Vós sois o sal da terra (Mt 5, 13)

O sal serve para dar sabor à comida. É o ingrediente invisível que dá gosto a tudo. Por isso mesmo, desde a antiguidade, foi visto como símbolo da sabedoria, uma virtude que não se vê, mas que dá gosto à vida e sem ela a existência torna-se insípida, sem sabor. Mas Jesus, de que sabedoria nos fala? Ele usa esta imagem do sal imediatamente depois de ter proclamado aos seus discípulos as Bem-aventuranças: compreendemos assim que são elas o sal da vida do cristão. De facto, as Bem-aventuranças trazem à terra a sabedoria do Céu: revolucionam os critérios do mundo e do modo comum de pensar. (…) Tenhamo-lo bem presente: se pusermos em prática as Bem-aventuranças, se encarnarmos a sabedoria de Cristo, daremos bom gosto não apenas à nossa vida mas também à sociedade, ao país onde vivemos.

Além de dar sabor, o sal tem outra função, que era essencial no tempo de Cristo: conservar os alimentos para não se corromperem estragando-se. Mas a Bíblia diz que havia um «alimento», um bem essencial que se devia conservar antes de qualquer outro: a aliança com Deus. Por isso, naqueles tempos, sempre que se fazia uma oferta ao Senhor, colocava-se um pouco de sal. (…) Por conseguinte, o discípulo de Jesus, enquanto sal da terra, é testemunha da aliança que Ele realizou e nós celebramos em cada Missa: uma aliança nova, eterna, inquebrável (cf. 1 Cor 11, 25; Heb 9), um amor por nós que não pode ser infringido nem mesmo pelas nossas infidelidades.

Papa Francisco, Viagem apostólica ao Sudão do Sul, 5 de Fevereiro, 2023

 

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Oração a Nossa Senhora da Luz ou das Candeias

Ó Maria,
por quem nos foi dado Jesus Cristo, a Luz do mundo,
abri-nos os olhos da fé para não cairmos
na escuridão do pecado e do erro;
aconselhai-nos nos momentos difíceis, para não nos desviarmos
do caminho que nos leva à Luz eterna;
iluminai-nos nas dúvidas e incertezas com a luz da Verdade,
para que possamos ser sempre fiéis ao Evangelho;
inflamai o nosso coração com o fogo do vosso amor,
para amarmos sempre Jesus e torná-lo amado por todos.
Nós vos pedimos também
por aqueles que perderam a luz da fé
e pelos que ainda não foram iluminados pela luz do vosso Filho,
a quem buscam sinceramente no meio das trevas da ignorância.
Mãe de Deus, Senhora da Luz,
livrai-nos de toda cegueira espiritual e corporal,
para que nos tornemos e de facto sejamos,
luz para o mundo, conforme o desejo do vosso Filho Jesus.

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Senhor, se…

Senhor, ajuda-me a dizer a verdade diante dos fortes e a não dizer mentiras para ganhar o aplauso dos fracos. Se me dás “fortuna” não me tires a razão. Se me dás o sucesso, não me tires a humildade. Se me dás humildade, não me tires a dignidade. Ajuda-me a ver o outro lado da moeda. Não me deixes acusar o outro por traição aos demais, apenas por não pensarem igual a mim. Ensina-me a amar os outros como a mim mesmo. Se triunfo na vida, não deixes que me torne orgulhoso, nem cair em desespero se fracassar. Mas recorda-me que o fracasso é a experiência que precede ao triunfo. Ensina-me que perdoar é um sinal de grandeza e que a vingança é um sinal de baixeza. Se não atingir o êxito, dá-me forças para aprender com o fracasso e a recomeçar de novo. Se eu ofender as pessoas, que tenha coragem para pedir perdão e, se as pessoas me ofenderem, que eu tenha a grandeza para as perdoar. Senhor, se algum dia me esquecer de ti, nunca te esqueças de mim!

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Um cristão triste é um triste cristão

«O Espírito do Senhor está sobre mim; […] enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres» (v. 18), isto é, um anúncio de júbilo, de alegria. Boa nova: não se pode falar de Jesus sem alegria, porque a fé é uma maravilhosa história de amor a partilhar. Testemunhar Jesus, fazer algo pelos outros em seu nome, é dizer nas entrelinhas da vida que se recebeu um dom tão bonito que nenhuma palavra é suficiente para o expressar. Ao contrário, quando falta alegria, o Evangelho não passa, pois ele – como a própria palavra o diz – é bom anúncio, e Evangelho quer dizer bom anúncio, anúncio de alegria. O cristão triste pode falar de coisas maravilhosas, mas será tudo em vão se o anúncio que transmite não for jubiloso. Dizia um pensador: “um cristão triste é um triste cristão”: não esqueçais isto.

Papa Francisco, Audiência geral, 25 de Janeiro, 2023

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Ele chama-te

Tem em tanto este Senhor nosso que O amemos e procuremos a Sua companhia que, uma vez ou outra, não deixa de nos chamar para que nos acerquemos d’Ele.

Santa Teresa de Jesus

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Zelo pastoral

Ouvimos a parábola da ovelha tresmalhada, contida no capítulo 15 do Evangelho de Lucas (cf. vv. 4-7). Jesus fala também da moeda perdida e do filho pródigo. Se quisermos treinar o nosso zelo apostólico, devemos ter sempre ao alcance o capítulo 15 de Lucas.  Lede com frequência este trecho, nele podemos entender o que significa o zelo apostólico. Ali descobrimos que Deus não contempla o redil das suas ovelhas, nem as ameaça para que não se vão embora. Pelo contrário, se uma sai e se perde, não a abandona, mas procura-a. Não diz: “Foi-se, a culpa é dela, que se arranje”. O coração pastoral reage de outra maneira: o coração pastoral sofre, o coração pastoral arrisca. Sofre: sim, Deus sofre por aquele que parte, e na medida em que chora por ele, ama-o ainda mais. O Senhor sofre quando nos distanciamos do seu coração. Sofre por quem não conhece a beleza do seu amor, nem o calor do seu abraço. Mas, em resposta a este sofrimento, não se fecha, mas arrisca: deixa as noventa e nove ovelhas que estão a salvo e aventura-se em busca da única que se perdeu, fazendo assim algo arriscado e até irracional, mas em sintonia com o seu coração pastoral, que tem saudades de quantos se foram. A nostalgia por aqueles que se foram é contínua em Jesus. E quando sentimos que alguém deixou a Igreja o que dizemos? “Que se arranje”. Não, Jesus ensina-nos as saudades daqueles que vão embora; Jesus não sente raiva nem ressentimento, mas uma irredutível nostalgia de nós. Jesus sente saudades de nós e este é o zelo de Deus!

Papa Francisco, Audiência geral, 18 de Janeiro, 2023

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Aprender a afastar-se para dar lugar a Jesus

O Evangelho da liturgia de hoje (cf. Jo 1, 29-34) relata o testemunho de João Batista sobre Jesus, depois de o ter baptizado no rio Jordão. Lê-se assim: «Este é aquele de quem eu disse: Depois de mim virá alguém que passou à minha frente, porque era antes de mim» (vv. 29-30).

Esta declaração, este testemunho, revela o espírito de serviço de João. Ele tinha sido enviado para preparar o caminho ao Messias e tinha-o feito sem se poupar. Humanamente falando, poder-se-ia pensar que lhe seria reconhecido um “prémio”, um lugar relevante na vida pública de Jesus. Mas não. João, tendo cumprido a sua missão, sabe afastar-se, retira-se de cena para dar lugar a Jesus… João faz isto:  coloca os seus discípulos nas pegadas de Jesus. Ele não está interessado em ter um séquito para si, em obter prestígio e sucesso, mas dá testemunho e depois faz um passo atrás, para que muitos possam ter a alegria de encontrar Jesus. Podemos dizer: ele abre a porta e sai.

Com este espírito de serviço, com a sua capacidade de dar lugar a Jesus, João Batista ensina-nos algo importante: a libertação dos apegos. Sim, porque é fácil apegar-se a papéis e posições, à necessidade de ser estimado, reconhecido e recompensado. E isto, embora seja natural, não é uma coisa boa, porque o serviço requer gratuidade, cuidar dos outros sem benefício para si mesmo, sem segundas intenções, sem esperar retribuição. Também a nós fará bem cultivar, como João, a virtude de nos afastarmos no momento apropriado, testemunhando que o ponto de referência na vida é Jesus. Pôr-se de lado, aprender a despedir-se: cumpri esta missão, este encontro, afasto-me e deixo espaço ao Senhor. Aprender a afastar-se, a não pretender algo como uma retribuição para nós.

Papa Francisco, Angelus, 16 de Janeiro, 2023

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