A Beleza de Cristo

De ver a Cristo ficou impressa em mim Sua grandíssima formosura, e ainda hoje a tenho, porque, para isto, bastava uma só vez, quanto mais tantas em que o Senhor me faz esta mercê! (…) Depois que vi a grande formosura do Senhor, a ninguém via que, em Sua comparação, me parecesse bem ou me ocupasse a memória.

Santa Teresa de Jesus

Oração

Jesus, não tenho a graça de Te ver, mas também sei que aqueles que Te veem nesta terra não Te veem tanto com os olhos do corpo, mas sim com os da alma… e é o amor que os abre a “visão” de Deus. Por isso Te peço o amor, esse amor que só Tu podes conceder, esse “Amor que é derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo”. Ajuda-me a fechar os olhos do corpo e do coração a tudo o que não me leva a Ti e a abri-los a tudo o que conduz à realização da Tua vontade. Cedo ou tarde, também, eu Te “verei” e ficarei saciado ao contemplar-Te. Assim seja.

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Rezar em comunhão com os santos

Quando rezamos, nunca o fazemos sozinhos: mesmo que não pensemos nisso, estamos imersos num rio majestoso de invocações que nos precede e continua depois de nós. As orações, as boas, difundem-se e propagam-se continuamente, com ou sem mensagens nas “redes sociais”: das enfermarias dos hospitais, dos momentos de encontro festivo, assim como daqueles em que se sofre em silêncio. Na Igreja não há luto que permaneça solitário, não há lágrimas que sejam derramadas no esquecimento, porque tudo respira e participa de uma graça comum.

Os santos ainda estão aqui, não muito longe de nós, e as suas representações nas igrejas evocam aquela “nuvem de testemunhas” que sempre nos circunda. Os santos lembram-nos que mesmo nas nossas vidas, embora frágeis e marcadas pelo pecado, a santidade pode florescer. Em Cristo existe uma misteriosa solidariedade entre aqueles que passaram para a outra vida e nós, peregrinos nesta: os nossos queridos defuntos, do céu, continuam a cuidar de nós. Eles rezam por nós e nós rezamos com eles. E nós rezamos por eles, e rezamos com eles.

Rezar pelos outros é a primeira maneira de amá-los, e isso impulsiona-nos à proximidade concreta. A primeira maneira de enfrentar um momento de angústia é pedir aos nossos irmãos e aos santos sobretudo, que rezem por nós. Sabemos que aqui na terra existem pessoas santas, os “santos da porta ao lado”, aqueles que convivem connosco na vida, que trabalham connosco e levam uma vida de santidade. (Papa Francisco, Resumo da Audiência Geral, 7 de Abril, 2021).

Catequese completa

http://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2021/documents/papa-francesco_20210407_udienza-generale.html

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Não está aqui. Ressuscitou!

A segunda-feira depois da Páscoa chama-se também Segunda-feira do anjo, porque recordamos o encontro do anjo com as mulheres que tinham ido ao sepulcro de Jesus. O anjo diz-lhes: «Sei que procurais Jesus, o Crucificado. Não está aqui. Ressuscitou!».

O evangelista Mateus narra que naquela aurora de Páscoa «houve um violento tremor de terra. Um anjo do Senhor desceu do céu, removeu a pedra e sentou-se sobre ela». A imagem do anjo sentado sobre a pedra do sepulcro é a manifestação concreta e visível da vitória de Deus sobre o mal, a manifestação da vitória de Cristo sobre o príncipe deste mundo, a demonstração da vitória da luz sobre as trevas. O túmulo de Jesus não foi aberto por um fenómeno físico, mas pela intervenção do Senhor. O aspecto do anjo, acrescenta Mateus, «resplandecia como relâmpago, e as suas vestes eram brancas como a neve». Estes detalhes são símbolos que afirmam a intervenção do próprio Deus. Diante desta intervenção de Deus, verifica-se uma dupla reacção. A dos guardas, que não conseguem enfrentar a força esmagadora de Deus e são abalados por um tremor interior: sentiram-se atordoados. O poder da Ressurreição derrubou aqueles que tinham sido utilizados para garantir a aparente vitória da morte. A reacção das mulheres é muito diferente, pois elas são expressamente convidadas pelo anjo do Senhor a não ter medo: «Não temais!» e a não procurar Jesus no túmulo. E, no final, não temem!

Das palavras do anjo podemos tirar um ensinamento precioso: nunca nos cansemos de procurar Cristo ressuscitado, que dá vida em abundância a quantos o encontram. Encontrar Cristo significa descobrir a paz do coração. «Cristo Ressuscitado já não morre, a morte não tem mais poder sobre Ele». Eis o anúncio da Páscoa: “Cristo está vivo, Cristo acompanha a minha vida, Cristo está ao meu lado”. Nestes dias pascais, far-nos-á bem repetir isto: “O Senhor vive!”.

Papa Francisco, Regina Caeli (resumo), 5 de Abril, 2021

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Jesus, o crucificado, ressuscitou

Hoje ressoa, em todas as partes do mundo, o anúncio da Igreja: «Jesus, o crucificado, ressuscitou, como tinha dito. Aleluia». O anúncio de Páscoa não oferece uma miragem, não revela uma fórmula mágica, não indica uma via de fuga face à difícil situação que estamos a atravessar.

Perante, ou melhor, no meio desta complexa realidade, o anúncio de Páscoa encerra em poucas palavras um acontecimento que dá a esperança que não decepciona: «Jesus, o crucificado, ressuscitou». Não nos fala de anjos nem de fantasmas, mas dum homem, um homem de carne e osso, com um rosto e um nome: Jesus. O Evangelho atesta que este Jesus, crucificado sob Pôncio Pilatos por ter dito que era o Cristo, o Filho de Deus, ao terceiro dia ressuscitou, conforme as Escrituras e como Ele próprio predissera aos seus discípulos.

O próprio Crucificado, não outra pessoa, ressuscitou. Deus Pai ressuscitou o seu Filho Jesus, porque cumpriu até ao fim o seu desígnio de salvação: tomou sobre Si a nossa fraqueza, as nossas enfermidades, a nossa própria morte; sofreu as nossas dores, carregou o peso das nossas iniquidades. Por isso Deus Pai O exaltou, e agora Jesus Cristo vive para sempre, Ele é o Senhor.

As testemunhas referem um detalhe importante: Jesus ressuscitado traz impressas as chagas das mãos, dos pés e do peito. Estas chagas são a chancela perene do seu amor por nós. Quem sofre uma provação dura, no corpo e no espírito, pode encontrar refúgio nestas chagas, receber através delas a graça da esperança que não decepciona.

Cristo ressuscitado é esperança para quantos ainda sofrem devido à pandemia, para os doentes e para quem perdeu um ente querido. Que o Senhor lhes dê conforto, e apoie médicos e enfermeiros nas suas fadigas!

Papa Francisco, Excerto da Mensagem “Urbi et Orbi”, Páscoa 2021, 4 de Abril

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A força da ressurreição

Foi [a] embriaguez e ousadia de amor [de Maria Madalena] que, ao saber que o seu Amado estava encerrado no túmulo com uma enorme pedra selada e cercado de soldados, que (…) a levou a perguntar ao que julgava ser o encarregado do horto que lhe dissesse se foi ele que O tinha tirado e onde O tinha posto a fim de ela O ir buscar. Não reparou que aquela pergunta, feita no seu perfeito juízo e razão, era um disparate, porque, se O tivesse roubado, certamente não lho iria dizer, e muito menos O deixaria levar.

Mas, devido à força e veemência próprias do amor, parece-lhe que tudo é possível, e imagina que andam todos ocupados naquilo que ele se ocupa. (…) Assim era a força do amor desta Maria: ela julgava que, se o encarregado do horto lhe dissesse onde O tinha escondido, iria lá e O levaria consigo, por mais que a proibissem.

São João da Cruz

Oração

Senhor ressuscitado, que a força e alegria da Tua ressurreição me invada, me inflame o coração e sobretudo a vontade, para que, tendo diante dos olhos, a certeza de que a Vida é mais forte do que a morte, que o bem é mais forte que o mal, não me atemorize com as dificuldades, mas confie sempre na vitória da minha morte, das muitas pequenas mortes ao longo do meu dia, sabendo que de cada uma, oferecida em união conTigo, brota misteriosamente a força do amor e da ressurreição para o mundo, para os corações de todos. Assim seja.

 

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Domingo de Páscoa da Ressurreição do Senhor

Cristo Ressuscitou. Aleluia.
Santa e Feliz Páscoa.

Não é um mito nem um sonho, não é uma visão nem uma utopia, não é uma fábula, mas um acontecimento único e irrepetível: Jesus de Nazaré, Filho de Maria, que ao pôr-do-sol de sexta-feira foi descido da cruz e sepultado, deixou vitorioso o túmulo. (Bento XVI).

Oração

Senhor Deus do universo, que neste dia, pelo vosso Filho Unigénito, vencedor da morte, nos abristes as portas da eternidade, concedei-nos que, celebrando a solenidade da ressurreição do Senhor, renovados pelo vosso Espírito, ressuscitemos para a luz da vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco, na unidade do Espírito Santo. Amen.

 

 

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Via Sacra – 2021

VIA SACRA – 2021

V./ Nós te adoramos e bendizemos, ó Jesus.
R./ Porque pela tua santa cruz remiste o mundo.

 1º ESTAÇÃO: JESUS É CONDENADO À MORTE

Pilatos perguntou a Jesus: “Tu és o Rei dos Judeus?”. Jesus respondeu: “Tu o dizes”. Pilatos disse aos príncipes dos sacerdotes e à multidão: “Não encontro nada de culpável neste homem”.

Oração: Senhor Jesus, homem inocente, tu foste julgado e não quiseste defender-te. Tu, que não vieste para condenar, foste condenado. Enche a nossa vida de inocência e paciência. Dá-nos um coração compreensivo e compassivo. Que não queiramos condenar e que sejamos capazes de defender aqueles que são condenados injustamente.

2º ESTAÇÃO: JESUS É CARREGADO COM A CRUZ

Pilatos entregou-lhes então Jesus, para ser crucificado. E eles apoderaram-se de Jesus. Levando a cruz, Jesus saiu para o chamado “Lugar do Calvário”, que em hebraico se diz “Gólgota”.

Oração: Senhor, carregaste o peso do mundo. Quiseste tomar parte no peso de todos os homens. Querias aliviar o peso dos ombros de todos aqueles que carregam fardos insuportáveis. Dá-nos também forças para levar a nossa cruz. Dá-nos força e misericórdia para tomar parte nas cruzes dos outros. Dá-nos forças para ajudar os outros.

3º ESTAÇÃO: JESUS CAI PELA PRIMEIRA VEZ

Jesus chamou a multidão com os seus discípulos e disse-lhes: “Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me.”

Oração: Senhor, tinhas sido flagelado e tinhas uma coroa de espinhos na cabeça. Sobre ti caía o peso do mundo. Era algo superior às tuas forças – que eram muitas – e caíste por terra. Senhor, deixa-me levantar-te. Mas tu continuas a cair em muitos irmãos nossos. Quero ajudá-los, para que possam levantar-se.

4º ESTAÇÃO: JESUS ENCONTRA-SE COM A SUA MÃE

Vós todos que passais pelo caminho, olhai e vede se há dor semelhante à minha dor, que tanto me atormenta: porque o Senhor me feriu no dia da sua cólera. Por isso, eu choro e desfazem-se em lágrimas os meus olhos; o inimigo triunfou e eu perdi os meus filhos.

Oração: Senhor, a tua mãe não te abandonou. Era uma mulher forte e cheia de compaixão, sempre unida a ti. O Pai pode ter-te “abandonado”, mas a mãe não. Sem ela, ias sentir-te sozinho. Que a mãe continue a estar próxima de todos os que carregam o peso da cruz e alivie as suas feridas com o bálsamo da misericórdia.

5º ESTAÇÃO: SIMÃO DE CIRENE AJUDA JESUS A LEVAR A CRUZ

Quando O conduziam, lançaram mão de um certo Simão de Cirene, que vinha do campo, e puseram-lhe a cruz às costas, para a levar atrás de Jesus.

Oração: Senhor, tu quiseste carregar as nossas cruzes pesadas. Talvez não tenhas medido bem as forças. És um Deus fraco e é por isso que ainda te amamos mais. És um Messias humilde e deixas-te ajudar. Eu também quero ajudar-te como Simão de Cirene. Quero ajudar os meus irmãos a carregar a sua cruz. Sê tu, Senhor, para todos nós o nosso melhor Cireneu.

6º ESTAÇÃO: A VERÓNICA LIMPA O ROSTO DE JESUS

Quem acreditou no que ouvimos dizer? A quem se revelou o braço do Senhor? O meu servo cresceu diante do Senhor como um rebento, como raiz numa terra árida, sem distinção nem beleza para atrair o nosso olhar, nem aspecto agradável que possa cativar-nos… Como cordeiro levado ao matadouro, como ovelha muda ante aqueles que a tosquiam, ele não abriu a boca.

Oração: Senhor, ajuda-nos a ser como esta mulher delicada e corajosa, capazes de enxugar o teu rosto com o lenço da nossa proximidade e da nossa ternura, capazes de fazer a nossa opção pelos que mais sofrem, ultrapassando preconceitos e barreiras injustas. Mas grava também no nosso interior a imagem viva do teu rosto.

7º ESTAÇÃO: JESUS CAI PELA SEGUNDA VEZ

Naquele tempo, disse Jesus: “Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só; mas se morrer, dará muito fruto.

Oração: Senhor, caíste de novo, porque a tua fraqueza é extrema. Mas beijas de novo a terra e levantas-te. Tens que continuar até ao fim o caminho marcado. Beija também todos os que estão caídos, beija a nossa miséria, quando caímos, e dá-nos força para nos levantarmos.

8º ESTAÇÃO: JESUS CONSOLA AS MULHERES DE JERUSALÉM

Seguia Jesus uma grande multidão de povo e mulheres que batiam no peito e se lamentavam, chorando por Ele. Mas Jesus voltou-Se para elas e disse-lhes: “Filhas de Jerusalém, não choreis por Mim; chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos”.

Oração: Senhor, tu choraste por Jerusalém; agora são as filhas de Jerusalém que choram por ti. As suas lágrimas são a melhor oferta destas mulheres cheias de compaixão. Dá-nos a graça de chorar com os que choram, de estar próximos de quem sofre. Que não sejamos lenha seca, nem deixemos secar o nosso coração.

9º ESTAÇÃO: JESUS CAI PELA TERCEIRA VEZ

Caríssimos: Se vós, fazendo o bem, suportais o sofrimento com paciência, isto é uma graça aos olhos de Deus. Para isto é que fostes chamados, porque Cristo sofreu também por vós, deixando-vos o exemplo, para que sigais os seus passos… Vós éreis como ovelhas desgarradas, mas agora voltastes para o pastor e guarda das vossas almas.

Oração: Senhor, cais pela terceira vez, sinal da máxima fraqueza. És o mais formoso grão de trigo que cai à terra. Não nos admiramos de caíres três vezes, mas de encontrares forças para te levantares outras tantas. Pelas tuas quedas, perdoa, Senhor, as nossas quedas. Diz-nos para nos levantarmos e ajuda-nos a levantar-nos, para que, deste modo, aprendamos a compreender e ajudar aqueles que caem.

10º ESTAÇÃO: JESUS É DESPOJADO DAS SUAS VESTES

Quando crucificaram Jesus, os soldados tomaram as suas vestes, das quais fizeram quatro lotes, um para cada soldado, e ficaram também com a túnica. Assim se cumpria a Escritura: “Repartiram entre si as minhas vestes e deitaram sortes sobre a minha túnica”. Foi o que fizeram os soldados.

Oração: Senhor, primeiro foste tu que te despojaste. Agora foram os soldados que te despojaram do pouco que te restava. És o pobre do Senhor. Que também nós saibamos despojar-nos das muitas coisas que nos sobram. Que saibamos pedir perdão, se, por acaso, despojámos alguém dos seus bens, do seu prestígio ou da sua dignidade. E que saibamos denunciar os muitos despojos de que ainda hoje és vítima.

11º ESTAÇÃO: JESUS É CRAVADO NA CRUZ

Eram nove horas da manhã quando crucificaram Jesus. O letreiro que indicava a causa da condenação tinha escrito: “Rei dos Judeus”. Crucificaram com Ele dois salteadores, um à direita e outro à esquerda.

Oração: Estás na cruz, ó Cristo amado, dor viva, oração em lágrimas, paciência de tremores, perdão que sangra, generosidade sem limites. Ensina-nos estas dramáticas lições da tua cruz, ensina-nos a rezar na noite escura, a sofrer perdoando, a esperar mesmo no vazio, a entregar-nos até ao sangue. E ensina-nos a amar na cruz de cada dia.

12º ESTAÇÃO: JESUS MORRE NA CRUZ

Era já quase meio-dia, quando as trevas cobriram toda a terra, até às três horas da tarde, porque o sol se tinha eclipsado. O véu do templo rasgou-se ao meio. E Jesus exclamou com voz forte: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”. Dito isto, expirou.

Oração: Nessa cruz espantosa, tu és, Senhor, uma fogueira acesa, um livro aberto, uma bandeira de salvação. Salva-nos, pela tua cruz, salva todos os homens. Que aqui aprendamos a paciência, a generosidade, a confiança, o amor. Que aqui aprendamos a amar-nos e a entregar-nos até ao fim. Jesus inclina a cabeça e morre, mas não morre o Amor, que é o mais forte: a Vida triunfa sobre toda a morte, o Amor brilha com toda a sua beleza.

13º ESTAÇÃO: JESUS É DESCIDO DA CRUZ

Ao cair da tarde José de Arimateia, ilustre membro do Sinédrio foi corajosamente à presença de Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus. José comprou um lençol, desceu o corpo de Jesus e envolveu-O no lençol.

Oração: Ó Jesus, o teu corpo ferido pode agora descansar. A tua mãe, cheia de compaixão, oferece-te ao Pai e, banhada em lágrimas, beija as tuas feridas. Também eu quero beijá-las. Quero chorar os meus pecados. Quero oferecer-te toda a dor do mundo. E quero agradecer-te a oferta da tua mãe, ó Jesus.

14º ESTAÇÃO: JESUS É DEPOSITADO NO SEPULCRO

No local em que Jesus tinha sido crucificado, havia um jardim e, no jardim, um sepulcro novo, no qual ainda ninguém fora sepultado. Foi aí que, por causa da Preparação dos judeus, porque o sepulcro ficava perto, depositaram Jesus.

Oração: Queremos permanecer em vigília junto ao teu corpo, ó Jesus. Permanecer em vigília, enquanto tu dormes. Permanecer em vigília, enquanto tu resgatas Adão, enchendo o inferno de luz e de esperança. Permanecer em vigília, que são apenas três momentos. E o teu corpo há de revestir-se de glória, o triunfo do amor sobre a morte. Livra-nos, Senhor, de toda a espécie de morte. Ressuscita também em nós, Senhor.

V./ Nós te adoramos e bendizemos, ó Jesus.
R./ Porque pela tua santa cruz remiste o mundo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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As sete palavras de Jesus na cruz – 7

7. Tudo está consumado (Jo 19, 29-35)

Havia ali uma vasilha cheia de vinagre. Então, ensopando no vinagre uma esponja fixada num ramo de hissopo, chegaram-lha à boca. Quando tomou o vinagre, Jesus disse: Tudo está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. Como era o dia da Preparação da Páscoa, para evitar que no sábado ficassem os corpos na cruz, porque aquele sábado era um dia muito solene, os judeus pediram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados. Os soldados foram e quebraram as pernas ao primeiro e também ao outro que tinha sido crucificado juntamente. Mas, ao chegarem a Jesus, vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas. Porém, um dos soldados traspassou-lhe o peito com uma lança e logo brotou sangue e água. Aquele que viu estas coisas é que dá testemunho delas e o seu testemunho é verdadeiro. E ele bem sabe que diz a verdade, para vós crerdes também.

O evangelista João, depois de parar em contemplação diante da morte de Jesus, continua revelando o sinal que cumpre as Escrituras e o projeto de Deus solenemente prometido pela sede de Jesus. É algo de tão importante que João faz dessa contemplação o ponto de chegada de todo o Evangelho: o dom do Espírito que jorra do peito trespassado de Jesus na cruz.

Os soldados partiram as pernas aos que tinham sido crucificados com Jesus, para que morressem de sufocação, não podendo apoiar-se nos pés para respirar. Chegando a Jesus, não se deram a esse trabalho, pois viram que estava já morto, mas trespassam-lhe o peito, e saiu sangue e água. O sangue é o sinal da vida, da vida levada até à morte violenta. Era por isso que João tinha explicado o modo de agir de Jesus, no início da narração da paixão: Tendo amado os seus que estavam no mundo, levou até ao extremo o seu amor por eles (Jo 13,1). A água é a promessa feita por Jesus ao longo do Evangelho, o dom do Espírito. A humanidade de Jesus, como expressão total do amor (o sangue) e o dom do Espírito do Pai (a água prometida) são o coroamento da missão de Jesus nesta terra, que introduzem na humanidade um novo dinamismo. A criação prodigiosa do homem, atinge uma nova dimensão ao participar do Espírito, da vida de Deus.

É à luz deste sinal que S. João anuncia o valor recriador e salvador da morte de Jesus: sem o dom do Espírito, fruto da morte e ressurreição  de Jesus, a sua missão poderia ser notável, mas não traria bem substancialmente novo à humanidade. É o Espírito de Deus que nos permite viver realizando o projeto de Jesus de anunciar a Boa nova aos pobres, de dar vista aos cegos de libertar os prisioneiros e anunciar a misericórdia de Deus. É igualmente esse Espírito que nos liberta definitivamente das nossas limitações e fragilidades, fazendo-nos participar da morte e ressurreição de Jesus. É pelo Espírito que a morte de Jesus é verdadeiramente salvadora e radicalmente libertadora.

Aos pés da cruz, acolhemos este Espírito que brota do Coração aberto de Jesus, expressão do seu amor humano levado até ao dom da vida, manifestação do amor fiel de Deus que nunca deixa nenhum dos seus filhos cair no aniquilamento da morte.

Esta é a fé, a vida e a esperança que hoje professamos e anunciamos aos pés da cruz do Senhor.

“As sete palavras de Jesus na cruz”, publicadas ao longo de sete dias por “Caminhos Carmelitas”, fazem parte da Homilia pronunciada por D. José Ornelas, Bispo de Setúbal, na Celebração da Paixão do Senhor, em 10 de Abril de 2020.

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As sete palavras de Jesus na cruz – 6

6. Tenho sede (Jo 19,28)

Depois disso, Jesus, sabendo que tudo se tinha cumprido, para se cumprir totalmente a Escritura, disse: Tenho sede!

João tem uma leitura semelhante, mas mais desenvolvida, que revela o sentido da morte de Jesus para o futuro da Igreja e da humanidade. Ele refere um grito de Jesus agonizante: sabendo que tudo se tinha cumprido, para se cumprir totalmente a Escritura, disse: Tenho sede! É um grito que reassume toda a vida de Jesus no cumprimento da vontade do Pai. A sua vida foi isso mesmo: realizar o projeto do Pai de dar a vida em plenitude ao mundo. Mas parece que falta algo a cumprir, pois diz-se: para se cumprir totalmente a Escritura, disse: Tenho sede!

O grito de sede não denta apenas a fisiológica de um condenado desidratado, embora isso seja mais do que natural. Essa sede tem outro significado e é muito importante.  O tema da sede e da água, estava prometido desde o início do evangelho de S. João, desde as bodas de Caná, onde Jesus tinha transformado a água em vinho e tinha prometido que havia de chegar a hora de saciar, com o vinho da alegria este casamento onde faltava o vinho do amor (cf. Jo 2,1-12). À Samaritana, Ele tinha anunciado uma água que sacia a sede de felicidade e de vida (Jo 4,14); em Jerusalém, tinha prometido que “se alguém tem sede, venha a mim e beba aquele que crê em mim. Como diz a Escritura, das suas entranhas hão- de correr rios de água viva». Ora Ele disse isto, referindo-se ao Espírito que haviam de receber os que nele acreditassem. Com efeito, ainda não tinham o Espírito, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado”.

Agora é a hora da glorificação de Jesus e a hora de dar essa água que jorra até à vida eterna. Jesus tem sede dessa água da vida que é o Espírito, que se recebe no Batismo. Sem o Espírito de Deus nós continuaríamos a ser apenas seres humanos destinados à morte e limitados na nossa maneira de pensar e de agir. É desse Espírito que Jesus tem sede e anuncia a sua manifestação, a partir da sua humanidade glorificada no seu regresso ao Pai. Ele tinha dito que era necessário que fosse para o Pai, para enviar o Espírito (cf. Jo 15,5-7). Quando isso acontecer, Ele já não poderá mais falar com a língua dos homens; estará já junto do Pai, de onde enviará o Espírito.

Por isso, o grito de sede de Jesus liga-se, por assim dizer, com a primeira palavra na cruz: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste? Essa exclamação e pedido de sentido e socorro recebe agora uma resposta: Só o Espírito de Jesus morto e ressuscitado pode saciar verdadeiramente o ser humano na sua demanda de felicidade e vida. Sem o dom do Espírito, a sua missão não estaria terminada. Por isso, faltava de facto uma profecia para cumprir. Agora sim, depois de ter anunciado o dom do Espírito, Jesus pode dizer que a sua missão como homem, nesta terra está plenamente cumprida e exclamou: Tudo está consumado (Jo 19, 29-35).

 

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As sete palavras de Jesus na cruz – 5

5. Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito (Lc 23,44-46)

Por volta do meio-dia, as trevas cobriram toda a região até às três horas da tarde. O Sol tinha-se eclipsado e o véu do templo rasgou-se ao meio. Dando um forte grito, Jesus exclamou: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. Dito isto, expirou.

As três palavras finais de Jesus na cruz, vamos meditá-las em conjunto. São, de facto as últimas que Ele pronuncia, no seu percurso como homem nesta terra. São Lucas, faz uma leitura muito sóbria e iluminadora que resume a vida de Jesus: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. O Espírito é a vitalidade do homem, feito do pó da terra e do sopro (espírito) de Deus. Trata-se da vida humana na sua inteireza, dinamismo e capacidade. O que Jesus coloca nas mãos do Pai é o seu ser humano. A missão recebida do Pai é levada até se esgotar, até à última gota de sangue. Tudo isso, que recebeu de Deus e administrou em favor da humanidade, entrega nas mãos do Pai. Mas entrega também o seu ser Filho amado, que veio ao mundo e regressa com toda a humanidade resgatada e recriada.

Essa é também a atitude que Ele deixa aos seus: vivam inteiramente a vida, acolham os dons de Deus com gratidão e responsabilidade, colocando-os ao serviço do Seu projeto, oferecendo-se como serviço e como amor. Não tenham medo, que a vida que vocês têm e administram desse jeito está sempre nas mãos poderosas e carinhosas do Pai do Céu. E quando, como eu, chegarem ao fim do percurso da terra, entreguem tudo isso com coragem e paz nas mãos do Pai. O resto do percurso, só mesmo Ele pode criar e conduzir, porque estará para além daquilo que vocês podem construir, orientar e até sonhar. E não tenham medo: o Pai nunca vos deixará cair das suas mãos.

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