Entre os elementos indispensáveis para um bom discernimento, conta-se a nossa própria história de vida. De certo modo é o «livro» mais precioso que nos foi confiado; um livro, que muitos, infelizmente, não leem. Mas o ser humano que não conhece o próprio passado, está condenado a repeti-lo. Quantas vezes nos assaltam, uma vez e outra, pensamentos como estes: «eu não valho nada», «a mim tudo me corre mal», «nunca farei nada de jeito», etc. São pensamentos que nos fazem mal e, sem nos darmos conta, intoxicam-nos o coração. Ler a própria história significa reconhecer e livrar-se destes elementos tóxicos, abrindo o coração para horizontes mais amplos, identificando facetas e detalhes importantes da vida, que até agora nos tinham passado despercebidos; notamos outras vertentes possíveis da realidade que reforçam o gosto interior, a paz e a criatividade. E assim uma leitura, um serviço, um encontro que, à primeira vista, pareciam de pouca importância, acabam por nos transmitir a alegria de viver e sugerir novas iniciativas de bem-fazer. Parar para reconhecer tudo isto, é indispensável ao discernimento, pois aperfeiçoa o olhar tornando-o capaz de ver os pequenos milagres que o bom Deus realiza diariamente em nosso favor. Ora o estilo de Deus é discreto, não se impõe; é como o ar que respiramos: não o vemos, mas faz-nos viver e só damos conta dele quando nos falta. De igual modo o bem é silencioso e, para o vermos, requer-se uma busca lenta e continua na nossa história.
Papa Francisco, Resumo da Audiência geral, 19 de Outubro, 2022
Catequese completa
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