A sabedoria dos idosos: aprender a despedir-se

Sem dúvida, esta nova época (velhice) é também um tempo de provação. Começando pela tentação – muito humana, indubitavelmente, mas também muito insidiosa – de preservar o nosso protagonismo. E às vezes o protagonista deve diminuir, deve abaixar-se, aceitar que a velhice te abaixe como protagonista. Mas terás outro modo de te exprimires, outra maneira de participar na família, na sociedade, no grupo de amigos. (…)

Nós, idosos, não deveríamos ter inveja dos jovens que percorrem o seu caminho, que ocupam o nosso lugar, que duram mais do que nós. A honra da nossa fidelidade ao amor jurado, a fidelidade ao seguimento da fé que acreditamos, até nas condições que nos aproximam mais da despedida da vida, são o nosso título de admiração pelas gerações vindouras e de reconhecimento grato da parte do Senhor. Aprender a despedir-se: esta é a sabedoria dos idosos. Mas despedir-se bem, com o sorriso; aprender a despedir-se na sociedade, a despedir-se com os outros. A vida do ancião é uma despedida lenta, lenta, mas uma despedida jubilosa: vivi a vida, conservei a minha fé. Isto é bonito, quando um idoso pode dizer assim: “Vivi a vida, esta é a minha família; vivi a vida, fui pecador, mas também pratiquei o bem”. E a paz que nasce é a despedida do idoso.

Papa Francisco, Audiência geral, 22 de Junho, 2022

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Carregar a cruz

Que significa carregar a cruz? Não se trata de ser masoquistas e comprovar até aonde conseguimos aguentar o sofrimento. Na cruz vemos a nossa capacidade de amar gratuita e incondicionalmente e até aonde estamos dispostos a compartilhar, acompanhar e consolar o nosso próximo.

Míċeál O’Neill, O. Carm.

«Se alguém quer vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me» (v. 23). Não se trata de uma cruz ornamental, nem de uma cruz ideológica, mas da cruz da vida, da cruz do próprio dever, da cruz do sacrifício pelo próximo com amor — pelos pais, pelos filhos, pela família, pelos amigos e até pelos inimigos — da cruz da disponibilidade a sermos solidários com os pobres e a comprometer-nos a favor da justiça e da paz. Quando assumimos esta atitude, estas cruzes, perdemos sempre algo. Nunca devemos esquecer-nos que «quem perder a própria vida [por Cristo], salvá-la-á» (v. 24). Trata-se de um perder para ganhar. (…) Mediante o seu Espírito Santo, Jesus dá-nos a força de ir em frente no caminho da fé e do testemunho: fazer aquilo em que cremos; não dizer uma coisa e fazer outra.

Papa Francisco, Angelus, 19 de Junho, 2016

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E vós, quem dizeis que eu sou?

«Quem é Jesus para cada um de nós?». (…) Somos chamados a fazer da resposta de Pedro a nossa resposta, professando com alegria que Jesus é o Filho de Deus, a Palavra eterna do Pai que se fez homem para redimir a humanidade, derramando sobre ela a abundância da misericórdia divina. O mundo precisa mais do que nunca de Cristo, da sua salvação, do seu amor misericordioso. Muitas pessoas sentem um vazio ao seu redor e dentro de si — talvez, às vezes, até nós — e outras vivem na inquietação e na insegurança por causa da precariedade e dos conflitos. (…) Em Cristo, somente nele, é possível encontrar a paz verdadeira e o cumprimento de todas as aspirações humanas. Jesus conhece o coração do homem como ninguém. É por isso que o pode curar, instilando-lhe vida e consolação.

Papa Francisco, Angelus, 19 de Junho, 2016

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Solenidade da Santíssima Trindade 2022

Celebrar a Santíssima Trindade não é tanto um exercício teológico, mas uma revolução no nosso modo de viver. Deus, em quem cada Pessoa vive para a outra em contínua relação, não para si mesma, estimula-nos a viver com os outros e para os outros. Hoje podemos perguntar se a nossa vida reflecte o Deus em quem acreditamos: eu, que professo a fé em Deus Pai e Filho e Espírito Santo, acredito realmente que para viver preciso dos outros, preciso de me doar aos outros, preciso de servir os outros? Afirmo isto com palavras ou com a vida?
O Deus trino e único, queridos irmãos e irmãs, deve ser mostrado assim, com acções antes das palavras. Deus, que é o autor da vida, é transmitido menos através dos livros e mais através do testemunho de vida.
Ele que, como escreve o evangelista João, “é amor” (1 João 4,16), revela-se através do amor. Pensemos nas pessoas boas, generosas e mansas que conhecemos: lembrando a sua maneira de pensar e agir, podemos ter um pequeno reflexo de Deus-Amor. E o que quer dizer amar? Não apenas querer o bem e fazer o bem, mas antes de tudo, na raiz, acolher os outros, dar lugar aos outros, dar espaço aos outros.
Não somos ilhas, estamos no mundo para viver à imagem de Deus: abertos, necessitados dos outros e necessitados de ajudar os outros.

Papa Francisco, Angelus, 12 de Junho, 2022

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Do património do Carmelo

É próprio da Ordem do Carmo, ainda que seja uma Ordem mendicante de vida activa e que vive no meio do povo, conservar uma grande estima pela solidão e o desapego do mundo, considerando a solidão e a contemplação como a melhor parte da sua vida espiritual.

São Tito Brandsma

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Junho, mês do Sagrado Coração de Jesus

Coração de Jesus, eu confio em vós, mas aumentai a minha confiança. Vós dissestes: “Pedi e recebereis”. Confiando nas vossas promessas, venho pedir a vossa ajuda. Vós estais mais interessado na nossa felicidade do que nós mesmos. Por isso ponho em vosso Coração os meus pedidos, as minhas preocupações, os meus sofrimentos e as minhas esperanças.
Coração de Jesus, eu confio em Vós, mas aumentai a minha confiança. Jesus, manso e humilde de coração, fazei o meu coração semelhante ao vosso.

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Solenidade de Pentecostes

Espírito Santo, que procedeis do Pai e do Filho, vinde a nós.
Divino Espírito, igual ao Pai e ao Filho, vinde a nós.
A mais terna e generosa promessa do Pai, vinde a nós.
Dom do Deus altíssimo, vinde a nós.
Raio de luz celeste, vinde a nós.
Autor de todo o bem, vinde a nós.
Fonte de água viva, vinde a nós.
Fogo consumidor, vinde a nós.
Unção espiritual, vinde a nós.
Espírito de amor e verdade, vinde a nós.
Espírito de sabedoria e inteligência, vinde a nós.
Espírito de conselho e fortaleza, vinde a nós.
Espírito de ciência e piedade, vinde a nós.
Espírito de temor ao Senhor, vinde a nós.
Espírito de graça e oração, vinde a nós.
Espírito de paz e doçura, vinde a nós.
Espírito de modéstia e pureza, vinde a nós.
Espírito consolador, vinde a nós.
Espírito santificador, vinde a nós.
Espírito que governais a Igreja, vinde a nós.
Espírito que encheis o universo, vinde a nós.
Espírito de acréscimo de filhos de Deus, vinde a nós.
Espírito Santo, atendei-nos.
Vinde renovar a face da terra.
Derramai a Vossa luz no vosso espírito.
Gravai a Vossa lei no nosso coração.
Abrasai o nosso coração no fogo do Vosso amor.
Abri-nos o tesouro das Vossas graças.
Ensinai-nos como quereis que a peçamos.
Iluminai-nos pelas Vossas celestes inspirações.
Concedei-nos a ciência que é a única necessária.
Formai-nos na prática do bem.
Dai-nos os merecimentos das Vossas virtudes.
Fazei-nos perseverar na justiça.
Sede Vós a recompensa eterna.
Enviai, Senhor,  o Vosso Espírito e tudo será criado. E renovareis a face da terra.

 

 

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A caminho da solenidade de Pentecostes – 3

O Espírito liberta os espíritos paralisados pelo medo. Vence as resistências. A quem se contenta com meias medidas, propõe ímpetos de doação. Dilata os corações mesquinhos. Impele ao serviço quem se desleixa na comodidade. Faz caminhar quem sente ter chegado. Faz sonhar quem sofre de tibieza. Esta é a mudança do coração. Muitos prometem estações de mudança, novos começos, renovações portentosas, mas a experiência ensina que nenhuma tentativa terrena de mudar as coisas satisfaz plenamente o coração do homem. A mudança do Espírito é diferente: não revoluciona a vida ao nosso redor, mas muda o nosso coração; não nos livra dum momento para o outro dos problemas, mas liberta-nos dentro para os enfrentar; não nos dá tudo imediatamente, mas faz-nos caminhar confiantes, sem nos deixar jamais cansar da vida. O Espírito mantém jovem o coração, uma renovada juventude. A juventude, apesar de todas as tentativas para a prolongar, mais cedo ou mais tarde passa; ao contrário, é o Espírito que impede o único envelhecimento maléfico: o interior. E como faz? Renovando o coração, transformando-o de pecador em perdoado. Esta é a grande mudança: de culpados que éramos, faz-nos justos e assim tudo muda, porque, de escravos do pecado, tornamo-nos livres; de servos, filhos; de descartados, preciosos; de desanimados, esperançosos. Deste modo, o Espírito Santo faz renascer a alegria, assim faz florescer no coração a paz.

Papa Francisco, Homilia, 20 de Maio, 2018 

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A caminho da solenidade de Pentecostes – 2

Podemos interrogar-nos: «O que é que nos une, em que se baseia a nossa unidade?» Também entre nós existem diversidades, por exemplo de opinião, preferência, sensibilidade. A tentação, porém, é defender sempre de espada desembainhada as nossas ideias, considerando-as boas para todos e pactuando apenas com quem pensa como nós. E esta é uma tentação ruim, que divide. Mas, esta é uma fé à nossa imagem, não é aquilo que deseja o Espírito. Nesse caso, poder-se-ia pensar que aquilo que nos une fossem as próprias coisas em que acreditamos e os próprios comportamentos que adotamos. Mas não! Há muito mais: o nosso princípio de unidade é o Espírito Santo. E a primeira coisa que Ele nos lembra é que somos filhos amados de Deus; nisto, todos iguais e, todavia, somos todos diferentes. O Espírito vem a nós, com todas as nossas diversidades e misérias, para nos dizer que temos um só e mesmo Senhor, Jesus, um só e mesmo Pai; por isso, somos irmãos e irmãs. Partamos daqui! Olhemos a Igreja como faz o Espírito, não como faz o mundo. O mundo vê-nos de direita e de esquerda, com esta ideologia, com aquela; o Espírito vê-nos do Pai e de Jesus. O mundo vê conservadores e progressistas; o Espírito vê filhos de Deus. O olhar do mundo vê estruturas, que se devem tornar mais eficientes; o olhar espiritual vê irmãos e irmãs implorando misericórdia. O Espírito ama-nos e conhece o lugar de cada um no todo: para Ele não somos papelinhos coloridos levados pelo vento, mas ladrilhos insubstituíveis do seu mosaico.

Papa Francisco, Homilia, 31 de Maio, 2020

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A caminho da solenidade de Pentecostes -1

– Permanecer juntos foi a condição exigida por Jesus para receber o dom do Espírito Santo; pressuposto da sua concórdia foi uma oração prolongada. Desta forma, encontramos delineada uma formidável lição para cada comunidade cristã. (Bento XVI, Homilia, 4 de Junho, 2006).

– No Pentecostes, a Igreja é constituída não por uma vontade humana, mas pela força do Espírito de Deus. E é imediatamente claro como este Espírito dá vida a uma comunidade que é uma só e, ao mesmo tempo, universal, superando deste modo a maldição de Babel (cf. Gn 11, 7-9). Com efeito somente o Espírito Santo, que cria unidade no amor e na aceitação recíproca das diversidades, pode libertar a humanidade da tentação constante de uma vontade de poder terreno que quer dominar e uniformizar tudo. (Bento XVI, Homilia, 11 de Maio, 2008).

– Se quisermos que o Pentecostes não se reduza a um simples rito ou a uma comemoração até muito sugestiva, mas seja um acontecimento actual de salvação, temos que nos predispor em expectativa religiosa do dom de Deus, mediante a escuta humilde e silenciosa da sua Palavra. A fim de que o Pentecostes se renove no nosso tempo, talvez seja necessário —  sem nada tirar à liberdade de Deus —  que a Igreja esteja menos “angustiada” com as actividades e mais dedicada à oração. (Bento XVI, Homilia, 31 de Maio, 2009).

–  (…) o Espírito Santo anima a Igreja. Ela não deriva da vontade humana, da reflexão, da habilidade do homem e/ou da sua capacidade organizativa, porque se fosse assim, ela já se teria extinguido há muito tempo, do mesmo modo como passam todas as realidades humanas. Ela, a Igreja, ao contrário, é o Corpo de Cristo, animado pelo Espírito Santo. (Bento XVI, 12 de Junho, 2011).

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