“Eu era cego e agora vejo”

Hoje o Evangelho mostra-nos Jesus que restitui a vista a um homem cego de nascença (cf. Jo 9, 1-41). Mas este prodígio é mal recebido por várias pessoas e grupos. Nas reações das pessoas e grupos, emergem corações fechados perante o sinal de Jesus, por vários motivos: porque procuram um culpado, porque não sabem maravilhar-se, porque não querem mudar, porque são impedidos pelo medo. E hoje muitas situações são parecidas com esta.

O único que reage bem é o cego: feliz por ver, ele testemunha do modo mais simples o que lhe aconteceu: «Eu era cego e agora vejo» . Diz a verdade. Antes, era obrigado a pedir esmola para viver e sofria os preconceitos do povo: «É pobre e cego de nascença, deve sofrer, deve pagar pelos seus pecados ou pelos pecados dos seus antepassados». Agora, livre no corpo e no espírito, dá testemunho de Jesus: nada inventa, nada esconde. «Eu era cego e agora vejo». Não tem medo do que os outros dirão: já conheceu o gosto amargo da marginalização, durante a sua vida inteira; já sentiu em si a indiferença, o desprezo dos transeuntes, daqueles que o consideravam um descarte da sociedade, no máximo útil para o pietismo de algumas esmolas. Agora, curado, já não teme essas atitudes de desprezo, porque Jesus lhe deu plena dignidade. E isto é claro, como sempre acontece: quando Jesus nos cura, restitui-nos a dignidade, a dignidade da cura de Jesus, plena dignidade, uma dignidade que vem do fundo do coração, que abrange a vida inteira; e Ele, no sábado, diante de todos, libertou-o e restituiu-lhe a vista, sem lhe pedir nada, nem sequer um agradecimento, e o homem dá testemunho disto. Esta é a dignidade de uma pessoa nobre, de uma pessoa que sabe que foi curada, e restabelece-se, renasce.

Irmãos e irmãs, hoje peçamos a graça de nos maravilharmos todos os dias pelos dons de Deus e de ver as várias circunstâncias da vida, até as mais difíceis de aceitar, como ocasiões para praticar o bem, como Jesus fez com o cego. Que Nossa Senhora nos ajude nisto, com São José, homem justo e fiel.

Papa Francisco, Angelus (resumo), 19 de Março, 2023

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Um pensamento carmelita para cada dia da Quaresma 2023

4º SEMANA

19 de Março: Para um juízo vim Eu a este mundo: para que os que não veem vejam, e os que veem se tornem cegos. (Jo 9, 39).

Senhor, nosso Deus, que pelo vosso Verbo realizais admiravelmente a reconciliação do género humano, concedei ao povo cristão fé viva e espírito generoso, a fim de caminhar alegremente para as próximas solenidades pascais. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. (Oração colecta).

20 de Março: José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do Espírito Santo. (Mt 1,20).

Quem não encontrar um mestre que lhe ensine o caminho da oração, tome a este glorioso santo por mestre e não se enganará no caminho. (Santa Teresa de Jesus).

21 de Março: Senhor, não tenho ninguém que me meta na piscina quando se agita a água. (Jo 5,7).

– Podemos dizer que os que começam a ter oração são os que tiram a água do poço. É muito penoso (…) Ao princípio ainda penam, pois não acabam de compreender se se arrependem dos pecados; e na verdade fazem-no, visto estarem verdadeiramente determinados em servir a Deus. (Santa Teresa de Jesus).

22 de Março: [Jesus] não só anulava o sábado, mas até chamava a Deus seu próprio Pai, fazendo-Se assim igual a Deus. (Jo 5,18).

Toda a gente dorme. E a Deus, tão cheio de bondade, tão grande, tão digno de louvores, esquecemo-l’O!… Ninguém pensa n’Ele! (Santa Maria de Jesus Crucificado).

23 de Março: São elas [as Escrituras] que dão testemunho a meu favor. Vós, porém, não quereis vir a Mim para terdes a vida! (Jo 5,39-40).

Que bem sei eu a fonte que mana e corre (…) Aquela eterna fonte está escondida neste pão vivo para dar-nos vida, mesmo sendo noite! Aqui está chamando as criaturas. (São João da Cruz).

24 de Março: Ele afirma ter conhecimento de Deus e chama-se a si mesmo filho do Senhor! (…) vejamos, pois, se as suas palavras são verdadeiras (…) Provemo-lo com ultrajes e torturas. (Sb 2,13.17a.19a).

– Ó meu Senhor, (…) não houve sofrimento que não suportasse de bom grado, vendo como Vós estivestes diante dos juízes. Com tão bom amigo presente, com tão destemido capitão, que foi o primeiro no padecer, tudo se pode sofrer. Ajuda e dá força; nunca falta. (Santa Teresa de Jesus).

25 de Março: O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a Sua sombra. Por isso, Aquele que vai nascer é santo e será chamado Filho de Deus. (Lc 1,35).

Cobrir de sombra equivale a amparar, favorecer e conceder mercês. (São João da Cruz).

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Todos somos cristãos ao serviço dos outros

Quem tem mais dignidade, na Igreja: o bispo, o sacerdote? Não… todos somos cristãos ao serviço dos outros. Quem é mais importante, na Igreja: a religiosa ou a pessoa comum, batizada, a criança, o bispo…? Todos são iguais, somos iguais e quando uma das partes se considera mais importante do que os outros e levanta um pouco o nariz, erra. Não é essa a vocação de Jesus. A vocação que Jesus dá, a todos – mas inclusive a quantos parecem estar em postos mais altos – é o serviço, servir os outros, humilhar-te. Se encontrares uma pessoa que na Igreja tem uma vocação mais elevada e tu a vês vaidosa, dirás: “Pobrezinho”; reza por ele porque não entendeu o que é a vocação de Deus. A vocação de Deus é adoração ao Pai, amor à comunidade e serviço. Isto é ser apóstolo, este é o testemunho dos apóstolos.

Papa Francisco, Audiência geral, 15 de Março, 2023

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Tenho sede, dá-me de beber

Neste Domingo o Evangelho apresenta-nos um dos encontros mais formosos e fascinantes de Jesus, o encontro com a mulher samaritana (cf. Jo 4,5-42). A cena mostra-nos Jesus sedento e cansado, que se encontra no poço da samaritana à hora mais quente, o meio-dia, e como um mendigo pede algo fresco. É uma imagem do abaixamento de Deus: Deus abaixa-se em Jesus Cristo pela redenção, vem até cada um de nós. A sede de Jesus, na verdade, não é só física, expressa as sequras mais profundas da nossa vida: é sobretudo a sede do nosso amor. É mais do que um mendigo, está sedento do nosso amor. E emergirá no momento culminante da paixão, na cruz, ali, antes de morrer, Jesus dirá: “Tenho sede” (Jo 19,28).  

Mas o Senhor que pede de beber, é Aquele que dá de beber: ao encontrar-se com a samaritana fala-lhe da água viva do Espírito Santo, e da cruz derrama sangue e água do lado perfurada pela lança do soldado (cf. Jo 19,34). Jesus, sedento de amor, sacia a nossa sede com amor. E faz connosco como fez com a samaritana: aproxima-se de nós na vida diária, compartilha a nossa sede, promete-nos a água viva que faz brotar em nós a vida eterna (cf. Jo 4,14). 

Dá-me de beber. Estas palavras não são só o pedido de Jesus feito à samaritana, mas um chamamento –  às vezes silencioso – que em cada dia nos é dirigido e nos pede que prestemos atenção à sede alheia. Somos capazes de entender a sede dos outros? A sede das pessoas, a sede de tantos dos meus familiares, no meu bairro? Hoje podemos perguntar-nos: Tenho sede de Deus, dou-me conta de que necessito do seu amor como a água para viver? E depois, eu que estou sedento, preocupo-me com a sede dos outros, a sede espiritual, a sede material? 

Papa Francisco, Angelus (resumo), 12 de Março, 2023 

 

 

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Um pensamento carmelita para cada dia da Quaresma 2023

3ª SEMANA

12 de Março: Naquele tempo, chegou Jesus a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, junto da propriedade que Jacob tinha dado a seu filho José, onde estava o poço de Jacob. Jesus, cansado da caminhada, sentou-Se à beira do poço. Era por volta do meio-dia. Veio uma mulher da Samaria para tirar água. Disse-lhe Jesus: “Dá-Me de beber”. (Jo 4, 5-6). 

– Senhor nosso Deus, autor de todas as misericórdias e de toda a bondade, que nos fizestes encontrar no jejum, na oração e no amor fraterno os remédios do pecado, olhai benigno para a confissão da nossa humildade, de modo que, abatidos pela consciência da culpa, sejamos confortados pela vossa misericórdia. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. (Oração colecta). 

13 de Março: Veio para o que era seu e os seus não O receberam. (Jo 1,11-12a). 

– Cristo é tudo. Um cristão é alguém que viu Cristo. Há poucos cristãos porque poucas almas viram Cristo. (P. Jacques de Jésus). 

14 de Março: Amai-vos uns aos outros. (Jo 15,12).  

– Para vos amar como Vós me amais, preciso de me servir do vosso próprio amor, só então encontro repouso. (Santa Teresinha do Menino Jesus). 

15 de Março: O amor não faz mal ao próximo. Assim, é no amor que está o pleno cumprimento da Lei. (Rm 13,10). 

– O meu caminho é todo confiança e amor. (…) Vejo que basta reconhecer o próprio nada e abandonar-se como uma criança nos braços de Deus. (Santa Teresa do Menino Jesus). 

16 de Março: Pai, quero que onde Eu estiver estejam também comigo aqueles que Tu Me confiaste, para que contemplem a minha glória, a glória que Me deste por Me teres amado antes da criação do mundo. (Jo17,24). 

– Alegra-te, minha alma, porque há quem ame ao teu Deus como Ele merece (…) Dá-Lhe graças porque nos deu na terra quem assim O conhece, como seu Filho único que é. (Santa Teresa de Jesus). 

17 de Março: Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças. O segundo é este: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. (Mc 12,30-31a). 

– Amar é tão simples, é entregar-se a todas as suas vontades como Ele se entregou às do Pai; é permanecer n’Ele pois o coração que ama já não vive mais em si, mas naquele que constitui o objeto do seu amor. (Santa Isabel da Trindade). 

18 de Março: Se alguém julga ser alguma coisa, nada sendo, engana-se a si mesmo. (Gl 6,3). 

– Tenho de suportar-me tal como sou, com todas as minhas imperfeições (…) O ascensor que me há de elevar até ao Céu, são os Vossos braços, ó Jesus! (Santa Teresa do Menino Jesus). 

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Nada temo

Se me envolve a noite escura
E caminho sobre abismos de amargura,
Nada temo, porque a Luz está comigo.

Se me colhe a tempestade
E Jesus vai a dormir na minha barca,
Nada temo, porque a Paz está comigo.

Se me perco no deserto
E de sede me consumo e desfaleço,
Nada temo, porque a Fonte está comigo.

Se os descrentes me insultarem
E se os ímpios mortalmente me odiarem,
Nada temo, porque a Vida está comigo.

Se os amigos me deixarem
Em caminhos de miséria e orfandade,
Nada temo, porque o Pai está comigo.

Se me envolve a noite escura
E caminho sobre abismos de amargura,
Nada temo, porque a Luz está comigo.

Hino da Liturgia das Horas – Completas de Domingo

 

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A transfiguração de Jesus

Neste segundo domingo de Quaresma, é proclamado o Evangelho da Transfiguração: Jesus leva consigo a um monte Pedro, Tiago e João e revela-se a eles em toda a sua beleza de Filho de Deus (cf. Mt 17, 1-9). Eles veem a luz da santidade de Deus a brilhar no rosto e nas vestes de Jesus, imagem perfeita do Pai. Revela-se a majestade de Deus, a beleza de Deus. Mas Deus é Amor e, por conseguinte, os discípulos viram com os próprios olhos a beleza e o esplendor do Amor divino encarnado em Cristo. Tiveram uma antecipação do paraíso!  

Jesus, na realidade, com esta experiência está a formá-los, está a prepará-los para um passo ainda mais importante. De facto, em breve terão de saber reconhecer n’Ele a mesma beleza, quando Ele subir à cruz e o seu rosto estiver desfigurado. A beleza de Jesus não aliena os discípulos da realidade da vida, mas dá-lhes a força para O seguirem até Jerusalém, até à cruz.  

Este Evangelho traça um caminho também para nós: ensina-nos como é importante estar com Jesus, até quando não é fácil compreender tudo o que Ele diz e faz por nós. Com efeito, é estando com ele que aprendemos a reconhecer no seu rosto a beleza radiante do amor que se doa, inclusive quando traz os sinais da cruz. E é na sua escola que aprendemos a captar a mesma beleza no rosto das pessoas que caminham ao nosso lado todos os dias: os familiares, os amigos, os colegas, aqueles que, das mais variadas formas, cuidam de nós. Quantos rostos lumiosos, quantos sorrisos, quantas rugas, quantas lágrimas e cicatrizes falam de amor à nossa volta! Aprendamos a reconhecê-los e a encher os nossos corações com eles. 

Papa Francisco, Angelus (resumo), 5 de Março, 2023 

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Um pensamento carmelita para cada dia da Quaresma 2023

2ª SEMANA DA QUARESMA – ANO A

II Domingo da Quaresma: 5 de Março: Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e levou-os, em particular, a um alto monte e transfigurou-Se diante deles: o seu rosto ficou resplandecente como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. E apareceram Moisés e Elias a falar com Ele. (Mt 17, 1-3).

– Senhor nosso Deus, que nos mandais ouvir o vosso amado Filho, fortalecei-nos com o alimento interior da vossa palavra, de modo que, purificado o nosso olhar espiritual, possamos alegrar-nos um dia na visão da vossa glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. (Oração colecta).

6 de Março: Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso. (Lc 6,36-38).

– Jesus, o Artista das almas, fica contente quando não nos detemos no exterior, mas, penetrando até ao santuário que escolheu para sua morada, lhe admiramos a beleza. (Santa Teresa do Menino Jesus).

7 de Março: Um só é o vosso Pai, Aquele que está no Céu. (Mt 23,1-12).

– Já te disse tudo na minha Palavra, que é o meu Filho (…) se fixares n’Ele o teu olhar, acharás tudo (…) Irmão, Companheiro, Mestre. (São João da Cruz).

8 de Março: Bebereis o meu cálice; mas sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não Me pertence a Mim concedê-lo: é para quem meu Pai o tem reservado. (Mt 2, 17-28).

Meu Deus, não me ireis roubar o que me destes um dia no vosso único Filho, Jesus Cristo, no qual me destes tudo quanto quero; (…) Não te rebaixes nem olhes às migalhas que caem da mesa do teu Pai. (São João da Cruz).

9 de Março: Se não dão ouvidos a Moisés e aos Profetas , tão-pouco se deixarão convencer se alguém ressuscitar de entre os mortos. (Lc 16,19-31).

Maria, sê mãe, mãe até ao fim, mãe da Vida, mãe da Misericórdia, mãe desta vida que desce mesmo sobre a miséria, para repará-la, para ressuscitá-la. (Beato Eugénio-Maria do Menino Jesus).

10 de Março: Nunca lestes nas Escrituras: “A pedra que os construtores rejeitaram transformou-se em pedra angular? Isto é obra do Senhor e é admirável aos nossos olhos!”? (Mt 21,33- 43.45-46).

– Os braços do Crucificado estão inteiramente abertos para te atrair ao seu Coração. Ele reclama a tua vida para te dar a sua. (Santa Teresa Benedita da Cruz).

11 de Março: O filho disse-lhe: “Pai, (…) já não mereço ser chamado teu filho.” Mas o Pai disse aos seus servos: “Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha”… (Lc 15, 1-3.11-32).

– Ó meu Deus! Excedestes a minha esperança e eu quero cantar as vossas misericórdias! (Santa Teresa do Menino Jesus).

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Um pensamento carmelita para cada dia da semana da Quaresma 2023

1ª SEMANA DA QUARESMA 2023

I Domingo da Quaresma: 26 de Fevereiro – Naquele tempo, Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo diabo. (Mt 4, 1).

– Concedei-nos, Deus todo-poderoso, que, pelas práticas anuais do sacramento quaresmal, alcancemos maior compreensão do mistério de Cristo e demos testemunho dele com uma vida digna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. (Oração colecta).

27 de Fevereiro – Vinde, benditos de meu Pai, porque tive fome, e destes-me de comer; Tive sede e destes-me de beber… (Mt 25, 31-46).

– Fazei compreender bem estas coisas [às candidatas] que recebereis. Que elas não pensem que bastam as palavras; mas que saibam que são necessárias também as obras. (Santa Teresa de Jesus).

28 de Fevereiro – Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai vos não perdoará as vossas. (Mt 6,7-15).

– Há na Comunidade uma Irmã que tem o condão de me desagradar em todas as coisas. (…) disse comigo que a caridade não devia consistir nos sentimentos, mas nas obras. Então apliquei-me a fazer por esta Irmã o que faria pela pessoa que mais amo. (Santa Teresa do Menino Jesus).

1 de Março – A rainha do sul (…) veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão (…) ora aqui está Quem é maior do que Jonas. (Lc 11,29-32).

– Uma palavra falou o Pai, que foi o seu Filho, e di-la sempre em eterno silêncio, e em silêncio a há de ouvir a alma. (São João da Cruz).

2 de Março – Tudo o que pedirdes ao Pai em Meu nome, Ele vo-lo concederá. (Jo 15,16).

– Como é grande o poder da oração! Dir-se-ia uma rainha que tem livre acesso junto do rei a cada instante e que pode obter tudo quanto pede. (Santa Teresa do Menino Jesus).

3 de Março – Se alguém disser: ‘Eu amo a Deus’, quando odeia seu irmão, é um mentiroso. (1 João 4,20).

– Sim, parece-me que nunca procurei senão a verdade… (Santa Teresa do Menino Jesus).

4 de Março – Que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei. (Jo 15,12).

– Estar diante de Deus por todos. (Santa Teresa Benedita da Cruz).

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As tentações de Jesus

O Evangelho deste primeiro Domingo da Quaresma apresenta-nos Jesus no deserto tentado pelo diabo (cf. Mt 4, 1-11). Diabo significa “divisor”. O diabo entra em cena para dividir Jesus do Pai e desviar da sua missão de unidade para nós. Divide sempre.

O maligno procura incutir-lhe três poderosos “venenos” para paralisar a sua missão de unidade. Estes venenos são o apego, a desconfiança e o poder. Antes de mais, o veneno do apego às coisas, às necessidades; com raciocínio persuasivo, o diabo tenta sugestionar Jesus: “Tens fome, porque deves jejuar? Ouve a tua necessidade, satisfá-la, tens o direito e o poder: transforma as pedras em pão”. Depois o segundo veneno, a desconfiança: “Tens a certeza – insinua o maligno – de que o Pai quer o teu bem? Põe-no à prova, chantageia-o! Atira-te do ponto mais alto do templo e obriga-o a fazer o que tu queres”. Enfim o poder: “Do teu Pai, não tens necessidade! Por que esperar pelos seus dons? Segue os critérios do mundo, faz tudo sozinho e serás poderoso!”. As três tentações de Jesus. E também nós vivemos estas três tentações, sempre. Mas Jesus vence as tentações. E como as vence? Evitando discutir com o diabo e respondendo com a Palavra de Deus. Isto é importante: com o diabo não se discute, com o diabo não se dialoga! Jesus enfrenta-o com a Palavra de Deus. Ele cita três frases da Escritura que falam de liberdade das coisas (cf. Dt 8, 3), de confiança (cf. Dt 6, 16), e de serviço a Deus (cf. Dt 6, 13), três frases opostas às tentações. Nunca dialoga com o diabo, não negocia com ele, mas rejeita as suas insinuações com as palavras benéficas da Escritura. É um convite também para nós: com o diabo não se discute! Não se negocia, não se dialoga; não o derrotamos negociando com ele, é mais forte do que nós. Derrotamos o diabo, opondo-lhe com fé a Palavra divina. Desta forma, Jesus ensina-nos a defender a unidade com Deus e entre nós dos ataques do divisor. A Palavra divina é a resposta de Jesus à tentação do diabo.

Papa Francisco, Angelus (resumo), 26 de Fevereiro, 2023

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