Sagrada Família de Jesus, Maria e José

A Sagrada Família de Nazaré estava totalmente disponível para a vontade de Deus

Hoje celebramos a Festa da Sagrada Família de Nazaré. O termo “santo” coloca esta família no contexto da santidade, que é um dom de Deus, mas, ao mesmo tempo, é uma adesão livre e responsável ao plano de Deus. A Sagrada Família de Nazaré estava totalmente disponível para a vontade de Deus.

Surpreende-nos a docilidade de Maria à acção do Espírito Santo que lhe propões para que seja a mãe do Messias, quando ela estava prestes a concretizar o seu projecto de vida, isto é, casar com José. Mas quando percebe que Deus a chama para uma missão específica, ela não hesita em proclamar que é a sua “serva”. Jesus exaltará a sua grandeza não tanto pelo seu papel de mãe, mas pela sua obediência a Deus: “Bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam!”. E quando ela não entende completamente os acontecimentos que a envolvem, Maria medita no silêncio e reflecte e adora a iniciativa divina. A sua presença ao pé da cruz consagra esta total disponibilidade.

No que diz respeito a José, o Evangelho não nos traz uma única palavra: ele não fala, mas age obedecendo. Ele é o homem do silêncio, o homem da obediência. A página do evangelho de hoje lembra três vezes essa obediência do justo José, referente à fuga para o Egipto e ao retorno à terra de Israel. Sob a orientação de Deus, representada pelo anjo, José foge com a sua família das ameaças de Herodes, salvando-a. Deste modo, a Sagrada Família solidariza-se com todas as famílias do mundo forçadas ao exílio, forçadas a abandonar as suas terras por causa da repressão, da violência, da guerra.

Finalmente, a terceira pessoa da Sagrada Família, Jesus. Ele é a vontade do Pai: nele, diz São Paulo, não havia “sim” e “não”, mas apenas “sim”. E isto manifestou-se em muitos momentos da sua vida terrena.

Maria, José, Jesus, a Sagrada Família de Nazaré, representa uma resposta em conjunto à vontade do Pai. Os três membros desta família ajudam-se uns aos outros a descobrir o projecto de Deus. Rezavam, trabalhavam, comunicavam. Devemos reaprender a dialogar em família. Esta é uma tarefa a ser realizada hoje, exactamente no dia da Sagrada Família. Que a Sagrada Família seja o modelo das nossas famílias, para que pais e filhos se apoiem mutuamente na vivência do Evangelho, fundamento da santidade da família.

Papa Francisco, Angelus (resumo), 29 de Dezembro, 2019

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Manifestou-se a graça de Deus

«Habitavam numa terra de sombras, mas uma luz brilhou sobre eles» (Is 9, 1). Esta profecia da Primeira Leitura realizou-se no Evangelho: de facto, enquanto os pastores velavam de noite nas suas terras, «a glória do Senhor refulgiu em volta deles» (Lc 2, 9). Na noite da terra, apareceu uma luz vinda do Céu. Que significa esta luz que se manifestou na escuridão? No-lo sugere o apóstolo Paulo quando diz: «Manifestou-se a graça de Deus». Nesta noite, a graça de Deus, «portadora de salvação para todos os homens» (Tt 2, 11), envolveu o mundo.

Mas, que é esta graça? É o amor divino, o amor que transforma a vida, renova a história, liberta do mal, infunde paz e alegria. Nesta noite, foi-nos mostrado o amor de Deus: é Jesus. Em Jesus, o Altíssimo fez-Se pequenino, para ser amado por nós. Em Jesus, Deus fez-Se Menino, para Se deixar abraçar por nós. Mas podemos ainda perguntar-nos: Porque é que São Paulo chama «graça» à vinda de Deus ao mundo? Para nos dizer que é completamente gratuita. Enquanto aqui, na terra, tudo parece seguir a lógica do dar para receber, Deus chega de graça. O seu amor ultrapassa qualquer possibilidade de negócio: nada fizemos para o merecer, e nunca poderemos retribuí-lo.

Manifestou-se a graça de Deus. Nesta noite, damo-nos conta de que, não sendo nós capazes da altura d’Ele, por amor nosso desceu à nossa pequenez; vivendo preocupados apenas com os nossos interesses, veio Ele habitar entre nós. O Natal lembra-nos que Deus continua a amar todo o homem, mesmo o pior. Hoje diz a mim, a ti, a cada um de nós: «Amo-te e sempre te amarei; és precioso aos meus olhos». Deus não te ama, porque pensas certo e te comportas bem; ama-te… e basta! O seu amor é incondicional, não depende de ti. Podes ter ideias erradas, podes tê-las combinado de todas as cores, mas o Senhor não desiste de te querer bem. Quantas vezes pensamos que Deus é bom, se formos bons; e castiga-nos, se formos maus; mas não é assim! Nos nossos pecados, continua a amar-nos. O seu amor não muda, não é melindroso; é fiel, é paciente. Eis o dom que encontramos no Natal: com maravilha, descobrimos que no Senhor está toda a gratuidade possível, toda a ternura possível. A sua glória não nos encandeia, nem a sua presença nos assusta. Nasce pobre de tudo, para nos conquistar com a riqueza do seu amor.

Manifestou-se a graça de Deus. Graça é sinónimo de beleza. Nesta noite, na beleza do amor de Deus redescobrimos também a nossa beleza, porque somos os amados de Deus. No bem e no mal, na saúde e na doença, felizes ou tristes, sempre aparecemos lindos a seus olhos: não pelo que fazemos, mas pelo que somos. Em nós, há uma beleza indelével, intangível; uma beleza incancelável, que é o núcleo do nosso ser. Deus no-lo recorda hoje, tomando amorosamente a nossa humanidade e assumindo-a, «desposando-a» para sempre.

A «grande alegria», anunciada aos pastores nesta noite, é verdadeiramente «para todo o povo». Naqueles pastores, que santos não eram certamente, estamos também nós, com as nossas fragilidades e fraquezas. Deus, tal como chamou a eles, chama a nós também, porque nos ama. E, nas noites da vida, diz-nos como a eles: «Não temais» (Lc 2, 10). Coragem, não percais a confiança nem a esperança; não penseis que amar seja tempo perdido! Nesta noite, o amor venceu o medo, manifestou-se uma nova esperança; a luz gentil de Deus venceu as trevas da arrogância humana. Humanidade, Deus ama-te e, por ti, fez-Se homem; já não estás sozinha.

Amados irmãos e irmãs, que fazer perante esta graça? Uma coisa só: acolher o dom. Antes que ir à procura de Deus, deixemo-nos procurar por Ele, que nos procura primeiro. Não partamos das nossas capacidades, mas da sua graça, porque é Ele, Jesus, o Salvador. Fixemos o olhar no Menino e deixemo-nos envolver pela sua ternura. As desculpas para não nos deixarmos amar por Ele, desapareceram: aquilo que está torto na vida, aquilo que não funciona na Igreja, aquilo que corre mal no mundo não poderá mais servir-nos de justificação. Passou a segundo plano, pois frente ao amor louco de Jesus, a um amor todo ele mansidão e proximidade, não há desculpas. E, assim, a questão no Natal é esta: «Deixo-me amar por Deus? Abandono-me ao seu amor que vem salvar-me?»

Um dom tão grande merece tanta gratidão! Acolher a graça é saber agradecer. Frequentemente, porém, as nossas vidas transcorrem alheias à gratidão. Hoje é o dia justo para nos aproximarmos do sacrário, do presépio, da manjedoura, e dizermos obrigado. Acolhamos o dom que é Jesus, para depois nos tornarmos dom como Jesus. Tornar-se dom é dar sentido à vida, sendo este o melhor modo para mudar o mundo: nós mudamos, a Igreja muda, a história muda, quando começamos a querer mudar, não os outros, mas a nós mesmos, fazendo da nossa vida um dom.

Assim no-lo mostra Jesus nesta noite: não mudou a História forçando alguém ou à força de palavras, mas com o dom da sua vida. Não esperou que nos tornássemos bons para nos amar, mas deu-Se gratuitamente a nós. Por nossa vez, não esperemos que o próximo se torne bom para lhe fazermos bem, que a Igreja seja perfeita para a amarmos, que os outros tenham consideração por nós para os servirmos. Comecemos nós. Isto é acolher o dom da graça. E a santidade consiste precisamente em preservar esta gratuidade.

Conta uma graciosa história que, no nascimento de Jesus, os pastores acorriam à gruta com vários dons. Cada um levava o que tinha, ora os frutos do seu trabalho, ora algo precioso. Mas, enquanto todos se prodigalizavam com generosidade, havia um pastor que não tinha nada. Era muito pobre, não tinha nada para oferecer. E enquanto todos se emulavam na apresentação dos seus dons, ele mantinha-se aparte, com vergonha. A dada altura, São José e Nossa Senhora sentiram dificuldade para receber todos os dons – eram tantos – , especialmente Maria que devia segurar nos braços o Menino. Então, vendo com as mãos vazias aquele pastor, pediu-lhe que se aproximasse e colocou-lhe Jesus nas mãos. Ao acolhê-Lo, aquele pastor deu-se conta de ter recebido aquilo que não merecia: ter nas mãos o maior dom da História. Olhou para as suas mãos, aquelas mãos que lhe pareciam sempre vazias: tornaram-se o berço de Deus. Sentiu-se amado e, superando a vergonha, começou a mostrar aos outros Jesus, porque não podia guardar para si o dom dos dons.

Querido irmão, querida irmã, se as tuas mãos te parecem vazias, se vês o teu coração pobre de amor, esta é a tua noite. Manifestou-se a graça de Deus, para resplandecer na tua vida. Acolhe-a e brilhará em ti a luz do Natal.

Papa Francisco, Homilia da Missa da noite de Natal, 24 de Dezembro, 2019

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Natal do Senhor – 25 de Dezembro

Hino

Cristo Jesus, ó Sol da Redenção, / À vossa luz se extingue todo o erro: / Acaba-se no mundo a solidão / Das almas em desterro.

Os Anjos cantam a Jesus nascido, / Adormecem na selva as feras más: / O universo repousa agradecido / Na alegria da paz.

Senhor do mundo, Vós sois o Menino / Da Virgem pura, Mãe Imaculada: / Cai das alturas um luar divino / Sobre a terra admirada.

Nossa Senhora Vos embala e canta, / No coração guardando quanto escuta: / O mistério daquela noite santa / No silêncio da gruta.

Louve o Senhor a natureza humana / Que no mundo jamais subira tanto; / Glória ao Pai, glória ao Filho, glória, hossana / Ao Espírito Santo.

Leitura breve – Hebr 1, 1-2

Muitas vezes e de muitos modos falou Deus antigamente aos nossos pais pelos Profetas. Nestes dias, que são os últimos, falou-nos por seu Filho, a quem fez herdeiro de todas as coisas e pelo qual criou o universo.

Preces 

Celebremos dignamente o Verbo eterno de Deus, que Se fez homem por nosso amor, e aclamemo-l’O com alegria, dizendo: Alegre-se a terra com o vosso nascimento.

Cristo, Verbo eterno, que descendo à terra a enchestes de alegria, alegrai o nosso coração com a graça da vossa visita. Alegre-se a terra com o vosso nascimento.

Rei do Céu e da terra, que enviastes os Anjos a anunciar a paz aos homens, conservai em paz os dias da nossa vida. Alegre-se a terra com o vosso nascimento.

Senhor, que viestes para ser a Videira que nos dá os frutos da vida, fazei que, unidos a Vós, dêmos fruto abundante de santidade. Alegre-se a terra com o vosso nascimento.

Esperado das nações, que viestes na plenitude dos tempos, revelai-Vos também àqueles que ainda Vos esperam. Alegre-se a terra com o vosso nascimento.

Verbo Encarnado, que viestes renovar a natureza humana, ferida pelo pecado, concedei a renovação perfeita aos nossos irmãos defuntos. Alegre-se a terra com o vosso nascimento.

Pai Nosso

Oração conclusiva

Concedei, Deus todo-poderoso, que, inundados pela nova luz do Verbo Encarnado, resplandeça em nossas obras o que pela fé brilha em nossos corações. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.

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4º Domingo do Advento – Ano A

Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um Filho (Mt 1, 23)

Neste quarto e último domingo do Advento, o Evangelho (cf. Mt 1,18-24) orienta-nos para o Natal através da experiência de São José, uma figura aparentemente secundária, mas em cuja atitude está contida toda a sabedoria cristã. Ele, juntamente com João Baptista e Maria, é um dos personagens que a liturgia nos oferece para o tempo do Advento; dos três é o mais modesto. Não prega, não fala, mas procura fazer a vontade de Deus; e ele realiza-a segundo o estilo do Evangelho e das bem-aventuranças. Pensemos: “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5,3). E José é pobre porque vive do essencial, trabalha, vive do trabalho; é a pobreza típica daqueles que sabem que dependem inteiramente de Deus e depositam a sua confiança n’Ele.

O relato do evangelho de hoje apresenta uma situação humanamente embaraçante e contrastante. José e Maria estão prometidos como esposos; ainda não vivem juntos, mas ela espera um filho por obra de Deus. José, diante desta surpresa, naturalmente que fica perturbado, mas, em vez de reagir de maneira impulsiva e punitiva – como era habitual fazer, a lei protegia-o – , procura uma solução que respeite a dignidade e a integridade da sua amada Maria. Diz o Evangelho: “José, seu marido, porque era um homem justo e não queria acusá-la publicamente, pensou em repudiá-la em segredo”. José sabia muito bem que, se denunciasse a sua esposa prometida, tê-la-ia exposto a graves consequências, mesmo até à morte. Ele tem total confiança em Maria, a quem ele escolheu como sua esposa. Ele não entende, mas procura outra solução.

Esta circunstância inexplicável condu-lo a pôr em causa a sua ligação com Maria. Com grande sofrimento, decide separar-se de Maria sem criar escândalo. Mas o Anjo do Senhor intervém para lhe dizer que a solução por ele pensada não é a que Deus quer. Deste modo, o Senhor abre-lhe uma nova estrada, uma estrada de união, amor e felicidade e diz-lhe: “José, filho de David, não temas receber Maria como tua esposa, pois o que nela foi gerado é do Espírito Santo”.

José confia totalmente em Deus, obedece às palavras do Anjo e toma consigo Maria. Esta confiança inabalável em Deus permitiu a José aceitar uma situação humanamente difícil e, em certo sentido, incompreensível. José entende, na fé, que o menino gerado no ventre de Maria não é seu filho, mas é o Filho de Deus e ele, José, será seu protector, assumindo plenamente a sua paternidade terrena. O exemplo deste homem manso e sábio exorta-nos a elevar o olhar, procurando ver sempre mais além. Trata-se de recuperar a surpreendente lógica de Deus que, longe dos pequenos ou grandes cálculos, é feita de abertura a novos horizontes, em direcção a Cristo e à Sua Palavra.

Papa Francisco, Angelus (resumo), 22 de Dezembro, 2019

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Advento. Orar em cada dia da semana 4

Domingo, 22 de Dezembro: ver a acção de Deus no concreto do nosso viver.

– «Não sei verdadeiramente como se deve pensar na Rainha dos Anjos no tempo em que tanto se angustiou com o Menino Jesus sem dar graças a São José pelo auxílio que lhe prestou» (Santa Teresa de Jesus).

«José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e pôr-lhe-ás o nome de Jesus; porque ele salvará o povo dos seus pecados» (Mt 1, 20-21).

– José ensina-nos a deixar-nos orientar por Deus com obediência voluntária.

Segunda-feira, 23 de Dezembro: deixar-se amar.

– «Deus, com efeito, nunca terminou de nos criar. Mantém húmido sob o seu polegar o barro humano e molda-o e torna a moldá-lo à semelhança da ideia que traz em Si mesmo».

– «Não temas, porque eu te resgatei e te chamei pelo teu nome: tu és meu» (Is 43,1).

– Com Zacarias, deixo que o Senhor pronuncie sobre mim o meu nome.

Terça-feira 24 de Dezembro: abrir a porta do meu coração.

– «Desde o primeiro despertar da razão, Maria foi Sede de Sabedoria. E, através do despojamento interior, esta nunca mais deixou de crescer dentro dela».

– «Se alguém me tem amor, há de guardar a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada» (Jo 14, 23).

– Abro o meu coração à vinda do Senhor, para que Ele possa vir fazer em mim a sua morada.

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O presépio é como um Evangelho vivo, um Evangelho doméstico

Faltam oito dias para o Natal, e um modo simples de nos prepararmos para ele é fazer o Presépio. Este é como um Evangelho vivo, um Evangelho doméstico nas casas, nas escolas, nos lugares de trabalho e de convívio, nos hospitais, nos cárceres e nas praças. Aí nos recorda uma verdade essencial: Deus não quis ficar invisível no Céu, mas veio à terra, fez-Se homem. Ao armar o Presépio, recordamos esta proximidade de Deus: Deus não é um senhor distante nem um juiz alteroso, mas é amor real, palpitante, que desceu até junto de nós. O Deus Menino transmite-nos a ternura de Deus. Atraindo o nosso olhar para Ele, vemo-Lo pobre de coisas e rico de amor. Isto chama-nos ao essencial: na vida, não conta a quantidade de coisas, mas a qualidade dos sentimentos e afectos. Enquanto a ruína da humanidade deriva do facto de cada um seguir pela sua estrada desinteressando-se dos outros, no Presépio todos convergem para Jesus, Príncipe da paz. Ao seu redor, naquela gruta iluminada pela ternura, reina a harmonia: lá vemos, juntas, pessoas muito diferentes entre si: os Magos e os pastores, os reis e os pobres, as crianças e os idosos. E vemos também a harmonia entre o homem e a criação, com o boi e o burro que dão espaço no seu estábulo a uma pobre família sem-abrigo. Esta imagem artesanal de paz, como é actual no mundo violento de hoje! Pode parecer que o mundo não tenha melhorado; mas de facto há uma novidade; uma só, mas decisiva: Jesus. Na vida do dia-a-dia, não estamos sozinhos; Ele mora connosco. Não muda magicamente as coisas, mas, se O acolhermos, tudo pode mudar. Por isso, desejo a todos que a construção do Presépio seja uma ocasião para convidar Jesus a vir à vossa vida; porque, se Jesus habitar nela, a vida renasce e é verdadeiramente Natal.

Papa Francisco, Audiência Geral (resumo), 18 de Dezembro, 2019

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Obrigada, Senhor

Obrigada, meu Deus. É tanto melhor cair mil vezes, para poder dizer duas mil vezes: “Espero em Ti, Senhor!”. Olha para a minha fraqueza, a minha miséria; só Tu és a minha força. Obrigada, obrigada por me dares a conhecer e a sentir aquilo que sou. Prefiro isto aos milagres. É mais vantajoso para mim. Quereria que todos me vissem cair. Oh! Pobre orgulhosa como sou, com quantas coisas alimentarei o meu orgulho? Senhor, obrigada, de novo, obrigada! 

Santa Maria de Jesus Crucificado

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Advento. Orar em cada dia da semana 3

Segunda-feira, 16 de Dezembro: Olhar com benevolência.

– «Todo o Evangelho nos mostra como é difícil apreciar o dom de Deus e recebê-lo com disponibilidade».

– «Jesus, fitando nele o olhar, sentiu afeição por ele» (Mc 10, 21).

– Interrogo-me: Que olhar de esperança, que bênção escolho eu pousar sobre os meus próximos?

Terça-feira, 17 de Dezembro: Abrir-se à espera.

– «É no coração do instante temporal que o homem degusta um pouco da eternidade».

– «O Espírito e a Esposa dizem: ‘Vem !’Diga também aquele que escuta: ‘Vem !» O que tem sede que se aproxime; e o que deseja, beba gratuitamente da água da vida» (Ap 22, 17).

– O Senhor vem; Ele está muito próximo: Tenho o desejo ardente da sua vinda a este mundo?

Quarta-feira, 18 de Dezembro: Olhar pelo próximo.

– «O mais pequeno dos cristãos tem Deus em si. Nele, sem nem mesmo ter consciência disso, o Pai gera o Seu Filho, o Pai e o Filho respiram o Espírito».

«A voz do meu amado! Ei-lo que chega, correndo pelos montes, saltando pelas colinas. O meu amado é semelhante a um gamo ou a um filhote de gazela. Ei-lo que espera por detrás do muro, olhando pelas janelas, espreitando pelas frinchas» (Cântico dos Cânticos 2, 8-9).

– O Senhor vem, Ele está muito próximo : Como ressoa em mim o Seu Nome: Emanuel?

Quinta-feira, 19 de Dezembro: Escutar a Sua voz.

– «Maria, que se tornou nossa Mãe por direito, desde o instante da Anunciação, gerou-nos de facto ao pé da Cruz, pelo mistério da sua compaixão».

«Minha pomba, nas fendas do rochedo, no escondido dos penhascos, deixa-me ver o teu rosto, deixa-me ouvir a tua voz. Pois a tua voz é doce e o teu rosto encantador» (Ct 2, 14).

– O Senhor vem à minha vida, Ele está muito próximo: pouco importa que eu não saiba como… Serei eu capaz de lhe dar a minha confiança ?

Sexta-feira, 20 de Dezembro: Eis-me aqui, Senhor!

– «Como poderia a Virgem, no seio de uma imensa paz, não ter experimentado, na noite de Natal, tudo aquilo que a Incarnação tem de desestabilizador? Só a sua fé, uma fé pura e imensa, estava à altura do dom de Deus».

«Fala, Senhor, que o teu servo escuta» (1 Sam 3, 10).

– O Senhor vem à minha vida: Ele espera pelo meu Sim. Com Maria, renovo, no segredo do meu coração, o meu «Fiat», com confiança no Seu Amor por mim.

Sábado, 21 de Dezembro: Acolher Maria.

– «Ninguém comungou como Maria este impulso para o Pai que foi a vida interior de Cristo».

«E donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?» (Lc 1, 43).

– O Senhor vem. Como Isabel eu acolho a «visita» de Maria que traz em segredo o Emanuel.

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3º Domingo do Advento – Ano A

Não basta acreditar em Deus: é preciso todos os dias purificar a nossa fé

Neste terceiro Domingo do Advento, chamado “Domingo da alegria”, a Palavra de Deus convida-nos, por um lado, à alegria e, por outro, à consciência de que a existência também inclui momentos de dúvida , nos quais é difícil de acreditar. Alegria e dúvida são experiências que fazem parte da nossa vida.

Ao convite explícito à alegria proclamado pelo profeta Isaías: “Alegrem-se o deserto e o descampado, rejubile e floresça a terra árida”, contrapõe-se no Evangelho a dúvida de João Baptista: “És Tu Aquele que há-de vir, ou devemos esperar outro?”. O profeta vê para além da situação: ele tem diante de si pessoas desencorajadas e abatidas. É a mesma realidade que em todos os tempos põe à prova a fé. Mas o homem de Deus animado pelo Espírito Santo vê mais longe e anuncia a salvação: “Coragem, não temais! Eis o vosso Deus, Ele vem para vos salvar”. E então tudo se transforma: o deserto floresce, o consolo e a alegria tomam posse do coração, os coxos, os cegos e os mudos são curados. É isto o que se realiza com Jesus: “os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, o Evangelho é anunciado aos pobres”.

Esta descrição mostra-nos que a salvação envolve o homem inteiro e o regenera. Mas este novo nascimento, com a alegria que o acompanha, pressupõe sempre a morte a nós mesmos e ao pecado que está em nós. Daí o apelo à conversão, que é a base da pregação tanto de João Baptista como de Jesus; em particular, trata-se de converter a ideia que temos de Deus e o tempo do Advento encoraja-nos a fazê-lo precisamente com a pergunta que João Baptista faz a Jesus: “És Tu Aquele que há-de vir, ou devemos esperar outro?”. Durante toda a sua vida, João esperou pelo Messias; o seu estilo de vida, o seu próprio corpo é moldado por esta expectativa. Também por esse motivo, Jesus elogia-o: ninguém é maior do que ele entre os nascidos de mulher. E, no entanto, ele também teve que se converter a Jesus. Como João, também somos chamados a reconhecer o rosto que Deus escolheu para assumir em Jesus Cristo, humilde e misericordioso.

O Advento é um tempo de graça. Diz-nos que não basta crer em Deus: é necessário purificar a nossa fé todos os dias. Trata-se de preparar-nos para receber não um personagem de conto de fadas, mas o Deus que nos chama, nos envolve, diante do qual temos de fazer uma escolha. O Menino que está no presépio tem o rosto dos nossos irmãos e irmãs mais necessitados, os pobres, que “são os privilegiados deste mistério e, muitas vezes, aqueles que melhor conseguem reconhecer a presença de Deus no meio de nós”.

Papa Francisco, Angelus (resumo), 15 de Dezembro, 2019

 

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