Dificuldades na oração: distracção, aridez e acédia

Hoje falaremos de três dificuldades que podemos enfrentar na oração: a distracção, a aridez e a acédia. A distracção nasce da dificuldade da mente humana permanecer por muito tempo num único pensamento: sempre nos acompanha um turbilhão de imagens e fantasias. O Evangelho indica-nos uma virtude capital na luta para manter a concentração e a atenção: a vigilância. Trata-se de reconhecer que não sabemos quanto tempo nos resta nesta vida e que cada instante é precioso e não deve ser dispersado com as distracções. Já a aridez, a perda do gosto pelas realidades espirituais, é um desafio que chama a viver somente da fé quando se está desprovido de consolações. Finalmente, a acédia ou preguiça espiritual é a tentação por excelência contra a oração. É uma espécie de depressão que nasce do relaxamento da ascese, muitas vezes alimentada pela presunção, e que pode levar à morte da alma. Tanto a aridez como a tentação da acédia combatem-se com a perseverança, sobretudo quando se atravessa o “vale da escuridão”, depositando diante de Deus, como Jó, as nossas dificuldades e amarguras, na certeza de que Ele, com amor de Pai, as acolherá como um verdadeiro acto de fé, como uma oração. (Papa Francisco, Resumo da Catequese da Audiência Geral, 19 de Maio, 2021).

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http://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2021/documents/papa-francesco_20210519_udienza-generale.html

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A caminho do Pentecostes: o dom do Conselho

O dom do Conselho

«Bendito o Senhor que me aconselha; durante a noite a minha consciência me adverte» (Sl 16, 7). Sabemos como é importante nos momentos mais delicados poder contar com sugestões de pessoas sábias e que nos amam. Através do conselho é o próprio Deus, com o seu Espírito, que ilumina o nosso coração, fazendo com que compreendamos o modo justo de falar e de nos comportarmos, e o caminho que devemos seguir.

Mas como age este dom em nós? No momento em que o recebemos e o hospedamos no nosso coração, o Espírito Santo começa imediatamente a tornar-nos sensíveis à sua voz e a orientar os nossos pensamentos, sentimentos e intenções segundo o coração de Deus. Ao mesmo tempo, leva-nos cada vez mais a dirigir o olhar interior para Jesus, como modelo do nosso modo de agir e de nos relacionar com Deus Pai e com os irmãos. Portanto, o conselho é o dom com o qual o Espírito Santo torna a nossa consciência capaz de fazer uma escolha concreta em comunhão com Deus, segundo a lógica de Jesus e do seu Evangelho. Desta maneira, o Espírito faz-nos crescer interior e positivamente, faz-nos crescer na comunidade e ajuda-nos a não cair na armadilha do egoísmo e do próprio modo de ver as coisas.

A condição essencial para conservar este dom é a oração. Pedir ao Senhor: «Ajudai-me, aconselhai-me, o que devo fazer agora?» E com a oração damos espaço para que o Espírito venha e nos ajude naquele momento, nos aconselhe sobre o que devemos fazer. Na intimidade com Deus e na escuta da sua Palavra, começamos gradualmente a abandonar a nossa lógica pessoal, ditada muitas vezes pelos nossos fechamentos, preconceitos e ambições, e aprendemos a perguntar ao Senhor: qual é o teu desejo? Qual é a tua vontade? O que te agrada? Deste modo, amadurece em nós uma sintonia profunda, quase conatural no Espírito e podemos experimentar como são verdadeiras as palavras de Jesus apresentadas no Evangelho de Mateus: «Não vos preocupeis com o que haveis de falar nem com o que haveis de dizer; ser-vos-á inspirado o que tiverdes de dizer. Não sereis vós a falar, é o Espírito do vosso Pai que falará por vós» (10, 19-20).

http://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2014/documents/papa-francesco_20140507_udienza-generale.html

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A caminho do Pentecostes: o dom do Entendimento

O dom do Entendimento

Não se trata da inteligência humana, da capacidade intelectual de que podemos ser mais ou menos dotados. Ao contrário, é uma graça que só o Espírito Santo pode infundir e que suscita no cristão a capacidade de ir além do aspecto externo da realidade e perscrutar as profundidades do pensamento de Deus e do seu desígnio de salvação.

Como sugere a própria palavra, a inteligência permite «intus legere», ou seja, «ler dentro»: esta dádiva faz-nos compreender a realidade como o próprio Deus a entende, isto é, com a inteligência de Deus. Porque podemos compreender uma situação com a inteligência humana, com prudência, e isto é um bem. Contudo, compreender uma situação em profundidade, como Deus a entende, é o efeito deste dom. E Jesus quis enviar-nos o Espírito Santo para que também nós tenhamos este dom, para que todos nós consigamos entender a realidade como Deus a compreende, com a inteligência de Deus. Trata-se de um bonito presente que o Senhor concedeu a todos nós. É o dom com que o Espírito Santo nos introduz na intimidade com Deus, tornando-nos partícipes do desígnio de amor que Ele tem em relação a nós.

Então, é claro que o dom do entendimento está intimamente ligado à fé. Quando o Espírito Santo habita o nosso coração e ilumina a nossa mente, faz-nos crescer dia após dia na compreensão daquilo que o Senhor disse e levou a cabo. O próprio Jesus disse aos seus discípulos: enviar-vos-ei o Espírito Santo e Ele far-vos-á entender tudo o que vos ensinei. Compreender os ensinamentos de Jesus, entender a sua Palavra, compreender o Evangelho, entender a Palavra de Deus. Podemos ler o Evangelho e entender algo, mas se lermos o Evangelho com este dom do Espírito Santo conseguiremos compreender a profundidade das palavras de Deus.

https://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2014/documents/papa-francesco_20140430_udienza-generale.html

 

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A caminho do Pentecostes: o dom da Sabedoria

Estamos às portas do Pentecostes. Como ajuda para a caminhada em direcção a essa solenidade apresentamos pequenos resumos das catequeses que o Papa Francisco fez sobre os sete dons do Espírito Santo: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus. O Espírito Santo é o dom de Deus por excelência que “constitui a alma, a linfa vital da Igreja e de cada cristão: é o Amor de Deus que faz do nosso coração a sua morada e entra em comunhão com cada um de nós. O Espírito Santo está sempre connosco, em nós, no nosso coração”.
No final de cada resumo aparece o link de acesso à catequese completa do Santo Padre.

O dom da Sabedoria

Não se trata simplesmente da sabedoria humana, que é fruto do conhecimento e da experiência. Na Bíblia narra-se que, no momento da sua coroação como rei de Israel, Salomão tinha pedido o dom da sapiência (cf. 1 Rs 3, 9). E a sapiência consiste precisamente nisto: é a graça de poder ver tudo com os olhos de Deus. É simplesmente isto: ver o mundo, as situações, as conjunturas e os problemas, tudo, com os olhos de Deus. Nisto consiste a sabedoria. Às vezes nós vemos a realidade segundo o nosso prazer, ou em conformidade com a situação do nosso coração, com amor ou com ódio, com inveja… Não, este não é o olhar de Deus. A sabedoria é aquilo que o Espírito Santo realiza em nós, a fim de vermos todas as realidades com os olhos de Deus. Este é o dom da sabedoria.

E obviamente ele deriva da intimidade com Deus, da relação íntima que temos com Deus, da nossa relação de filhos com o Pai. E quando mantemos esta relação, o Espírito Santo concede-nos o dom da sabedoria. Quando estamos em comunhão com o Senhor, é como se o Espírito Santo transfigurasse o nosso coração, levando-o a sentir toda a sua veemência e predilecção.

O Espírito Santo torna o cristão «sábio». Mas não no sentido que ele tem uma resposta para cada coisa, que sabe tudo, mas no sentido que «sabe» de Deus, como Deus age, distingue quando algo é de Deus e quando não o é; tem aquela sabedoria que Deus infunde nos nossos corações. O coração do homem sábio tem o gosto e o sabor de Deus. E como é importante que nas nossas comunidades haja cristãos assim! Neles tudo fala de Deus, tornando-se um sinal bonito e vivo da Sua presença e do Seu amor.

https://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2014/documents/papa-francesco_20140409_udienza-generale.html

 

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Domingo da Ascensão do Senhor – Ano B

Hoje celebra-se a solenidade da Ascensão do Senhor. A passagem do Evangelho deste Domingo (Mc 16,15-20) apresenta-nos o último encontro do Ressuscitado com os discípulos antes de subir ao céu. Normalmente as despedida são tristes, mas desta vez tal não acontece com os discípulos de Jesus que estão alegres e prontos para partir em missão pelo mundo inteiro.
A Ascensão completa a missão de Jesus entre nós. Na verdade, se foi por nós que Jesus desceu do céu, é sempre por nós que ele sobe para lá. Depois de ter descido à nossa humanidade e tê-la redimido, agora sobe ao céu levando a nossa carne com ele. À direita do Pai senta-se agora um corpo humano, o corpo de Jesus, e neste mistério cada um de nós contempla o próprio destino futuro. Jesus não nos abandona com a sua Ascensão ao céu mas permanece para sempre com os discípulos, connosco. Ele permanece em oração, porque ele, como homem, ora ao Pai, e como Deus, homem e Deus, ele o faz ver as chagas, as chagas com as quais ele nos redimiu. E isso deve ser para nós causa de grande alegria!
E o segundo motivo de alegria é a promessa de Jesus: “Eu vos enviarei o Espírito Santo”. Com o dom do Espírito Santo dá-nos esta missão: “Ide pelo mundo, anunciai o Evangelho”. Jesus sobe ao céu, onde está à direita do Pai, levando consigo as chagas, que foram o preço da nossa salvação, e ora por nós e envia-nos o Espírito Santo, para sairmos para evangelizar.
Que Maria, a Rainha do Céu, nos ajude a ser testemunhas corajosas do Ressuscitado no mundo nas situações concretas da vida.

Papa Francisco, Regina Caeli (resumo), 16 de Maio, 2021

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A Ascensão do Senhor

– Subindo ao Céu, Ele abriu de novo o caminho rumo à nossa pátria definitiva, que é o Paraíso. Agora, com o poder do seu Espírito, Ele ampara-nos na peregrinação quotidiana na terra (Bento XVI, Regina Caeli, 8 de Maio de 2005).

– Em primeiro lugar, “elevando-se”, Ele revela de modo inequívoco a sua divindade; volta para lá, de onde veio, isto é, para Deus, depois de ter cumprido a sua missão na terra. Além disso Cristo sobe ao Céu com a humanidade que assumiu e que ressuscitou dos mortos: aquela humanidade é a nossa, transfigurada, divinizada, que se tornou eterna. Portanto, a Ascensão revela a “altíssima vocação” (Gaudium et spes, 22) de cada pessoa humana: ela está chamada à vida eterna no Reino de Deus, Reino de amor, de luz e de paz. (Bento XVI, Regina Caeli, 21 de Maio de 2006).

– Nos seus discursos de despedida dos discípulos, Jesus insistiu muito sobre a importância da sua “ida para o Pai”, coroamento de toda a sua missão: de facto, Ele veio ao mundo para reconduzir o homem para Deus, não a nível ideal como um filósofo ou um mestre de sabedoria mas realmente como pastor que deseja reconduzir as ovelhas ao redil. Este “êxodo” para a pátria celeste, que Jesus viveu em primeira pessoa, Ele enfrentou-o totalmente por nós (Bento XVI, Regina Caeli, 4 de Maio de 2008).

– O Senhor atrai o olhar dos Apóstolos – o nosso olhar – para o Céu a fim de lhes indicar como percorrer o caminho do bem durante a vida terrena. Contudo, Ele permanece na trama da história humana, está próximo a cada um de nós e guia o nosso caminho cristão: é companheiro dos perseguidos por causa da fé, está no coração de todos os que são marginalizados, está presente naqueles aos quais é negado o direito à vida. Podemos ouvir, ver e tocar o Senhor Jesus na Igreja, sobretudo mediante a palavra e os sacramentos.
Queridos irmãos e irmãs, o Senhor, abrindo-nos o caminho do Céu, faz-nos saborear já nesta terra a vida divina. Um autor russo do século XX, no seu testamento espiritual, escreveu: “Observai com maior frequência as estrelas. Quando tiverdes um peso na alma, olhai para as estrelas e para o azul do céu. Quando vos sentirdes tristes, quando vos ofenderem,… entretende-vos… com o céu. Então a vossa alma encontrará a tranquilidade” (N. Valentini L. Zák) (Bento XVI, Regina Caeli, 16 de Maio de 2010).

– Queridos amigos, a Ascensão diz-nos que em Cristo a nossa humanidade é levada à altura de Deus; assim, todas as vezes que rezamos, a terra une-se ao Céu. E assim como o incenso queimado faz subir para o alto o seu fumo, também quando elevamos ao Senhor a nossa oração confiante em Cristo, ela atravessa o céu e alcança o próprio Deus e é por Ele ouvida e atendida. (Bento XVI, Regina Caeli, 20 de Maio de 2012).

 

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O meu Imaculado Coração será o teu refúgio

E tu sofres muito? Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus.

Nossa Senhora dirigindo-se à pastorinha Lúcia de Jesus

Oração

Maria, minha Mãe, Jesus quer servir-Se de Ti, para O amar, para O glorificar. Minha Mãe: o que pertence à Mãe, pertence ao filho… por isso o Teu Imaculado Coração é meu e posso com esse tão terno e imaculado Coração amar Jesus. Que melhor Coração para o amar, para O glorificar! Empresta-me o Teu Coração, transforma-me nesse braseiro de amor e que a minha vida seja um prolongamento da Tua vida humilde, pura, cheia de caridade, modesta e humilde. Assim seja.

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Nossa Senhora de Fátima – 13 de Maio

A missão de Maria não consiste em completar Jesus, mas em atrair para Jesus. Neste sentido, Fátima não é um acrescento do Evangelho. A sua função — como adverte o Catecismo — é «ajudar a vivê-lo mais plenamente». O Evangelho não carece de complemento, mas de cumprimento. Como a Igreja tem notado, o actual de Fátima corresponde ao perene do Evangelho. O núcleo de Fátima é um decalque do âmago do Evangelho. O eixo de ambos gira em torno da conversão, da partilha e da oração. Ou seja, tudo está centrado no compromisso com Deus e na consequente abertura aos irmãos. Se não há compromisso com Deus, não há adesão ao Evangelho. Em tal caso, como pode haver aceitação de Fátima? O concreto de Fátima faz ressoar o perene do Evangelho.

A Peregrinação, a Eucaristia e a Recitação do Terço (centrada na contemplação da vida de Jesus Cristo) ajudam a descentrar-nos do eu. E contribuem para nos recentrar em Deus e nos homens, amados por Deus. É por isso que Fátima não pode acontecer só quando se chega nem somente quando se está. Fátima também tem de acontecer quando se parte. Os «cristãos de Fátima» terão de ser sempre «cristãos do Evangelho», «cristãos do Domingo», «cristãos da Páscoa». Enfim, «cristãos da vida». De toda a vida

João António Pinheiro Teixeira

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O combate da oração

Nenhum dos grandes orantes, que encontramos na Bíblia e na História da Igreja, teve uma oração cómoda. Certamente a oração traz-nos grande paz, mas através de um combate interior, por vezes duro, que se pode arrastar por longos períodos da nossa vida. Rezar não é uma coisa fácil. Quando pensamos fazê-lo, subitamente vêm-nos à mente tantas outras actividades que, naquele momento, nos parecem mais importantes e mais urgentes. Em certos períodos, é uma dura luta manter-se fiel aos tempos e aos compromissos da oração. Preferiríamos estar em qualquer outra parte do mundo e não ali, naquele banco da igreja, a rezar. Os piores inimigos da oração encontram-se dentro de nós mesmos, e o Catecismo descreve-os  assim: «desânimo na aridez; tristeza por não dar tudo ao Senhor, porque temos “muitos bens”; decepção por não sermos atendidos segundo a nossa própria vontade; o nosso orgulho ferido que se endurece perante a nossa indignidade de pecadores; alergia à gratuitidade da oração». Nos tempos de prova faz bem recordar que não estamos sós: Jesus está sempre connosco! No final da nossa vida, voltando o nosso olhar para trás, poderemos dizer: “Pensava que estava só, mas não, não estava: Jesus estava comigo”.

Papa Francisco, Catequese da Audiência Geral (resumo), 12 de Maio, 2021

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http://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2021/documents/papa-francesco_20210512_udienza-generale.html

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Amar como Jesus ama

Jesus resumiu os seus mandamentos num só, este: «Amai-vos uns aos outros como eu vos amei» (v. 12). Amar como Jesus ama significa pôr-se ao serviço, ao serviço dos irmãos, tal como Ele o fez ao lavar os pés dos discípulos. Significa também sair de si mesmo, desapegar-se das próprias seguranças humanas, das comodidades mundanas, para se abrir aos outros, especialmente aos mais necessitados. Significa pôr-se à disposição, com o que somos e o que temos. Isto significa amar não com palavras, mas com gestos.

Amar como Cristo significa dizer não a outros “amores” que o mundo nos propõe: amor ao dinheiro – quem ama o dinheiro não ama como Jesus ama – amor ao sucesso, à vaidade, ao poder… Estas formas enganadoras de “amor” afastam-nos do amor do Senhor e levam-nos a tornar-nos cada vez mais egoístas, narcisistas, prepotentes. E a prepotência leva a uma degeneração do amor, a abusar dos outros, a fazer sofrer a pessoa amada. Penso no amor doentio que se transforma em violência – e quantas mulheres são hoje vítimas de violências. Isto não é amor. Amar como o Senhor nos ama significa apreciar a pessoa ao nosso lado, e respeitar a sua liberdade, amá-la como é, não como queremos que seja; como é, gratuitamente. Em última análise, Jesus pede-nos que permaneçamos no seu amor, que habitemos no seu amor, não nas nossas ideias, não no culto de nós mesmos. Quem habita no culto de si mesmo, habita no espelho: sempre a olhar para si. Ele pede-nos para sairmos da pretensão de controlar e gerir os outros. Não controlar, servi-los. Abrir o coração aos outros, isto é amor, e entregar-nos aos outros.

Papa Francisco, Regina Caeli (excerto), 9 de Maio, 2021

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