O livro da revelação divina: a Bíblia (II)
A Bíblia não caiu do céu feita, nem Deus a ditou a autómatos, isto é, escritores inconscientes. Antes, «para escrever os livros sagrados, Deus escolheu e serviu-Se de pessoas na posse das suas faculdades e capacidades, para que, agindo Ele neles e por eles, pusessem por escrito, como verdadeiros autores, tudo aquilo e só aquilo que Ele queria» (Dei Verbum, 11). Para que determinados textos fossem reconhecidos como Escritura Sagrada, tiveram de ser aceites pela Igreja universal. Teve de existir, portanto, um consenso nas comunidades: «Sim, é o próprio Deus que nos fala por este texto, isto é mesmo inspirado pelo Espírito Santo».
Como pode a Sagrada Escritura ser “Verdade”, se nem tudo o que nela se encontra está correcto? A Bíblia não transmite precisão histórica nem conhecimentos científico-naturais. Também os autores eram filhos do seu tempo. Eles partilhavam as concepções culturais do seu ambiente, em cujos erros, por vezes, estavam presos. Não obstante, tudo o que o ser humano precisa de saber sobre Deus e sobre o caminho da sua redenção encontra-se com infalível segurança na Sagrada Escritura. A Bíblia é como uma longa carta de Deus dirigida a cada um de nós. Por isso, temos de acolher as Sagradas Escrituras com grande amor e respeito. Primeiro, devemos realmente ler a carta de Deus, isto é, não isolar pormenores sem atender ao todo. Depois, devemos orientar esse todo para o seu coração e mistério, ou seja, para Jesus Cristo, de quem fala toda a Bíblia, mesmo o Antigo Testamento. Portanto, devemos ler as Sagradas Escrituras na mesma fé viva da Igreja em que elas surgiram.
A Bíblia divide-se em duas grandes partes: Antigo Testamento, composto de 46 livros, e Novo Testamento composto de 27 livros.
A Bíblia é a carta do amor de Deus dirigida a nós (Sören Kierkegaard).