A Igreja tem uma alma

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Quem não vê a manifestação do Espírito Santo na Igreja não compreende bem a essência da própria Igreja. Conhecer esta realidade é a mais segura garantia da prosperidade da Igreja.

Beato Tito Brandsma

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Não temerei as feras

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Não temerei as feras. Chama feras ao mundo, porque a alma que inicia o caminho de Deus julga que o mundo se lhe representa na imaginação à maneira de feras, que a ameaçam e metem medo. Isto acontece, sobretudo, de três maneiras. A primeira, julga que o favor do mundo lhe vai faltar e perderá os amigos, a estima, o valor e até as herdades. A segunda, uma fera maior, é pensar como há-de aguentar sem nunca mais poder gozar dos contentamentos e deleites mundanos e carecer de todos os seus prazeres. A terceira, diga-se que é uma fera ainda maior, e consiste em julgar que as línguas se levantarão contra ela para a ridicularizar, e que haverá grande falatório e troça para a desacreditar. Às vezes estas coisas antepõem-se de tal maneira a certas almas, que se lhes torna muito difícil não só perseverar contra estas feras, mas até mesmo começar o caminho.

Contudo, às almas mais generosas costumam apresentar-se outras feras mais interiores e espirituais, como sejam, dificuldades e tentações, tribulações e trabalhos de várias espécies pelos quais é conveniente passar. Deus manda-os aos que quer elevar a grande perfeição, provando-os e examinando-os como ouro no fogo, conforme diz David: Muitas são as tribulações dos justos, mas de todas elas os livrará o Senhor (Sl 33, 20). Contudo, a alma enamorada, que estima o seu Amado acima de todas as coisas, confiando no seu amor e no seu auxílio, não tem grandes dificuldades em dizer: Nem temerei as feras.

São João da Cruz

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Tu conheces-me

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Senhor, tu me sondas e me conheces. Tu conheces o meu sentar e o meu levantar, de longe penetras o meu pensamento. Examinas o meu andar e o meu deitar, todos os meus caminhos Te são familiares. A palavra ainda não me chegou à língua, e Tu, Senhor, conhece-la perfeitamente. Tu me envolves por detrás e pela frente, e sobre mim colocas a Tua mão. É um saber maravilhoso que me ultrapassa, é alto demais: não posso atingi-lo! Pois Tu formaste os meus rins, Tu me teceste no seio materno. Eu Te agradeço por tão grande prodígio. Os teus olhos viam as minhas acções e eram todas escritas no Teu livro. Vê se ando por um caminho errado, e conduz-me pelo caminho eterno. Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre. Amen.

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Sois imensamente Bom

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Meu Deus, que outra prova de amor poderia dar o Vosso Coração, ao Vos recolherdes na pequena prisão do Tabernáculo e ao esconderdes sob os humildes véus Eucarísticos o Vosso esplendor, a vossa Majestade, a Vossa omnipotência? …Vós bem sabíeis que os nossos corações exilados tinham necessidade de um coração de amigo bom e a fim de que nos aproximássemos sem temor, encobristes aos nossos olhares mortais o Vosso eterno esplendor… Ó bom Jesus, nós sentimos, até em tanta escuridão, a Vossa doce presença e é-nos suave viver aqui em baixo, porque Vós cá estais… O nosso coração, Convosco preso na solitária prisão, repete-Vos mil e uma vezes: “Sois grande, ó Senhor, mas mais do que grande sois bom… imensamente bom!”.

Beata Elias de S. Clemente

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1º Domingo do Advento (Ano A)

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus (Mt 24, 37-44)

Naquele tempo disse Jesus aos seus discípulos: «Como foi nos dias de Noé, assim acontecerá na vinda do Filho do Homem. Nos dias que precederam o dilúvio, comia-se, bebia-se, os homens casavam e as mulheres eram dadas em casamento, até ao dia em que Noé entrou na Arca; e não deram por nada até chegar o dilúvio, que a todos arrastou. Assim será também a vinda do Filho do Homem. Então, estarão dois homens no campo: um será levado e outro deixado; duas mulheres estarão a moer no mesmo moinho: uma será levada e outra deixada.

Vigiai, pois, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor. Ficai sabendo isto: Se o dono da casa soubesse a que horas da noite viria o ladrão, estaria vigilante e não deixaria arrombar a casa. Por isso, estai também preparados, porque o Filho do Homem virá na hora em que não pensais.»

Mensagem

A linguagem usada neste trecho evangélico pode dar lugar a interpretações extravagantes (ou até mesmo disparates) sobre o fim do mundo e os castigos de Deus; pode também ser reduzida ao convite a estarmos prontos, porque a morte pode chegar de forma imprevista e apanhar-nos sem a devida preparação. Estas interpretações têm origem numa deficiente compreensão do género literário apocalíptico, que era muito usado no tempo de Jesus, mas que é bastante estranho à nossa mentalidade e cultura.

Há um princípio que se deve ter sempre presente: o Evangelho é, pela sua natureza, boa notícia, anúncio de alegria e esperança. Quem dele se serve para meter medo e criar angústias está a usá-lo de forma incorrecta, afastando-se do verdadeiro sentido do texto.

No trecho de hoje, sem dúvida, o tom é ameaçador: cataclismos, destruições, perigos de morte. A linguagem é propositadamente dura e incisiva, as imagens são as do juízo punitivo porque Jesus quer pôr em guarda acerca do grava perigo de que se percam as oportunidades de salvação que o Senhor oferece. Quem perde a cabeça pelas realidades deste mundo e se deixa absorver pelos negócios, quem vive no torpor, no embotamento, na procura dos prazeres, vai ao encontro de um dramático despertar.

Para Mateus, a vinda do Senhor é certa, embora ninguém saiba o dia nem a hora (cf. Mt 24,36); aos crentes resta estar vigilantes, preparados e activos. Para transmitir esta mensagem, Mateus usa três quadros.

O primeiro (vers. 37-39) é o quadro da humanidade na época de Noé: os homens viviam, então, numa alegre inconsciência, preocupados apenas em gozar a sua “vidinha” descomprometida; quando o dilúvio chegou, apanhou-os de surpresa e impreparados. Se o “gozar” a vida ao máximo for para o homem a prioridade fundamental, ele arrisca-se a passar ao lado do que é importante e a não cumprir o seu papel no mundo.

O segundo (vers. 40-41) coloca-nos diante de duas situações da vida quotidiana: o trabalho agrícola e a moagem do trigo. Os compromissos e trabalhos necessários à subsistência do homem também não podem ocupá-lo de tal forma que o levem a negligenciar o essencial: a preparação da vinda do Senhor.

O terceiro (vers. 43-44) coloca-nos frente ao exemplo do dono de uma casa que adormece e deixa que a sua casa seja saqueada pelo ladrão. Os crentes não podem, nunca, deixar-se adormecer, pois o seu adormecimento pode levá-los a perder a oportunidade de encontrar o Senhor que vem.

A questão fundamental é, portanto, esta: o crente ideal é aquele que está sempre vigilante, atento, preparado, para acolher o Senhor que vem. Não perde oportunidades, porque não se deixa distrair com os bens deste mundo, não vive obcecado com eles e não faz deles a sua prioridade fundamental. Mas, dia a dia, cumpre o papel que Deus lhe confiou, com empenho e com sentido de responsabilidade.

Quando virá o fim do mundo?

Quando a Bíblia fala do “fim do mundo” refere-se, não ao fim do mundo, mas ao fim de um mundo. Refere-se ao fim deste mundo, onde reina a injustiça e o poder do mal que amarguram a vida. Este mundo de injustiça terá fim e em seu lugar virá “um novo céu e uma nova terra”, anunciados por Isaías (Is 65, 15-17) e previstos pelo Apocalipse (Ap 21, 1). Ninguém sabe quando virá nem como será o fim deste mundo (Mt 24, 36) porque ninguém sabe o que Deus tem preparado para os que o amam (1Cor 2, 9). O mundo novo da vida sem morte supera tudo, como a árvore supera a semente que lhe deu origem (1Cor 15, 35-38). Os primeiros cristãos viviam na expectativa deste fim (2Tes 2, 2), à espera da vinda de Cristo (Act 1, 11). Alguns deixaram de trabalhar (2Tes 3, 11). Mas “não vos diz respeito conhecer os tempos e os momentos que o Pai tem reservado em virtude do seu poder” (Act 1, 7). O único modo para contribuir para a vinda do fim “de modo que possam chegar os tempos da consolação” (Act 3, 20), é dar testemunho do Evangelho em toda o lugar, até aos confins do mundo (Act 1, 8).

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A alegria de Deus é perdoar

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Prezados irmãos e irmãs, bom dia!

Na Liturgia de hoje lê-se o capítulo 15 do Evangelho de Lucas, que contém as três palavras da misericórdia: a da ovelha tresmalhada, a da moeda perdida e depois a maior de todas as parábolas, típica de são Lucas, a do pai e dos dois filhos, o filho «pródigo» e o filho que se julga «justo», que se crê santo. Estas três parábolas falam da alegria de Deus. Deus é alegre! E isto é interessante: Deus é alegre! E em que consiste a alegria de Deus? A alegria de Deus é perdoar, a alegria de Deus é perdoar! É o júbilo de um pastor que encontra a sua ovelha; a alegria de uma mulher que encontra a sua moeda; é a felicidade de um pai que volta a receber em casa o filho que se tinha perdido, que estava morto e reviveu, voltou para casa. Aqui está o Evangelho inteiro! Aqui está! Aqui está o Evangelho inteiro, todo o Cristianismo! Mas vede que não se trata de sentimento, não é «moralismo»! Pelo contrário, a misericórdia é a verdadeira força que pode salvar o homem e o mundo do «câncer» que é o pecado, o mal moral, o mal espiritual. Só o amor preenche os vazios, os abismos negativos que o mal abre no coração e na história. Somente o amor pode fazer isto, e esta é a alegria de Deus!

Jesus é todo misericórdia, Jesus é todo amor: é Deus que se fez homem. Cada um de nós, cada um de nós é aquela ovelha tresmalhada, a moeda perdida; cada um de nós é aquele filho que esbanjou a própria liberdade, seguindo ídolos falsos, miragens de felicidade, e perdeu tudo. Mas Deus não se esquece de nós, o Pai nunca nos abandona. É um Pai paciente, espera-nos sempre! Respeita a nossa liberdade, mas permanece sempre fiel. E quando voltamos para Ele, acolhe-nos como filhos na sua casa, porque nunca, nem sequer por um momento, deixa de esperar por nós com amor. E o seu coração rejubila com cada filho que volta para Ele. Faz festa, porque é alegria. Deus tem esta alegria, cada vez que um de nós, pecadores, vamos ter com Ele e pedimos o seu perdão.

Qual é o perigo? É que nós presumimos que somos justos e julgamos os outros. Julgamos até Deus, porque pensamos que Ele deveria castigar os pecadores, condená-los à morte, em vez de perdoar. Então sim que corremos o risco de permanecer fora da casa do Pai! Como aquele irmão mais velho da parábola, que em vez de ficar feliz porque o seu irmão voltou, irrita-se com o pai que o recebeu e faz festa. Se no nosso coração não há misericórdia, a alegria do perdão, não estamos em comunhão com Deus, ainda que observemos todos os preceitos, porque é o amor que salva, não apenas a prática dos preceitos. É o amor a Deus e ao próximo que dá cumprimento a todos os mandamentos. E este é o amor de Deus, a sua alegria: perdoar. Ele espera-nos sempre! Talvez alguém no seu coração tenha algum peso: «Mas eu fiz isto, fiz aquilo…». Ele espera-te! Ele é Pai: espera-nos sempre!

Se vivermos segundo a lei do «olho por olho, dente por dente», jamais sairemos da espiral do mal. O Maligno é astuto e ilude-nos que com a nossa justiça humana podemos salvar-nos a nós mesmos e o mundo. Na realidade, só a justiça de Deus nos pode salvar! E a justiça de Deus revelou-se na Cruz: a Cruz é o juízo de Deus sobre todos nós e sobre este mundo. Mas como nos julga Deus? Dando a vida por nós! Eis o gesto supremo de justiça que derrotou de uma vez por todas o Príncipe deste mundo; e este gesto supremo de justiça é também, precisamente, o gesto supremo de misericórdia. Jesus chama todos nós a seguir este caminho: «Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso» (Lc 6, 36). Agora, peço-vos algo. Em silêncio, todos pensemos… cada um pense numa pessoa com a qual não está bem, com a qual está irritado, da qual não gosta. Pensemos naquela pessoa e em silêncio, neste momento, oremos por essa pessoa, sejamos misericordiosos para com aquela pessoa. [silêncio de oração].

Agora, invoquemos a intercessão de Maria, Mãe da Misericórdia. 

Papa Francisco

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Deus é a nossa medida

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Muitos (…) gostariam que Deus quisesse o que eles querem. Mas entristecem-se de querer o que Deus quer, por receio de acomodar a sua vontade à de Deus. É por isso que eles pensam muitas vezes que aquilo que não satisfaz os seus gostos e desejos não é vontade de Deus; pelo contrário, julgam que aquilo que os satisfaz, também satisfaz a Deus. Quer dizer, medem a Deus por si em vez de se medirem eles por Deus. Isto é completamente contrário ao que Ele ensinou no Evangelho, quando disse: Quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas quem perder a sua vida por minha causa, há-de encontrá-la (Mt 16, 25).

São João da Cruz

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Não respondas ao mal com o mal

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Quando me fazem uma observação injusta, sinto o sangue como que refervendo nas minhas veias e todo o meu ser se rebela!… Mas Jesus está comigo, ouço a sua voz no fundo do meu coração, e então sinto-me disposta a tudo suportar por amor a ele.

Santa Isabel da Trindade

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Ano da Fé – LXVI

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Amen

Ao longo do Ano da Fé apresentamos a Palavra de luz que a Igreja recebeu do seu Senhor e que ela tem a missão de fazer irradiar sobre o mundo. De Deus, de Cristo, da Igreja, da vida eterna e dos caminhos que a ela conduzem, fala-se na Igreja dentro de um quadro bem definido, constituído por duas afirmações. A primeira é “Eu creio”. A segunda é conservada na sua forma hebraica: “Amen”.

Amen é uma espécie de assinatura do crente, a acta da sua adesão. O Amen do crente tem a simplicidade mas também a força de um Sim que compromete a vida toda. É a palavra da testemunha, em resposta a uma verdade que a arrebatou. A palavra de fé expressa no Amen não é, com efeito dada no ar. Não é uma palavra sem fundamento. Encontra-o na Palavra de revelação e de salvação que lhe transmite a Igreja.

A segurança que acompanha o Amen do crente não tem, em última análise, outro fundamento senão o próprio Deus. Ele recebe-a como uma graça do Deus vivo e verdadeiro, presente e agindo no testemunho da Igreja. Este Deus é o Deus “poderoso”, fiel e firme nas suas promessas, o Deus da Verdade, que não engana: Aquele em quem podemos repousar, em quem podemos fiar-nos.

O seu Amen, Deus pronunciou-o com toda a força e com todo o seu conteúdo em Cristo Jesus. “Cristo Jesus (…) não foi ‘sim’ e ‘não’. O que há n’Ele é um ‘sim’! É que todas as promessas de Deus encontram n’Ele um ‘sim’. Deste modo, por seu intermédio, nós dizemos ‘amen’ a Deus, a fim de lhe darmos glória” (2Cor 1, 19-20). Jesus é a “testemunha fiel e verídica, aquele que é o Amen” (Ap 3, 14). E o Amen do crente traduz o acolhimento ao testemunho desta testemunha fiel, assim como a resolução de o repercutir em palavras e actos.

O crente junta o seu Amen “à imensa multidão das testemunhas” que o precederam, “fixando os olhos em Jesus, guia da nossa fé e autor da sua perfeição” (Heb 12, 1-2). Ele junta-se ao Amen que não cessam de cantar os anjos à volta do trono de Deus e daqueles que triunfaram das provações, daqueles que “lavaram as suas vestes” e “as purificaram no sangue do Cordeiro” (Ap 7, 14).

Com os que se encontram, como ele, ainda a caminho, o crente presta ouvidos ainda mais à voz “d’Aquele que dá testemunho destas coisas e diz: ‘Sim, virei em breve’”. Num desejo repleto de esperança ele repete então, por seu turno: “Amen! Vem Senhor Jesus” (Ap 22, 20).

Quem diz Amen dá a sua assinatura (Santo Agostinho).

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O amor tudo pode e tudo suporta

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Quando se tem verdadeiro amor a Deus está-se disposto a sacrificar-se e a entregar-se ao Senhor. Quando se tem confiada esperança n’Ele tem-se também a força necessária para enfrentar toda a espécie de contradições.

Beato Tito Brandsma

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