Depois do Natal, a liturgia convida-nos a fixar o olhar na Sagrada Família de Jesus, Maria e José. O Filho de Deus, como todas as crianças, quis ter necessidade do calor de uma família. Precisamente por esta razão, porque é a de Jesus, a família de Nazaré é modelo, na qual todas as famílias do mundo podem encontrar o seu seguro ponto de referência e inspiração. Em Nazaré floresceu a primavera da vida humana do Filho de Deus, no momento em que foi concebido por obra do Espírito Santo no ventre virginal de Maria. Na Casa de Nazaré, a infância de Jesus teve lugar na alegria, rodeada pelos cuidados maternais de Maria e de José, na qual Jesus pôde ver a ternura de Deus.
À imitação da Sagrada Família, somos chamados a redescobrir o valor educativo do núcleo familiar: ele deve fundar-se no amor que sempre regenera as relações e abre horizontes de esperança. A comunhão sincera pode ser experimentada na família quando é uma casa de oração, quando os afectos são sérios, profundos e puros, quando o perdão prevalece sobre a discórdia, quando a dureza diária da vida é suavizada pela ternura mútua e pela serena adesão à vontade de Deus. Deste modo, a família abre-se à alegria que Deus concede a todos os que sabem doar alegremente. Ao mesmo tempo, encontra a energia espiritual para se abrir ao mundo exterior, aos outros, ao serviço dos irmãos, à colaboração para a construção de um mundo sempre novo e melhor; por conseguinte, capaz de se tornar portadora de estímulos positivos; a família evangeliza através do exemplo de vida. É verdade, em todas as famílias há problemas, e por vezes até discussões. Mas antes que o dia acabe, faz as pazes. E sabes porquê? Porque a guerra fria do dia seguinte é muito perigosa. Não ajuda. E depois, na família há três palavras, três palavras a conservar para sempre: “com licença”, “obrigado”, “desculpa”. Se numa família, no ambiente familiar, existirem estas três palavras, a família estará bem.
Que a Virgem Maria faça com que as famílias de todo o mundo sejam cada vez mais fascinadas pelo ideal evangélico da Sagrada Família, de modo a tornar-se fermento de nova humanidade e de solidariedade concreta e universal.
Papa Francisco, Angelus (resumo), 27 de Dezembro, 2020
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