Criador do céu e da terra (II)
Dom de Deus, a Criação traz a marca do seu Criador: “A partir da criação do mundo, os homens com a sua inteligência, podem ver, através das obras de Deus, o que é invisível: o seu poder eterno e a sua divindade” (Rm 1, 20). Mas, se se pode remontar das criaturas ao Criador, não se pode fazer da própria criação uma necessidade que se impusesse a Deus. Ela depende da sua livre vontade, que nos é manifestada pela Revelação. Reconhecida por Deus como boa (cf. Gn 1, 31), a Criação reflecte a própria bondade do Criador. Ela é o primeiro sinal daquilo que só poderemos compreender totalmente quando pomo os olhos em Jesus: “Deus é amor” (1Jo 4, 8).
Não se deve conceber a Criação da mesma maneira como se vêem fabricar os objectos do mundo, isto é, pela transformação de uma coisa noutra. Afirmar que Deus é Criador, é dizer que ele faz existir o que existe, incluindo a própria matéria de que o mundo é feito. Deus cria “a partir do nada”. O mundo não foi criado de uma vez para sempre, como se Deus, terminada a Criação, nada mais tivesse que fazer senão retirar-se. Ele não cessa de assegurar a existência do mundo. A Criação é portanto um acontecimento sempre actual. O acto criador renova-se a cada instante para manter a existência do mundo. Sem esta acção incessante de Deus, tudo voltaria ao nada.
Deus confia ao homem uma obra a continuar, para que o homem, pelo trabalho e pela arte, contribua para o aperfeiçoamento do mundo criado. Deus associou o homem à sua obra. Para nós, cristãos, a ecologia não é apenas uma questão ética, mas é, antes de tudo, uma questão teológica. Trata-se de ter a mesma atitude de Deus perante a Criação: cuidar dela com carinho, contemplando-a como «muito boa».
Não creiais que Deus nos proíbe totalmente de amar o mundo. Não! Devemos amá-lo, porque tudo aquilo a que Ele deu existência é digno do nosso amor (Santa Catarina de Sena).