A missão de Maria não consiste em completar Jesus, mas em atrair para Jesus. Neste sentido, Fátima não é um acrescento do Evangelho. A sua função — como adverte o Catecismo — é «ajudar a vivê-lo mais plenamente». O Evangelho não carece de complemento, mas de cumprimento. Como a Igreja tem notado, o actual de Fátima corresponde ao perene do Evangelho. O núcleo de Fátima é um decalque do âmago do Evangelho. O eixo de ambos gira em torno da conversão, da partilha e da oração. Ou seja, tudo está centrado no compromisso com Deus e na consequente abertura aos irmãos. Se não há compromisso com Deus, não há adesão ao Evangelho. Em tal caso, como pode haver aceitação de Fátima? O concreto de Fátima faz ressoar o perene do Evangelho.
A Peregrinação, a Eucaristia e a Recitação do Terço (centrada na contemplação da vida de Jesus Cristo) ajudam a descentrar-nos do eu. E contribuem para nos recentrar em Deus e nos homens, amados por Deus. É por isso que Fátima não pode acontecer só quando se chega nem somente quando se está. Fátima também tem de acontecer quando se parte. Os «cristãos de Fátima» terão de ser sempre «cristãos do Evangelho», «cristãos do Domingo», «cristãos da Páscoa». Enfim, «cristãos da vida». De toda a vida
João António Pinheiro Teixeira