Vós estais comigo, Senhor

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Ó meu Deus! Como sois meigo para com a vitimazinha do vosso amor misericordioso! Nem sequer agora que Vós juntais o sofrimento exterior [a tuberculose] às provações da minha alma, posso dizer: “Rodearam-me as angústias da morte”, mas exclamo com gratidão: “Desci até ao vale da sombra da morte, mas não receio nenhum mal: porque Vós estais comigo, Senhor!

Santa Teresa do Menino Jesus

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Santo António – 13 de Junho

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Santo António nasceu em Lisboa numa família nobre, por volta de 1195, e foi baptizado com o nome de Fernando. Uniu-se aos Cónegos que seguiam a regra monástica de Santo Agostinho, primeiro no mosteiro de São Vicente em Lisboa e, sucessivamente, no da Santa Cruz em Coimbra, famoso centro cultural de Portugal. Dedicou-se com interesse e solicitude ao estudo da Bíblia e dos Padres da Igreja, adquirindo aquela ciência teológica que fez frutificar na actividade do ensino e da pregação. Aconteceu em Coimbra o episódio que contribuiu para uma mudança decisiva na sua vida: ali, em 1220 foram expostas as relíquias dos primeiros cinco missionários franciscanos, que tinham ido a Marrocos, onde encontraram o martírio. A sua vicissitude fez nascer no jovem Fernando o desejo de os imitar e de progredir no caminho da perfeição cristã: então, pediu para deixar os Cónegos agostinianos e para se tornar Frade Menor. O seu pedido foi aceite e, tomando o nome de António, partiu também ele para Marrocos, mas a Providência divina dispôs de outro modo. Após uma doença, foi obrigado a partir para a Itália e, em 1221, participou no famoso “Capítulo das Esteiras” em Assis, onde encontrou também São Francisco. Em seguida, viveu algum tempo no escondimento total num convento de Forli, no norte da Itália, onde o Senhor o chamou para outra missão. Enviado, por circunstâncias totalmente casuais, a pregar por ocasião de uma ordenação sacerdotal, mostrou ser dotado de ciência e eloquência, e os Superiores destinaram-no à pregação. Começou assim na Itália e na França, uma actividade apostólica tão intensa e eficaz que induziu muitas pessoas que se tinham afastado da Igreja a reconsiderar a sua decisão. António foi também um dos primeiros mestres de teologia dos Frades Menores, ou até o primeiro. Iniciou o seu ensino em Bolonha, com a bênção de São Francisco, o qual, reconhecendo as virtudes de António, lhe enviou uma breve carta, que iniciava com estas palavras: “Agrada-me que ensines teologia aos frades”. António lançou as bases da teologia franciscana que, cultivada por outras insignes figuras de pensadores, teria conhecido o seu ápice com São Boaventura de Bagnoregio e com o Beato Duns Escoto.

Tornando-se Superior dos Frades Menores da Itália setentrional, continuou o ministério da pregação, alternando-o com as funções de governo. Concluído o cargo de Provincial, retirou-se para perto de Pádua, onde viria a falecer a 13 de Junho de 1231. O próprio Papa Gregório IX, que depois de o ter ouvido pregar o tinha definido “Arca do Testamento”, canonizou-o só um ano depois da morte, em 1232, também após os milagres que se verificaram por sua intercessão.

No último período de vida, António pôs por escrito dois ciclos de “Sermões”, intitulados respectivamente “Sermões dominicais” e “Sermões sobre os Santos”, destinados aos pregadores e aos professores dos estudos teológicos da Ordem franciscana. É tanta a riqueza de ensinamentos espirituais contida nos “Sermões”, que o Venerável Papa Pio XII, em 1946, proclamou António Doutor da Igreja, atribuindo-lhe o título de “Doutor evangélico”, porque desses escritos sobressai o vigor e a beleza do Evangelho; ainda hoje os podemos ler com grande proveito espiritual.

Pensamentos de Santo António

* É viva a Palavra quando são as obras que falam.

* Quando te sorriem prosperidade mundana e prazeres, não te deixes encantar; não te apegues a eles; brandamente entram em nós, mas quando os temos dentro de nós, nos mordem como serpentes.

* A fé compara-se ao peixe. Assim como o peixe é batido pelas frequentes ondas do mar, sem que morra com isso, também a fé não se quebra com as adversidades.

* A paciência é a melhor maneira de vencer.

* Jerusalém tinha uma porta chamada “Buraco da Agulha”, pela qual não podia entrar um camelo, porque era baixa. Esta porta é Cristo humilde, pela qual não pode entrar o soberbo ou o corcunda avarento. Aquele que pretende entrar por ela tem de se humilhar.

* Maria não afugenta nenhum pecador, antes, recebe a todos os que se refugiam nela e, por isso, é chamada Mãe de Misericórdia: é misericordiosa para com os miseráveis, é esperança para os desesperados.

* Assim como o vento que entra pela boca aberta não mata a sede, mas aumenta-a mais, o mesmo sucede com a vaidade da dignidade.

* Assim como a flor, quando espalha o odor, não se corrompe, também o verdadeiramente humilde não se eleva quando louvado pelo perfume da sua vida de bondade.

* Antes de entrar um raio de sol em casa, não aparece dentro, no ar, o pó; se, porém, entrar um raio de sol, parece cheia de pó.

* Usa mais vezes os ouvidos do que a língua.

* Praticar uma boa obra é orar sem interrupção.

* A caridade é a alma da fé. Se perdida, a fé morre.

* Quem não possui a caridade, ainda que faça muito bem, bem verdadeiro, trabalha em vão.

* Todas as nossas obras são inúteis para a vida eterna, se não são condimentadas com o bálsamo da caridade.

* Entesoura no céu aquele que dá a Cristo; dá a Cristo o que distribui ao pobre.

* A esmola extingue a avareza.

* O avarento é comida do diabo.

 

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11º Domingo do Tempo Comum – Ano C

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 7, 36-8, 3) 

Naquele tempo um fariseu convidou Jesus para comer consigo. Jesus entrou em casa do fariseu, e pôs-se à mesa. Ora certa mulher, conhecida naquela cidade como pecadora, ao saber que Ele estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um frasco de alabastro com perfume. Colocando-se por detrás dele e chorando, começou a banhar-lhe os pés com lágrimas; enxugava-os com os cabelos e beijava-os, ungindo-os com perfume. Vendo isto, o fariseu que o convidara disse para consigo: «Se este homem fosse profeta, saberia quem é e de que espécie é a mulher que lhe está a tocar, porque é uma pecadora!» Então, Jesus disse-lhe: «Simão, tenho uma coisa para te dizer.» «Fala, Mestre» – respondeu ele. «Um prestamista tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos denários e o outro cinquenta. Não tendo eles com que pagar, perdoou aos dois. Qual deles o amará mais?» Simão respondeu: «Aquele a quem perdoou mais, creio eu.» Jesus disse-lhe: «Julgaste bem.» E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: «Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para os pés; ela, porém, banhou-me os pés com as suas lágrimas e enxugou-os com os seus cabelos. Não me deste um ósculo; mas ela, desde que entrou, não deixou de beijar-me os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, e ela ungiu-me os pés com perfume. Por isso, digo-te que lhe são perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou; mas àquele a quem pouco se perdoa pouco ama.» Depois, disse à mulher: «Os teus pecados estão perdoados.» Começaram, então, os convivas a dizer entre si: «Quem é este que até perdoa os pecados?» E Jesus disse à mulher: «A tua fé te salvou. Vai em paz.»

Em seguida, Jesus ia de cidade em cidade, de aldeia em aldeia, proclamando e anunciando a Boa-Nova do Reino de Deus. Acompanhavam-no os Doze e algumas mulheres, que tinham sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demónios; Joana, mulher de Cuza, administrador de Herodes; Susana e muitas outras, que os serviam com os seus bens.

Ecos da Palavra: dois olhares

Jesus encontra-se na casa de Simão, um fariseu que o havia convidado para comer. Inesperadamente, uma mulher interrompe o banquete. Os convidados, logo, a reconhecem. É uma prostituta da aldeia. A sua presença causa mal-estar e expectativa. Como reagirá Jesus? Expulsá-la-á para que não contamine os convidados?

O fariseu que recebe Jesus à mesa pára o seu olhar sobre o que se vê: uma pecadora (prostituta) introduziu-se na sua casa; para ele, ela não é senão uma pecadora. Quanto a Jesus, lança o seu olhar sobre a mulher procurando ver, através do seu comportamento, tudo o que se passa no seu coração: se ela chora, é porque é infeliz e lamenta o seu passado; se ela molha com as suas lágrimas e limpa com os seus cabelos os pés de Jesus, se ela os beija e sobre eles derrama perfume precioso, é para manifestar o seu grande amor. Não é preciso mais nada para Jesus: Ele perdoa, não porque ela pecou muito, mas porque amou muito, mesmo se ela amou mal; sobretudo, é a sua fé que a salva. Ela faz a experiência do Amor louco de Deus que perdoa, experiência que o fariseu ainda não fez. Porque o fariseu e os convidados se ficam pelas aparências, encerram a mulher no passado. Porque Jesus olha para além das aparências, abre-se à mulher um futuro diferente, e ela parte em paz.

Lucas, o evangelista das mulheres

O Evangelho de Lucas foi considerado sempre o Evangelho das mulheres. Na verdade, Lucas é quem refere o maior número de episódios nos quais se demonstra o trato de Jesus com as mulheres. Mas a novidade, a Boa Nova de Deus para as mulheres, não se encontra nas abundantes citações da sua presença junto de Jesus, mas na conduta de Jesus em relação a elas. Jesus toca-as e deixa-se tocar por elas sem medo de ser contaminado (Lc 7, 39; 8, 44-45.54); diferentemente dos mestres da época, Jesus aceita as mulheres como seguidoras e discípulas (Lc 8, 2-3; 10, 39). A força libertadora de Deus, que opera através de Jesus, faz com que a mulher se levante e assuma a sua dignidade (Lc 13, 13). Jesus é sensível ao sofrimento da viúva e solidariza-se com a sua dor (Lc 7, 13). O trabalho da mulher que prepara o alimento é visto por Jesus como sinal do Reino (Lc 13, 20-21). A viúva perseverante que luta pelos seus direitos converte-se em modelo de oração (Lc 18, 1-8) e a viúva pobre que partilha os poucos bens que tem com os outros é modelo de entrega e de dedicação (Lc 21, 1.4). Numa época em que o testemunho da mulher não era considerado válido, Jesus escolhe as mulheres como testemunhas da sua morte (Lc 23, 49), da sua sepultura (Lc 23, 55-56) e da sua ressurreição (Lc 24, 1-11.22-24).

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João Paulo II, Bento XVI, Papa Francisco e a oração do Terço

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O Terço é a minha oração predilecta. A todos, exorto, cordialmente, que o rezem. São João Paulo II.

É a mensagem que a Virgem deixou em suas diferentes aparições. Penso, em particular, nas de Fátima, ocorridas há 90 anos, aos três pastorinhos, Lúcia, Jacinta e Francisco, nas quais se apresentou como ‘a Virgem do Rosário’, recomendou com insistência a oração do Rosário todos os dias, para alcançar o fim da guerra. Bento XVI.

O Terço é a oração que sempre acompanha a minha vida; é também a oração dos simples e dos santos… é a oração do meu coração. Papa Francisco.

 

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Pensamentos sobre os dons e carismas do Espírito Santo – 3

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* O dom da piedade suscita em nós, antes de tudo, a gratidão e o louvor. Com efeito, este é o motivo e o sentido mais autêntico do nosso culto e da nossa adoração (Papa Francisco).

* O temor de Deus é o dom do Espírito que nos recorda como somos pequenos diante de Deus e do seu amor, e que o nosso bem está no nosso abandono com humildade, respeito e confiança em suas mãos (Papa Francisco).

* Vinde, Espírito Santo, vinde e renovai a face da terra! Vinde com os vossos sete dons! Vinde Espírito de vida, Espírito de verdade, Espírito de comunhão e de amor! A Igreja e o mundo têm necessidade de Vós. Vinde, Espírito Santo, e tornai sempre mais fecundos os carismas que concedeis (São João Paulo II).

* O que aprendemos do Novo Testamento sobre os carismas, que surgiram como sinais visíveis da vinda do Espírito Santo, não é um acontecimento histórico do passado, mas realidade sempre viva: é o mesmo Espírito divino, alma da Igreja, que age nela em cada época, e estas suas intervenções misteriosas e eficazes manifestam-se neste nosso tempo de modo providencial (Bento XVI).

* O ensinamento do Espírito Santo é o mesmo que Jesus fez e que recebeu do Pai, mas vem depois do de Jesus (João 14,26), e processa-se, ao contrário do de Jesus, não com palavras sensíveis que tocam os órgãos da audição de um público determinado, mas na interioridade da inteligência e do coração de cada ser humano. (…) Ensinamento novo. Não exterior, com sons e palavras, mas que atinge diretamente as pregas da inteligência e do coração. É assim que a linguagem nova do Espírito afeta ao mesmo tempo o português e o chinês, o inglês e o russo, o católico, o muçulmano e o hebreu. É como quando, em vez de se porem a falar cada um a sua língua incompreensível para o outro, o português e o chinês entregassem uma flor um ao outro! É assim que fala o Espírito, é assim que age o Espírito, Pessoa-Dom, fonte de dons (1 Coríntios 12,3-13) (António Couto).

* Somos convidados a abrir-nos ao Espírito. Isto é, a receber a força espiritual de Deus que se quer comunicar, mas que não pode se nós não lhe abrirmos o coração e o entendimento. E todos, sem excepção, precisamos muito de fortaleza e de sabedoria. O que seria de um mundo completamente frágil e insensato?… Sabedoria e fortaleza são os dois pés do cristão (Vasco P. Magalhães, sj).

 

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10º Domingo do Tempo Comum – Ano C

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 7, 11-17)

Naquele tempo, dirigia-se Jesus para uma cidade chamada Naim, indo com Ele os seus discípulos e uma grande multidão. Quando estavam perto da porta da cidade, viram que levavam um defunto a sepultar, filho único de sua mãe, que era viúva; e, a acompanhá-la, vinha muita gente da cidade. Vendo-a, o Senhor compadeceu-se dela e disse-lhe: «Não chores.» Aproximando-se, tocou no caixão, e os que o transportavam pararam. Disse então: «Jovem, Eu te ordeno: Levanta-te!» O morto sentou-se e começou a falar. E Jesus entregou-o à sua mãe. O temor apoderou-se de todos, e davam glória a Deus, dizendo: «Surgiu entre nós um grande profeta e Deus visitou o seu povo!» E a fama deste milagre espalhou-se pela Judeia e por toda a região.

Comentário

Novamente nos deparamos com um dos temas centrais de Lucas: a compaixão de Jesus, ou melhor, a compaixão de Deus manifestada em Jesus.

Detenhamo-nos no relato do Evangelho. Eis-nos de imediato perante uma pobre mãe, viúva, que acompanha, chorando, o seu filho único ao cemitério. Acompanha-a uma grande multidão, mas aquela pobre mãe, atravessada pela dor mais profunda, atravessa também a mais cruel solidão. É o cortejo da morte. Vem ao seu encontro, em contraponto, o cortejo da vida: Jesus, acompanhado pelos seus discípulos e também por uma grande multidão. Ao ver a pobre viúva que chorava, Jesus COMOVEU-SE, e ordenou à mulher: «Não chores!». Depois, tocou o esquife aberto, como é usual no oriente, e ordenou: «Jovem, eu te digo, LEVANTA-te!» O jovem SENTOU-se, sinal narrativo de que o esquife ia, de facto, aberto, e começou a FALAR, e Jesus DEU-o à sua mãe. E só agora reage a multidão, que ficou tomada de temor e glorificava a Deus, dizendo: «Surgiu entre nós um grande profeta e Deus visitou o seu povo!».

Notas a considerar: 1) Jesus comove-se comoção entranhada, maternal, divina; 2) Jesus intervém por pura graça: não responde a nenhum queixume nem a nenhum pedido; 3) Jesus ordena àquela mãe que não chore: como Deus que enxuga as lágrimas dos nossos olhos (cf. Isaías 25,8; Apocalipse 17,7; 21,4); 4) Jesus ordena, em primeira pessoa, ao jovem que se levante da morte (não invoca Deus para que dê a vida ao jovem, como faz Elias no relato da viúva de Sarepta); 5) Jesus dá o filho àquela mãe: importante lição para nós que pensamos que os filhos são nossos, e não dados! 6) a multidão reage no final: “O temor apoderou-se de todos, e davam glória a Deus, dizendo: «Surgiu entre nós um grande profeta e Deus visitou o seu povo!”.

Palavra para o caminho

Tudo parece simples. O relato feito pelo evangelista Lucas não insiste no aspecto prodigioso do que Jesus acabara de fazer, mas, sobretudo, convida os seus leitores a verem em Jesus a revelação de Deus como Mistério de compaixão e Força de vida, capaz de salvar, inclusive, da morte. É a compaixão de Deus que faz Jesus tão sensível ao sofrimento das pessoas.

Na Igreja devemos recuperar, o quanto antes, a compaixão como estilo de vida próprio dos seguidores de Jesus. Temos de resgatá-la de uma concepção sentimental e moralizante que a desprestigiou. A compaixão que exige justiça é o grande mandamento de Jesus: “Sede misericordiosos como o vosso Pai  é misericordioso” (Lc 6,36).

O sofrimento dos inocentes tem de ser tomado a sério; não pode ser aceite socialmente como algo normal pois é inaceitável para Deus. Ele não quer ver ninguém a chorar.

De todos me deverei sentir responsável, ainda que seja unicamente para “dar de beber um copo de água”. O individualismo contemporâneo não será humano enquanto não ouvir a pergunta de Deus: “Homem moderno e progressista, que fizeste do teu irmão?”.

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Solenidade do Sagrado Coração de Jesus

Sagrado Coração de Jesus, fazei o nosso coração semelhante ao vosso, neste dia belo e luminoso em que consagramos ao vosso Coração para sempre aberto a Igreja inteira e o mundo inteiro, sobretudo os que se afastaram de Ti, os doentes e desanimados, as famílias desavindas, as crianças abandonadas, os marginalizados e descartados, os que fogem de situações de guerra ou de miséria, e os que andam à procura de um abrigo, de uma mão carinhosa e de um coração aberto e acolhedor. Deixou escrito o beato Charles de Foucaul: «Perdei-vos no coração de Cristo: ele é o nosso refúgio, o nosso asilo, a casa do pássaro, o ninho da pomba, a barca de Pedro para atravessar o mar tempestuoso».

Pode dizer-se que a Solenidade de hoje tem as suas raízes, nos tempos modernos, em Santa Margarida Maria Alacoque (1647-1690), que, em tempos duros marcados pelo jansenismo, que apresentava um Deus frio e distante, que infundia temor, ousou proclamar a misericórdia do Coração de Jesus, onde os pecadores podiam encontrar o seu abrigo seguro. Foi-lhe confiada por Jesus a mensagem sobre a devoção das primeiras sextas-feiras.

António Couto

 

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No termo do mês de Maio

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* Jesus é o caminho que podemos seguir, aberto para todos. É o caminho da paz. A Virgem Mãe nos indica, nos mostra o caminho: sigamo-la! E Vós, Santa Mãe de Deus, acompanhai-nos com a vossa protecção (Papa Bento XVI).

* Nossa Senhora, a Mãe de Deus e nossa Mãe espiritual… a criatura na qual a imagem de Deus se reflecte com nitidez absoluta, sem perturbação alguma, como acontece ao contrário com cada criatura humana (São Paulo VI).

* Salve, ó vós que não cessareis jamais de ser a nossa alegria, Santa Mãe de Deus (São Metódio).

* É lícito a um pecador desesperar da sua salvação quando a própria Mãe do Juiz se lhe ofereceu por Mãe e advogada? (Santo Afonso Maria de Ligório).

* A suavidade e o encanto das excelsas virtudes da Imaculada Mãe de Deus atraem de maneira irresistível os ânimos para a imitação do divino modelo, Jesus Cristo, de que Ela foi a mais fiel imagem (São Paulo VI).

* «Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós…». Com Isabel, também nós ficamos maravilhados: «E de onde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?» (Lc 1, 43). Porque nos dá Jesus, seu Filho, Maria é Mãe de Deus e nossa Mãe; podemos confiar-lhe todas as nossas preocupações e pedidos (Catecismo, 2677).

* Na Anunciação, Maria dá no seu seio a natureza humana ao Filho de Deus; aos pés da Cruz, em João, recebe no seu coração toda a humanidade. Mãe de Deus desde o primeiro instante da Encarnação, Ela torna-se Mãe dos homens nos últimos momentos da vida do Filho Jesus (São João Paulo II).

* Maria é Mãe de Deus, resplandecente de tanta pureza, e radiante de tanta beleza, que, abaixo de Deus, é impossível imaginar maior, na terra ou no céu (Santo André).

* Desde os tempos mais remotos, a Bem-Aventurada Virgem é honrada com o título de Mãe de Deus, a cujo amparo os fiéis acodem com as suas súplicas em todos os seus perigos e necessidades (Constituição Dogmática Lumen Gentium, 66).

* O anjo disse-lhe: «Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande  e será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai David ; e reinará eternamente na casa de Jacob» (Lc  1, 30-32).

 

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Pensamentos sobre os dons e carismas do Espírito Santo – 2

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* A um é dada pelo Espírito uma palavra de sabedoria; a outro, uma palavra de ciência, por esse mesmo Espírito; a outro, a fé, pelo mesmo Espírito; a outro, a graça de curar as doenças, no mesmo Espírito; a outro, o dom de milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, a variedade de línguas; a outro, por fim, a interpretação das línguas (1 Cor 12, 8-10).

* O dom do discernimento é distinguir de forma precisa de onde brota a inspiração: de Deus, do homem ou do demónio (Márcio Mendes).

* O Espírito Santo, já operante na criação do mundo e na Antiga Aliança, revela-Se na Encarnação e na Páscoa do Filho de Deus, e como que «explode» no Pentecostes para prolongar, no tempo e no espaço, a missão de Cristo Senhor (São João Paulo II).

* Quer extraordinários quer simples e humildes, os carismas são graças do Espírito Santo que, directa ou indirectamente, têm uma utilidade eclesial, pois são ordenados à edificação da Igreja, ao bem dos homens e às necessidades do mundo (O Catecismo, §799).

* Em todos os dias da vida quotidiana devemos ser fortes, precisamos desta fortaleza (dom do Espírito), para fazer avançar a nossa vida, a nossa família, a nossa fé (Papa Francisco).

* No dom da profecia é Deus que fala para iluminar, para arrancar as dúvidas e as preocupações, para ensinar, aconselhar, advertir, animar, dar alegria e esperança aos seus filhos, a fim de que saibam que Ele cuida deles (Márcio Mendes).

* O dom da ciência que deriva do Espírito Santo não se limita ao conhecimento humano: trata-se de um dom especial, que nos leva a entender, através da criação, a grandeza e o amor de Deus e a sua profunda relação com cada criatura (Papa Francisco).

 

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9º Domingo do Tempo Comum – Ano C

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 7, 1-10)

Naquele tempo quando acabou de dizer todas as suas palavras ao povo, Jesus entrou em Cafarnaúm. Ora um centurião tinha um servo a quem dedicava muita afeição e que estava doente, quase a morrer. Ouvindo falar de Jesus, enviou-lhe alguns judeus de relevo para lhe pedir que viesse salvar-lhe o servo.

Chegados junto de Jesus, suplicaram-lhe insistentemente: «Ele merece que lhe faças isso, pois ama o nosso povo e foi ele quem nos construiu a sinagoga.»

Jesus acompanhou-os. Não estavam já longe da casa, quando o centurião lhe mandou dizer por uns amigos: «Não te incomodes, Senhor, pois não sou digno de que entres debaixo do meu tecto, pelo que nem me julguei digno de ir ter contigo. Mas diz uma só palavra e o meu servo será curado. Porque também eu tenho os meus superiores a quem devo obediência e soldados sob as minhas ordens, e digo a um: ‘Vai’, e ele vai; e a outro: ‘Vem’, e ele vem; e ao meu servo: ‘Faz isto’, e ele faz.» Ouvindo estas palavras, Jesus sentiu admiração por ele e disse à multidão que o seguia: «Digo-vos: nem em Israel encontrei tão grande fé.» E, de regresso a casa, os enviados encontraram o servo de perfeita saúde.

Eu vos digo que nem em Israel encontrei uma fé assim”

O Evangelho deste Domingo IX do Tempo Comum (Lucas 7,1-10) começa com uma notícia tirada do quotidiano, informando-nos de que o criado de um centurião (chefe de cem soldados) estava gravemente doente, à beira da morte (v. 2a). O narrador lança logo um primeiro raio de luz sobre o centurião, dizendo que nutria por aquele criado um grande apreço, e informa-nos que ele sabia da presença de Jesus e também do seu fazer criador. Por isso, enviou alguns anciãos judeus para que intercedessem perante Jesus para que fosse salvar o seu criado (v. 3). E os anciãos vão mesmo ter com Jesus e pedem-lhe com insistência para atender o pedido do centurião, e acrescentam que se trata de um estrangeiro que ama o nosso povo (Israel), até ao ponto de ter edificado para o povo judaico a sinagoga de Cafarnaum (vv. 4-5). Belo este intercâmbio salutar entre este centurião romano e os judeus, e entre os judeus e este centurião romano.

Jesus aceitou o pedido e foi com eles (v. 6a). Já Jesus estava perto da casa do centurião, e eis que este envia agora os seus amigos para dizer a Jesus que não se incomodasse mais, pois não se sentia digno de que Jesus entrasse na sua casa (v. 6b), palavras que nós ainda hoje repetimos antes de receber a Eucaristia. E acrescenta que foi por isso, por não se sentir digno, que também não foi ele próprio ter com Jesus (v. 7a). E o discurso do centurião, pela boca dos seus amigos, vai ainda mais longe, pedindo a Jesus que diga apenas uma palavra e o seu servo ficará curado (v. 7b). E o centurião parte da sua situação concreta, dizendo que também ele está estabelecido em autoridade, e tem soldados às suas ordens. E diz a um: «Vai!», e ele vai, e a outro: «Vem!», e ele vem, e ao seu criado: «Faz isto!», e ele faz (v. 8).

E tendo ouvido estas coisas, Jesus ficou maravilhado com o dizer do centurião, e tendo-se voltado para a multidão que o seguia, disse: «Eu vos digo que nem em Israel encontrei uma fé assim» (v. 9). Sim. O discurso do centurião é sublime. Um Jesus maravilhado com alguém pela positiva, por uma fé invulgar encontrada em alguém, só se verifica aqui em todos os Evangelhos. Um Jesus maravilhado, mas pela negativa, pela incredulidade encontrada entre os seus conterrâneos de Nazaré, pode ver-se em Marcos 6,6. Na postura do centurião romano e na reacção dos conterrâneos de Jesus fica bem patente um intenso contraponto, e já se antevê a extraordinária abertura para a missão. Os estrangeiros vêem na Palavra de Jesus a Palavra criadora e salvadora, e mostram uma fé sublime. Os conterrâneos de Jesus só vêem o chão e o sangue, e não o céu.

Palavra para o caminho

A misericórdia de Deus não funciona por “merecimento”, mas por gratuidade. É um grande desafio para a Igreja e para todos nós libertar-nos da mentalidade no fundo quase que “comercial” e entrar na lógica de misericórdia e compaixão, como o Pai e também Jesus, nas suas relações com a realidade dos homens e mulheres nas diversas situações de fraqueza. Esta é a grande intuição do Papa Francisco, pois é o fundamento da “Boa Nova”, o Evangelho.

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