No Evangelho do 29º Domingo do Tempo Comum, Ano B, Marcos narra que dois dos discípulos de Jesus, Tiago e João, pedem-lhe para se sentarem a seu lado na glória, “como primeiros-ministros”, ou algo semelhante. Este pedido causa indignação nos demais companheiros. Jesus aproveita a ocasião para ensinar que a verdadeira glória se obtém vivendo o baptismo que estava para receber em Jerusalém, ou seja, a cruz, e não elevando-se sobre os outros. A palavra baptismo significa “imersão”. Com a sua Paixão Jesus imergiu-se na morte, oferecendo a sua vida para nos salvar. Portanto, a glória de Deus é amor que se faz serviço, não poder que busca o domínio.
A frase “o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por todos” (Mc 10,45) resume admiravelmente a existência de Jesus. Desde o primeiro instante, Ele fez da sua vida serviço, e o ponto culminante foi a morte na cruz, expressão máxima e total do seu amor aos homens. Nós, seguidores de Jesus, devemos estar plenamente conscientes desta realidade.
Somos confrontados com duas lógicas diferentes: os discípulos querem emergir e Jesus quer imergir. A primeira expressa aquela mentalidade mundana pela qual sempre somos tentados: viver todas as coisas, até mesmo os relacionamentos, para alimentar a nossa ambição, para galgar os degraus do sucesso, para chegar a lugares importantes. Olhamos para o Senhor Crucificado, que imerge até ao fundo da nossa história ferida, e descobrimos o modo de agir de Deus. Vemos que Ele não ficou lá em cima nos céus, olhando para nós de cima para baixo, mas desceu para lavar os nossos pés. Deus é amor e o amor é humilde, não sobe, mas desce, como a chuva que cai na terra e traz vida.
Quem são os primeiros na comunidade cristã? As palavras de Jesus não deixam qualquer dúvida: “quem quiser ser o primeiro, será o último de todos e o servo de todos”. Aquilo que nos deve mover é a vontade de servir, de partilhar com os irmãos os dons que Deus nos concedeu.
Que o Espírito Santo renove em nós a graça do Baptismo, a imersão em Jesus, no seu modo de ser, para ser mais servos, ser servos como Ele foi connosco. Peçamos a Nossa Senhora que sendo a maior, não quis emergir, mas foi a humilde serva do Senhor e está totalmente imersa no nosso serviço, para nos ajudar a encontrar Jesus.
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