Neste Domingo o Evangelho apresenta-nos um dos encontros mais formosos e fascinantes de Jesus, o encontro com a mulher samaritana (cf. Jo 4,5-42). A cena mostra-nos Jesus sedento e cansado, que se encontra no poço da samaritana à hora mais quente, o meio-dia, e como um mendigo pede algo fresco. É uma imagem do abaixamento de Deus: Deus abaixa-se em Jesus Cristo pela redenção, vem até cada um de nós. A sede de Jesus, na verdade, não é só física, expressa as sequras mais profundas da nossa vida: é sobretudo a sede do nosso amor. É mais do que um mendigo, está sedento do nosso amor. E emergirá no momento culminante da paixão, na cruz, ali, antes de morrer, Jesus dirá: “Tenho sede” (Jo 19,28).
Mas o Senhor que pede de beber, é Aquele que dá de beber: ao encontrar-se com a samaritana fala-lhe da água viva do Espírito Santo, e da cruz derrama sangue e água do lado perfurada pela lança do soldado (cf. Jo 19,34). Jesus, sedento de amor, sacia a nossa sede com amor. E faz connosco como fez com a samaritana: aproxima-se de nós na vida diária, compartilha a nossa sede, promete-nos a água viva que faz brotar em nós a vida eterna (cf. Jo 4,14).
Dá-me de beber. Estas palavras não são só o pedido de Jesus feito à samaritana, mas um chamamento – às vezes silencioso – que em cada dia nos é dirigido e nos pede que prestemos atenção à sede alheia. Somos capazes de entender a sede dos outros? A sede das pessoas, a sede de tantos dos meus familiares, no meu bairro? Hoje podemos perguntar-nos: Tenho sede de Deus, dou-me conta de que necessito do seu amor como a água para viver? E depois, eu que estou sedento, preocupo-me com a sede dos outros, a sede espiritual, a sede material?
Papa Francisco, Angelus (resumo), 12 de Março, 2023