Tu sabes que só tenho o dia de hoje para te amar”.
Os Evangelhos eram o seu livro de cabeceira. Neles encontrava sempre um consolo e uma orientação segura, mesmo no maior abandono. Foi na meditação dos Evangelhos que ela descobriu o seu “pequeno caminho” para chegar até Deus.
Havia momentos em que ela sentia Deus tão perto que parecia poder tocá-lo. Mas nos últimos 18 meses da sua vida Teresa viveu na escuridão total. Era como se Deus já não existisse; como se já não houvesse mais céu e que tudo fosse ilusão e puro engano. Foi uma provação terrível! Ela viveu o ateísmo de verdade. Mas maior que a noite escura era a sua fé na bondade de Deus, Pai que acolhe a sua filha.
Uma tuberculose dolorosa de longos meses levou-a à morte aos 24 anos de idade, no dia 1 de Outubro de 1897, aniversário da aprovação da Regra do Carmo. A sua vida foi tudo, menos um mar de rosas.