O Evangelho do 6º Domingo do Tempo Comum, Ano B, narra a cura de um leproso por parte de Jesus. Neste relato há duas transgressões: a do leproso que se aproxima de Jesus e Jesus que, movido por compaixão, toca-o para o curar.
A primeira transgressão é a do leproso. Naquele tempo, eram considerados impuros e eram excluídos da vida social, não podiam por exemplo entrar na sinagoga. A doença era considerada um castigo divino, mas, em Jesus, ele pode ver outra face de Deus: não o Deus que castiga, mas o Pai da compaixão e do amor, que nos liberta do pecado e jamais nos exclui da sua misericórdia. A atitude de Jesus atrai-o, leva-o a sair de si mesmo e a confiar a Jesus a sua história dolorosa.
Quantos confessores têm esta atitude: atrair as pessoas que se sentem aniquiladas pelos seus pecados, mas com ternura e compaixão… Confessores que não estão com o chicote nas mãos, mas recebem, ouvem e dizem que Deus é bom, que Deus perdoa sempre, que jamais se cansa de perdoar.
A segunda transgressão é a de Jesus. Enquanto a Lei proibia tocar os leprosos, ele comove-se, estende a mão e toca o leproso para o curar. Não fica pelas palavras, mas toca-o. Tocar com amor significa estabelecer uma relação, entrar em comunhão, envolver-se na vida do outro a ponto de compartilhar inclusive as suas feridas. Com este gesto, Jesus mostra que Deus não é indiferente, não mantém a “distância de segurança”, pelo contrário, aproxima-se com compaixão e toca a nossa vida para a curar. É o estilo de Deus: proximidade, compaixão e ternura. A transgressão de Deus; é um grande transgressor neste sentido.
Papa Francisco, Resumo de uma passagem do Angelus de 14 de Fevereiro, 2021