Quando o homem pisou a Lua, foi dita uma frase que ficou famosa: “Este é um pequeno passo para o homem, um grande salto para a humanidade”. Mas hoje, na Assunção de Maria ao Céu, celebramos uma conquista infinitamente maior. A Virgem pôs os pés no paraíso: não foi só em espírito, mas também com o corpo, toda ela. Este passo da pequena Virgem de Nazaré foi o grande salto para diante da humanidade. De pouco serve ir à Lua se não vivermos como irmãos na Terra. Mas que uma de nós viva no Céu com o corpo dá-nos esperança: entendemos que somos valiosos, destinados a ressuscitar. Deus não permitirá que o nosso corpo desapareça no nada. Com Deus nada se perde! Em Maria a meta é alcançada e temos diante dos olhos o motivo pelo qual caminhamos: não para conquistar as coisas de aqui em baixo, que desaparecem, mas para conquistar a pátria lá de cima, que é para sempre. E a Virgem é a estrela que nos guia. Ela foi a primeira. Ela, «precede o Povo de Deus peregrino com a sua luz como sinal de esperança segura e consolação» (Lumen gentium, 68).
Hoje, no Evangelho, a primeira coisa que Maria diz é “a minha alma engrandece ao Senhor”. Maria engrandece o Senhor, não os problemas, que não faltavam naquele tempo, mas o Senhor. Daí vem o Magnificat, daqui nasce a alegria: não da ausência de problemas, que mais cedo ou mais tarde surgem, mas da presença de Deus que nos ajuda, que está perto de nós. Porque Deus é grande. E, acima de tudo, Deus olha para os pequenos. Nós somos a sua fraqueza de amor: Deus olha e ama os mais pequenos.
Maria reconhece-se pequena e exalta as “maravilhas” que o Senhor fez nela. Quais? Especialmente o presente inesperado da vida. Maria é virgem e fica grávida; e também Isabel, que era idosa, espera um filho. O Senhor faz maravilhas com os pequenos com quem não se crê grande mas dá a Deus um grande espaço na vida. Ele estende a sua misericórdia àqueles que confiam nele e enaltece os humildes. Maria louva a Deus por isto.
E nós lembramo-nos de louvar a Deus? Agradecemos-lhe pelas maravilhas que faz por nós? Por cada dia que nos dá, porque nos ama e nos perdoa sempre, pela sua ternura? Por nos ter dado a sua Mãe, pelos irmãos e as irmãs que nos põe no nosso caminho, porque nos abriu o Céu? Se nos esquecemos do bem, o coração encolhe-se. Mas se, como Maria, nos lembramos das maravilhas que o Senhor realiza, então damos um grande passo em frente. Peçamos à Virgem Maria, porta do Céu, a graça de começar cada dia levantando o olhar para o Céu, para Deus, para lhe dizer: “Obrigado”, como dizem os pequenos aos grandes.
Papa Francisco, Angelus (resumo) 15 de Agosto, 2020