A Sagrada Família de Nazaré estava totalmente disponível para a vontade de Deus
Hoje celebramos a Festa da Sagrada Família de Nazaré. O termo “santo” coloca esta família no contexto da santidade, que é um dom de Deus, mas, ao mesmo tempo, é uma adesão livre e responsável ao plano de Deus. A Sagrada Família de Nazaré estava totalmente disponível para a vontade de Deus.
Surpreende-nos a docilidade de Maria à acção do Espírito Santo que lhe propões para que seja a mãe do Messias, quando ela estava prestes a concretizar o seu projecto de vida, isto é, casar com José. Mas quando percebe que Deus a chama para uma missão específica, ela não hesita em proclamar que é a sua “serva”. Jesus exaltará a sua grandeza não tanto pelo seu papel de mãe, mas pela sua obediência a Deus: “Bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam!”. E quando ela não entende completamente os acontecimentos que a envolvem, Maria medita no silêncio e reflecte e adora a iniciativa divina. A sua presença ao pé da cruz consagra esta total disponibilidade.
No que diz respeito a José, o Evangelho não nos traz uma única palavra: ele não fala, mas age obedecendo. Ele é o homem do silêncio, o homem da obediência. A página do evangelho de hoje lembra três vezes essa obediência do justo José, referente à fuga para o Egipto e ao retorno à terra de Israel. Sob a orientação de Deus, representada pelo anjo, José foge com a sua família das ameaças de Herodes, salvando-a. Deste modo, a Sagrada Família solidariza-se com todas as famílias do mundo forçadas ao exílio, forçadas a abandonar as suas terras por causa da repressão, da violência, da guerra.
Finalmente, a terceira pessoa da Sagrada Família, Jesus. Ele é a vontade do Pai: nele, diz São Paulo, não havia “sim” e “não”, mas apenas “sim”. E isto manifestou-se em muitos momentos da sua vida terrena.
Maria, José, Jesus, a Sagrada Família de Nazaré, representa uma resposta em conjunto à vontade do Pai. Os três membros desta família ajudam-se uns aos outros a descobrir o projecto de Deus. Rezavam, trabalhavam, comunicavam. Devemos reaprender a dialogar em família. Esta é uma tarefa a ser realizada hoje, exactamente no dia da Sagrada Família. Que a Sagrada Família seja o modelo das nossas famílias, para que pais e filhos se apoiem mutuamente na vivência do Evangelho, fundamento da santidade da família.
Papa Francisco, Angelus (resumo), 29 de Dezembro, 2019