Caminhar com Maria – VIII

A fé de Maria

A fé de Maria aceita as obscuridades, as dificuldades, os sofrimentos. Aceita sobretudo não entender, mas sem mostrar a preocupação pelo amanhã: o Senhor é quem indica o caminho no momento certo. Fé pura, sem angústias sem resignação, mas vivida em adesão total (Gabriel Amorth).

Se a nossa fé é débil acorramos a Maria. Conta São João que pelo milagre das bodas de Caná, que Cristo realizou a pedido de sua Mãe, os seus discípulos acreditaram n’Ele. A nossa Mãe intercede sempre diante de seu Filho para que nos atenda e se nos mostre, de tal modo, que possamos confessar: Tu és o Filho de Deus .

Oração: Ó Deus, a Tua Palavra é luz verdadeira para os nossos passos, alegria e paz para os nossos corações. Concede-nos a graça de que, iluminados pelo Teu Espírito, a acolhamos com fé viva, a fim de que possamos descortinar na escuridão dos acontecimentos humanos os sinais da Tua presença. Por Cristo Senhor nosso. Amen.

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Caminhar com Maria – VII

Maria nas bodas de Caná

Deus não quer que nada tenhamos que não passe pelas mãos de Maria (São Bernardo).

São João conserva no seu Evangelho uma frase maravilhosa da Virgem nas bodas de Caná. Não narra o evangelista, que dirigindo-se aos serventes, Maria lhes disse: “Fazei tudo o que ele vos disser?”. Disso se trata: de levar as almas a colocarem-se diante de Jesus e perguntarem: Senhor, que queres que eu faça?

Oração: Minha Divina Mãe, poderosa intercessora, ao teu pedido o teu Filho respondeu “A minha hora ainda não chegou” (Jo 2, 4). E tu adiantaste o relógio de Deus em favor dos noivos de Caná. E o milagre realizou-se, pontualmente, dentro do horário previsto por ti. As mães são as únicas pessoas que podem dispor sempre das horas dos seus filhos porque têm a corda do relógio, que é o coração do filho. Por isso é que te chamamos “omnipotente suplicante” porque é impossível que o teu Filho diga não às tuas súplicas. Porque és nossa Mãe a tua hora é: “sempre”.

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Caminhar com Maria – VI

A vida oculta em Nazaré

Devemos olhar-nos muitas vezes em Maria e pedir-lhe que nos mostre Jesus não só mais tarde no céu, mas já agora, para que tenhamos os olhos fixos n’Ele (Tito Brandsma).

É bom recordar os anos em que Jesus permaneceu junto de sua Mãe, que abarcam quase toda a vida de Nosso Senhor neste mundo. Vê-lo pequeno, quando Maria cuida dele e o beija e o entretém. Vê-lo crescer, ante os olhos enamorados de sua Mãe e de José, seu pai na terra. Com que ternura e delicadeza Maria e o Santo Patriarca se preocupavam com Jesus durante a sua infância e, em silêncio, aprendiam muito e constantemente com Ele. As suas almas iam fazendo a alma daquele Filho, Homem e Deus. Por isso Maria e, depois dela, José, conhecem como ninguém os sentimentos do Coração de Cristo, e os dois são o melhor caminho para chegar ao Salvador.

Oração: Ó Santa Família de Nazaré, comunidade de amor de Jesus, Maria e José, modelo ideal de toda a família cristã, a vós confiamos as nossas famílias. Abri o coração de cada um dos lares domésticos à fé, ao acolhimento da palavra de Deus, ao testemunho cristão, para que se tornem fontes de novas e santas vocações.

Orientai a mente dos pais para que com solícita caridade, sábio cuidado e amorosa piedade, sejam para os filhos guias seguros em ordem aos bens espirituais e eternos. Suscitai no espírito dos jovens uma consciência recta e uma vontade livre, para que “crescendo em sabedoria, estatura e graça”, acolham generosamente o dom da vocação divina.

Santa Família de Nazaré, fazei que todos nós, contemplando e imitando a oração assídua, a obediência generosa, a pobreza digna e a pureza virginal em vós vividas, nos disponhamos a cumprir a vontade de Deus e a acompanhar com prudente delicadeza os que entre nós são chamados a seguir de perto o Senhor Jesus, que por nós “se entregou a si mesmo”. Amen.

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Caminhar com Maria – V

Maria recebe os reis magos

A Virgem Maria, quanto mais sentia estar “cheia de graça”, mais se humilhava, pois lembrava-se que era tudo dom de Deus (Santo Afonso Maria de Ligório).

Entrando na casa, viram o Menino com Maria sua Mãe. Nossa Senhora não se separa do seu Filho. Os Reis Magos não são recebidos por um rei recostado no seu trono, mas por um Menino nos braços da sua Mãe. Peçamos à Mãe de Deus, que é Nossa Mãe, que nos prepare o caminho que conduz ao amor pleno. O seu doce coração conhece o caminho mais seguro para encontrar Cristo.

Oração: Concede-me, Rainha dos Céus, que o meu coração nunca perca o temor e o amor pelo teu Filho; que por tantos benefícios recebidos, não pelos meu méritos, mas pela grandeza da sua piedade, não deixe de o louvar com humildes acções de graça; que à inumerável sucessão de faltas cometidas suceda uma leal e sincera confissão e um doloroso e firmíssimo arrependimento e, por fim, consiga merecer a sua graça e a sua misericórdia.

Peço-te também, porta do Céu e Advogada dos pecadores, que nunca me afaste e desvie da fé, que nas horas difíceis me mantenha abraçado a ela, e se o inimigo reforçar as suas astúcias não me abandone a tua misericórdia e a tua grande piedade, pela confiança que tenho em ti, alcança-me do teu Filho o perdão de todos os meus pecados e que viva e morra saboreando as delícias do teu santo amor.

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Caminhar com Maria – IV

Maria apresenta jesus no Templo

É necessário que o Salvador gerado da Virgem sem mancha seja acolhido num coração não corrompido; e como Maria O trouxe ilibada, também a nossa alma o guarde sem pecado (S. Máximo de Turim)

Mestra da caridade. Recordemos a cena da apresentação de Jesus no templo. O ancião Simeão assegurou a Maria, sua Mãe: vê, este Menino está destinado para a ruína e para a ressurreição de muitos em Israel e para ser  causa de contradição; para ti será mesmo uma espada que trespassará a tua alma, a fim de que se tornem descobertos os pensamentos ocultos nos corações de muitos. A imensa caridade de Maria pela humanidade faz com que cumpra, também nela, a afirmação de Cristo: ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos.

Oração a Nossa Senhora pelas crianças: Ó Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe Santíssima, abençoai as nossas crianças, que vos são confiadas. Guardai-as com cuidado maternal, para que nenhuma delas se perca. Defendei-as contra as ciladas do inimigo e contra os escândalos do mundo, para que sejam sempre humildes, mansas e puras. Ó nossa Mãe, Mãe de misericórdia, rogai por nós e, depois desta vida, mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre. Ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre virgem Maria.

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Caminhar com Maria – III

O nascimento do Menino Jesus

Duas coisas devemos aprender na escola de Maria: possuir Cristo e dar Cristo (F. Chamot).

Jesus Cristo Deus-Homem. Uma das maravilhas de Deus, que temos de meditar e que temos de agradecer a este Senhor que veio trazer a paz à Terra, aos homens de boa vontade. A todos os homens que querem unir a sua vontade à Vontade de Deus. Nem só aos ricos nem só aos pobres, mas a todos os homens, a todos os irmãos! Somos todos irmãos em Jesus, filhos de Deus: a sua Mãe é a nossa Mãe.

Oração da mãe que espera um filho: Eu Vos glorifico, Pai celeste, Deus criador, porque fizestes em mim grandes coisas e vai nascer de mim um filho, fruto de um amor que abençoastes. Jesus, Filho de Deus, que me permitistes adorar-Vos pequenino no presépio, eu Vos ofereço o meu filhinho, Vosso irmão. Enriquecei-o com os belos dons da natureza e da graça. Que na terra seja a nossa alegria, e na eternidade, a vossa glória! Espírito Santo, cobri-me com a vossa sombra durante estes benditos meses de espera, a fim de que nada possa acontecer de mau ao meu filhinho e que a sua alma esteja pronta a tornar-se vosso santuário pelo Baptismo. E vós, Maria, Rainha das mães, assisti-me na hora do nascimento do meu filho. Aceito desde já, todos os sofrimentos que vierem e peço-vos que os ofereçais a Deus pelo meu filho. Meu santo anjo da guarda, santo anjo da guarda do meu filho, velai sobre nós os dois. Amen.

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Caminhar com Maria – II

Maria é o nosso exemplo na vida simples do quotidiano 

Querer bem a Maria e não imitá-la pouco aproveita (S. João de Ávila).

Não esqueçamos que a quase totalidade dos dias que Nossa Senhora passou na terra transcorreram de uma maneira muito parecida ao dia-a-dia de milhões de mulheres, ocupadas no cuidado da família, na educação dos filhos, no fazer as tarefas do lar. Maria santifica o mais simples, o que muitos consideram erradamente como não transcendente e sem valor: o trabalho de cada dia, os pormenores de atenção aos outros, as conversas e visitas aos parentes ou amigos. Bendita normalidade que pode estar cheia de tanto amor de Deus!

Oração: Sei que em Nazaré, Mãe cheia de graça, viveste pobremente, não querendo nada mais, nem arroubamentos, nem milagres, nem êxtases, embelezam a tua vida, ó Rainha dos Eleitos!… O número dos pequenos é bem grande na terra. Eles podem sem receio erguer os olhos para ti. É pela via comum, incomparável Mãe, que te apraz  caminhar guiando-os para o Céu (Santa Teresinha do Menino Jesus).

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Caminhar com Maria – I

A Encarnação: Maria converte-se no primeiro sacrário

Eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra (Lc 1, 38)

Se procurais Maria, encontrareis Jesus. E aprendereis a entender um pouco o que há nesse coração de Deus que se abaixa, que renuncia a manifestar o seu poder e a sua majestade para aparecer em forma de escravo. Falando de modo humano, podemos dizer que Deus se excede, pois não se limita ao que seria essencial ou imprescindível para nos salvar, mas vai mais além. A única norma ou medida que nos permite compreender de algum modo essa maneira de agir de Deus é darmo-nos conta de que carece de medida: nasce de uma loucura de amor, que o leva a assumir a nossa carne e a carregar com os nossos pecados.

Oração: Santa Maria, Mãe de Deus, conservai em mim um coração de criança, puro e límpido como a água da fonte. Dai-me um coração simples, que não se incline a ruminar as próprias tristezas; um coração magnânimo no doar-se, dócil à compaixão, um coração fiel e generoso que não esqueça nenhum bem e não guarde rancor de nenhum mal. Criai em mim um coração doce e humilde, que ame sem exigir retribuição, alegre em esconder-se noutros corações, sacrificando-se diante do vosso Divino Filho. Dai-me um coração grande e indomável que nenhuma ingratidão possa fechar e nenhuma indiferença possa cansar; um coração atormentado pela glória de Jesus Cristo, ferido pelo Seu amor com uma ferida que não possa  ser cicatrizada senão no céu. Amen.

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O Amor solidário de Jesus para com os perseguidos por causa da justiça

Como dissemos anteriormente, a maior injustiça na época de Jesus era a falsa imagem de Deus que a religião oficial comunicava ao povo: um Deus severo, juiz que ameaçava com castigo e condenava. Por causa desta falsa imagem de Deus, a própria vida humana era falsificada e aparecia de um jeito que já não correspondia mais ao projeto de Deus. Em vez de abrir a porta do Reino, a religião parecia querer fechá-la. Jesus dizia: “Vocês fecham o Reino do Céu para os homens. Nem vocês entram, nem deixam entrar aqueles que o desejam” (Mt 25,13).

Jesus não aguentava esse tipo de religião que, em nome da lei de Deus mal interpretada, matava na alma do povo a alegria de viver. Ele não veio para condenar o mundo, mas sim para salvá-lo (Jo 12,47). Jesus anunciava a Boa Notícia de um Deus amoroso e solidário que acolhe e salva e não a notícia triste de um Deus severo que condena e castiga. Ele dizia: “Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, e sim para que o mundo seja salvo por meio dele” (Jo 3,17). Jesus irradiava este amor solidário em atitudes bem concretas para com os pobres, os mansos, os aflitos, os que tinham fome e sede de justiça, os que buscavam ter misericórdia com os miseráveis, os que buscavam ver e experimentar a presença de Deus na vida, os que lutavam pela paz.

Por causa deste seu amor à justiça, Jesus foi criticado e perseguido. Quando perdoou o paralítico, foi criticado (Mc 2,6-7). Quando foi jantar na casa do publicano Levi, foi reprovado (Mc 2,16). Quando num sábado curou o cego de nascimento, foi denunciado (Jo 5,16). Quando comia sem lavar as mãos, era ridicularizado (Mt 15,2). Tentaram desmoralizá-lo dizendo que ele era um possesso (Mc 3,22), um comilão e beberrão (Mt 11,19), um louco (Mc 3,21), um pecador (Jo 9,24), um blasfemo (Mc 14,64). Quando Jesus desafiou as autoridades e dizia que a maneira de elas interpretarem a Lei de Deus era contrária à vontade de Deus, elas decidiram matá-lo (Mc 3,6).

Jesus sabia que não conseguiria mudar a cabeça dos líderes do povo. Sabia que a sua fidelidade ao Deus amoroso que acolhe a todos como filhos e filhas seria interpretada como heresia e que o seu destino seria prisão, tortura e morte de cruz. As profecias sobre o Servo de Javé não deixavam dúvida a este respeito (cf. Is 50,6; 53,3-10). Se quisesse, Jesus poderia ter escapado da morte. Mas Jesus não quis escapar. “Pai, não se faça a minha, mas a tua vontade!” (Lc 22,42). Até o último respiro da sua vida, ele continuou revelando a face do Deus amor aos excluídos. Era esta sua obediência radical ao Pai, que o levava a desobedecer às autoridades religiosas do seu tempo.

Por este seu jeito de ser e pelo testemunho de sua vida, Jesus encarnava o amor de Deus e o revelava ao povo e aos discípulos (Mc 6,31; Mt 10,30; Lc 15,11-32). Revelando o Pai em gestos bem concretos, Jesus revelava ao mesmo tempo a podridão do sistema. Por isso era perseguido, mas mesmo perseguido, Jesus estava em paz. Esta atitude de paz frente à perseguição era o Reino Deus presente em Jesus. Ele queria que todos os perseguidos pudessem ter esta mesma experiência do Reino. Por isso dizia: “Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do céu!”

Foi esta a Boa Nova do amor solidário de Deus que Jesus viveu e irradiou durante os três anos que andou pela Galileia anunciando o Reino de Deus. Sua mensagem desagradou aos poderosos e eles o prenderam, condenaram e mataram na cruz. Mas Deus o ressuscitou, confirmando-o diante dos discípulos por meio de muitas aparições (1Cor 15,3-8). O resumo são as oito bem-aventuranças.

Carlos Mesters, O. Carm.

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O Amor solidário de Jesus para com os que lutam pela Paz

A construção da Paz começa nas coisas miúdas como desejar um “Bom Dia!”, e só terminará quando o mundo estiver reconstruído: sem guerra, sem fome, sem doenças, sem injustiça, sem opressão, todos vivendo como irmãos e irmãs, uns dos outros. Este é o objetivo da construção da Paz, da Paz completa. SHALÔM. A Paz é como uma casa para morar: ela é construída tijolo por tijolo. Quem não cuida do tijolo, nunca terá casa para morar. Qual é o tijolo que serve para construir a casa da Paz?

A vida de Jesus é uma amostra de como ser construtor de paz. Onde havia ódio, levava o amor; onde havia ofensa, levava o perdão; onde havia discórdia, levava a união; onde havia dúvida, levava a fé; onde havia erro, levava a verdade; onde havia desespero, leva a esperança; onde havia ofensa, levava o perdão; onde havia tristeza, levava a alegria; onde havia injustiça, levava a justiça e o direito; onde havia trevas, levava a luz.

Aos discípulos amedrontados dizia: “A paz esteja com vocês!” Soprou sobre eles dizendo: “Recebam o Espírito Santo!”, e deu a eles e a todos nós o poder de perdoar e de reconciliar (Jo 20,21-23). E quando os enviou em missão, não permitia levar nada, a não ser uma única coisa: a Paz. E quando chegavam em algum lugar, eles deviam dizer: “A Paz esteja nesta casa!” (Lc 10,5). Assim começou e recomeça o processo da Paz que reverte o processo do ódio, da confusão, da discórdia, da ofensa, da destruição, iniciado com Adão e Eva (Gn 2,1-7), com Caim e Lamec, (Gn 4,8.24), com o Dilúvio (Gn 6,13-17) e a Torre de Babel (Gn 11,1-9). Assim recomeça sempre a reconstrução do Paraíso Terrestre da Paz.

Não se começa a construção da casa pelo telhado, mas pelo alicerce. Qual o alicerce da casa da Paz? É a reconstrução do relacionamento humano entre as pessoas, bem na base, para que possa nascer e renascer a vida em comunidade. No tempo de Jesus, o povo esperava que o profeta Elias voltasse “para reconduzir o coração dos pais para os filhos e o coração dos filhos para os pais” (Ml 3,23-24). Eles esperavam que fosse refeito o tecido básico da convivência humana, pois sem este alicerce, o resto não teria consistência. Seria construir a casa em cima da areia (cf Mt 7,26).

O que Jesus mais fez foi exatamente isto: refazer a vida comunitária nos povoados da Galileia. Conforme o Evangelho de Marcos, a primeira coisa que Jesus fez foi chamar discípulos para formar comunidade com eles (Mc 1,16-20; 3,14). Ao redor dele nascia a nova fraternidade, expressão do amor solidário de Deus, fundamento na construção da Paz. Ele acolhia as pessoas, dava lugar aos que não tinham lugar, era irmão para os que viviam isolados, denunciava as divisões que impediam a construção da paz: divisão entre próximo e não-próximo (Lc 10,29-37); entre pagão e judeu (Mt 15,28; cf. Lc 7,6); entre puro e impuro (Mt 23,23-24; Mc 7,13-23); entre pobres e exploradores (Lc 20,46–47; 22,25). Quando curava uma pessoa ou perdoava um pecador, dizia: “Vai em paz!” (Lc 7,50; 8,48; Mc 5,34). Quando, depois da ressurreição, aparecia aos discípulos, ele dizia: “A Paz esteja com vocês!” (Lc 24,30; Jo 20,19.26). Ele trouxe a paz que só Deus nos pode dar (Jo 14,27). É a paz fruto da justiça, fruto de longa luta e de muito sofrimento. Por isso disse em outro lugar que não veio trazer a paz, mas sim a espada e a divisão (Mt 10,34; Lc 12,51).

Jesus reforçava a vida em comunidade que é o fundamento da Paz, o lugar da reconstrução da Aliança. A Paz existe quando todos e todas são acolhidos como irmãos e irmãs, uns dos outros, todos sendo filhos e filhas do mesmo Pai. Jesus procurava reintegrar as pessoas marginalizadas na convivência humana (Mc 1,40-45). A Comunidade deve ser como o rosto de Deus, transformado em Boa Nova para o povo. Jesus era ecuménico e universal. Acolhia a todos: judeus, romanos, samaritanos, a mulher Cananeia.

Carlos Mesters, O. Carm.

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