9º – Novena de Nossa Senhora do Carmo

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Maria no Pentecostes

Olha bem para o símbolo da pintura que retrata a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes. Diz o livro dos Actos: “Todos tinham os mesmos sentimentos e eram assíduos na oração, junto com as mulheres, entre as quais Maria, a mãe de Jesus (Act 1,14). Trata-se da primeira comunidade: semente e ideal de todas as comunidades. A comunidade reunida no Cenáculo é o pequeno resto que sobrou e é também o novo começo. Ela é a “Comunidade Original”, da qual vai nascer a Igreja no dia de Pentecostes. Sem Comunidade em oração não haveria Pentecostes! Foi a prece que fez descer em abundância o dom do Espírito (Lc 11,13).

Lucas insiste em três atitudes que marcam esta Comunidade Original e que devem marcar a vida de todas as comunidades, para que possam anunciar a Boa Nova de Deus: (1) – todos tinham os mesmos sentimentos, viviam em comunhão fraterna, (2) – eram assíduos na oração (3) – e estavam reunidos ao redor de Maria a mãe de Jesus aguardando a vinda do Espírito Santo (Act 1,14).

Situando o nono dia no conjunto da novena

Neste nono dia da novena, a ênfase cai na atitude de silêncio, de oração e de espera. Como diz a Regra do Carmo: “No silêncio e na esperança está a vossa força”. Diz o Salmo: “Descansa em Javé e nele espera”. Literalmente se diz: “Esvazia-te diante de Javé e aguenta”(Sl 37,7). A palavra esperar (aguentar) sugere a atitude da mulher em dores de parto. Ela aguenta, pois sabe que, apesar das muitas dores, vai nascer vida nova. Diz o lamento de Jeremias: “É bom esperar em silêncio a salvação de Javé” (Lm 3,26). É a certeza de que Deus vai atender. A pessoa não sai de frente de Deus: “Como os olhos dos escravos, fixos nas mãos do seu senhor, e como os olhos da escrava, fixos nas mãos da sua senhora, assim estão os nossos olhos fixos em Javé nosso Deus, até que se compadeça de nós” (Sl 123,2).

O objectivo a ser alcançado no nono dia da novena

– Durante este nono e último dia da novena tenta resumir as lições e as graças que foste recebendo de Maria.

– Tenta formular um propósito pequeno e viável a ser assumido e vivido no futuro como conclusão desta novena.

Atitude orante a ser cultivada no nono dia da novena

Ter momentos especiais de oração, junto com Maria a Mãe de Jesus, e pedir com insistência o dom do Espírito Santo, para que ele nos conduza pelo caminho do Evangelho, caminho sem retorno, e nos ensine como amar a Deus e ao próximo.

Padroeira: Maria, a Mãe de Jesus

A Regra do Carmo pede: “Permaneça cada um na sua cela ou na proximidade dela, meditando dia e noite na Lei do Senhor e vigiando em orações” (RC 10). Neste ponto, temos como mestra e guia Maria, a Mãe de Jesus: “Enquanto Jesus dizia essas coisas, uma mulher levantou a voz no meio da multidão, e disse-lhe: “Feliz o ventre que te carregou, e os seios que te amamentaram”. Jesus respondeu: “Mais felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 11,27-28). O que caracterizava a vida de Maria era “ouvir e praticar a Palavra de Deus”.

A Bíblia fala pouco da Mãe de Jesus. Só sete livros a mencionam: Gálatas (Gl 4,4), Marcos (Mc 3,20-21.31-35), Lucas (Lc 1 e 2; 11,17), Actos (Act 1,13), Mateus (Mt 1 e 2), João (Jo 2,1-13; 19.25-26) e Apocalipse (Apc 12,1-17). Ela mesma fala menos ainda. Cinco destes sete livros só falam sobre Maria. Ela mesma só fala em dois livros: Lucas e João. E mesmo estes dois conservam apenas sete palavras de Maria. Nada mais!

– 1ª Palavra: “Como pode ser isso se não conheço homem?” (Lc 1,34).

– 2ª Palavra: “Eis aqui a serva do Senhor!” (Lc 1,38).

– 3ª Palavra: “A minha alma louva o Senhor!” (Lc 1,46).

– 4ª Palavra: “Meu filho, porque fizeste isso connosco?” (Lc 2,48).

– 5º Palavra: “Eles não têm mais vinho!” (Jo 2,3).

– 6ª Palavra: “Fazei tudo o que ele vos disser!” (Jo 2,5).

– 7ª Palavra: O silêncio ao pé da Cruz, mais eloquente do que mil palavras! (Jo 19,25-27).

Os Evangelhos apresentam a Mãe de Jesus como mulher silenciosa. Apenas sete palavras! É a prática do silêncio que capacita as pessoas para meditar e escutar a Palavra de Deus nos factos da vida. O que mais nos falta hoje é o silêncio. Não é fácil fazer silêncio. Não é fácil escutar. Muito barulho, não só ao redor, mas também dentro de nós. Condição para poder escutar é saber fazer silêncio, sobretudo dentro de nós. Cada uma daquelas sete palavras da Mãe de Jesus faz-nos saber como ela fazia para escutar os apelos de Deus, mesmo lá onde não havia palavras, mas apenas o silêncio de uma situação humana pedindo socorro.

 

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