17º Domingo do Tempo Comum – Ano C

Worshippers recite the Lord's Prayer during a Mass at St. Hugh of Lincoln Church in Huntington Station, N.Y., in 2012. When Christians address God as "our Father" they acknowledge that God created and loves them, but they also recognize that all people are their brothers and sisters, Pope Francis said. (CNS photo/Gregory A. Shemitz, Long Island Catholic) (June 20, 2013) See POPE-OURFATHER June 20, 2013.

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 11, 1-13)

Sucedeu que Jesus estava algures a orar. Quando acabou, disse-lhe um dos seus discípulos: «Senhor, ensina-nos a orar, como João também ensinou os seus discípulos.» Disse-lhes Ele: «Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome; venha o teu Reino; dá-nos o nosso pão de cada dia; perdoa os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo aquele que nos ofende; e não nos deixes cair em tentação.» Disse-lhes ainda: «Se algum de vós tiver um amigo e for ter com ele a meio da noite e lhe disser: ‘Amigo, empresta-me três pães, pois um amigo meu chegou agora de viagem e não tenho nada para lhe oferecer’, e se ele lhe responder lá de dentro: ‘Não me incomodes, a porta está fechada, eu e os meus filhos estamos deitados; não posso levantar-me para tos dar’. Eu vos digo: embora não se levante para lhos dar por ser seu amigo, ao menos, levantar-se-á, devido à impertinência dele, e dar-lhe-á tudo quanto precisar.»

«Digo-vos, pois: Pedi e ser-vos-á dado; procurai e achareis; batei e abrir-se-vos-á; porque todo aquele que pede, recebe; quem procura, encontra, e ao que bate, abrir-se-á. Qual o pai de entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma serpente Ou, se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Pois se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que lho pedem!»

Aprender de novo a rezar o Pai Nosso

Recitamos, tantas vezes, o Pai Nosso e, frequentemente, de maneira tão apressada e superficial, que acabamos, às vezes, por esvaziá-lo do seu sentido mais profundo.

Esquecemo-nos que esta oração foi-nos dada como presente por Jesus, como a oração que melhor recolhe o que ele vivia no mais íntimo do seu ser e a que melhor expressa o sentir dos seus verdadeiros discípulos.

Talvez, necessitemos “aprender” de novo o Pai Nosso. Fazer que essas palavras que pronunciamos tão rotineiramente, nasçam com vida nova em nós, cresçam e se enraízem na nossa existência.

Eis aqui algumas sugestões que podem ajudar-nos a compreender melhor as palavras que pronunciamos e deixar-nos penetrar pelo seu sentido.

Pai nosso que estais nos céus. Deus não é, em primeiro lugar, nosso juiz e, muito menos, nosso rival e inimigo. É o Pai que, das profundezas da vida, escuta o clamor dos seus filhos. Pai (Nosso): o título exprime o novo relacionamento com Deus (Pai). É o fundamento da fraternidade.

Ele é nosso, de todos. Não sou só eu que rezo a Deus. Isolados ou juntos, somos todos nós que invocamos o Deus e Pai de todos os homens e mulheres. É impossível invocá-lo sem que cresça e aumente em nós o desejo de mais e melhor fraternidade.

Está nos céus como lugar aberto, de vida e plenitude, para onde se dirige o nosso olhar nas lutas de cada dia.

Santificado seja o vosso Nome. Com este pedido rezamos para que o mundo chegue a conhecer o nome (isto é, a realidade íntima) de Deus (que Ele é o nosso “Querido Pai”) através da nossa vivência. Torna-se uma oração missionária, com três elementos: primeiro, que nós cheguemos a conhecer cada vez mais quem é Deus; segundo, que o mundo chegue a este conhecimento através do nosso testemunho; terceiro, que a plenitude da revelação da realidade de Deus venha depressa. O Nome de Deus é santificado quando é usado com fé e não com magia; quando é usado conforme o seu verdadeiro objetivo, isto é, não para a opressão, mas sim para a libertação do povo e para a construção do Reino.

Venha a nós o vosso Reino. Não pedimos para ir, o quanto antes, para o céu. Gritamos que o Reino de Deus venha, o quanto antes, à terra, e se estabeleça uma ordem nova de justiça e fraternidade onde ninguém domine ninguém, mas onde o Pai seja o único Senhor de todos.

Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. Não pedimos que Deus adapte a sua vontade à nossa. Somos nós que nos abrimos à sua vontade de libertação em vista de todos viverem como irmãos, filhos do mesmo Pai do Céu.

O pão nosso de cada dia, dai-nos hoje. Confessamos com alegria a nossa dependência de Deus e pedimos-lhe o necessário para viver, sem pretender agarrar-nos ao supérfluo e desnecessário que perverte o nosso ser e nos fecha aos necessitados.

Perdoai os nossas pecados, egoísmos e injustiças, pois estamos dispostos a estender esse perdão que recebemos de vós a todos os que nos tenham feito algum mal. Cada 50 anos, o Ano Jubilar obrigava todos a perdoar as dívidas. Era um novo começo (Lv 25,8-55). Jesus anuncia um novo Ano Jubilar, “um ano da graça da parte do Senhor” (Lc 4,19). O Evangelho quer recomeçar tudo de novo! Lucas mudou “dívidas” para “pecados”

Não nos deixeis cair na tentação de esquecer o vosso rosto e explorar os nossos irmãos. Guardai-nos no vosso coração de Pai e ensinai-nos a viver como irmãos. No êxodo, o povo foi tentado e caiu (Dt 9,6-12). Murmurou e quis voltar atrás (Ex 16,3; 17,3). No novo êxodo, a tentação será superada pela força que o povo recebe de Deus (1Cor 10,12-13).

E livrai-nos do mal. De todo mal. Do mal que cometemos cada dia e do mal de que somos vítimas constantemente. Orientai a nossa vida para o Bem e a Felicidade.

Duas parábolas finais completam o Evangelho deste Domingo. O acento da primeira não deve ser posto tanto na insistência do “amigo importuno”, mas mais na acção do amigo que satisfaz o pedido; o que Jesus pretende dizer é: se os homens são capazes de escutar o apelo de um amigo importuno, ainda mais Deus atenderá gratuitamente aqueles que se Lhe dirigem. A segunda parábola convida à confiança em Deus: Ele conhece-nos bem e sabe do que necessitamos; em todas as circunstâncias Ele derramará sobre nós o Espírito, que nos permitirá enfrentar todas as situações da vida com a força de Deus.

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Santa Maria Madalena – 22 de Julho

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Maria Madalena! Quem não conhece esta figura do Evangelho… Pois é hoje o seu dia. E o que a tornou grande foi ter descoberto que podia confiar em Cristo. É que aprendeu que, por pior que seja aquilo por que passamos, Deus está pronto a dar-nos uma nova oportunidade. Nada, nem o nosso pecado, nos pode separar do amor de Deus. Madalena é a que confia, a que reconhece o seu erro e é agradecida a quem a perdoou e lhe deu esperança.

Vasco P. Magalhães, sj

 

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Solenidade de Nossa Senhora do Carmo – 16 de Julho

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O Carmelo é a flor de Maria, é a Sua Casa. É Nossa Senhora que dá a flor da sua vida – Jesus – às nossas almas! (Beata Maria Josefina de Jesus Crucificado).

Os Carmelitas contemplam aquela que é o ideal de vida carmelita, a Virgem Maria, a quem invocamos com o doce título de Nossa Senhora do Carmo.

O Carmelita é um enamorado de Maria. Para o Carmelo, Maria não só é a “Mãe” mas, e principalmente, a “Irmã”. Isto justifica que os Carmelitas sejam conhecidos e reconhecidos pela Igreja, como “Irmãos da Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo”.

Uma vez que o Carmelita deve viver em “obséquio de Jesus Cristo”, tal como recomenda a Regra do Carmo, ninguém como Maria viveu este ideal. Ela aparece na História Sagrada em função do Messias e toda a sua vida está centrada em Jesus Cristo. José cumpriu a sua missão e desapareceu. Jesus entra na maior idade e Maria continua presente. E continuará presente até ao fim dos séculos como Mãe da Igreja, Corpo de Cristo. Maria é a nossa irmã maior. João da Cruz vê nela o exemplar do autêntico Carmelita. Não lhe dedicou nenhuma obra, mas esta frase que lhe aplica diz tudo o que de mais sublime se lhe pode atribuir: “Eram assim as [obras e orações] da gloriosíssima Virgem Nossa Senhora, a qual, estando desde o princípio elevada a este alto estado, nunca teve gravada na sua alma forma alguma de criatura, nem se moveu por ela, mas foi sempre movida pelo Espírito Santo”(3S 2, 10).

Quando em 1191 Ricardo I reconquista a Terra Santa, um sem número de cristãos, esquecendo a Europa fixam-se nos Lugares Santos, sobretudo em locais de tradição bíblica. O Monte Carmelo com o seu silêncio, as suas águas vivas, o encanto da vegetação, a vista deliciosa sobre o mar, a solidão que apelava para Deus atraíram muitos desses homens para a beleza deste Monte.

Recordavam-se daquela frase do profeta Jeremias que dizia: «Levar-vos-ei ao Carmelo onde saboreareis os seus deliciosos frutos». Recordavam-se do profeta Elias e da nuvenzinha pequenina e frágil que ele vira subir do mar, como símbolo de Maria. E resolveram construir uma capela em honra de Nossa Senhora que passou a ser conhecida, desde o início, como a Senhora do Carmo.

Carmelo quer dizer «jardim de Deus», «vinha de Deus». Os carmelitas eram as flores do jardim cuidado e protegido por Maria, eram vinha preciosa que Maria diligente trabalhava para dar frutos apetecíveis.

No ano de 1251, já na Europa, a família do Carmelo, é alvo de perseguições de várias proveniências, de dentro e fora da Igreja. S. Simão Stock, VI Geral da Ordem, reza com todos os carmelitas a Maria para que ela lhes acuda.

No dia 16 de Julho, enquanto o Geral reza a oração do “Flos Carmeli” (“Flor do Carmelo, vide florescente, esplendor do Céu, Virgem Mãe, singular. Doce Mãe, mas sempre Virgem, aos teus filhos dá teus favores, ó Estrela do mar”), vê a Virgem que o anima e lhe promete ajuda, enquanto lhe entrega o Escapulário do Carmo, convidando todos a usá-lo para terem a sua protecção. A partir desta data a devoção à Mãe e Irmã dos carmelitas aumentou dentro e fora da Ordem.

Em Lourdes, Bernardete viu Nossa Senhora várias vezes; a última aparição foi no dia de Nossa Senhora do Carmo, 16 de Julho de 1858. Bernardete declara ter visto nesse dia a Virgem «tão bela e gloriosa como nunca».

Em Fátima, a última aparição, no dia 13 de Outubro de 1917, foi de Nossa Senhora do Carmo. A Ir. Lúcia diz que «por fim lhes apareceu Nossa Senhora do Carmo a abençoar o mundo» e imediatamente se deu o início do milagre do sol.

Oração a Nossa Senhora do Carmo

Ó Virgem Maria, Mãe e Rainha do Carmelo, tu estiveste unida de modo admirável ao mistério da Redenção; tu acolheste e conservaste no coração a Palavra de Deus e perseveraste com os Apóstolos em oração esperando o Espírito Santo. Em ti, como numa imagem perfeita, vemos realizado o que desejamos e esperamos ser na Igreja. Ó Virgem Maria, Estrela mística do Monte Carmelo, ilumina-nos e guia-nos no caminho da perfeita caridade e atrai-nos para a contemplação do rosto do Senhor. Cuida de nós com amor, e reveste os teus filhos com o teu santo Escapulário, sinal da tua protecção, e que a tua presença ilumine os nossos caminhos e nos faça chegar ao monte da salvação, que é Cristo Jesus, teu Filho e Senhor nosso. Amen

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Tríduo preparatório da Solenidade de Nossa Senhora do Carmo – 3º Dia

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Refletir a misericórdia de Deus (15 de Julho)

Se soubessem o que significa: ‘Eu quero a misericórdia, e não o sacrifício, o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos’ não condenariam os que não têm culpa” (Mt 12,7; Os 6,6).

Chegámos ao fim da novena e do tríduo da solene comemoração de Nossa Senhora do Carmo em que temos estado a meditar sobre Maria, Mãe de Misericórdia. Este título, “Maria, Mãe de misericórdia” aparece pela primeira vez na Síria, em Tiago de Sarug, bispo de Batnae (†521) e, no Ocidente, em S. Odão, abade de Cluny (†942), tendo começado a ser repetido na antífona Salvé Rainha que os Cartuxos cantavam diariamente depois de Completas, desde o séc. XII, onde também se destaca a qualidade dos olhos maternos de Maria: “esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei”, concluindo com um apelo ao seu amor maternal: “ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria”. Este mesmo sentido aparece no ícone original da Virgem Maria, Estrela do Mar, do Monte Carmelo (La Bruna), onde Nossa Senhora, revestida com as cores da Virgo purissima, a Imacu­lada Conceição, é representada como Panagia eleousa (A toda santa, mise­ricordiosa), com a mão direita a apontar para o seu Filho (Hodegetria) e a esquerda a estreitá-lo contra o coração e a face, o qual se agarra a ela com a mão esquerda e com a direita apoia a sua cabeça, acarinhando o mento.
Maria é a pessoa que mais a fundo conhece o mistério da misericórdia divina” (João Paulo II, DM 9), que a escolheu desde toda a eternidade, a envolveu de modo particular desde a sua Imaculada Conceição, nela encarnou na Anunciação, a fez discípula fiel do seu Filho, se consumou no grande acontecimento da Sua Páscoa (paixão, morte, ressurreição e Pentecostes) e atingiu a sua plenitude na Assunção. Ela é a “cheia de graça”, totalmente repleta e transformada pela benevolência divina (cf. Ef 1,6). Nela resplandecem admiravelmente as mais altas expressões da graça divina, refletindo-se da forma mais límpida, pura e transparente; simples, concreta e humilde; fraterna, amiga e materna; amável, doce e encantadora.

Por isso a Igreja nunca deixa de a ela acorrer, pois nela vê tudo o que deseja e espera ser: “O nosso amor a Maria é muito mais do que uma mera devoção sentimental; é, antes, a contemplação da beleza do amor misericordioso de Deus por nós, pela humanidade dispersa que Ele quer reunir; é a contemplação da beleza da Igreja como Povo do Senhor, de que ela é membro eminente e mãe amorosa; e da beleza da vida com Cristo, de quem ela foi mãe e primeira e perfeita discípula” (D. António Marto).

Com a graça de que foi revestida e à qual aderiu com todo o seu ser, com o seu amor e eminente santidade, a sua misericórdia e proximidade, Maria reflete de modo singular o dom da misericórdia divina que recebeu não para com ele se exaltar, mas para o acolher e amar, conhecer e engrandecer, proclamar e transmitir cada vez mais aos outros na própria existência. O que recebeu gratuitamente, também o quer dar a cada um de nós, a cada ser humano que lhe foi confiado como filho por Cristo do alto da cruz. E assim como uma mãe ama o fruto das suas entranhas ainda antes de o ver e o aceita incondicionalmente antes de o conhecer, também nós sabemos que Maria nos ama independentemente de tudo, como ao seu próprio Filho, nos acolhe sempre que vamos à sua presença e nos quer transmitir tudo o que recebeu de Deus, fazendo tudo o que pode da sua parte, inclusive dar a sua própria vida, para que também nós o possamos receber, amar, conhecer e transmitir aos outros. Como diz Paulo: “Fizemo-nos pequenos entre vós, como a mãe que estremece os seus filhos que alimenta. Sentíamos tanto afeto por vós, que desejávamos ardentemente partilhar convosco de forma gratuita não só o Evangelho de Deus mas a própria vida, tão queridos nos éreis” (1 Ts 2,7-8). Tal é o sentido do Escapulário que usamos. Um sinal de aliança, um dom que por ser tão pequeno e singelo, tanto mais exalta a grandeza do amor, da generosidade e da gratuidade com que Maria nos dá a sua vida, para que possamos ter e levar a vida que lhe foi dada. Ora o verdadeiro amor consiste na intimidade, na partilha e na imitação. O gesto de Maria pede-nos assim também que a imitemos, refletindo na própria vida o amor que nos dedica e testemunhando-o aos outros, com a mesma misericórdia com que Deus nos ama e ele no-la transmite. Por isso diz a Regra da Ordem Terceira, 32: “Também os leigos carmelitas são chamados a viver na presença do Deus vivo e verdadeiro, que em Cristo habitou no meio de nós, e a procurar toda possibilidade e ocasião de alcançar a intimidade divina. Deixando-se guiar pelo Espírito Santo, aceitam ser transformados na mente e no coração, no olhar e nos gestos. Todo o seu ser e sua existência se abrem ao reconhecimento da ação imediata e plena de misericórdia de Deus na vida de cada um. Descobrem-se irmãos e irmãs, chamados a partilhar o caminho comum em direção à plena santidade e a levar a todos o anúncio de que somos filhos do único Pai, irmãos de Jesus”. Gozando, pois, do amor e companhia de Maria, abra­mo-nos ao dom da graça, para com ela sermos testemunhas e portadores da misericórdia divina, irradiando-a e refletindo-a em toda a nossa existência.

Oração a Nossa Senhora do Carmo

Ó Virgem Maria, Mãe e Rainha do Carmelo, tu estiveste unida de modo admirável ao mistério da Redenção; tu acolheste e conservaste no coração a Palavra de Deus e perseveraste com os Apóstolos em oração esperando o Espírito Santo. Em ti, como numa imagem perfeita, vemos realizado o que desejamos e esperamos ser na Igreja. Ó Virgem Maria, Estrela mística do Monte Carmelo, ilumina-nos e guia-nos no caminho da perfeita caridade e atrai-nos para a contemplação do rosto do Senhor. Cuida de nós com amor, e reveste os teus filhos com o teu santo Escapulário, sinal da tua protecção, e que a tua presença ilumine os nossos caminhos e nos faça chegar ao monte da salvação, que é Cristo Jesus, teu Filho e Senhor nosso. Amen.

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Tríduo preparatório da Solenidade de Nossa Senhora do Carmo – 2º dia

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Jesus Cristo, a fonte da misericórdia (14 de Julho)

Depois de ter mostrado que a misericórdia do Pai, por Ele manifestada, só é revelada aos pequenos, Jesus chama-nos hoje a vir ter com Ele. “Vinde a Mim”, é o convite que Jesus dirige a todos os que andam cansados, em busca de apreço, afeto e reconhecimento; agitados, por causa do seu apego às coisas terrenas; oprimidos pelo medo e a falta de esperança; vazios pelo pecado e afastamento de Deus; sofridos por causa da doença, do abandono ou da solidão. É a eles e a cada um de nós que Jesus dirige o seu convite.

E a si que Ele nos incita a vir com toda a confiança, prometendo: “E eu vos aliviarei”. Convida-nos a entrar em nós e a aí nos encontrarmos com Ele, entregando-lhe toda a nossa vida e preocupações, aceitando-o como único Senhor e Pastor da nossa vida. Não foi este mesmo apelo que os primeiros carmelitas, desejosos de viver em obséquio de Jesus Cristo, escutaram? De facto, é só n’Ele que se encontra a vida e a paz: “Vós nos dareis a paz, Senhor, porque sois Vós que realizais tudo o que fazemos” (Is 26,12). Esta paz, porém, só a experimenta quem, escutando a sua voz, vem a Jesus e toma sobre si o seu jugo, obedecendo-lhe e seguindo com Ele o seu caminho, deixando-se guiar por Ele e imitando-o, imbuído do seu Espírito. Por isso Jesus dirige um segundo convite: “aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração”. É o convite a entrar na escola e moradia do Seu Coração, como diz Maria Madalena de Pazzi (III,149s; VI,210), para nele, saboreando e vendo como o Senhor é bom, beber, como crianças recém-nascidas (v. 25), o leite não adulterado da sua Palavra (1 Pd 2,3), de modo a aprender as coisas do Reino, conhecendo o verdadeiro rosto de Deus, Pai de misericórdia, para ser renovados pelos tesouros inesgotáveis da Sua graça, que Ele nos concedeu em seu Filho, Jesus Cristo.

É aí que, como numa escola, 1) aprendemos a ler os desígnios do Seu Coração nos caminhos da nossa vida; 2) procurando encarná-los na própria existência, repetindo os seus mesmos gestos e palavras, iniciativas e atitudes, com a sua mesma disposição e sentimentos: a mansidão e a humildade, próprias dos pobres em espírito, de quem é o Reino de Deus. De facto, como nota Madalena de Pazzi, é só avançando pelo vale da humildade e perdendo-nos no oceano da mansidão que podemos encontrar este repouso que Jesus nos promete, porque é só então que Jesus repousa em nós (IV,112). Mansidão, nas relações com o próximo, pela qual, rejeitando toda a soberba e altivez, acolhemos os outros, os escutamos e aceitamos, com compreensão e apreço, doçura e serenidade, pondo de lado toda a guerras e conflito, inveja e ódio, ressentimento e falta de perdão. Humildade, nas relações com Deus, não aspirando a coisas altas, mas esforçando-se por traduzir a Sua vontade na terra da própria vida, com a ajuda da Sua graça. Quem o faz, encontrará descanso, como promete Jesus.

Porque o meu jugo é suave e a minha carga é leve”. É suave, porque quem o aceita, libertado da morte do pecado, reconcilia-se com Deus, consigo mesmo e com os outros, passando a viver repleto de alegria e esperança, de amor e confiança (cf. Is 9,5). É leve, porque, como S. Teresinha diz, avança pelas vias da confiança e do amor, sabendo que “o que mais ofende a Jesus e O fere no coração, é a falta de confiança” (Ct 92,2r; cf. MA 80v).

Iluminada e transformada por Deus, essa pessoa torna-se um sábado, dia de repouso e de santidade para Deus, sendo chamada, com razão, Jerusalém, quer dizer visão de paz (II,71), pois Jesus e o Pai a ela vêm, nela estabelecem a sua morada e encontram o seu repouso, manifestando-lhe o seu amor e difundido a sua paz, fruto da Sua inabitação nela (I,105; Jo 14,23).

Longe, porém, de ser uma paz morta, este repouso, que brota do Coração de Jesus, só é saboreado por aqueles que não descansam (V,106): é descanso obtido com tanta fadiga; paz alcançada com uma contínua guerra contra o próprio eu; contentamento, gozo e alegria, fruto de tanto esforço, dor e aflições; luz, a que chegamos depois de passarmos por tantas trevas e tentações, confusão e aflições, interiores e exteriores” (III,67). Não é, também, um descanso individualista. O mesmo Jesus que diz: “Vinde a Mim”, é o que exclama na cruz “Tenho sede” (Jo 19,28) e por duas vezes pede à samaritana: “Dá-me de beber” (Jo 4,7.10). Se o repouso que jorra do Coração de Jesus, vem do Sua presença em nós, é porque o lugar do repouso de Jesus é o nosso coração. Por isso, quem achou Jesus, não descansa, procurando, pela palavra, o exemplo e a oração, atrair muitos corações a Ele, para que O encontrem e nele repousem, deixando-O repousar no seu. Isto estende-se também à prática das obras de misericórdia, pois, ao ver os outros a sofrer, perturbados, inquietos ou aflitos, vai ao seu encontro, tudo fazendo e estando disposto a tudo suportar para os aliviar, consolar e restabelecer, “porque este coração assim inquieto sabe que não dá repouso a Deus, enquanto não lhe der as suas criaturas” (VII,249s), redimidas com tanto amor e misericórdia por Cristo na cruz. Que Maria, doce Mãe, mansa (Mater mitis) e repleta de misericórdia, pela qual nos veio a salvação e a paz, faça de nós obreiros desta paz no mundo. Ámen.

Oração a Nossa Senhora do Carmo

Ó Virgem Maria, Mãe e Rainha do Carmelo, tu estiveste unida de modo admirável ao mistério da Redenção; tu acolheste e conservaste no coração a Palavra de Deus e perseveraste com os Apóstolos em oração esperando o Espírito Santo. Em ti, como numa imagem perfeita, vemos realizado o que desejamos e esperamos ser na Igreja. Ó Virgem Maria, Estrela mística do Monte Carmelo, ilumina-nos e guia-nos no caminho da perfeita caridade e atrai-nos para a contemplação do rosto do Senhor. Cuida de nós com amor, e reveste os teus filhos com o teu santo Escapulário, sinal da tua protecção, e que a tua presença ilumine os nossos caminhos e nos faça chegar ao monte da salvação, que é Cristo Jesus, teu Filho e Senhor nosso. Amen.

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Tríduo preparatório da Solenidade de Nossa Senhora do Carmo – 1º Dia

NOSSA SENHORA DO CARMO (2) (1)

A misericórdia é revelada aos humildes (13 de Julho)

Depois de termos sido chamados à conversão e a contemplarmos a misericórdia de Deus, Jesus convida-nos hoje a entrar no seu âmago, dizendo: “Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos”. Esta passagem evidencia que tudo o que Deus faz e diz, é para se revelar a si mesmo, é para se dar a si mesmo a nós, para que O possamos conhecer e amar. Esta revelação e este dom são sempre pessoais: de Deus que se dá a si mesmo, como Pai, Filho e Espírito Santo, um só Deus em três pessoas divinas, para que possamos ser introduzidos na sua comunhão, admitidos à sua vida íntima e participar da sua natureza divina, isto é, o seu amor. Apesar da nossa fraqueza, da nossa pequenez, da nossa miséria, do nosso pecado. Não apenas uma vez, no passado, mas cada dia de novo, a cada hora, em cada circunstância, acontecimento e pessoa, como se fosse a primeira vez, pois “o Senhor não abandona o seu povo” (Sl 94,14).

Foi disto que a Assíria se esqueceu. Pensou que tinha recebido o impulso inicial, apenas uma vez no passado, e que tudo o resto era ela que o devia fazer. Parecia humildade, mas de facto era soberba desmesurada, arrogância e orgulho. Porque se tudo o resto era ela que devia fazer, então tudo o resto era a ela que se devia, dizendo: ‘Eu agi pela força do meu braço, atuei com a minha sabedoria, porque sou inteligente’. E isso fê-la desprezar os outros, oprimi-los e violentá-los. “Gloria-se, porém, o machado contra quem o empunha? Maneja o bastão quem o levanta?”

Os caminhos de Deus são bem diversos: “os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos são os meus caminhos, diz o Senhor” (Is 55,8). Foi do agrado do Pai seguir na direção oposta, revelando o seu amor e a sua misericórdia aos pequeninos, às criancinhas, aos humildes, aos fracos e pecadores. Àqueles que reconhecem que nada são, nada podem e nada sabem por si mesmos, sem o Pai. E que, por isso, se entregam gozosamente nas suas mãos, deixando-o fazer neles a sua obra. “O que é fraco para este mundo, Deus escolheu-o para confundir o que é forte. Deus escolheu o que no mundo é vil, aquilo que é nada, para assim mostrar a nulidade dos que pensam ser alguma coisa. Para que ninguém se possa gloriar diante de Deus” (1 Cor 1,27ss). Por isso Jesus diz: “Sim, Pai, Eu Te bendigo, porque assim foi do Teu agrado”. E Paulo acrescenta: “É graças a Ele (o Pai) que vós estais em Cristo Jesus, o qual se tornou para nós sabedoria de Deus, justiça, santificação e redenção” (1 Cor 1,30s).

Para que Deus realize em nós a sua obra, de modo que Cristo Jesus (Cristo, Cabeça, na Igreja, seu Corpo), seja a nossa sabedoria, nos justifique e faça progredir na santidade, libertando-nos de nós mesmos e de tudo o há de terreno, há que abandonar-nos à sua misericórdia, confiar n’Ele, entregar-nos nas suas mãos, aceitar o seu plano, abraçar concretamente a sua vontade expressa na nossa história pessoal, conscientes da nossa cegueira e ignorância, do nosso nada e pequenez. Por isso nos entregamos nas suas mãos e lhe damos graças em todas as situações, fáceis ou difíceis, alegres ou tristes, confortantes ou dolorosas, sabendo que tudo lhe foi dado pelo seu Pai e que, por isso, Ele tudo tem e tudo dirige, de modo que, pondo-nos nas suas mãos, sabemos que estamos nas mãos do Pai: “Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt 11,27). S. Maria Maddalena de’ Pazzi chama a este abandono total, amoroso e confiante de si mesmo ao Pai pela fé “relaxar-se”, isto é, deixar-se inteiramente, render-se completamente ao Pai, tudo depondo nas suas mãos: “Quem alguma vez poderá narrar a tua grandeza e a tua bondade em no-la comunicar? A maior narrativa que de Ti se pode fazer é relaxar-se totalmente em Ti, em tudo e por tudo, e aniquilar-se sob Ti” (III,283), “abandonando-se, completamente morta, em Deus, de modo que seja Deus a agir nela e ela em Deus, de tal modo que ela, ao agir não repare que o está a fazer” (IV,185). S. Teresinha chamar a este abandono incondicional nas mãos do Pai, caminho da infância espiritual e exclama: “o Todo-poderoso fez maravilhas na alma da pequenina filha da sua Divina Mãe e a maior foi ter-lhe mostrado a sua pequenez e impotência”. (MC, 4r). São estes pequeninos, os que mais agradam a Deus, porque, sem o saber, por puro amor, fazem o bem aos mais pequeninos dos homens, usando de misericórdia para com eles, sem nada pretender em troca, como mostra a sua pergunta no juízo final: “Senhor, quando é que te vimos com fome e te demos de comer, a sofrer e te socorremos e consolamos?” (Mt 25). Maria, porém, confiou, aceitando fazer-se pequenina. E assim conheceu o Pai, proclamando a sua obra e dando a conhecer a sua misericórdia, reconhecendo o seu Filho nos mais pequeninos que encontrava e deles aprendendo o Evangelho, tornando-se, pela sua obediência, através do que sofreu, Mãe de misericórdia, capaz de se compadecer e de compreender as nossas dificuldades, porque também por elas passou, grata por assim melhor poder conhecer o amor misericordioso de Deus e o seu Filho.

Oração a Nossa Senhora do Carmo

Ó Virgem Maria, Mãe e Rainha do Carmelo, tu estiveste unida de modo admirável ao mistério da Redenção; tu acolheste e conservaste no coração a Palavra de Deus e perseveraste com os Apóstolos em oração esperando o Espírito Santo. Em ti, como numa imagem perfeita, vemos realizado o que desejamos e esperamos ser na Igreja. Ó Virgem Maria, Estrela mística do Monte Carmelo, ilumina-nos e guia-nos no caminho da perfeita caridade e atrai-nos para a contemplação do rosto do Senhor. Cuida de nós com amor, e reveste os teus filhos com o teu santo Escapulário, sinal da tua protecção, e que a tua presença ilumine os nossos caminhos e nos faça chegar ao monte da salvação, que é Cristo Jesus, teu Filho e Senhor nosso. Amen.

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15º Domingo do Tempo Comum – Ano C

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 10, 25-37)

Naquele tempo levantou-se um doutor da Lei e perguntou a Jesus para o experimentar: «Mestre, que hei-de fazer para possuir a vida eterna?» Disse-lhe Jesus: «Que está escrito na Lei? Como lês?» O outro respondeu: «Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.» Disse-lhe Jesus: «Respondeste bem; faz isso e viverás.» Mas ele, querendo justificar a pergunta feita, disse a Jesus: «E quem é o meu próximo?» Tomando a palavra, Jesus respondeu: «Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores que, depois de o despojarem e encherem de pancadas, o abandonaram, deixando-o meio morto. Por coincidência, descia por aquele caminho um sacerdote que, ao vê-lo, passou ao largo. Do mesmo modo, também um levita passou por aquele lugar e, ao vê-lo, passou adiante. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão. Aproximou-se, ligou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. No dia seguinte, tirando dois denários, deu-os ao estalajadeiro, dizendo: ‘Trata bem dele e, o que gastares a mais, pagar-to-ei quando voltar.’ Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?» Respondeu: «O que usou de misericórdia para com ele.» Jesus retorquiu: «Vai e faz tu também o mesmo.»

Breve reflexão

A parábola do Bom Samaritano é tão conhecida que podemos perder o sabor e o sentido que dela podemos tirar para a nossa vida.

O texto da parábola começa com um diálogo entre um doutor da Lei que se levanta para pôr à prova o Senhor dizendo: “Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?”. Jesus não responde mas faz-lhe outra pergunta: “O que é que está escrito na lei? Como lês?”: “Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo”. Mas o doutor não fica totalmente contente com a resposta de Jesus e “querendo justificar-se” por ter feito a pergunta, pede-lhe que lhe diga quem é o seu próximo.

Jesus, que vive aliviando o sofrimento de quem encontra no seu caminho, responde-lhe com um relato que denuncia de forma provocadora todo o legalismo religioso que ignore o amor ao necessitado.

Jesus muda a ordem das coisas: não se trata de saber quem é o meu próximo, mas de me fazer, eu, o próximo de qualquer homem. Recordemos que a pergunta inicial era: “o que fazer para alcançar a vida eterna”. A conclusão é óbvia: para alcançar a vida eterna é preciso amar a Deus e amar o próximo. “Para os cristãos não há ‘pessoas estranhas’. O nosso próximo é todo aquele que está diante de nós e tem necessidade de nós; não importa se é nosso familiar ou não, se nos ‘agrada’ ou não, se é ‘moralmente digno’ de ajuda” (Santa Teresa Benedita da Cruz).

Sobre uma pedra da pretensa pousada do Bom Samaritano, na verdade um edifício do tempo dos Cruzados, mas que os peregrinos identificam com a pousada da parábola, um peregrino medieval gravou em latim estas palavras: “Ainda que sacerdotes e levitas passem ao lado da tua angústia, fica a saber que Cristo é o Bom Samaritano, que terá compaixão de ti, e, na hora da tua morte, te conduzirá à pousada eterna”.

Palavra para o caminho

Respondeste bem; faz isso e viverás”. Esta frase de Jesus recorda-nos as palavras que pronunciou na última ceia, como nos conta João, depois de lavar os pés aos discípulos, Jesus convida-os a fazer o mesmo (Jo 13, 12-15). Na última ceia Jesus deixa aos seus o mandamento do amor, entendido como disponibilidade para “dar a vida”, para nos amarmos como o Senhor nos amou (Jo 15, 12-14).Jesus quer que os seus discípulos façam como ele. “Por isto todos saberão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 35).

Segundo Jesus, as pessoas que têm coração são as que melhor nos podem indicar como temos de tratar com os que sofrem.

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Para restaurar a confiança

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Se em vez de criticar, louvássemos, se em vez de vermos o defeito, víssemos a qualidade, os outros não só estranhariam, como talvez até se chocassem com a nossa originalidade. Mas o mundo poderia começar a mudar. Dizer bem parece uma fraqueza e, contudo, só isso é fonte de vida. Não tenhamos medo! Dizer bem devia ser um hábito nosso. Deus diz bem de nós. Bendiz.

Vasco P. Magalhães, sj

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14º Domingo do Tempo Comum – Ano C

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 10, 1-12.17-20)

Naquele tempo, o Senhor designou outros setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois, à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir. Disse-lhes: «A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, portanto, ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe. Ide! Envio-vos como cordeiros para o meio de lobos. Não leveis bolsa, nem alforge, nem sandálias; e não vos detenhais a saudar ninguém pelo caminho. Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!’ E, se lá houver um homem de paz, sobre ele repousará a vossa paz; se não, voltará para vós. Ficai nessa casa, comendo e bebendo do que lá houver, pois o trabalhador merece o seu salário. Não andeis de casa em casa. Em qualquer cidade em que entrardes e vos receberem, comei do que vos for servido, curai os doentes que nela houver e dizei-lhes: ‘O Reino de Deus já está próximo de vós.’ Mas, em qualquer cidade em que entrardes e não vos receberem, saí à praça pública e dizei: Até o pó da vossa cidade, que se pegou aos nossos pés, sacudimos, para vo-lo deixar. No entanto, ficai sabendo que o Reino de Deus já chegou.’»

Os setenta e dois discípulos voltaram cheios de alegria, dizendo: «Senhor, até os demónios se sujeitaram a nós, em teu nome!» Disse-lhes Ele: «Eu via Satanás cair do céu como um relâmpago. Olhai que vos dou poder para pisar aos pés serpentes e escorpiões e domínio sobre todo o poderio do inimigo; nada vos poderá causar dano. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem; alegrai-vos, antes, por estarem os vossos nomes escritos no Céu.»

Reflexão

O Evangelho deste 14º Domingo apresenta-nos Jesus a enviar em missão 72 discípulos. O número 72 traduz a universalidade: somos todos enviados por Jesus! Na mentalidade hebraica, eram 72 as nações que povoavam a terra. Assim, ao escolher um discípulo por nação, Jesus possibilita que todas as nações possam escutar o Evangelho!

O envio dos 72 discípulos aparece só no Evangelho de Lucas e vinca bem a qualidade missionária deste Evangelho, que faz missionários, não apenas os Doze, mas todos os discípulos de Jesus! Sem equívocos: ser cristão ou discípulo de Jesus é ser missionário. Ser missionário não é uma segunda vocação, facultativa. Sempre sem equívocos: SER CRISTÃO É SER MISSIONÁRIO! É viver intensamente de Jesus e com Jesus, e partir, sair de si, para levar Jesus ao coração dos nossos irmãos. A grande Apóstola das ruas de Ivry, Madeleine Delbrêl (1904-1964), dizia as coisas assim, de maneira contundente: “A missão não é facultativa. Os meios ateus [e indiferentes] em que vivemos impõem-nos uma escolha: MISSÃO OU DEMISSÃO CRISTÔ.

As palavras de Jesus constituem uma espécie de carta fundacional onde os Seus seguidores hão-de alimentar-se na sua missão evangelizadora. Eis algumas linhas mestras.

Ide. Responde melhor ao desejo original de Jesus uma Igreja não virada sobre si mesma mas saindo para fora de si que caminha pela história segundo a lógica do envio: saindo de si mesma, pensando nos outros, servindo ao mundo a Boa Nova de Deus. “A Igreja não está aí para si mesma, mas para a humanidade” (Bento XVI).

Quando entrardes numa terra… curai os doentes e dizei: está próximo de vós o reino de Deus. Esta é a grande notícia: Deus está próximo de nós animando-nos a fazer mais humana a vida. Mas não basta afirmar uma verdade para que seja atractiva e desejável. É necessário rever a nossa actuação. Não basta pregar sermões desde o altar. Temos de aprender a escutar mais, a acolher, a curar a vida dos que sofrem… só assim encontraremos palavras humildes e boas que possibilitem o encontro com Jesus cuja ternura insondável nos coloca em contacto com Deus, o Pai Bom de todos.

Quando entrardes numa casa, dizei primeiro: Paz a esta casa. A Boa Nova de Jesus comunica-se com respeito total, desde uma atitude amistosa e fraterna, contagiando paz. É um erro pretender impô-la a partir da superioridade, da ameaça ou do ressentimento. É anti-evangélico tratar sem amor as pessoas só porque não aceitam a nossa mensagem. Mas, como o aceitarão se não se sentem compreendidas por aqueles que se apresentam em nome de Jesus?

Palavra para o caminho

Cheios de alegria os discípulos informam que, usando o nome de Jesus, conseguiram expulsar até os demónios! Jesus ajuda-os no discernimento. Se eles conseguiram expulsar os demónios, foi porque ele, Jesus, lhes tinha dado este poder. Estando com Jesus, nada de mal lhes pode acontecer. E Jesus acrescenta que o mais importante não é expulsar os demónios, mas sim ter o nome inscrito no céu. Ter o nome inscrito no céu é ter a certeza de ser conhecido e amado pelo Pai. Pouco antes, Tiago e João tinham pedido que um fogo caísse do céu para matar os samaritanos (Lc 9,54). Agora, pelo anúncio da Boa Nova, é Satanás que cai do céu (Lc 10,18) e os nomes dos discípulos samaritanos entram no céu!

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Pensamentos de Santo Afonso Maria de Ligório

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* Que perfeição queres tu encontrar porventura sem a oração? Esta é a bela escola, em que se aprende a bela ciência dos Santos. Tantos estudos… tantas erudições, tantas línguas, tantas ciências diversas, são boas,… podem servir… Mas sobretudo é necessária a bela ciência dos Santos, a ciência de amar a Deus, que não se estuda nos livros, não; estuda-se diante do Crucifixo, diante do Santíssimo Sacramento.

* Quem ora, com certeza que se salva.

* Deus é o objecto principal da esperança cristã.

* Jesus sacramentado é a fonte aberta a todos, onde sempre que queremos podemos lavar as nossas almas de todas as manchas dos pecados que cometemos em cada dia.

* Este Senhor está sobre os nossos altares, como num trono de amor e de misericórdia, para nos distribuir infinitas graças.

* Maria é o porto dos que naufragam, consolo do mundo, resgate dos cativos, alegria dos enfermos.

* O Rosário é a homenagem mais agradável à Mãe de Deus.

* Não convém a uma misericórdia tão grande como a vossa esquecer-se de uma miséria tão grande como a nossa.

 

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