A oração de acção de graças

No Evangelho de São Lucas, lê-se que dez leprosos vão ao encontro do Senhor implorando: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!”. Nosso Senhor escuta o seu grito e envia-os aos sacerdotes, que tinham a função de comprovar a realidade da cura. No caminho, todos os dez ficam curados, e aqui vem o ponto mais importante: somente um retorna para agradecer a Jesus. Esta narrativa, por assim dizer, divide as pessoas em dois tipos: aquelas que não agradecem e aquelas que agradecem; aquelas que recebem tudo como algo que lhes fosse devido, e aquelas que acolhem tudo como dom, como graça. A oração de agradecimento começa sempre a partir do reconhecimento de que fomos precedidos pela graça. Alguém pensou em nós, antes que pudéssemos pensar; fomos amados antes que pudéssemos amar; fomos desejados antes que o nosso coração fosse capaz de expressar um desejo. Se olhamos para a vida deste modo, então o “obrigado” torna-se o tema-guia das nossas jornadas. Para nós, cristãos, a acção de graças deu nome ao mais essencial dos sacramentos: a Eucaristia. De facto, o vocábulo grego significa precisamente isto: agradecimento. Os cristãos, como todos os demais crentes, bendizem a Deus pelo dom da vida. Viver é antes de tudo ter recebido um dom. Este “obrigado” que o cristão compartilha com os demais, dilata-se ainda mais no encontro com Jesus, como nos atesta o episódio dos dez leprosos curados. Naturalmente todos experimentavam a alegria de ter sido curados, de poder sair daquela interminável quarentena à qual eram forçados, mas houve um que a esta alegria uniu outra: a de ter encontrado Jesus. Não somente foi libertado do mal, mas possui agora a certeza de ser amado. De igual modo, procuremos sempre a alegria do encontro com Jesus e, sobretudo, não esqueçamos de agradecer: se somos portadores de gratidão, o mundo torna-se um lugar melhor (Resumo da Audiência Geral do Papa Francisco, 30 de Dezembro, 2020).

Audiência Geral, 30 de Dezembro, 2020

http://www.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2020/documents/papa-francesco_20201230_udienza-generale.html