Satanás
Os anjos maus têm Satanás por chefe. A sua força destrutiva e a sua influência na história são indicadas pela Bíblia em termos impressionantes: “o príncipe deste mundo” (Jo 12, 31); “o grande Dragão” (Ap 12, 9); “assassino desde o princípio… e pai da mentira” (Jo 8, 44); “aquele que tinha o império da morte” (Heb 2, 14); o “Maligno” que domina “o mundo inteiro” (1Jo 5, 19). É, pois, preciso ver nele uma pessoa espiritual, má e poderosa, pervertido e perversor, que, através de uma ilusão de vida, organiza sistematicamente a perdição e a morte.
Pode reconhecer-se a sua especial influência na força da mentira e do ateísmo, na atitude espalhada de auto-suficiência, nos fenómenos de destruição lúcida e louca. Mas toda a história, a começar pelo pecado original, está inquinada e perturbada pela sua acção nefasta. Segundo a concepção bíblica, as várias formas de mal são de certo modo atribuíveis a ele e aos seus cúmplices. A Igreja considera que “um duro combate contra os poderes das trevas atravessa toda a história humana; começou no princípio do mundo e… durará até ao último dia”.É preciso estar vigilante a respeito de Satanás e dos demónios, mas sem medo. A supremacia de Deus e de Cristo é total, do princípio ao fim. Nada temos a temer.
Normalmente, a acção dos espíritos malignos a respeito do homem consiste na tentação do pecado. O que lhes interessa é, normalmente, o nosso desencaminhamento espiritual. Para além das tentações são-lhes atribuídos alguns fenómenos prodigiosos de carácter negativo: a obsessão, que é violência interior ou exterior destinada a causar perturbação; a possessão, que consiste na tomada de posse do corpo com crises tempestuosas; a infestação, que se refere a locais e provoca danos e temores. Ao interpretar este género de fenómenos, é necessário ser-se extremamente cauteloso. Para um prudente discernimento, devem ser consultados psicólogos e psiquiatras competentes e respeitadores da fé.
Algumas vezes, porém, a explicação psicológica não parece adequada. Pode admitir-se como boa probabilidade a acção demoníaca quando nos encontramos na presença de alguns sinais concomitantes, tais como, força física anormal, comunicação através de línguas desconhecidas, conhecimento de coisas afastadas ou secretas, atmosfera doentia, aversão às realidades religiosas. Nestes casos, como em todas as situações de sofrimento, é aconselhável recorrer à oração humilde e confiante, que não pretende alcançar resultados a todo o custo, mas aceita o que Deus, na Sua providência, achar por permitir dar. É bom empenhar-se seriamente num caminho de vida cristã, incluindo o sacramento da reconciliação e a comunhão eucarística, as obras de penitência e de caridade,a fidelidade aos deveres pessoais. Pode, finalmente, recorrer-se ao exorcismo, que é um ritual, um gesto realizado em nome da Igreja. Na forma de esconjuro, dirigimo-nos a Deus para que expulse o Diabo. Na forma imperativa, confiando no vitorioso poder de Cristo, ordena-se-lhe ao demónio que vá embora. Ambas as formas implicam uma atitude de humilde confiança. A eficácia não é automática, depende da vontade de Deus.
Só um ministro autorizado pelo bispo pode fazer o exorcismo. A autorização é concedida a pessoas dotadas de piedade, ciência, prudência e integridade moral.