Algumas sugestões colhidas dos Magos

Os Magos sugerem-nos que, para encontrar, é necessário procurar; para aprender, faz falta perguntar; para alcançar, impõe-se persistir; para receber, urge saber oferecer; para continuar o caminho de uma vida livre e centrada no essencial, é preciso ter a ousadia de encontrar, sempre e de forma criativa, novos caminhos. Sugestivas indicações para 2021!

Pe. João Alberto Correia

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Domingo da Epifania do Senhor – Ano B

“Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer?” (Mt 2, 2)

Os estudiosos da Escritura do tempo de Jesus conheciam perfeitamente a palavra de Deus. Eram capazes de dizer sem qualquer dificuldade o que se podia encontrar nela a respeito do lugar onde o Messias teria nascido mas, como Santo Agostinho diz: “Aconteceu com eles como com as pedras miliárias (que indicam o caminho): enquanto davam indicações aos romeiros a caminho, eles permaneciam inertes e imóveis” (Sermo 199. In Epiphania Domini, 1, 2).

Então, podemos perguntar-nos: qual é a razão pela qual alguns vêem e encontram, e outros não? O que abre os olhos e o coração? O que falta àqueles que permanecem indiferentes, aos que indicam o caminho, mas não se movem? Podemos responder: a demasiada segurança em si mesmos, a pretensão de conhecer perfeitamente a realidade, a presunção de já ter formulado um juízo definitivo sobre as coisas tornam os seus corações fechados e insensíveis à novidade de Deus. Sentem-se seguros da ideia do mundo que formularam para si mesmos e não se deixam abalar no seu íntimo pela aventura de um Deus que deseja encontrá-los. Depositam a sua confiança mais em si próprios do que nele e não julgam possível que Deus seja tão grande a ponto de se poder tornar pequeno, de se poder aproximar verdadeiramente de nós.

No final, o que falta é a humildade autêntica, que sabe submeter-se ao que é maior, mas também a coragem genuína, que leva a crer naquilo que é verdadeiramente grande, mesmo que se manifeste num Menino inerme. Falta a capacidade evangélica de ser criança no coração, de se admirar e de sair de si mesmo para seguir o caminho indicado pela estrela, o caminho de Deus. Porém, o Senhor tem o poder de nos tornar capazes de ver e de nos salvarmos.

Bento XVI, Homilia, 6 de Janeiro, 2010

 

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Tal Filho (Jesus), tal Mãe (Maria)

Existe melhor cumprimento que dizer a uma mãe: “o seu filho é parecido consigo?” Maria preferia seguramente que lhe dissessem: “É parecida com o seu Filho!” Na Anunciação, ao dizer “faça-se segundo a tua Palavra”, Maria falava a língua do seu Filho que afirmará: “Eu vim para fazer a vontade de meu Pai!” Ao cantar o Magnificat, Maria rezava como o seu Filho Jesus que exclamará: “Pai, Eu te dou graças, porque escondeste estas coisas aos sábios e as revelaste aos mais pequeninos!” Pela sua atenção aos esposos de Canã, Maria levava o olhar do seu Filho Jesus às pessoas que terão necessidade de salvação. Ao pé da cruz, Maria sentia os sofrimentos do seu Filho que dava a maior prova de amor. A sua oração com os apóstolos na manhã de Pentecostes juntava-se ao dom do Espírito concedido pelo seu Filho à sua Igreja. Decididamente, Maria assemelha-se bem ao seu Filho e, assim, a Deus de quem ela é Mãe.

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Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus

Tu, quem quer que sejas e te sintas arrastado pela corrente deste mundo, náufrago da tempestade e da tormenta, sem estribo em terra firme, não apartes a tua vista do resplendor desta estrela se não queres submergir sob as águas. Se se levantam os ventos das tentações, se te vês arrastado contra as rochas do abatimento, olha a estrela, invoca Maria. Se és batido pelas ondas da soberba, da ambição, da maledicência ou da inveja, olha a estrela, invoca Maria. Se a ira ou a avareza ou a sedução carnal sacodem teu espírito, volve teus olhos a Maria. Se angustiado pela enormidade dos teus crimes, ou atordoado pela deformação da tua consciência, ou aterrado pelo pavor do juízo, começa a engolir-te o abismo da tristeza ou o inferno do desespero, pensa em Maria. Se te assalta o perigo, a angústia ou a dúvida, recorre a Maria, invoca Maria. Que a tua boca nunca se feche ao nome de Maria, que não se ausente de teu coração, que não atraiçoes o exemplo da sua vida […].

São Bernardo

No novo ANO DE 2021,O Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. O Senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz” (Num 6, 24-26).

 

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A oração de acção de graças

No Evangelho de São Lucas, lê-se que dez leprosos vão ao encontro do Senhor implorando: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!”. Nosso Senhor escuta o seu grito e envia-os aos sacerdotes, que tinham a função de comprovar a realidade da cura. No caminho, todos os dez ficam curados, e aqui vem o ponto mais importante: somente um retorna para agradecer a Jesus. Esta narrativa, por assim dizer, divide as pessoas em dois tipos: aquelas que não agradecem e aquelas que agradecem; aquelas que recebem tudo como algo que lhes fosse devido, e aquelas que acolhem tudo como dom, como graça. A oração de agradecimento começa sempre a partir do reconhecimento de que fomos precedidos pela graça. Alguém pensou em nós, antes que pudéssemos pensar; fomos amados antes que pudéssemos amar; fomos desejados antes que o nosso coração fosse capaz de expressar um desejo. Se olhamos para a vida deste modo, então o “obrigado” torna-se o tema-guia das nossas jornadas. Para nós, cristãos, a acção de graças deu nome ao mais essencial dos sacramentos: a Eucaristia. De facto, o vocábulo grego significa precisamente isto: agradecimento. Os cristãos, como todos os demais crentes, bendizem a Deus pelo dom da vida. Viver é antes de tudo ter recebido um dom. Este “obrigado” que o cristão compartilha com os demais, dilata-se ainda mais no encontro com Jesus, como nos atesta o episódio dos dez leprosos curados. Naturalmente todos experimentavam a alegria de ter sido curados, de poder sair daquela interminável quarentena à qual eram forçados, mas houve um que a esta alegria uniu outra: a de ter encontrado Jesus. Não somente foi libertado do mal, mas possui agora a certeza de ser amado. De igual modo, procuremos sempre a alegria do encontro com Jesus e, sobretudo, não esqueçamos de agradecer: se somos portadores de gratidão, o mundo torna-se um lugar melhor (Resumo da Audiência Geral do Papa Francisco, 30 de Dezembro, 2020).

Audiência Geral, 30 de Dezembro, 2020

http://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2020/documents/papa-francesco_20201230_udienza-generale.html

 

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Domingo da Sagrada Família – Ano B

Depois do Natal, a liturgia convida-nos a fixar o olhar na Sagrada Família de Jesus, Maria e José. O Filho de Deus, como todas as crianças, quis ter necessidade do calor de uma família. Precisamente por esta razão, porque é a de Jesus, a família de Nazaré é modelo, na qual todas as famílias do mundo podem encontrar o seu seguro ponto de referência e inspiração. Em Nazaré floresceu a primavera da vida humana do Filho de Deus, no momento em que foi concebido por obra do Espírito Santo no ventre virginal de Maria. Na Casa de Nazaré, a infância de Jesus teve lugar na alegria, rodeada pelos cuidados maternais de Maria e de José, na qual Jesus pôde ver a ternura de Deus.

À imitação da Sagrada Família, somos chamados a redescobrir o valor educativo do núcleo familiar: ele deve fundar-se no amor que sempre regenera as relações e abre horizontes de esperança. A comunhão sincera pode ser experimentada na família quando é uma casa de oração, quando os afectos são sérios, profundos e puros, quando o perdão prevalece sobre a discórdia, quando a dureza diária da vida é suavizada pela ternura mútua e pela serena adesão à vontade de Deus. Deste modo, a família abre-se à alegria que Deus concede a todos os que sabem doar alegremente. Ao mesmo tempo, encontra a energia espiritual para se abrir ao mundo exterior, aos outros, ao serviço dos irmãos, à colaboração para a construção de um mundo sempre novo e melhor; por conseguinte, capaz de se tornar portadora de estímulos positivos; a família evangeliza através do exemplo de vida. É verdade, em todas as famílias há problemas, e por vezes até discussões. Mas antes que o dia acabe, faz as pazes. E sabes porquê? Porque a guerra fria do dia seguinte é muito perigosa. Não ajuda. E depois, na família há três palavras, três palavras a conservar para sempre: “com licença”, “obrigado”, “desculpa”. Se numa família, no ambiente familiar, existirem estas três palavras, a família estará bem.

Que a Virgem Maria faça com que as famílias de todo o mundo sejam cada vez mais fascinadas pelo ideal evangélico da Sagrada Família, de modo a tornar-se fermento de nova humanidade e de solidariedade concreta e universal.

Papa Francisco, Angelus (resumo), 27 de Dezembro, 2020

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A pequenez é o caminho da vontade de Deus

Pensei que o Divino Menino tinha muitas outras almas cheias de virtudes sublimes que se intitulavam “os seus brinquedos”, pensei então que elas eram os seus belos brinquedos e que a minha pobre alma era apenas um pequeno brinquedo sem valor… para me consolar, disse para comigo que muitas vezes as crianças se divertem mais com pequenos brinquedos que podem pousar ou apanhar, quebrar ou beijar segundo a sua vontade do que com outros de maior valor que quase não se atrevem a tocar… Então regozijei-me por ser pobre, desejei sê-lo cada vez mais para que Jesus tenha mais gosto em brincar comigo.

Santa Teresa do Menino Jesus

 

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Natal 2020

Na nossa sociedade faz frio. E o Natal é luz e calor! A humanidade enregela sem o Espírito que é fogo. Contra o frio do egoísmo, o calor do amor. Contra o frio da ganância, o calor da generosidade. Contra o frio da indiferença, o fogo da solidariedade. Contra o frio da solidão, o fogo da proximidade. Contra o frio do desencanto, o fogo do ideal (Vasco P. Magalhães, sj).

Oração

Jesus Menino, que posso dizer neste dia cheio de doçura e amor? Só posso contemplar-Te, adorar-Te, e com os Anjos e os Pastores cantar… cantar porque hoje é um dia de alegria infinita e de ternura sem igual. Fizeste-Te como eu, fizeste-Te Um comigo. Que prodígio maior seria possível? Eis-me aqui. Desejo ser pequeno e humilde como Tu para Te acolher na gruta do meu coração e levar-Te aos irmãos, atraí-los à Tua infinita Luz! Assim seja.

 

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Do Advento ao Natal: 26º passo

Dia 26: Que posso desejar de melhor?

Eis o meu Deus e o meu tudo! Que mais quero? E que posso desejar de melhor? Quanto Tu estás presente, tudo é agradável; mas, se estás ausente, já tudo aborrece. Tu fazes tranquilo o coração e dás grande paz e festiva alegria. Tu fazes-nos pensar bem de todas as coisas e em todas as coisas te louvar, e, sem ti, nada pode agradar por muito tempo; pois que, se algo é grato e sabe bem, tem de ser presente a tua graça e de ser temperado com o sal da tua sabedoria.

Resolução: Fazer crescer o meu afeto por Deus, dizendo, de coração, «meu Deus e meu tudo».

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Do Advento ao Natal: 25º passo

Dia 25: Purificar a intenção

Quanto mais puro de intenção for o olhar, tanto mais firmemente caminhará entre as procelas. Mas em muitos se tolda o olhar da pura intenção e depressa se fixa em algo de agradável que suceda; e, assim, é raro aquele que se encontra totalmente livre da mancha da procura de si mesmo. Assim tinham vindo dantes os judeus a Betânia, a casa de Marta e de Maria, não tanto por causa de Jesus, mas para verem Lázaro. Portanto, deve-se purificar a intenção, para que seja simples e reta, e dirigi-la a mim, para além de tudo o que se interpõe.

Resolução: Agradar a Deus em todas as coisas.

 

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