O Filho do homem tem de sofrer muito, tem de ser morto e ressuscitar ao terceiro dia
O trecho do Evangelho de hoje (cf. Mt 16, 21-27) está ligado ao do domingo passado (cf. Mt 16,13-20). Depois de Pedro, em nome também dos outros discípulos, ter professado a fé em Jesus como Messias e Filho de Deus, o próprio Jesus começa a falar-lhes da sua paixão. Ele diz que deve «sofrer muito da parte dos anciãos, e, dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas, ser morto e ao terceiro dia ressuscitar» (Mt 16, 21). Mas as suas palavras não são compreendidas, porque os discípulos têm uma fé ainda imatura e demasiado ligada à mentalidade deste mundo. Pensam numa vitória demasiado terrena, e por esta razão não compreendem a linguagem da Cruz.
“Dirigindo-se a todos, Jesus acrescenta: «Se alguém quiser vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me» (v. 24). Desta forma Ele mostra o caminho do verdadeiro discípulo, realçando duas atitudes. A primeira é «renegar-se a si próprio», o que não significa uma mudança superficial, mas uma conversão, uma inversão de mentalidade e de valores. A outra atitude é tomar a própria cruz. Não se trata apenas de suportar pacientemente tribulações diárias, mas de suportar com fé e responsabilidade aquela parte do esforço, aquela parte do sofrimento que a luta contra o mal implica. A vida dos cristãos é sempre uma luta. A Bíblia diz que a vida do crente é uma milícia: lutar contra o espírito maligno, lutar contra o Mal” (Papa Francisco).
“Se, para nos salvar, o Filho de Deus teve que sofrer e morrer crucificado, certamente não foi por um desígnio cruel do Pai celeste. A causa foi a gravidade da doença da qual nos devia salvar: um mal tão sério e mortal que exigiu todo o seu sangue. De facto, com a sua morte e ressurreição, Jesus derrotou o pecado e a morte restabelecendo o senhorio de Deus. Mas a luta não terminou: o mal existe e resiste em todas as gerações, como sabemos, também nos nossos dias. O que são os horrores da guerra, as violências sobre os inocentes, a miséria e a injustiça que se abatem sobre os débeis, senão a oposição do mal ao reino de Deus? E como responder a tanta malvadez a não ser com a força desarmada e desarmante do amor que vence o ódio, da vida que não teme a morte? Foi esta a força misteriosa usada por Jesus, à custa de ser incompreendido e abandonado por muitos dos seus” (Bento XVI).