A festa dos pecadores reconciliados
O Reino de Deus manifesta-se, ainda mais do que nos milagres, no perdão concedido aos pecadores, na sua regeneração como homens novos, reconduzidos à comunhão com o Pai e com os irmãos. Jesus indica do seguinte modo a sua missão: “O Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido” (Lc 19, 10). As pessoas devotas escandalizam-se com o comportamento de Jesus e dizem d’Ele: “Aí está um glutão e bebedor, amigo de publicanos e pecadores” (Mt 11, 19). Jesus detém-se junto dos pecadores para que sintam que são amados por Deus, reconheçam os seus pecados, readiquiram confiança e aprendam a amar. Jesus sabe que está em total sintonia com a misericórdia do Pai, atribuindo-se até o poder divino de perdoar os pecados, embora se levante à sua volta um murmúrio de reprovação e a acusação de blasfémia.
Deus é o primeiro a amar e fá-lo de forma apaixonada. Vai procurar os pecadores e, quando se convertem, faz grande festa. Na parábola do pai misericordioso (ou do filho pródigo), a alegria do pai pelo reencontro do filho perdido exprime-se num banquete. Também Jesus, apesar do escândalo dos bem-pensantes, senta-se frequentemente com os pecadores. Na cultura e na religião hebraica, o banquete era, desde sempre, a expressão fundamental da amizade, da festa e da paz. Através do gesto de aceitar os convites que lhe faziam, Jesus pretende celebrar a festa do Reino que chega ao mundo, como oferta de perdão, de amizade e de alegria. É o triunfo da graça e da misericórdia.
Há a fome do pão ordinário, mas há também a fome de amor, de bondade e de atenção mútua – e esta é a grande pobreza que as pessoas hoje sofrem muito (Santa Madre Teresa).