22º Domingo do Tempo Comum – Ano A

O Filho do homem tem de sofrer muito, tem de ser morto e ressuscitar ao terceiro dia

O trecho do Evangelho de hoje (cf. Mt 16, 21-27) está ligado ao do domingo passado (cf. Mt 16,13-20). Depois de Pedro, em nome também dos outros discípulos, ter professado a fé em Jesus como Messias e Filho de Deus, o próprio Jesus começa a falar-lhes da sua paixão. Ele diz que deve «sofrer muito da parte dos anciãos, e, dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas, ser morto e ao terceiro dia ressuscitar» (Mt 16, 21). Mas as suas palavras não são compreendidas, porque os discípulos têm uma fé ainda imatura e demasiado ligada à mentalidade deste mundo. Pensam numa vitória demasiado terrena, e por esta razão não compreendem a linguagem da Cruz.

“Dirigindo-se a todos, Jesus acrescenta: «Se alguém quiser vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me» (v. 24). Desta forma Ele mostra o caminho do verdadeiro discípulo, realçando duas atitudes. A primeira é «renegar-se a si próprio», o que não significa uma mudança superficial, mas uma conversão, uma inversão de mentalidade e de valores. A outra atitude é tomar a própria cruz. Não se trata apenas de suportar pacientemente tribulações diárias, mas de suportar com fé e responsabilidade aquela parte do esforço, aquela parte do sofrimento que a luta contra o mal implica. A vida dos cristãos é sempre uma luta. A Bíblia diz que a vida do crente é uma milícia: lutar contra o espírito maligno, lutar contra o Mal” (Papa Francisco).

“Se, para nos salvar, o Filho de Deus teve que sofrer e morrer crucificado, certamente não foi por um desígnio cruel do Pai celeste. A causa foi a gravidade da doença da qual nos devia salvar: um mal tão sério e mortal que exigiu todo o seu sangue. De facto, com a sua morte e ressurreição, Jesus derrotou o pecado e a morte restabelecendo o senhorio de Deus. Mas a luta não terminou: o mal existe e resiste em todas as gerações, como sabemos, também nos nossos dias. O que são os horrores da guerra, as violências sobre os inocentes, a miséria e a injustiça que se abatem sobre os débeis, senão a oposição do mal ao reino de Deus? E como responder a tanta malvadez a não ser com a força desarmada e desarmante do amor que vence o ódio, da vida que não teme a morte? Foi esta a força misteriosa usada por Jesus, à custa de ser incompreendido e abandonado por muitos dos seus” (Bento XVI).

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Pai Nosso

Pai nosso, que estás acima de tudo como o céu, faz que o Teu nome seja glorificado e reconhecido como santo. / Mostra a todos que só Tu és Deus, reunindo definitivamente o Teu povo disperso e purificando-o dos seus pecados através do dom do Teu Espírito. / Que venha em plenitude a Tua realeza, que traz liberdade, justiça e paz. / Que se cumpra o Teu desígnio de salvação, nos Céus e na Terra. / Dá-nos desde já o nosso pão futuro, uma antecipação do convite do reino. / Dá-nos o pão necessário para vivermos hoje, como aos hebreus no deserto davas o maná dia após dia. Confiamos em Ti e não queremos afadigar-nos em função do amanhã, do que iremos comer ou de que modo nos vestiremos. / Na Tua misericórdia, perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós estamos prontos a perdoar a quem nos fez mal. / Não nos deixes sucumbir à tentação. Faz com que nunca percamos a confiança em Ti, de modo que nunca deixemos de sentir a Tua presença e nos sintamos abandonados. / Livra-nos do poder do maligno, que se opõe ao teu reino e nos dá a morte.

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Santa Maria de Jesus Crucificado, OCD – 25 de Agosto

Santa Maria de Jesus Crucificado (Maria Baouardy) nasceu a 5 de Janeiro de 1846, em Ibillin, pequena aldeia da Galileia, entre Nazaré e Haifa. O seus pais perdem, um após outro, os doze filhos em tenra idade. Com profunda dor mas com uma grande confiança em Deus, decidiram fazer uma peregrinação a Belém para rezar na Gruta da Natividade e pedir a graça de uma filha. É assim que Maria Baouardy veio ao mundo.

Aos vinte e um anos de idade ingressou no mosteiro das Carmelitas Descalças de Pau (França). Fundou mosteiros da Ordem na Terra Santa. Brilhou pelos dons sobrenaturais, principalmente pela humildade: “No inferno encontram-se todas as virtudes menos a humildade, no paraíso encontram-se todos os defeitos menos o orgulho”.

Sobressaiu também pela sua ardente devoção ao Espírito Santo: “Ó meu divino Espírito Santo, animai-me! Amor divino consumi-me! Conduzi-me no caminho da verdade. Maria, minha Mãe, olhai por mim! Com o vosso Jesus, abençoai-me! De todo o engano e perigo, guardai-me! De qualquer mal, preservai-me! Amen”. Dedicou profundo amor à Igreja e ao Romano Pontífice. Morreu em Belém no dia 26 de Agosto de 1878. 

Maria Baouardy, conhecida como a “Pequena Árabe”, recebeu, como religiosa, o nome de Irmã Maria de Jesus Crucificado. Foi beatificada pelo Papa João Paulo II, a 13 de Novembro de 1983 e foi canonizada no dia 17 de Maio de 2015, pelo Papa Francisco.

Toda a sua vida é fruto daquela suprema “sabedoria” evangélica com a qual Deus se compraz em enriquecer os humildes e os pobres, para confundir os poderosos. (…) a pequena Maria, não teve a oportunidade de fazer grandes estudos, mas isto não a impediu, graças à sua eminente virtude, de estar cheia daquele “conhecimento” que tem o máximo valor; e Cristo morreu na cruz para no-lo dar: o conhecimento do Mistério Trinitário, perspectiva tão importante naquela espiritualidade cristã oriental, em que a pequena árabe tinha sido educada” (Papa João Paulo II, Excerto da Homilia da Missa da Beatificação, 13 de Novembro, 1983).

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Magnificat

A minha alma glorifica ao Senhor / e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador. / Porque pôs os olhos na humildade da sua serva: / de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. / O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas: / Santo é o seu nome. / A sua misericórdia se estende de geração em geração / sobre aqueles que O temem.

Manifestou o poder do seu braço / e dispersou os soberbos. / Derrubou os poderosos de seus tronos / e exaltou os humildes. / Aos famintos encheu de bens / e aos ricos despediu de mãos vazias. / Acolheu a Israel seu servo, / lembrado da sua misericórdia, / como tinha prometido a nossos pais, / a Abraão e à sua descendência / para sempre.

Glória ao Pai e ao Filho / e ao Espírito Santo. / Como era no princípio, agora e sempre. / Amen.

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21º Domingo do Tempo Comum – Ano A

E vós, quem dizeis que eu sou?” (Mt 16, 15)

– Hoje, ouvimos dirigida a cada um de nós a pergunta de Jesus: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. A cada um de nós. E cada um de nós deve dar uma resposta não teórica, mas que envolva a fé, ou seja, a vida, porque a fé é vida! “Para mim tu és…”, e afirmar a confissão de Jesus. Uma resposta que requer também de nós, como dos primeiros discípulos, a escuta interior da voz do Pai e a consonância com o que a Igreja reunida em torno de Pedro continua a proclamar. Trata-se de compreender quem é Cristo para nós: se Ele é o centro da nossa vida e a meta de todo o nosso compromisso na Igreja e na sociedade. Quem é Jesus para mim? Quem é Jesus para ti, para ti, para ti… Uma resposta que deveremos dar todos os dias (Papa Francisco, Angelus, 23 de Agosto, 2020).

– Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo (Bento XVI).

– Jesus, confio em ti! Por que confio? Por que creio em ti? Porque morreste por mim na cruz. Porque venceste a morte e o pecado. Porque preparaste para mim o lugar na casa do Pai. Porque me fizeste filho de Deus. Porque te ofereceste por mim. Porque me procuras enquanto erro. Porque não desanimas nas minhas quedas. Porque não queres que eu esteja perdido. Porque te alegras quando volto para ti. Porque me amas tal como sou. Porque nunca me condenas. Porque me perdoas. Porque nunca renuncias a mim. Porque enxugas as lágrimas. Porque trazes a paz. Porque em ti está a felicidade (São João Paulo II).

– Sua Majestade (Jesus) foi o Livro verdadeiro onde vi as Verdades. Bendito seja tal Livro, que deixa impresso o que se há-de ler e fazer, de maneira que não se pode esquecer (Santa Teresa de Jesus).

– Já te disse tudo na minha Palavra, que é o Meu Filho – e não tenho outra – que mais te posso Eu responder agora ou revelar? Põe os olhos só n’Ele, porque n’Ele tudo disse e revelei, e acharás ainda mais do que pedes e desejas (São João da Cruz).

 

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“Ai daqueles por quem vem o escândalo”

Cristo falou contra o escândalo e chegou até a irritar-se: “Ai daqueles por quem vem o escândalo!” Nós pensamos logo em situações escandalosas e dizemos que isso não é connosco! Mas a palavra “escândalo” significa “tropeço”, um obstáculo em que os outros podem tropeçar e cair, ferir-se, e desanimar e sentir-se sós. E, assim entendido, já pode muito bem ter a ver connosco. É escandaloso oprimir, difamar, explorar, coisificar.

Vasco P. Magalhães, sj

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20º Domingo do Tempo Comum – Ano A

Mulher, é grande a tua fé! Faça-se como desejas”

O Evangelho deste Domingo descreve o encontro de Jesus com uma mulher cananeia que lhe implora ajuda para a sua filha doente: “Senhor, tem compaixão de mim”. É o grito que nasce de uma vida marcada pelo sofrimento, pela impotência de uma mãe que vê a sua filha atormentada pela mal e não a pode curar. Jesus inicialmente ignora-a, mas esta mãe insiste. Jesus coloca-a à prova citando um provérbio: “Não está certo tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos”. “Sim, Senhor, é verdade, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos”, responde a mulher. Com estas palavras, aquela mãe mostra que intuiu que a bondade do Deus Altíssimo, presente em Jesus, está aberta a todas as necessidades das suas criaturas. Esta sabedoria cheia de confiança atinge o coração de Jesus que responde cheio de admiração:“Mulher, é grande a tua fé! Faça-se como desejas”.

Qual é a grande fé? A grande fé é aquela que leva a própria história, marcada também pelas feridas, aos pés do Senhor, pedindo-Lhe que a cure, que lhe dê sentido. Cada um de nós tem a sua própria história. Muitas vezes é uma história difícil, com muitas dores, muitos problemas e muitos pecados. Mesmo assim devemos levá-la diante do Senhor: “Senhor, se quiseres, podes curar-me”. Isto é o que esta mulher nos ensina.

Devemos ir a Jesus, bater no coração de Jesus e dizer-lhe: “Senhor, se quiseres podes curar-me”. Conseguiremos fazer isto se tivermos sempre diante de nós o rosto de Jesus, se entendermos como é o coração de Jesus: um coração que tem compaixão, que carrega sobre si as nossas dores, os nossos pecados, os nossos erros, os nossos fracassos, um coração que nos ama tal como somos. Lembremo-nos da oração: “Senhor, se quiseres podes curar-me”. Bonita oração que nos ensina uma mulher pagã!

Papa Francisco, Angelus (resumo), 16 de Agosto, 2020

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“A minha alma engrandece ao Senhor”

Quando o homem pisou a Lua, foi dita uma frase que ficou famosa: “Este é um pequeno passo para o homem, um grande salto para a humanidade”. Mas hoje, na Assunção de Maria ao Céu, celebramos uma conquista infinitamente maior. A Virgem pôs os pés no paraíso: não foi só em espírito, mas também com o corpo, toda ela. Este passo da pequena Virgem de Nazaré foi o grande salto para diante da humanidade. De pouco serve ir à Lua se não vivermos como irmãos na Terra. Mas que uma de nós viva no Céu com o corpo dá-nos esperança: entendemos que somos valiosos, destinados a ressuscitar. Deus não permitirá que o nosso corpo desapareça no nada. Com Deus nada se perde! Em Maria a meta é alcançada e temos diante dos olhos o motivo pelo qual caminhamos: não para conquistar as coisas de aqui em baixo, que desaparecem, mas para conquistar a pátria lá de cima, que é para sempre. E a Virgem é a estrela que nos guia. Ela foi a primeira. Ela, «precede o Povo de Deus peregrino com a sua luz como sinal de esperança segura e consolação» (Lumen gentium, 68).

Hoje, no Evangelho, a primeira coisa que Maria diz é “a minha alma engrandece ao Senhor”. Maria engrandece o Senhor, não os problemas, que não faltavam naquele tempo, mas o Senhor. Daí vem o Magnificat, daqui nasce a alegria: não da ausência de problemas, que mais cedo ou mais tarde surgem, mas da presença de Deus que nos ajuda, que está perto de nós. Porque Deus é grande. E, acima de tudo, Deus olha para os pequenos. Nós somos a sua fraqueza de amor: Deus olha e ama os mais pequenos.

Maria reconhece-se pequena e exalta as “maravilhas” que o Senhor fez nela. Quais? Especialmente o presente inesperado da vida. Maria é virgem e fica grávida; e também Isabel, que era idosa, espera um filho. O Senhor faz maravilhas com os pequenos com quem não se crê grande mas dá a Deus um grande espaço na vida. Ele estende a sua misericórdia àqueles que confiam nele e enaltece os humildes. Maria louva a Deus por isto.

E nós lembramo-nos de louvar a Deus? Agradecemos-lhe pelas maravilhas que faz por nós? Por cada dia que nos dá, porque nos ama e nos perdoa sempre, pela sua ternura? Por nos ter dado a sua Mãe, pelos irmãos e as irmãs que nos põe no nosso caminho, porque nos abriu o Céu? Se nos esquecemos do bem, o coração encolhe-se. Mas se, como Maria, nos lembramos das maravilhas que o Senhor realiza, então damos um grande passo em frente. Peçamos à Virgem Maria, porta do Céu, a graça de começar cada dia levantando o olhar para o Céu, para Deus, para lhe dizer: “Obrigado”, como dizem os pequenos aos grandes.

Papa Francisco, Angelus (resumo) 15 de Agosto, 2020

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