5. Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito (Lc 23,44-46)
Por volta do meio-dia, as trevas cobriram toda a região até às três horas da tarde. O Sol tinha-se eclipsado e o véu do templo rasgou-se ao meio. Dando um forte grito, Jesus exclamou: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. Dito isto, expirou.
As três palavras finais de Jesus na cruz, vamos meditá-las em conjunto. São, de facto as últimas que Ele pronuncia, no seu percurso como homem nesta terra. São Lucas, faz uma leitura muito sóbria e iluminadora que resume a vida de Jesus: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. O Espírito é a vitalidade do homem, feito do pó da terra e do sopro (espírito) de Deus. Trata-se da vida humana na sua inteireza, dinamismo e capacidade. O que Jesus coloca nas mãos do Pai é o seu ser humano. A missão recebida do Pai é levada até se esgotar, até à última gota de sangue. Tudo isso, que recebeu de Deus e administrou em favor da humanidade, entrega nas mãos do Pai. Mas entrega também o seu ser Filho amado, que veio ao mundo e regressa com toda a humanidade resgatada e recriada.
Essa é também a atitude que Ele deixa aos seus: vivam inteiramente a vida, acolham os dons de Deus com gratidão e responsabilidade, colocando-os ao serviço do Seu projeto, oferecendo-se como serviço e como amor. Não tenham medo, que a vida que vocês têm e administram desse jeito está sempre nas mãos poderosas e carinhosas do Pai do Céu. E quando, como eu, chegarem ao fim do percurso da terra, entreguem tudo isso com coragem e paz nas mãos do Pai. O resto do percurso, só mesmo Ele pode criar e conduzir, porque estará para além daquilo que vocês podem construir, orientar e até sonhar. E não tenham medo: o Pai nunca vos deixará cair das suas mãos.