Estimados irmãos e irmãs, muitas vezes mantemo-nos distantes de Deus porque pensamos que não somos dignos dele por outras razões. É verdade. Mas o Natal convida-nos a ver as coisas do seu ponto de vista. Deus deseja encarnar-se. Se o teu coração parece demasiado poluído pelo mal, se te parece desordenado, por favor não te feches, não tenhas medo: Ele vem. Pensa na manjedoura em Belém. Jesus nasceu ali, naquela pobreza, para te dizer que não tem medo de visitar o teu coração, de habitar uma vida desleixada. Esta é a palavra: habitar. Habitar é o verbo que o Evangelho usa hoje para significar esta realidade: exprime uma partilha total, uma grande intimidade. Este é o desejo de Deus: quer habitar connosco, quer habitar em nós, não ficar longe.
(…) Portanto, em frente do presépio, falemos com Jesus sobre as nossas vicissitudes concretas. Convidemo-lo oficialmente para a nossa vida, sobretudo para as zonas obscuras: “Olha, Senhor, ali não há luz, a electricidade não chega, mas por favor não toques, porque não me apetece sair desta situação”. Falar claramente, de modo concreto. As zonas obscuras, as nossas “manjedouras interiores”: cada um de nós as tem. E falemos-lhe também sem receio dos problemas sociais, dos problemas eclesiais do nosso tempo; dos problemas pessoais, até dos mais terríveis: Deus gosta de habitar na nossa manjedoura.
Papa Francisco, Angelus, 2 de Janeiro, 2022
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