“Mulher, é grande a tua fé! Faça-se como desejas”
O Evangelho deste Domingo descreve o encontro de Jesus com uma mulher cananeia que lhe implora ajuda para a sua filha doente: “Senhor, tem compaixão de mim”. É o grito que nasce de uma vida marcada pelo sofrimento, pela impotência de uma mãe que vê a sua filha atormentada pela mal e não a pode curar. Jesus inicialmente ignora-a, mas esta mãe insiste. Jesus coloca-a à prova citando um provérbio: “Não está certo tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos”. “Sim, Senhor, é verdade, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos”, responde a mulher. Com estas palavras, aquela mãe mostra que intuiu que a bondade do Deus Altíssimo, presente em Jesus, está aberta a todas as necessidades das suas criaturas. Esta sabedoria cheia de confiança atinge o coração de Jesus que responde cheio de admiração:“Mulher, é grande a tua fé! Faça-se como desejas”.
Qual é a grande fé? A grande fé é aquela que leva a própria história, marcada também pelas feridas, aos pés do Senhor, pedindo-Lhe que a cure, que lhe dê sentido. Cada um de nós tem a sua própria história. Muitas vezes é uma história difícil, com muitas dores, muitos problemas e muitos pecados. Mesmo assim devemos levá-la diante do Senhor: “Senhor, se quiseres, podes curar-me”. Isto é o que esta mulher nos ensina.
Devemos ir a Jesus, bater no coração de Jesus e dizer-lhe: “Senhor, se quiseres podes curar-me”. Conseguiremos fazer isto se tivermos sempre diante de nós o rosto de Jesus, se entendermos como é o coração de Jesus: um coração que tem compaixão, que carrega sobre si as nossas dores, os nossos pecados, os nossos erros, os nossos fracassos, um coração que nos ama tal como somos. Lembremo-nos da oração: “Senhor, se quiseres podes curar-me”. Bonita oração que nos ensina uma mulher pagã!
Papa Francisco, Angelus (resumo), 16 de Agosto, 2020