Ouvimos a parábola da ovelha tresmalhada, contida no capítulo 15 do Evangelho de Lucas (cf. vv. 4-7). Jesus fala também da moeda perdida e do filho pródigo. Se quisermos treinar o nosso zelo apostólico, devemos ter sempre ao alcance o capítulo 15 de Lucas. Lede com frequência este trecho, nele podemos entender o que significa o zelo apostólico. Ali descobrimos que Deus não contempla o redil das suas ovelhas, nem as ameaça para que não se vão embora. Pelo contrário, se uma sai e se perde, não a abandona, mas procura-a. Não diz: “Foi-se, a culpa é dela, que se arranje”. O coração pastoral reage de outra maneira: o coração pastoral sofre, o coração pastoral arrisca. Sofre: sim, Deus sofre por aquele que parte, e na medida em que chora por ele, ama-o ainda mais. O Senhor sofre quando nos distanciamos do seu coração. Sofre por quem não conhece a beleza do seu amor, nem o calor do seu abraço. Mas, em resposta a este sofrimento, não se fecha, mas arrisca: deixa as noventa e nove ovelhas que estão a salvo e aventura-se em busca da única que se perdeu, fazendo assim algo arriscado e até irracional, mas em sintonia com o seu coração pastoral, que tem saudades de quantos se foram. A nostalgia por aqueles que se foram é contínua em Jesus. E quando sentimos que alguém deixou a Igreja o que dizemos? “Que se arranje”. Não, Jesus ensina-nos as saudades daqueles que vão embora; Jesus não sente raiva nem ressentimento, mas uma irredutível nostalgia de nós. Jesus sente saudades de nós e este é o zelo de Deus!
Papa Francisco, Audiência geral, 18 de Janeiro, 2023