A infância e a vida oculta de Jesus
Pelo seu significado salvífico, os acontecimentos da infância e da vida oculta de Jesus têm grande relevo na fé, na devoção, na tradição cultural e artística do povo cristão. A Igreja torna a revê-los com especial solenidade no tempo litúrgico do Natal, em que celebra o mistério da Encarnação. No nascimento de Jesus, pobre entre os pobres, é antecipada a suprema pobreza do Crucificado e começa a resplandecer a glória de Deus, entendida como revelação do seu amor. Na circuncisão do Menino Jesus exprime-se a sua pertença ao povo de Israel e a sua submissão à Lei. Na apresentação no Templo, Israel, representado por Simeão e Ana, vê coroada a sua expectativa e encontra o seu Salvador, enviado por Deus também como “luz para iluminar as nações” (Lc 2, 32). Na chegada dos magos, são as nações pagãs que, através dos seus representantes, vão ao encontro do Messias de Israel e o adoram como Salvador universal. Na fuga para o Egipto, anuncia-se para o Messias um futuro de contrates e perseguições. Ele realizará a sua missão através do sofrimento. No reencontro no Templo emerge a consciência de Jesus acerca da sua missão e da sua identidade de Filho de Deus.
A longa permanência de Jesus em Nazaré, entretecida de fadiga quotidiana e relacionamentos vulgares com as pessoas anónimas de uma obscura aldeia, manifesta também a condescendência de Deus e a sua vontade de estar connosco e à nossa disposição. Deus ama a vida quotidiana que não constitui notícia, caracterizada pela família e o trabalho, a vida da quase totalidade do género humano. É nela que se deixa encontrar; basta vivê-la como um dom e uma missão, com fé e amor. Não é necessário realizar grandes empreendimentos para sermos santos.
A resposta de Maria (…) é a expressão decisivamente mais difícil da história (Reinhold Schneider).