As bem-aventuranças, de facto, definem a identidade do discípulo de Jesus. Podem parecer estranhas, quase incompreensíveis para quem não é discípulo, mas se nos perguntarmos como é um discípulo de Jesus, a resposta é justamente as bem-aventuranças. É assim.
Vejamos a primeira, que é a base de todas as outras: “Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus” (v. 20). Bem-aventurados vós, os pobres. Jesus diz duas coisas sobre os seus: que são felizes e que são pobres; e mais, que são felizes porque são pobres.
Em que sentido? No sentido de que o discípulo de Jesus não encontra a sua alegria no dinheiro, no poder ou noutros bens materiais, mas nos dons que recebe todos os dias de Deus: a vida, a criação, os irmãos e as irmãs, etc.: são dons da vida. Até os bens que possui ele os compartilha com gosto, porque vive na lógica de Deus. E qual é a lógica de Deus? A gratuidade. O discípulo aprendeu a viver na gratuidade.
Esta pobreza é também uma atitude em relação ao sentido da vida, porque o discípulo de Jesus não acredita que a possui, que já sabe tudo, mas que sabe que deve aprender todos os dias. E isso é uma pobreza: a consciência de ter que aprender todos os dias. O discípulo de Jesus, por ter essa atitude, é uma pessoa humilde e aberta, sem preconceitos nem rigidez.
Papa Francisco, Angelus, 13 de Fevereiro. 2022
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