Quaresma com Santa Teresa de Jesus – 2

ORAR EM CADA DIA DA 1ª SEMANA DA QUARESMA 2021

O tempo da Quaresma é um longo retiro de quarenta dias e um combate contra o espírito do mal em vista de renovar e tornar mais sólida a nossa relação com Deus e o nosso próximo, através da oração diária, dos gestos de penitência e das obras de caridade fraterna que nos refazem saudavelmente e na verdade na relação verdadeira com Deus, connosco próprios e com os outros.

No primeiro Domingo da Quaresma vamos com Cristo ao deserto onde foi tentado por Satanás. No combate a que a Quaresma nos chama, a Palavra de Deus apela para que andemos com Jesus, olhemos para ele, andemos nos seus caminhos e imitemo-lo no seu modo de agir. Deste modo, alcançaremos nele a meta da caminhada quaresmal: a Páscoa.

Segunda-feira da 1ª semana da Quaresma: Cadeira de São Padro

Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. (Mt 16,18).

E todas, ocupadas em oração pelos defensores da Igreja e pregadores e letrados que a defendem, ajudássemos no que pudéssemos a este Senhor meu. (C P 1,2).

Rezo hoje pelo Papa Francisco, os seus colaboradores, pelos Bispos e os teólogos, por toda a Igreja.

Terça-feira da 1ª semana da Quaresma: Abba

Orai, pois, assim: Pai nosso que estais nos céus… (Mt 6,9).

Pensais que importa pouco a uma alma distraída entender esta verdade e ver que, para falar a seu Eterno Pai não precisa de ir ao céu?… mas falar-Lhe com grande humildade, como a um pai, pedir-Lhe como a pai; contar-Lhe os seus trabalhos, pedir-Lhe remédio para eles. (C P 28,2).

Pai, tu és bendito, no teu amor quiseste fazer de nós teus filhos. Vê o sofrimento de tantas pessoas atingidas pela pandemia. Pai, vem em nosso auxílio.

Quarta-feira da 1ª semana da Quaresma: Uma vida determinada

Quando Deus viu as suas obras, como se convertiam do seu mau caminho, desistiu do castigo com que os ameaçara e não o executou. (Jonas 3,10).

Representa-se-lhe a sua vida passada e a grande misericórdia de Deus, com grande verdade … Vê que merece o inferno e que a castigam dando-lhe glória. Desfaz-se em louvores de Deus. (…) Bendito sejais Senhor meu, que duma lama tão suja como eu, fazeis água tão clara que sirva para a Vossa mesa! (V 19, 2).

Desperta, Senhor, o meu desejo de andar nos teus caminhos, dá-me a graça de me desviar daquilo que me estorva, para avançar generosamente.

 

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Todo o ministério de Cristo é uma luta contra o Maligno

1º Domingo da Quaresma – Ano B

O deserto (…) é também o lugar da prova e da tentação, onde o Tentador, aproveitando-se da fragilidade e das necessidades humanas, insinua com a sua voz enganosa, uma alternativa à de Deus, uma voz alternativa que te mostra outro caminho, outro caminho de engano. O Tentador seduz. De facto, durante os quarenta dias vividos por Jesus no deserto, começa o “duelo” entre Jesus e o diabo, que terminará com a Paixão e a Cruz. Todo o ministério de Cristo é uma luta contra o Maligno nas suas múltiplas manifestações: curas de doenças, exorcismos sobre os endemoninhados, perdão dos pecados. Após a primeira fase em que Jesus demonstra que fala e age com o poder de Deus, parece que o diabo leva a melhor, quando o Filho de Deus é rejeitado, abandonado e, por fim, capturado e condenado à morte. Parece que o vencedor é o diabo. Na realidade, a morte era o último “deserto” que devia ser atravessado para derrotar definitivamente Satanás e libertar-nos a todos do seu poder. E assim Jesus venceu no deserto da morte para vencer depois na Ressurreição.

(…) Este Evangelho das tentações de Jesus no deserto lembra-nos que a vida do cristão, no seguimento do Senhor, é uma batalha contra o espírito do mal. Mostra-nos que Jesus enfrentou o Tentador voluntariamente e venceu-o; e ao mesmo tempo lembra-nos também que o diabo tem a possibilidade de agir sobre nós com as suas tentações. Devemos estar conscientes da presença deste inimigo astuto, interessado na nossa condenação eterna, no nosso fracasso, e preparar-nos para nos defender dele e combatê-lo. A graça de Deus assegura-nos, mediante a fé, a oração e a penitência, a vitória sobre o inimigo. (…)

Nas tentações, Jesus nunca dialoga com o diabo, nunca. E no deserto parece que há um diálogo porque o diabo faz três propostas e Jesus responde. Mas Jesus não responde com as suas palavras: responde com a Palavra de Deus, com três passagens da Escritura. E isto é o que devemos fazer também todos nós. Se entrarmos em diálogo com o diabo, seremos derrotados. Gravai isto na cabeça e no coração: nunca se dialoga com o diabo, não há diálogo possível. Somente a Palavra de Deus.

Somos chamados a percorrer os caminhos de Deus, renovando as promessas do nosso Baptismo: renunciar a Satanás, a todas as suas obras e a todas as suas seduções.

Papa Francisco, Excerto do Angelus, 21 de Fevereiro, 2021

 

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1º Domingo da Quaresma – Ano B

Jesus esteve no deserto quarenta dias, sendo tentado por Satanás (Mc 1, 13)

 – A Igreja faz-nos recordar este mistério no início da Quaresma, porque ele nos dá a perspectiva e o sentido deste tempo, que é um tempo de combate – na Quaresma deve-se combater – um tempo de combate espiritual contra o espírito do mal (cf. Oração da colecta de Quarta-Feira de Cinzas). E ao atravessarmos o «deserto» quaresmal, nós mantemos o olhar dirigido para a Páscoa, que é a vitória definitiva de Jesus contra o Maligno, contra o pecado e a morte. (…) O deserto é o lugar onde se pode ouvir a voz de Deus e a voz do tentador (…). E como ouvimos a voz de Deus? Ouvimo-la na sua Palavra. Por isso é importante conhecer as Escrituras, porque de outro modo não sabemos responder às insídias do maligno (Papa Francisco, Angelus, 22 de Fevereiro de 2015).

– O Livro do Êxodo narra a experiência do povo de Israel que, tendo saído do Egipto, peregrinou no deserto do Sinai durante quarenta anos antes de chegar à terra prometida. Durante aquela longa viagem, os hebreus conheceram toda a força e insistência do tentador, que os impelia a perder a confiança no Senhor e voltar para trás; mas, ao mesmo tempo, graças à mediação de Moisés, aprenderam a ouvir a voz de Deus, que os chamava a tornarem-se o seu povo santo. Meditando sobre esta página bíblica, compreendemos que (…) só estando livre da escravidão da mentira e do pecado, a pessoa humana, graças à obediência da fé que a abre à verdade, encontra o sentido pleno da sua existência e alcança a paz, o amor e a alegria (Bento XVI, Angelus, 5 de Março de 2006).

– Jesus proclama que «se completou o tempo e o Reino de Deus está próximo» (Mc 1, 15), anuncia que nele acontece algo de novo: Deus dirige-se ao homem de modo inesperado, com uma proximidade singular, concreta, cheia de amor; Deus encarna-se e entra no mundo do homem para assumir sobre si o pecado, para vencer o mal e restituir o homem ao mundo de Deus. Mas este anúncio é acompanhado pelo pedido de corresponder a um dom muito grande. Com efeito, Jesus acrescenta: «Arrependei-vos e acreditai no Evangelho» (Mc 1, 15); é o convite a ter fé em Deus e a converter todos os dias a nossa vida à sua vontade, orientando para o bem todas as nossas obras e pensamentos. O tempo da Quaresma é o momento propício para renovar e tornar mais sólida a nossa relação com Deus, através da oração quotidiana, dos gestos de penitência e das obras de caridade fraterna (Bento XVI, Angelus, 26 de Fevereiro de 2012).

 

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Sugestão de penitências para a vivência da Quaresma 2021

Porque a Quaresma é tempo de penitência, atrevo-me a sugerir um conjunto de penitências, convicto de que se podem lembrar muitas outras.

– Cumprir bem os próprios deveres: de estado, profissionais, religiosos, sociais. Dominar o mau humor, evitando palavras agressivas. Andar mais atento às preocupações dos outros, sem deixar de respeitar a sua privacidade. Fazer companhia a quem dela precisa, visitando pessoas doentes ou que vivem em solidão. Viver bem o Domingo, dedicando-o ao Senhor, à família, à prática da caridade.

– Procurar fazer tudo com perfeição, e não de qualquer maneira ou com maus modos. Evitar gastos supérfluos. Ser moderado nas guloseimas, no café, no álcool, no tabaco, destinando a economia que com isso faz para ajudar quem passa necessidade. Passar uma vista ao guarda-fatos, dando a quem precisa o que lá se encontra a mais.

– Selecionar bem as leituras, os programas de televisão, os divertimentos. Ser disciplinado no uso das redes sociais. Ser pontual, estando onde e quando deve estar. Visitar o Santíssimo Sacramento, procurando que esse encontro com o Senhor leve a descobri-lO em todas as pessoas com quem se encontra ao longo do dia.

– Fazer uma revisão de vida, para o que podem ajudar desdobráveis com um questionário para o exame de consciência, e uma confissão com calma, escolhendo para isso uma altura em que o sacerdote esteja mais disponível. Procurar participar na Eucaristia à semana. Melhorar a oração individual e comunitária (conjugal e familiar).

– Melhorar a leitura orante da Palavra de Deus. Melhorar o diálogo em casal e com os filhos. Ter mais tempo para os outros, a começar pelas pessoas com quem se vive. Organizar bem o dia, destinando um bocadinho de tempo para uma boa leitura. Purificar o coração eliminando dele sentimentos que lá não devem existir.

– Nada de inveja, de ódio, de vingança. Não falar mal de ninguém, evitando toda a espécie de difamação e de calúnia. Evitar juízos infundados. Não atribuir aos outros intenções que eles não têm. Abster-se de qualquer forma de violência, quer física quer verbal. Aceitar as contrariedades que a vida traz, sem andar a chorar-se ou a fazer queixinhas.

– Não fazer o que mais agrada ou mais apetece mas sempre o que deve ser feito. Dar o primeiro passo. Tomar a iniciativa da reconciliação, mesmo que se esteja persuadido de que a culpa está toda do outro lado. Não responder a uma ofensa com outra ofensa. Pagar o mal com o bem.

Silva Araújo

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Quaresma com Santa Teresa de Jesus – 1

ORAR EM CADA DIA DA QUARESMA 2021

Propomos um itinerário de oração para a Quaresma 2021, constituído por uma citação de uma leitura bíblica do dia correspondente, um pequeno texto de Santa Teresa de Jesus ou de Ávila, maioritariamente da sua obra “Moradas” ou “Castelo interior”, e uma proposta de compromisso de ordem prática, para alimentar a caminhada diária do tempo quaresmal. Boa Quaresma!

Quarta-feira de Cinzas: Das cinzas à ressurreição

Guardai-vos de fazer as vossas boas obras diante dos homens, para vos tornardes notados por eles (Mt 6,1).

Deus é a suma Verdade, e a humildade é andar na verdade. E é muito grande verdade não termos coisa boa de nós mesmos, senão a miséria e sermos nada; e, quem isto não entende, anda em mentira. Quem melhor o entende, mais agrada à suma Verdade, porque anda nela. (6 M 10,7).

A caminho da Páscoa, guiados por Teresa d’Ávila, sigamos a Cristo, Caminho, Verdade e Vida!

 Quinta-feira de Cinzas: Escolhe a vida!

Escolhe a vida, para viveres, tu e a tua posteridade, amando o Senhor, teu Deus, escutando a sua voz e aderindo a Ele. (Dt 30,19).

Sua Majestade não nos pode fazer maior favor que em dar-nos vida que seja imitando a que viveu Seu Filho tão amado. (7 M 4,4).

Decido alegremente ter, em cada dia da Quaresma, um momento de encontro mais pessoal com Cristo.

Sexta-feira de Cinzas: Entrar no deserto

O jejum que me agrada é este: quebrar as cadeias injustas… repartir o teu pão com o faminto, dar pousada aos pobres sem abrigo, levar roupa aos que não têm que vestir e não voltar as costas ao teu semelhante. (Is 58,6-7).

O Senhor quer obras; e, se vês uma enferma a quem podes dar algum alívio, não se te dê nada de perder essa devoção e te compadeças dela; e se tem alguma dor, te doa a ti também; e se for preciso, jejua, para que ela coma… Esta é a verdadeira união com Sua vontade. (5 M 3,11).

Senhor, abre os meus olhos, abre as minhas mãos, abre o meu coração aos teus pedidos ao longo deste dia e dá-me a força de lhes responder.

Sábado de Cinzas: Andar em sua Presença

Se deres pão ao faminto, e saciares a alma do pobre, a tua luz brilhará na escuridão, e as tuas trevas tornar-se-ão como o meio-dia. (Is 58,10).

Bendito seja para todo o sempre Aquele que nisto me esclareceu. É Ele sempre que me inspira quando em alguma coisa acerto. (F 29,24).

Senhor, que a tua Palavra ilumine o meu caminho e o de todos os que trabalham por mais justiça e paz no mundo.

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Oração a São José, Pai amado

São José, Pai amado, Esposo virginal de Maria e Pai adoptivo de Jesus, tu és anunciador dos tempos novos. Tu disponibilizaste-te, tal como Maria, para que Deus fizesse em ti e por ti, o que quisesse, em vista da nossa salvação, em dom total da tua pessoa, da tua vida, de todas as tuas capacidades, do teu coração, e do teu trabalho, à vontade de Deus e à Sagrada Família de Nazaré.

Agradecido, o povo cristão responde ao teu amor com o seu amor, expresso de muitas e variadas formas. Os teus devotos de todos os tempos e lugares, têm-te como poderoso advogado e intercessor, porque és Pai amado. A sua confiança é tão grande que nada recusas a quem recorre a ti, que convictamente diz: “Ite ad Joseph” (Ide a José), porque sabem que não ficarão desiludidos os que te têm por Pai amado.

São José, Pai amado, rogai por nós. Amen.

 

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“Uma só coisa é necessária”

Quando penso nas coisas que quotidianamente nos ensinas, Senhor, vem-me muitas vezes ao pensamento aquela Tua palavra dirigida a Marta, num dos vossos encontros em Betânia. Tu disseste-lhe: «Uma só coisa é necessária».

Mesmo num contexto tão exigente como é este em que vivemos, onde sentimos que mil braços nos puxam para direções diferentes, onde mil vozes nos gritam urgências e todas elas reais, onde é fácil que a armadilha da angústia nos capture para uma agitação que, no fundo, só serve para ampliar a impotência e o medo, recordo o teu conselho a Marta: «Uma só coisa é necessária».

Ajuda-nos, Senhor, nesta hora abrupta, a ter a sabedoria de perguntar «qual é a coisa necessária» e concentrar aí a nossa inteligência, o nosso labor e o nosso coração.

Ajuda-nos a discernir, com a luz do Espírito Santo, aquela «única coisa» que, neste momento, melhor resume a indefetível responsabilidade que somos chamados a expressar diante de Ti e dos nossos irmãos.

E ajuda-nos, como Nossa Senhora, a confiar. A confiar, como ela o fez, não só nas metas consideradas possíveis, mas até naquilo que nós, nos momentos de maior desânimo, dúvida ou cansaço, formos tentados a declarar como impossível.

Card. José Tolentino Mendonça

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Duas transgressões

O Evangelho do 6º Domingo do Tempo Comum, Ano B, narra a cura de um leproso por parte de Jesus. Neste relato há duas transgressões: a do leproso que se aproxima de Jesus e Jesus que, movido por compaixão, toca-o para o curar.

A primeira transgressão é a do leproso. Naquele tempo, eram considerados impuros e eram excluídos da vida social, não podiam por exemplo entrar na sinagoga. A doença era considerada um castigo divino, mas, em Jesus, ele pode ver outra face de Deus: não o Deus que castiga, mas o Pai da compaixão e do amor, que nos liberta do pecado e jamais nos exclui da sua misericórdia. A atitude de Jesus atrai-o, leva-o a sair de si mesmo e a confiar a Jesus a sua história dolorosa.

Quantos confessores têm esta atitude: atrair as pessoas que se sentem aniquiladas pelos seus pecados, mas com ternura e compaixão… Confessores que não estão com o chicote nas mãos, mas recebem, ouvem e dizem que Deus é bom, que Deus perdoa sempre, que jamais se cansa de perdoar.

A segunda transgressão é a de Jesus. Enquanto a Lei proibia tocar os leprosos, ele comove-se, estende a mão e toca o leproso para o curar. Não fica pelas palavras, mas toca-o. Tocar com amor significa estabelecer uma relação, entrar em comunhão, envolver-se na vida do outro a ponto de compartilhar inclusive as suas feridas. Com este gesto, Jesus mostra que Deus não é indiferente, não mantém a “distância de segurança”, pelo contrário, aproxima-se com compaixão e toca a nossa vida para a curar. É o estilo de Deus: proximidade, compaixão e ternura. A transgressão de Deus; é um grande transgressor neste sentido.

Papa Francisco, Resumo de uma passagem do Angelus de 14 de Fevereiro, 2021

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6º Domingo do Tempo Comum – Ano B

“Se quiseres, podes curar-me… Quero, fica limpo”

Jesus era uma pessoa acolhedora que queria bem às pessoas, a quem ajudava e servia de muitas maneiras. Havia nele uma intensa paixão pelo Pai do Céu e pelo povo pobre e abandonado da sua terra. Em Jesus tudo é revelação daquilo que o anima por dentro! Ele não só anuncia a Boa Nova do Reino, mas ele mesmo é uma amostra, um testemunho vivo do Reino de Deus. Nele aparece aquilo que acontece quando um ser humano deixa Deus reinar e tomar conta da sua vida.

Jesus era muito sensível ao sofrimento de quem encontrava no seu caminho. Sabe que Deus não discrimina ninguém, não rejeita e nem excomunga, pois é Pai de todos, e a todos acolhe e bendiz. Por isso, às vezes, reclama energicamente para que cessem todas as condenações: “Não julgueis e não sereis julgados”. Outras, narra uma pequena parábola para pedir que ninguém se dedique a “separar o trigo e o joio”, como se fosse o juiz supremo de tudo e de todos.

Mas o mais admirável é a sua actuação. O traço mais original e provocativo de Jesus foi o seu hábito de comer com pecadores, prostitutas e pessoas indesejáveis. Nunca se tinha visto em Israel alguém com fama de “homem de Deus” a comer e a beber animadamente com tais pessoas. As elites não suportavam este modo de agir e comportar de Jesus de quem diziam que era um bêbado e comilão, amigo de publicanos pecadores. Jesus não se defendeu, pois era verdade. Bem sabia que não eram os são que precisam de médico mas sim os doentes…

Marcos oferece-nos no seu Evangelho o relato da cura de um leproso para destacar essa predilecção de Jesus pelos excluídos. Jesus está a atravessar uma região solitária. De repente aproxima-se um leproso. Não vem acompanhado por ninguém. Vive na solidão. Leva na sua pele a marca da sua exclusão. As leis condenam-no a viver afastado de todos. É um ser impuro. De joelhos, o leproso faz a Jesus uma súplica humilde: “Se queres, podes limpar-me”. Jesus comove-se ao ver a seus pés aquele ser humano desfigurado pela doença e abandonado por todos. Aquele homem representa a solidão e o desespero de tantos estigmatizados. Jesus estende a mão, toca-lhe e diz-lhe: “Quero, fica limpo”. E assim aconteceu.

Há anos, Santa Teresa de Calcutá afirmou: “Hoje em dia, a doença mais terrível do Ocidente não é a tuberculose nem a lepra, é a sensação de ser indesejado, de não ser amado, de ser abandonado. Tratamos as doenças do corpo por meio da medicina; mas o único remédio para a solidão, para a confusão e para o desespero é o amor. São muitas as pessoas que morrem neste mundo por falta de um pedaço de pão, mas são muitas mais as que morrem por falta de um pouco de amor. A pobreza no Ocidente é outra espécie de pobreza; não se trata apenas de uma pobreza de solidão, é também uma pobreza de espiritualidade. Há uma fome que é fome de amor, como também há uma fome de Deus”.

Palavra para o caminho

Para a Igreja, cuidar dos doentes de todos os tipos não é uma “actividade opcional”, não! Não é algo acessório, não! Cuidar dos doentes de todos os tipos é parte integrante da missão da Igreja, tal como o era da missão de Jesus. E esta missão consiste em levar a ternura de Deus à humanidade que sofre (Papa Francisco, Angelus, 7 de Fevereiro, 2021).

 

 

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Oração para o 29º Dia Mundial do Doente

Pai santo, nós somos teus filhos. Conhecemos o teu amor por cada um de nós e por toda a humanidade. Ajuda-nos a permanecer na tua luz, para crescermos no amor recíproco, e a fazermo-nos próximos de quem sofre no corpo e no espírito.

Jesus Filho amado, verdadeiro homem e verdadeiro Deus, és o nosso único Mestre. Ensina-nos a caminhar na esperança. Faz-nos aprender contigo, sobretudo na doença, a acolher a fragilidade da vida. Dá-nos a tua paz para os nossos medos, o teu conforto para os nossos sofrimentos.

Espírito consolador, os teus frutos são a paz, a humildade e a benevolência. Alivia a humanidade aflita por esta pandemia. Trata com o teu amor as relações feridas, dá-nos o perdão recíproco, converte os nossos corações para que saibamos cuidar uns dos outros. Maria, testemunha da esperança ao pé da cruz, ora por nós.

Cuidar dos doentes é parte integrante da missão da Igreja

“Para a Igreja, cuidar dos doentes de todos os tipos não é uma «actividade opcional», não! Não é algo acessório, não! Cuidar dos doentes de todos os tipos é parte integrante da missão da Igreja, tal como o era da missão de Jesus. E esta missão consiste em levar a ternura de Deus à humanidade que sofre” (Papa Francisco, Angelus, 7 de Fevereiro, 2021).

 

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