Ano da Fé – LXI

Forgiveness

A remissão dos pecados

Dos artigos do Símbolo Apostólico, talvez o mais inesperado seja este: creio na remissão dos pecados. Será possível que todos os pecados, por grandes e graves que forem, possam ser “remidos”, isto é, “apagados”, inteiramente perdoados? Não nos dirá Deus o que nós dizemos com frequência: “perdoo, mas não esqueço?”.

No dia do Yon Kippur (“Dia do Perdão”), os judeus vão à beira-mar e, de costas voltadas para o mar, lançam uma pedra, que se afunda na água. Quando se voltam, não vêem mais a pedra. Eles expressam assim que Deus “lançará no fundo do mar todos os nossos pecados” (Miqueias 7, 19).

Jesus ensinou-nos que Deus é como o pai do filho pródigo. A Pedro disse que devemos perdoar “setenta vezes sete vezes” (Mt 18, 21-22). Ele próprio, desde o alto da Cruz, pediu perdão para aqueles que o crucificavam, porque “não sabem o que fazem” (Lc 22,34).

Na Carta Apostólica Porta Fidei, com a qual Bento XVI anunciou o Ano da Fé, lê-se que este ano “é um convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo. No mistério da sua morte e ressurreição, Deus revelou plenamente o Amor que salva e chama os homens à conversão de vida por meio da remissão dos pecados (cf. Act 5, 31)”.

Para São Paulo, o amor misericordioso de Deus introduz-nos numa vida nova: «Pelo Baptismo fomos sepultados com Cristo na morte, para que, assim como Ele foi ressuscitado de entre os mortos pela glória do Pai, assim também nós caminhemos numa vida nova» (Rm 6,4). Esta vida nova transforma toda a existência humana segundo a novidade radical da ressurreição. A mentalidade e o comportamento dos baptizados vão sendo pouco a pouco purificados, ao longo de um itinerário jamais completamente terminado nesta vida. Por isso, na Igreja Católica, recorremos ao sacramento da penitência, que celebra o perdão dos pecados cometidos depois do baptismo, reconciliando-nos com Deus, com a comunidade eclesial e connosco mesmos.

A remissão dos pecados deve ser lida sobre o fundo da experiência de ingresso numa vida nova e de superação de um mundo velho. Ela é “recriação do coração”. Os seus efeitos são: a libertação de uma condição de escravidão, de dependência, de inautenticidade e, por vezes, de falsidade; a vitória sobre os medos que bloqueiam a alegria de viver, como o medo dos outros ou da morte; a iluminação do sentido verdadeiro das coisas. Neste sentido, tendo presente o «mundo velho» do mal e do pecado, o Deus revelado na Bíblia é fiel e nunca se esquecerá das suas criaturas: a sua “memória” de ternura e de perdão envolve a nossa existência, é como o seio em que o nosso coração pode repousar em paz.

Este perdão, pela vontade que Jesus manifestou em confiar a missão da reconciliação aos Apóstolos, passa através do ministério da Igreja: o pecador é alcançado na sua vida quotidiana concreta e reconciliado ao mesmo tempo com o Pai e com a comunidade. Ao confessar humildemente o seu próprio pecado e ao abrir-se na fé ao dom da reconciliação, o pecador é tornado uma nova criatura pelo Espírito Santo que lhe foi infundido e pode viver o novo início do amor, no seguimento de Jesus e do seu Evangelho. A vida ressurge da morte, o perdão recebido faz-se perdão oferecido, o amor impossível torna-se possível, apesar da fragilidade da condição humana. É o milagre da remissão dos pecados e da reconciliação!

 

Abrir

Ano da Fé – LX

 02-evangelizacion-KNA_239676-615x374

Creio na comunhão dos santos

A Igreja é comunhão dos santos na medida em que os seus membros são santificados, isto é, tornados santos no baptismo pelo dom do Espírito e pela sua incorporação, então realizada, no Corpo de Cristo; é-o também na medida em que vive destas realidades santas que são os sacramentos, designadamente a Eucaristia..

A comunhão dos santos é principalmente esta comunhão actual realizada pelo Espírito Santo entre todos os discípulos de Cristo que vivem hoje convocados na Igreja. A comunhão dos santos é uma comunhão realizada com a Santa Virgem Maria e com todos os santos do céu, em particular com aqueles que foram canonizados, isto é, aqueles cujo testemunho exemplar foi oficialmente reconhecido pela Igreja. Com efeito, os cristãos não encontram somente na vida dos santos, um modelo mas também na comunhão com eles uma família, e na sua intercessão um auxílio.

Mas a comunhão dos santos estende-se também a todos aqueles que adormeceram na paz de Cristo. É assim que a Igreja desde os primeiros tempos do cristianismo cultivou com muita piedade a memória dos defuntos.

Podemos pedir ajuda aos santos que mais nos dizem e, inclusivamente aos nossos familiares falecidos que cremos estarem já em Deus. Inversamente, podemos ajudar os nossos falecidos, ainda em processo de purificação, mediante a nossa oração de súplica. Tudo o que uma pessoa faz ou sofre em Cristo e por Cristo torna-se proveitoso para todos; infelizmente, isso também significa, contrariamente, que cada pecado danifica a comunhão.

A festa de Todos os Santos reúne na mesma acção de graças todos aqueles, conhecidos e desconhecidos, que constituem a “cidade santa, a nova Jerusalém” (Ap 21, 2), realização da humanidade segundo o desígnio de Deus.

 

Abrir

A oração que o Senhor nos ensinou

mulher-orando

Eu não sei que mais queremos para saber o que é oração do que ver aquela que Nosso Senhor Jesus Cristo ensinou aos seus discípulos quando Lhe disseram: “Mestre, ensina-nos a orar como ensinou João aos seus discípulos” e Sua Majestade lhes ensinou o Pater noster. Eu não quero outra regra para saber o que é oração. Valha-me o Senhor! Se Sua Majestade ensina como oração santificar o nome de Deus, mandando-nos que Lhe chamemos Pai e que Lhe peçamos quanto necessitamos, como nesta sagrada oração pedimos; para que andamos da cá para lá desvanecendo-nos?

Madre Maria de São José

Abrir

Carta do Papa ao capítulo geral dos frades carmelitas

priorgeneral-con-olmc

Carta do Papa Francisco aos carmelitas
por ocasião do capítulo geral 2013

Ao Reverendíssimo Padre
Fernando Millán Romeral
Prior Geral da Ordem dos Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo.

Dirijo-me a vós, queridos Irmãos da Ordem da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, que celebrais neste mês de Setembro o Capítulo Geral. Num momento de graça e renovação, que vos chama a discernir a missão da gloriosa Ordem Carmelita, desejo dirigir-vos uma palavra de encorajamento e de esperança. O antigo carisma do Carmelo foi durante oito séculos um dom para toda a Igreja, e continua ainda hoje a oferecer o seu particular contributo para a edificação do Corpo de Cristo e para mostrar ao mundo o seu rosto luminoso e santo. As vossas origens contemplativas brotam da terra da epifania do amor eterno de Deus em Jesus Cristo, Verbo feito carne. Enquanto reflectis sobre a vossa missão como Carmelitas hoje, sugiro-vos que considereis três elementos que podem guiar-vos na realização plena da vossa vocação que é a subida do monte da perfeição: o obséquio de Cristo, a oração e a missão.

Obséquio

A Igreja tem a missão de levar Cristo ao mundo, e para isto, como Mãe e Mestra, convida a cada um a aproximar-se d’Ele.

Na liturgia carmelita da Festa da Virgem do Monte Carmelo contemplamos a Virgem que está “junto à cruz de Cristo”. Esse é também o lugar da Igreja: aproximar-nos de Cristo. E é também o  lugar de cada filho fiel da Ordem Carmelita. A vossa Regra começa com a exortação aos Irmãos a “viver uma vida de obséquio de Jesus Cristo” para o seguir e servir com um coração puro e indiviso. A íntima relação com Cristo realiza-se na solidão, na assembleia fraterna e na missão. “A opção fundamental de uma vida concreta e radicalmente dedicada ao seguimento de Cristo” (Ratio Institutionis Vitae Carmelitae, 8) faz da vossa existência uma peregrinação de transformação no amor. O Concílio Ecuménico Vaticano II recorda o lugar da contemplação no caminho da vida. A Igreja tem “de facto a característica de ser, ao mesmo tempo, humana e divina, visível e dotada de elementos invisíveis, entregue à acção e dada à contemplação, presente no mundo, e contudo, peregrina (Sacrosanctum Concilium, 2). Os antigos eremitas do Monte Carmelo conservaram a memória daquele lugar santo e mesmo exilados e afastados mantinham o olhar e o coração constantemente fixos na glória de Deus. Reflectindo acerca das vossas origens e da vossa história e contemplando a imensa linhagem de quantos viveram através dos séculos o carisma carmelita, descobrireis assim a vossa vocação actual de ser profetas de esperança. E é precisamente nesta esperança que sereis regenerados. Frequentemente o que aparece como novo é algo de muito antigo iluminado por uma nova luz.

Na vossa Regra encontra-se o coração da missão carmelita de então e também de hoje. Enquanto vos preparais para celebrar o oitavo centenário de Alberto, patriarca de Jerusalém em 1214, recordareis que ele formulou um “caminho de vida”, um espaço que vos torna capazes de viver uma espiritualidade totalmente orientada para Cristo. Ele delineou os elementos exteriores e interiores, uma ecologia física do espaço e a armadura espiritual necessária para responder adequadamente à vocação e realizar eficazmente a própria missão.

Num mundo que permanentemente desconhece Cristo e, de facto, o rejeita, sois convidados a aproximar-vos e aderir cada vez mais profundamente a Ele. É um contínuo chamamento a seguir Cristo e a conformar-se com Ele. Isto é de vital importância no nosso mundo tão desorientado, “porque quando se apaga a sua chama, também as outras luzes acabam por perder o seu vigor” (Lumen Fidei, 4). Cristo está presente na vossa fraternidade, na liturgia comunitária e no ministério que vos foi confiado: renovai o obséquio de toda a vossa vida.

Oração

O Santo Padre Bento XVI, antes do vosso Capítulo Geral de 2007, lembrou-vos que “a peregrinação interior da fé para Deus inicia-se com a oração”; e em Castel Gandolfo, em Agosto de 2010, disse-vos: “vós sois aqueles que nos ensinam a orar”. Vós vos definis como contemplativos no meio do povo. Com efeito, se é verdade que sois chamados a viver nas alturas do Carmelo, é também verdade que sois chamados a dar testemunho no meio do povo. A oração é o “caminho real” que nos abre para a profundidade do mistério do Deus Uno e Trino, mas é também o caminho estreito para Deus no meio do povo, peregrino no mundo em direcção à Terra Prometida.

Um dos caminhos mais belos para entrar na oração passa através da Palavra de Deus. A lectio divina conduz ao diálogo directo com o Senhor e mostra os tesouros da sabedoria. A íntima amizade com Ele que nos ama torna-nos capazes de ver com os olhos de Deus, de falar com a sua palavra no coração, de conservar a beleza desta experiência e de compartilhá-la com aqueles que têm fome de eternidade.

O retorno à simplicidade de uma vida centrada no Evangelho é o desafio para a renovação da Igreja, comunidade de fé que sempre encontra novos caminhos para evangelizar o mundo em contínua transformação. Os santos carmelitas foram grandes pregadores e mestres da oração. Isto é o que ainda hoje é pedido ao Carmelo do século XXI. Ao longo da vossa história, os grandes carmelitas foram um forte chamamento à raiz da contemplação, raiz fecunda sempre da oração. Aqui está o coração do vosso testemunho: a dimensão do “contemplativo” da Ordem, para viver, cultivar e transmitir. Desejo que cada um se pergunte a si mesmo: como é a minha vida de contemplação? Quanto tempo dedico diariamente à oração e contemplação? Um carmelita sem esta vida contemplativa é um corpo morto! Hoje, ainda mais do que no passado, é fácil deixar-se distrair pelas preocupações e pelos problemas deste mundo e deixar-se fascinar pelos seus falsos ídolos. O nosso mundo está fracturado de muitas maneiras; o contemplativo, pelo contrário, volta à unidade e constituiu um forte chamamento à unidade. Agora mais do que nunca é o momento de descobrir o caminho interior do amor e dar às pessoas de hoje no testemunho da contemplação, na pregação e na missão não coisas inúteis, mas aquela sabedoria que emerge do “meditar dia e noite na lei do Senhor”, Palavra que sempre conduz junto à Cruz gloriosa de Cristo. Unida à contemplação, a austeridade de vida não é um aspecto secundário da vossa vida e do vosso testemunho. É uma tentação muito forte, também para vós, cair na mundanidade espiritual. O espírito do mundo é inimigo da vida de oração: nunca se deve esquecer isto! Exorto-vos a que tenhais uma vida mais austera, segundo a vossa mais antiga tradição, uma vida afastada de toda a mundanidade, longe dos critérios do mundo.

Missão

Queridos Irmãos Carmelitas, a vossa missão é a mesma de Jesus. Toda a planificação, todo o confronto seria pouco útil, se o Capítulo não realizasse um caminho de verdadeira renovação. A Família Carmelita conheceu uma maravilhosa “Primavera” em todo o mundo, como fruto, concedido por Deus, do esforço missionário do passado. Toda a missão apresenta por vezes árduos desafios, porque a mensagem evangélica nem sempre é bem acolhida e inclusivamente acontece ser rejeitada violentamente. Nunca nos devemos esquecer que somos lançados para águas turbulentas e desconhecidas, mas Aquele que nos chama à missão dá-nos também a coragem e a força para a realizar. Por isso, celebrais o Capítulo animados pela esperança que jamais morre, com um forte espírito de generosidade na recuperação da vida contemplativa, simplicidade e austeridade evangélica.

Dirigindo-me aos peregrinos na Praça de São Pedro tive ocasião de afirmar: “Todo o cristão e toda a comunidade é missionária na medida em que leva e vive o Evangelho e testemunha o amor de Deus para com todos, especialmente para com aqueles que se encontram em dificuldade. Sede missionários do amor e da ternura de Deus! Sede missionários da misericórdia de Deus, que sempre nos perdoa e tanto nos ama!” (Homilia, 5 de Maio de 2013). O testemunho do Carmelo no passado pertence à profunda tradição espiritual crescida numa das grandes escolas de oração. Esta suscitou a coragem de homens e mulheres que enfrentaram o perigo e inclusivamente a morte. Recordemos somente dois grandes mártires contemporâneos: Santa Teresa Benedita da Cruz e o Beato Tito Brandsma. Pergunto-me então: hoje, entre vós, vive-se com a força e com a coragem destes santos?

Queridos Irmãos do Carmelo, o testemunho do vosso amor e da vossa esperança, radicado na profunda amizade com o Deus vivo, pode chegar como uma “brisa suave”, que renova e revigora a vossa missão eclesial no mundo de hoje. A isto sois chamados. O Rito da Profissão coloca nos vossos lábios estas palavras: “Com esta profissão uno-me à Família Carmelita para viver ao serviço de Deus na Igreja e aspirar à caridade perfeita com a graça do Espírito Santo e a ajuda da Bem-Aventurada Virgem Maria” (Rito da Profissão na Ordem do Carmo).

A Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe e Rainha do Carmelo, acompanhe os vossos passos e torne fecundo em frutos o caminho diário para o Monte de Deus. Invoco sobre toda a Família Carmelita, e em particular sobre os Padres Capitulares, abundantes dons do Espírito Divino, e a todos concedo do coração a implorada Bênção Apostólica.

Vaticano, 22 de Agosto de 2013

Abrir

Ano da Fé – LIX

PapaFrancisco

Creio na Igreja apostólica

Jesus chamou os apóstolos como seus colaboradores mais próximos. Eles eram as suas testemunhas oculares. Após a sua ressurreição, apareceu-lhes várias vezes, deu-lhes o Espírito Santo e enviou-os ao mundo como seus mensageiros plenipotenciários. Na Igreja jovem, eram a garantia da unidade. Através da imposição das mãos, transmitiram aos seus sucessores, os bispos, o seu envio e os seus plenos poderes. E foi assim até hoje. Este processo é designado por sucessão apostólica.

A Igreja é apostólica porque procede da missão confiada por Jesus aos apóstolos e porque acolhe na obediência da fé a Revelação que os apóstolos lhe transmitiram. Ela sente-se responsável por transmitir, de geração em geração, sob a acção do Espírito Santo, esta revelação, consignada na Sagrada Escritura.

A Igreja é apostólica porque a sua fé é apostólica, isto é, recebida dos apóstolos. A fé apostólica é um bem e uma responsabilidade, partilhados pelo conjunto do povo de Deus. À Igreja como tal é prometida a fidelidade a esta fé.

A Igreja é igualmente apostólica porque convocada e ordenada pelos sucessores dos apóstolos que são os bispos. A história da Igreja atesta a sucessão ininterrupta do ministério apostólico dos bispos e, ao mesmo tempo, do cuidado permanente pela transmissão fiel da fé recebida dos apóstolos.

Abrir

Ano da Fé – LVIII

Revival

Creio na Igreja católica

O adjectivo católico evoca, em primeiro lugar, a expansão geográfica: a Igreja está destinada a estender-se a todas as nações (ela tem, neste sentido, vocação universal). Mas a palavra evoca, sobretudo, a “plenitude da graça e da verdade” que é confiada à Igreja católica, desde o dia de Pentecostes, e lhe permite evangelizar todo o homem e todos os homens. A Igreja é católica porque Cristo a chamou a confessar toda a fé, a guardar e celebrar todos os sacramentos, a anunciar a boa nova na sua totalidade e enviou-a a todos os povos. A catolicidade da Igreja manifesta-se na capacidade que ela tem de acolher na sua diversidade as aspirações e as situações dos homens, de reunir na verdade e, sem as reduzir, a infinita variedade das culturas e das realidades humanas, tanto individuais como sociais.

Este programa não está, de certo, totalmente realizado. A fé católica e a Igreja não atingiram ainda a totalidade dos homens nem a totalidade das suas vidas, quer em toda a superfície da terra quer no interior de cada diocese. Todavia, pelo poder do Espírito que lhe é dado, a Igreja é capaz de enraizar o Evangelho nas diversas culturas, de maneira a ser uma força de conversão das correntes de pensamento e dos sistemas de valores em desacordo com o pensamento de Deus. Por este mesmo Evangelho de que ela é depositária, a Igreja está em condições de fazer desabrochar nas culturas o que corresponde ao bem autêntico dos homens.

A confissão da catolicidade da Igreja é também a afirmação de uma tarefa: a tarefa de abertura, de evangelização, de alargamento da comunidade cristã.

Abrir

Amo-O já como na eternidade

sem nome - 3

Faço o que farei por toda a eternidade: bendigo a Deus, louvo a Deus, adoro-O e amo-O com todo o meu coração; eis meus irmãos, toda a nossa missão: adorar a Deus e amá-l’O sem nos importarmos com o resto.

Frei Lourenço da Ressurreição

Abrir

Ano da Fé – LVII

2302_170512

Creio na Igreja santa

A santidade é um qualificativo que muitas pessoas têm dificuldade em reconhecer na Igreja. Não estará a história dela manchada por mediocridades e mesmo por crimes e violências? Serão os cristãos melhores do que os outros? A Igreja é santa não por serem santos todos os seus membros, mas porque Deus é santo e age nela. A Igreja é santa porque tem a sua fonte em Deus que é santo. É santa porque está estreitamente ligada a Cristo e porque está animada pelo Espírito que nunca dela se ausenta. É santa pelo seu Credo, pelos sacramentos e pelos ministérios que lhe permitem realizar a sua obra.

A santidade da Igreja suscita a santidade dos seus membros. A Igreja manifesta no mundo que a fé que professa é capaz de produzir autênticos frutos de santidade. Estes reconhecem-se no inumerável cortejo de santos ilustres, cujos nomes assinalam a sua história. Eles afloram também no testemunho de vidas que o contacto do Evangelho inspira e que reflectem qualquer coisa da santidade de Cristo. O santos são pessoas que amam – não porque o consigam fazer tão bem, mas porque Deus os tocou. Eles transmitem às outras pessoas o amor que, de um jeito próprio, frequentemente original, experimentaram de Deus. Contudo, a Igreja não cessa de implorar para si e para os seus membros a misericórdia e de escutar o apelo à conversão. Ela sabe que os seus membros são pecadores.

Na Igreja todos são chamados à santidade. O baptismo implica esta vocação, comum a todos os membros do povo de Deus, sejam eles leigos ou ministros ordenados, vivam no mundo ou numa comunidade religiosa, sejam casados ou solteiros. Esta santidade desdobra-se em caridade, dom de Deus que é amor. Caridade para com os irmãos, mas também para cada um dos homens, que hão-se ser amados com o amor que Deus lhes tem.

Em jeito de conclusão, chamamos a Igreja de “santa”, apesar de suas limitações e pecados. A Igreja é santa, pela sua união com Cristo, seu Esposo. Ele a escolheu, a desposou e a quer “toda bela, sem mancha nem ruga ou qualquer reparo, mas santa e sem defeito” (Ef 4,27). Quando um rei ou um príncipe casa com uma plebeia, esta passa a ser chamada de “rainha” ou “princesa”. A Igreja é chamada de “santa”, por ser a Esposa de Nosso Senhor Jesus Cristo.

O título de “santa”, mais do que um privilégio, é uma tremenda responsabilidade. Afinal, uma rainha não pode comportar-se como uma mulher vulgar, não é? Por isso, nós, homens e mulheres de Igreja, devemos comunicar a todos a beleza de Deus, a misericórdia de Cristo, a alegria do Espírito Santo, que recebemos no baptismo. Toda a nossa vida será, então, como uma bela celebração litúrgica.

Abrir

A insondável riqueza de Cristo

Jesus_Prayer

Cristo, (…) é como uma abundante mina com muitas cavidades cheias de riquezas, e por mais que se cave, nunca se lhes encontra fim nem termo; pelo contrário, aqui e além, vão encontrando em cada cavidade novos veios de novas riquezas.

São João da Cruz

Abrir