Oração a Nossa Senhora da Luz ou das Candeias

Ó Maria,
por quem nos foi dado Jesus Cristo, a Luz do mundo,
abri-nos os olhos da fé para não cairmos
na escuridão do pecado e do erro;
aconselhai-nos nos momentos difíceis, para não nos desviarmos
do caminho que nos leva à Luz eterna;
iluminai-nos nas dúvidas e incertezas com a luz da Verdade,
para que possamos ser sempre fiéis ao Evangelho;
inflamai o nosso coração com o fogo do vosso amor,
para amarmos sempre Jesus e torná-lo amado por todos.
Nós vos pedimos também
por aqueles que perderam a luz da fé
e pelos que ainda não foram iluminados pela luz do vosso Filho,
a quem buscam sinceramente no meio das trevas da ignorância.
Mãe de Deus, Senhora da Luz,
livrai-nos de toda cegueira espiritual e corporal,
para que nos tornemos e de facto sejamos,
luz para o mundo, conforme o desejo do vosso Filho Jesus.

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Senhor, se…

Senhor, ajuda-me a dizer a verdade diante dos fortes e a não dizer mentiras para ganhar o aplauso dos fracos. Se me dás “fortuna” não me tires a razão. Se me dás o sucesso, não me tires a humildade. Se me dás humildade, não me tires a dignidade. Ajuda-me a ver o outro lado da moeda. Não me deixes acusar o outro por traição aos demais, apenas por não pensarem igual a mim. Ensina-me a amar os outros como a mim mesmo. Se triunfo na vida, não deixes que me torne orgulhoso, nem cair em desespero se fracassar. Mas recorda-me que o fracasso é a experiência que precede ao triunfo. Ensina-me que perdoar é um sinal de grandeza e que a vingança é um sinal de baixeza. Se não atingir o êxito, dá-me forças para aprender com o fracasso e a recomeçar de novo. Se eu ofender as pessoas, que tenha coragem para pedir perdão e, se as pessoas me ofenderem, que eu tenha a grandeza para as perdoar. Senhor, se algum dia me esquecer de ti, nunca te esqueças de mim!

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Um cristão triste é um triste cristão

«O Espírito do Senhor está sobre mim; […] enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres» (v. 18), isto é, um anúncio de júbilo, de alegria. Boa nova: não se pode falar de Jesus sem alegria, porque a fé é uma maravilhosa história de amor a partilhar. Testemunhar Jesus, fazer algo pelos outros em seu nome, é dizer nas entrelinhas da vida que se recebeu um dom tão bonito que nenhuma palavra é suficiente para o expressar. Ao contrário, quando falta alegria, o Evangelho não passa, pois ele – como a própria palavra o diz – é bom anúncio, e Evangelho quer dizer bom anúncio, anúncio de alegria. O cristão triste pode falar de coisas maravilhosas, mas será tudo em vão se o anúncio que transmite não for jubiloso. Dizia um pensador: “um cristão triste é um triste cristão”: não esqueçais isto.

Papa Francisco, Audiência geral, 25 de Janeiro, 2023

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Ele chama-te

Tem em tanto este Senhor nosso que O amemos e procuremos a Sua companhia que, uma vez ou outra, não deixa de nos chamar para que nos acerquemos d’Ele.

Santa Teresa de Jesus

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Zelo pastoral

Ouvimos a parábola da ovelha tresmalhada, contida no capítulo 15 do Evangelho de Lucas (cf. vv. 4-7). Jesus fala também da moeda perdida e do filho pródigo. Se quisermos treinar o nosso zelo apostólico, devemos ter sempre ao alcance o capítulo 15 de Lucas.  Lede com frequência este trecho, nele podemos entender o que significa o zelo apostólico. Ali descobrimos que Deus não contempla o redil das suas ovelhas, nem as ameaça para que não se vão embora. Pelo contrário, se uma sai e se perde, não a abandona, mas procura-a. Não diz: “Foi-se, a culpa é dela, que se arranje”. O coração pastoral reage de outra maneira: o coração pastoral sofre, o coração pastoral arrisca. Sofre: sim, Deus sofre por aquele que parte, e na medida em que chora por ele, ama-o ainda mais. O Senhor sofre quando nos distanciamos do seu coração. Sofre por quem não conhece a beleza do seu amor, nem o calor do seu abraço. Mas, em resposta a este sofrimento, não se fecha, mas arrisca: deixa as noventa e nove ovelhas que estão a salvo e aventura-se em busca da única que se perdeu, fazendo assim algo arriscado e até irracional, mas em sintonia com o seu coração pastoral, que tem saudades de quantos se foram. A nostalgia por aqueles que se foram é contínua em Jesus. E quando sentimos que alguém deixou a Igreja o que dizemos? “Que se arranje”. Não, Jesus ensina-nos as saudades daqueles que vão embora; Jesus não sente raiva nem ressentimento, mas uma irredutível nostalgia de nós. Jesus sente saudades de nós e este é o zelo de Deus!

Papa Francisco, Audiência geral, 18 de Janeiro, 2023

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Aprender a afastar-se para dar lugar a Jesus

O Evangelho da liturgia de hoje (cf. Jo 1, 29-34) relata o testemunho de João Batista sobre Jesus, depois de o ter baptizado no rio Jordão. Lê-se assim: «Este é aquele de quem eu disse: Depois de mim virá alguém que passou à minha frente, porque era antes de mim» (vv. 29-30).

Esta declaração, este testemunho, revela o espírito de serviço de João. Ele tinha sido enviado para preparar o caminho ao Messias e tinha-o feito sem se poupar. Humanamente falando, poder-se-ia pensar que lhe seria reconhecido um “prémio”, um lugar relevante na vida pública de Jesus. Mas não. João, tendo cumprido a sua missão, sabe afastar-se, retira-se de cena para dar lugar a Jesus… João faz isto:  coloca os seus discípulos nas pegadas de Jesus. Ele não está interessado em ter um séquito para si, em obter prestígio e sucesso, mas dá testemunho e depois faz um passo atrás, para que muitos possam ter a alegria de encontrar Jesus. Podemos dizer: ele abre a porta e sai.

Com este espírito de serviço, com a sua capacidade de dar lugar a Jesus, João Batista ensina-nos algo importante: a libertação dos apegos. Sim, porque é fácil apegar-se a papéis e posições, à necessidade de ser estimado, reconhecido e recompensado. E isto, embora seja natural, não é uma coisa boa, porque o serviço requer gratuidade, cuidar dos outros sem benefício para si mesmo, sem segundas intenções, sem esperar retribuição. Também a nós fará bem cultivar, como João, a virtude de nos afastarmos no momento apropriado, testemunhando que o ponto de referência na vida é Jesus. Pôr-se de lado, aprender a despedir-se: cumpri esta missão, este encontro, afasto-me e deixo espaço ao Senhor. Aprender a afastar-se, a não pretender algo como uma retribuição para nós.

Papa Francisco, Angelus, 16 de Janeiro, 2023

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Baptismo do Senhor

Hoje celebramos a Festa do Batismo do Senhor e o Evangelho apresenta-nos uma cena admirável: é a primeira vez que Jesus aparece em público depois da sua vida escondida em Nazaré; chega à margem do rio Jordão para ser batizado por João (Mt 3, 13-17)… Ele, que é o Santo de Deus, o Filho de Deus sem pecado, por que fez esta escolha? Encontramos a resposta nas palavras de Jesus a João: «Deixa por agora; convém que cumpramos assim toda a justiça» (v. 15). Cumprir toda a justiça: o que significa? 

Ao ser batizado, Jesus revela-nos a justiça de Deus, aquela justiça que Ele veio trazer ao mundo. Temos tão frequentemente uma ideia estreita de justiça e pensamos que signifique: quem erra paga e assim satisfaz o mal que cometeu. Mas a justiça de Deus, como a Escritura ensina, é muito maior: não tem como fim a condenação do culpado, mas a sua salvação, o seu renascimento, tornando-o justo: de iníquo a justo. É uma justiça que vem do amor, daquelas entranhas de compaixão e misericórdia que são o próprio coração de Deus, o Pai que se comove quando somos oprimidos pelo mal e caímos sob o peso do pecado e da fragilidade. Por conseguinte, a justiça de Deus não quer distribuir penas e castigos mas como afirma o Apóstolo Paulo, consiste em tornar justos os seus filhos, nós (cf. Rm 3, 22-31), libertando-nos dos vínculos do mal, curando-nos, elevando-nos. O Senhor não está sempre pronto para nos castigar, ele está com a mão estendida para nos ajudar a levantar. E assim entendemos que, nas margens do Jordão, Jesus nos revela o sentido da sua missão: Ele veio para cumprir a justiça divina, que é salvar os pecadores; veio para assumir sobre os próprios ombros o pecado do mundo e descer às águas do abismo, da morte, para nos salvar e não nos afogar. Ele mostra-nos hoje que a verdadeira justiça de Deus é a misericórdia que salva. 

Papa Francisco, Angelus, 8 de Janeiro, 2023 

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Humilde trabalhador na vinha do Senhor

 

 1. Professor brilhante, investigador constante, ilustre defensor da fé, determinado e vigilante, Papa humilde, orante e edificante, Bento XVI foi um sereno raio de sol no suave entardecer de uma tarde de verão que Deus concedeu à sua Igreja e à humanidade inteira. Obrigado, bom Deus.

2. Na homilia da celebração da Eucaristia de abertura do seu ministério petrino, em 24 de abril de 2005, na Praça de S. Pedro, Bento XVI estendeu assim a toalha da mesa da sua vida e do seu pontificado: «Nós existimos para mostrar Deus aos homens. E só onde se vê Deus, começa verdadeiramente a vida». Por detrás deste lineado, está um grande mestre, um grande teólogo, um grande pedagogo, que soube apontar Deus aos homens, não na abóbada celeste, mas no mapa e na vida. Próprio de alguém que sempre soube pôr os pés no chão e abrir regos de esperança na vinha do Senhor.

3. Bento XVI sabia bem, já desde os seus tempos de professor e de pároco, que a humanidade deslizava para fora do átrio da Igreja e, pior do que isso, ia perdendo também Deus pelo caminho. Em vez de Deus, levantava-se agora o Homem, exibindo o vasto arsenal do seu «eu» hipertrófico, de onde retirava os enganadores tesouros da sua autonomia sem sombra de heteronomia e da sua orgulhosa liberdade esvaziada de qualquer responsabilidade. Quanto mais progredia esta maneira de viver sem Deus, sem a providência de Deus, tanto mais Bento XVI era apodado de conservador, de antiquado, muitas vezes apontado quase como uma espécie de antepassado. Já outros renomados pensadores o tinham dito: sem Deus, não há fraternidade; haverá, isso sim, orfandade e abandono (Geworfenheit). Refiro-me a vultos do pensamento como Emmanuel Levinas, Jacob Leib Talmon, Jean-Luc Marion, que também dizem com força que a anulação da transcendência e a perda de fé na providência de Deus que vela sobre os homens constitui a mais vasta e nefasta revolução operada no seio da história humana.

4. Porque leu, investigou, moeu e ruminou montes de livros, mas também a sociedade em que viveu e a alma humana, Bento XVI percebeu que não podia deixar de viver, de dizer e de mostrar Deus. «Com toda a paciência e doutrina», seguindo o conselho de Paulo a Timóteo (2 Tm 4,2), e toda a toada dos Evangelhos, das parábolas contadas por Jesus, que serenamente ensina que o Reino de Deus é semelhante a um grão de mostarda no campo semeado. É a menor de todas as sementes, mas cresce e torna-se na maior de todas as plantas da horta, como uma árvore, em cuja copa vêm abrigar-se as aves do céu (Mt 13,31-32). Este é o tempo e o jeito de Deus, que Bento XVI, como discípulo atento e humilde trabalhador na vinha do Senhor, bem viu, compreendeu e explicou.

5. Nunca se deixou iludir pelos grandes números e pelas estatísticas. Percebeu desde muito cedo que não somos nós que fazemos crescer o rebanho. É Deus! E Deus não escolheu Israel por serem muitos, mas, ao contrário, por serem o menor de entre todos os povos, e porque o amou (cf. Dt 7,7-8). Portanto, não são os nossos métodos mais refinados que trazem de volta as grandes massas que se afastaram da Igreja. A própria história da Igreja tem mostrado que as grandes coisas começam sempre do pequeno grão caído na terra, ao passo que os movimentos de massas são sempre efémeros. As parábolas de Jesus respondem às preocupações dos discípulos que estão sempre à espera de ver Jesus realizar sucessos maiores e sinais mais espetaculares. Mas não nos equivoquemos: esse é o tipo de oferta feita por satanás a Jesus! Outra vez a clarividência de Bento XVI: Não podemos ser nós a conquistar os homens! Teremos de aprender a recebê-los de Deus! Quanta pedagogia e sabedoria e espiritualidade palpitam nestas linhas!

6. Tão-pouco conta o poder e o aparato exterior. As muitas coisas só nos distraem e afastam de Jesus (Lc 10,41-42). Já nem sequer conseguimos habitar os edifícios que construímos em tempos de poder e riqueza! E outra vez sem equívocos: se a missão a que nos devotamos não brotar de um profundo ato de amor divino, corremos o risco de a reduzir a uma mera atividade filantrópica e social. Portanto, e com toda a carga profética possível: não é pelas muitas coisas, nem pela riqueza, nem pela exibição da vertente filantrópica e social (que é a única coisa que a comunicação social vê e louva!), que o Evangelho dará um passo em frente. Será somente pelo que o amor de Deus nos der e nós saibamos receber!

7. Tal como Bento XVI disse nas exéquias de João Paulo II, hoje podemos nós ver Bento XVI a abençoar-nos da janela da casa do Pai.

António Couto 

 

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