Ano da Fé – I

Qual é o desígnio de Deus acerca do Homem?

Deus, infinitamente perfeito e bem-aventurado em si mesmo, num desígnio de pura bondade, criou livremente o homem para o tornar participante da sua vida bem-aventurada. Na plenitude dos tempos, Deus Pai enviou o seu Filho, como Redentor e Salvador dos homens caídos no pecado, convocando-os à sua Igreja e tornando-os filhos adoptivos por obra do Espírito Santo e herdeiros da sua bem-aventurança.

A medida do amor é amar sem medida (São Francisco de Sales).

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Levanto os meus olhos para ti, Senhor

Em todas as nossas necessidades, sofrimentos e dificuldades, não há meio melhor e mais seguro do que a oração e a esperança de que Deus providenciará pelos meios que quiser. Este conselho é-nos dado pela Sagrada Escritura, onde se diz que o Rei Josafat, estando muitíssimo aflito e rodeado de inimigos, pondo-se em oração, disse a Deus: “Quando não sabemos o que fazer [e a razão não basta para prover às necessidades], só nos resta levantar os olhos para Ti, [para providenciares como mais Te agradar]” (2Cr 20,3-12).

São João da Cruz

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Festa de São Nuno de Santa Maria

 

Nuno Álvares Pereira nasceu a 24 de Junho de 1360 em Cernache do Bonjardim, e foi educado nos ideais nobres da Cavalaria medieval, no ambiente das Ordens militares e depois na Corte real. Tal ambiente marcou a sua juventude. Aos dezasseis anos casou-se com Dona Leonor de Alvim, e desta união nasceram três filhos, sobrevivendo apenas a sua filha Beatriz. As suas qualidades e virtudes impressionaram particularmente o Mestre de Aviz, futuro rei D. João I, que encontrou em D. Nuno um exímio chefe militar e nomeou-o Condestável, isto é, Comandante supremo do exército. Nuno conduziu o exército português repetidas vezes à vitória, sendo a mais significativa a de Aljubarrota a 14 de Agosto de 1385, assegurando a independência de Portugal em relação ao Reino de Castela.

Os dotes militares de Nuno eram no entanto acompanhados por uma espiritualidade sincera e profunda. O amor pela Eucaristia e pela Virgem Maria eram a trave-mestra da sua vida interior. Mandou construir por conta própria numerosas igrejas, destacando-se de entre estas o Convento do Carmo de Lisboa, que veio a entregar aos Carmelitas, que conhecera em Moura, e apreciara pela sua vida de intensa oração e amor a Nossa Senhora.

Com a morte da esposa, em 1387, Nuno recusou contrair novas núpcias. Quando finalmente foi alcançada a paz, distribuiu grande parte dos seus bens e decidiu entrar no Convento do Carmo de Lisboa, tendo tomado o nome de Frei Nuno de Santa Maria: era a opção por uma mudança radical de vida em coerência com a fé autêntica que sempre o orientara. Ao entrar no Convento recusou todos os privilégios e assumiu a condição mais humilde, a de simples irmão, dedicando-se totalmente ao serviço do Senhor, de Maria – a sua terna Padroeira que sempre venerou – e dos pobres, nos quais via o rosto de Jesus.

Frei Nuno de Santa Maria morreu no Domingo de Páscoa de 1 de Abril de 1431, sendo sepultado no Convento do Carmo, passando de imediato a ser venerado como Santo pela piedade popular.

O Papa Bento XV declarou-o Beato a 23 de Janeiro de 1918, e o Papa Bento XVI proclamou-o Santo da Igreja Católica, na Praça de São Pedro, em Roma, no dia 26 de Abril de 2009. A sua Festa litúrgica celebra-se a 6 de Novembro.

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Se Tu me dás a mão não terei medo

O Carmelo não tem resposta para o mistério do mal. Mas o Carmelo percorreu o caminho difícil e dá uma palavra de esperança ao peregrino que sofre. Sofrimento profundo e experiências trágicas são parte da vida de cada pessoa. As limitações da nossa condição humana e as forças destrutivas presentes no mundo atacam com frequência a nossa fé. O Carmelo testemunha que o amor de Deus está sempre presente mesmo nos escombros da nossa vida, apesar de parecer o contrário. O Carmelo dá-nos uma análise particularmente intensa do impacto que o amor de Deus tem no espírito e na personalidade do ser humano. Convidado a uma relação cada vez mais profunda, o peregrino é desafiado a deixar todos os apoios e a caminhar confiadamente no futuro de Deus. No processo de adaptação ao ambiente divino, o cristão experimenta frequentemente ataques tanto no espírito como na psique. O Carmelo oferece linguagem e imagens expressivas que podem exprimir estes sofrimentos, e é muito eloquente na recomendação de vigiar em silêncio pela chegada de Deus. Os santos do Carmelo confiaram no sofrimento e como discípulos frequentemente expressaram o desejo de levar a cruz. Contudo, este desejo de sofrer, tem significado no contexto de uma resposta de amor à obra de Deus. O sofrimento de Jesus na cruz nasceu do amor e não do amor ao sofrimento.

John Welch, O. Carm.

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Mostrai-nos o vosso rosto e seremos salvos

A história do Amado que vem ao encontro da Amada para atrair o seu coração para uma profunda união, é a história protótipo que os Carmelitas experimentaram repetidas vezes. A nossa vida não pode ser forçada à submissão a não ser que seja conduzida pelo amor. Não podemos deixar o apego aos nossos ídolos se Deus não acender no nosso coração um amor mais profundo. O coração tem então um lugar para onde ir e pode confiadamente desamarrar-se das suas “ataduras”, dependências e ídolos. O amor de Deus, sempre presente e oferecido, atrai o coração até à profundidade de Deus, e aí encontra-se com o sofrimento do mundo. A nossa atitude contemplativa não nos afasta das preocupações do mundo mas lança-nos para a luta corajosa no mundo.

John Welch, O. Carm.

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A quem iremos?

As fomes do nosso coração lançam-nos para o mundo à procura de alimento. De muitas maneiras perguntamos ao mundo: “Viste aquele que fez isto ao meu coração e o deixou penando”? O nosso coração encontra-se disperso e perdido, enquanto perguntamos a cada pessoa, a cada possessão e a cada actividade que nos digam algo mais acerca do Mistério que está no centro da nossa vida. A alma apaixonada pelos mensageiros de Deus confunde-os com o próprio Deus. Tomamos as coisas boas criadas por Deus e pretendemos que sejam Deus. O coração, cansado de peregrinar, procura instalar-se e construir um lar. Põe os seus desejos mais profundos nas relações, nas possessões, nos planos, nas actividades, nas metas, e pede a tudo isto que sacie as fomes profundas. Porém, pretendemos demasiado deles e como não podem resistir às nossas expectativas começam a desmoronar-se. Os santos carmelitas nunca se cansam de nos recordar que só Deus é o alimento suficiente para saciar as fomes do nosso coração.

John Welch, O. Carm.

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Criaste-nos para Ti, Senhor

A tradição Carmelita reconhece que há no coração humano uma fome muito profunda de Deus. Este desejo e esta ânsia impulsionam-nos ao longo de toda a nossa vida a procurar a realização das aspirações do nosso coração. Esta corrente profunda de desejo na nossa vida é devida ao facto de que Deus nos desejou primeiro. Deus, o primeiro contemplativo, ao contemplar-nos viu que éramos atractivos e encantadores para Si. A tradição Carmelita não fala do aniquilamento do desejo mas da transformação dos desejos, para que desejemos cada vez mais o que Deus deseja em consonância de desejo. Como Teresa de Ávila dizia em simples palavras: “Quero o que Tu queres”.

John Welch, O. Carm.

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Onde está o teu tesouro aí está o teu coração

Oh, se os espirituais soubessem de quanto bem e abundância de espírito se privam por não quererem retirar o espírito de ninharias! Se as não quisessem saborear, receberiam o sabor de todas as coisas neste manjar simples do espírito! Mas não o saboreiam. (…) Assim também, quem quer amar outra coisa juntamente com Deus, tem, sem dúvida, pouco apreço por Deus, porque coloca na mesma balança com Deus aquilo que, dista sumamente de Deus.

São João da Cruz

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Festa de Santa Teresa de Jesus

Catequese do Papa Bento XVI sobre Santa Teresa de Jesus

Queridos irmãos e irmãs:

Ao longo das catequeses que eu quis dedicar aos Padres da Igreja e a grandes figuras de teólogos e mulheres da Idade Média, pude falar sobre alguns santos e santas que foram proclamados Doutores da Igreja por sua eminente doutrina. Hoje, gostaria de começar com uma breve série de encontros para completar a apresentação dos Doutores da Igreja.

E iniciamos com uma santa que representa um dos cumes da espiritualidade cristã de todos os tempos: Santa Teresa de Jesus. Nasceu em Ávila, Espanha, em 1515, com o nome de Teresa de Ahumada. Na sua autobiografia, ela menciona alguns detalhes da sua infância: o nascimento “de pais virtuosos e tementes a Deus”, numa grande família, com nove irmãos e três irmãs. Ainda jovem, com pelo menos 9 anos, leu a vida dos mártires, que inspiram nela o desejo do martírio, tanto que chegou a improvisar uma breve fuga de casa para morrer como mártir e ir para o céu (cf. Vida 1, 4): “Eu quero ver Deus”, disse a pequena aos seus pais. Alguns anos mais tarde, Teresa falou das suas leituras da infância e afirmou ter descoberto a verdade, que se resume em dois princípios fundamentais: por um lado, que “tudo o que pertence a este mundo passa”; por outro, que só Deus é para “sempre, sempre, sempre”, tema que recupera em seu famoso poema: “Nada te perturbe, nada te espante; tudo passa, só Deus não muda. A paciência tudo alcança. Quem a Deus tem, nada lhe falta. Só Deus basta!”. Ficando órfã aos 12 anos, pediu à Virgem Santíssima que fosse sua mãe (cf. Vida 1,7).

Se, na adolescência, a leitura de livros profanos a levou às distracções da vida mundana, a experiência como aluna das freiras agostinianas de Santa Maria das Graças, de Ávila, e a leitura de livros espirituais, em sua maioria clássicos da espiritualidade franciscana, ensinaram-lhe o recolhimento e a oração. Aos 20 anos de idade, entrou para o convento carmelita da Encarnação, sempre em Ávila. Três anos depois, ficou gravemente doente, tanto que permaneceu por quatro dias em coma, aparentemente morta (cf. Vida 5, 9). Também na luta contra as suas próprias doenças, a santa vê o combate contra as fraquezas e resistências ao chamamento de Deus. Escreve: ” Desejava viver, pois bem entendia que não vivia, antes pelejava com uma sombra de morte e não havia quem me desse vida nem a podia eu tomar. E Quem ma podia dar tinha razão de não me socorrer, pois tantas vezes me havia chamado a Si e eu O havia deixado.” (Vida 8, 12). Em 1543, perdeu a proximidade da sua família: o pai morre e todos os seus irmãos, um após outro, migram para a América. Na Quaresma de 1554, aos 39 anos, Teresa chega ao topo da luta contra as suas próprias fraquezas. A descoberta frutífera de “um Cristo muito ferido” marcou profundamente a sua vida (cf. Vida, 9). A santa, que naquele momento sente profunda consonância com o Santo Agostinho das “Confissões”, descreve assim a jornada decisiva da sua experiência mística: “Aconteceu que… de repente, experimentei um sentimento da presença de Deus, que não havia como duvidar de que estivesse dentro de mim ou de que eu estivesse toda absorvida n’Ele” (Vida 10, 1). Paralelamente ao amadurecimento da sua própria interioridade, a santa começa a desenvolver, de forma concreta, o ideal de reforma da Ordem Carmelita: em 1562, funda, em Ávila, com o apoio do bispo da cidade, Dom Álvaro de Mendoza, o primeiro Carmelo reformado, e logo depois recebe também a aprovação do superior geral da Ordem, Giovanni Battista Rossi. Nos anos seguintes, continuou a fundação de novos Carmelos, um total de dezassete. Foi fundamental o seu encontro com São João da Cruz, com quem, em 1568, constituiu, em Duruelo, perto de Ávila, o primeiro convento dos padres Carmelitas Descalços. Em 1580, recebe de Roma a elevação a Província Autónoma para os seus Carmelos reformados, ponto de partida da Ordem Religiosa dos Carmelitas Descalços. Teresa termina a sua vida terrena justamente enquanto se ocupa com a fundação.

Em 1582, de facto, tendo criado o Carmelo de Burgos e enquanto fazia a viagem de volta a Ávila, morreu, na noite de 15 de Outubro, em Alba de Tornes, repetindo humildemente duas frases: “No final, morro como filha da Igreja” e “Chegou a hora, Esposo meu, de nos encontrarmos”. Uma existência consumada dentro da Espanha, mas empenhada por toda a Igreja.

Beatificada pelo Papa Paulo V, em 1614, e canonizada por Gregório XV, em 1622, foi proclamada “Doutora da Igreja” pelo Servo de Deus Paulo VI, em 1970. Teresa de Jesus não tinha formação académica, mas sempre entesourou ensinamentos de teólogos, literatos e mestres espirituais. Como escritora, sempre se ateve ao que tinha experimentado pessoalmente ou visto na experiência de outros (cf. Prefácio do “Caminho de Perfeição”), ou seja, a partir da experiência.

Teresa consegue tecer relações de amizade espiritual com muitos santos, especialmente com São João da Cruz. Ao mesmo tempo, é alimentada com a leitura dos Padres da Igreja, São Jerónimo, São Gregório Magno, Santo Agostinho. Entre as suas principais obras, deve ser lembrada, acima de tudo, a sua autobiografia, intitulada “Livro da Vida”, que ela chama de “Livro das Misericórdias do Senhor”.

Escrito no Carmelo de Ávila, em 1565, conta o percurso biográfico e espiritual, como diz a própria Teresa, para submeter a sua alma ao discernimento do “Mestre dos espirituais”, São João de Ávila. O objectivo é manifestar a presença e a acção de um Deus misericordioso na sua vida: Para isso, a obra muitas vezes inclui o diálogo de oração com o Senhor. É uma leitura fascinante, porque a santa não apenas narra, mas mostra reviver a profunda experiência do seu amor com Deus.

Em 1566, Teresa escreveu o “Caminho de Perfeição”, chamado por ela de “Admoestações e Conselhos” que dava às suas religiosas. As destinatárias são as doze noviças do Carmelo de São José, em Ávila. Teresa propõe-lhes um intenso programa de vida contemplativa ao serviço da Igreja, em cuja base estão as virtudes evangélicas e a oração. Entre os trechos mais importantes, destaca-se o comentário sobre o Pai Nosso, modelo de oração.

A obra mística mais famosa de Santa Teresa é o “Castelo Interior”, escrito em 1577, em plena maturidade. É uma releitura do seu próprio caminho de vida espiritual e, ao mesmo tempo, uma codificação do possível desenvolvimento da vida cristã rumo à sua plenitude, a santidade, sob a acção do Espírito Santo. Teresa refere-se à estrutura de um castelo com sete “moradas”, como imagens da interioridade do homem, introduzindo, ao mesmo tempo, o símbolo do bicho da seda que renasce numa borboleta, para expressar a passagem do natural ao sobrenatural. A santa inspira-se na Sagrada Escritura, especialmente no “Cântico dos Cânticos”, para o símbolo final dos “dois esposos”, que permite descrever, na sétima “morada”, o ápice da vida cristã em seus quatro aspectos: trinitário, cristológico, antropológico e eclesial. À sua actividade fundadora dos Carmelos reformados, Teresa dedica o “Livro das Fundações”, escrito entre 1573 e 1582, no qual fala da vida do nascente grupo religioso. Como na autobiografia, a história é dedicada principalmente a evidenciar a acção de Deus na fundação dos novos mosteiros.

Não é fácil resumir em poucas palavras a profunda e complexa espiritualidade teresiana. Podemos citar alguns pontos-chave. Em primeiro lugar, Santa Teresa propõe as virtudes evangélicas como base da vida cristã e humana: em particular, o desapego dos bens ou a pobreza evangélica (e isso diz respeito a todos nós); o amor de uns aos outros como elemento essencial da vida comunitária e social; a humildade e o amor à verdade; a determinação como resultado da audácia cristã; a esperança teologal, que descreve como sede de água viva. Sem esquecer das virtudes humanas: afabilidade, veracidade, modéstia, cortesia, alegria, cultura. Em segundo lugar, Santa Teresa propõe uma profunda sintonia com os grandes personagens bíblicos e a escuta viva da Palavra de Deus. Ela se sente em consonância sobretudo com a esposa do “Cântico dos Cânticos”, com o apóstolo Paulo, além de com o Cristo da Paixão e com Jesus Eucarístico.

A santa enfatiza, depois, quão essencial é a oração: rezar significa “tratar de amizade com Deus, estando muitas vezes tratando a sós com quem sabemos que nos ama” (Vida 8, 5). A ideia de Santa Teresa coincide com a definição que São Tomás Aquino dá da caridade teologal, como amicitia quaedam hominis ad Deum, uma espécie de amizade entre o homem e Deus, quem primeiro ofereceu a sua amizade ao homem (Summa Theologiae II-ΙI, 23, 1). A iniciativa vem de Deus. A oração é vida e desenvolve-se gradualmente, em sintonia com o crescimento da vida cristã: começa com a oração vocal, passa pela interiorização, através da meditação e do recolhimento, até chegar à união de amor com Cristo e com a Santíssima Trindade. Obviamente, este não é um desenvolvimento no qual subir degraus significa abandonar o tipo de oração anterior, mas um gradual aprofundamento da relação com Deus, que envolve toda a vida. Mais que uma pedagogia da oração, a de Teresa é uma verdadeira “mistagogia”: ela ensina o leitor das suas obras a rezar, rezando ela mesma com ele; frequentemente, de facto, interrompe o relato ou a exposição para fazer uma oração.

Outro tema caro à santa é a centralidade da humanidade de Cristo. Para Teresa, na verdade, a vida cristã é uma relação pessoal com Jesus que culmina na união com Ele pela graça, por amor e por imitação. Daí a importância que ela atribui à meditação da Paixão e à Eucaristia, como presença de Cristo na Igreja, para a vida de cada crente e como coração da liturgia. Santa Teresa vive um amor incondicional à Igreja: ela manifesta um vivo sensus Ecclesiae frente a episódios de divisão e conflito na Igreja do seu tempo. Reforma a Ordem Carmelita com a intenção de servir e defender melhor a “Santa Igreja Católica Romana” e está disposta a dar a sua vida por ela (cf. Vida 33, 5).

Um último aspecto fundamental da doutrina de Teresa que eu gostaria de sublinhar é a perfeição, como aspiração de toda a vida cristã e sua meta final. A Santa tem uma ideia muito clara da “plenitude” de Cristo, revivida pelo cristão. No final do percurso do “Castelo Interior”, na última “morada”, Teresa descreve a plenitude, realizada na inabitação da Trindade, na união com Cristo mediante o mistério da sua humanidade.

Queridos irmãos e irmãs, Santa Teresa de Jesus é uma verdadeira mestra de vida cristã para os fiéis de todos os tempos. Na nossa sociedade, muitas vezes desprovida de valores espirituais, Santa Teresa ensina-nos a ser incansáveis testemunhas de Deus, da sua presença e da sua acção; ensina-nos a sentir realmente essa sede de Deus que existe no nosso coração, esse desejo de ver Deus, de buscá-lo, de ter uma conversa com Ele e de ser seus amigos. Esta é a amizade necessária para todos e que devemos buscar, dia após dia, novamente.

Que o exemplo desta santa, profundamente contemplativa e eficazmente laboriosa, também nos encoraje a dedicar a cada dia o tempo adequado à oração, a esta abertura a Deus, a este caminho de busca de Deus, para vê-lo, para encontrar a sua amizade e, por conseguinte, a vida verdadeira; porque muitos de nós deveríamos dizer: “Eu não vivo, não vivo realmente, porque não vivo a essência da minha vida”. Porque este tempo de oração não é um tempo perdido, é um tempo no qual se abre o caminho da vida; abre-se o caminho para aprender de Deus um amor ardente a Ele e à sua Igreja; e uma caridade concreta com nossos irmãos. Obrigado.

Bento XVI

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Amor gera Amor

Sempre que pensarmos em Cristo, lembremo-nos do amor com que nos que nos deu tantos bens; lembremo-nos como Deus, em Seu Filho, nos mostrou tal qualidade de amor para connosco; amor gera amor. Ainda que sejamos principiantes e ruins, procuremos sempre tomar consciência deste amor e despertarmo-nos para amar; porque, uma vez que o Senhor nos concedeu esta graça de que este amor se nos imprima no coração, tudo nos será mais fácil e tiraremos mais proveito de forma mais rápida e com menos esforços. Conceda-nos Sua Majestade esta mercê pelo muito que nos amou pelo Seu glorioso Filho. Amen.

Santa Teresa de Jesus

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