Deus vem ao nosso encontro: a revelação
Só Deus tem poder para nos dizer realmente quem é. O homem procura-o às “apalpadelas” mas “só Deus fala bem de Deus”. A fé cristã, que renova a vida do crente e a sua inteligência das coisas, responde à iniciativa de Deus que vem ao encontro do homem, revelando-se: “Aprouve a Deus na sua bondade e sabedoria, revelar-se a si mesmo e dar a conhecer o mistério da sua vontade, segundo o qual a humanidade, por meio de Cristo, Verbo encarnado, tem acesso ao Pai no Espírito Santo e se torna participante da natureza divina” (Dei Verbum, nº 2).
A revelação tem lugar na história concreta dos homens. Deus revela-se primeiro na história de Israel, que conserva um lugar inalienável na fé cristã. No seio da história, o próprio Deus age e fala. Foi Ele que escolheu o seu povo, para lhe confiar uma missão no meio das nações. Deus que é sempre o primeiro a amar, ama sempre sem reservas. Ele não espera, para amar os homens, a resposta que eles poderão dar a este amor.
A história de Israel tecida de alegrias e provações, representa de algum modo a da humanidade nas suas diferentes situações ou experiências: em vida nómada, em escravatura, em libertação, em marcha no deserto, em conquista, em vida sedentária, em exílio, em regresso do exílio… Esta história é anúncio e preparação do que, finalmente, irá realmente acontecer. A vinda de Jesus Cristo, a sua vida, a sua morte e ressurreição marcam efectivamente o cumprimento da história de Israel Entre a Páscoa de Jesus e a sua última vinda na glória, desenrola-se o tempo da Igreja. É o tempo da vida nova fundada sobre a obra de Cristo, o tempo da missão, destinada a levar a luz e os frutos desta obra a toda a humanidade.
Em resumo: O ser humano pode descobrir pela razão que Deus existe, mas não como Deus é realmente. Portanto, como Deus gosta de ser conhecido revelou-se a nós. Ele fê-lo por amor. Desde a Criação, passando pelos Patriarcas (Abraão, Isaac, Jacob) e pelos profetas, até à definitiva revelação no seu Filho Jesus Cristo, Deus comunicou continuamente com a humanidade. Em Jesus, ele verteu-nos o coração e tornou-nos mais claro o seu ser mais íntimo e o seu desígnio: fazer participar, pela graça do Espírito Santo, todos os homens na vida divina, como seus filhos adoptivos no seu único Filho. Através de Jesus Cristo, torna-se visível o Deus invisível: “A partir do momento em que nos deu o seu Filho, que é a sua única e definitiva Palavra, Deus disse-nos tudo ao mesmo tempo e duma só vez e nada mais tem a acrescentar” (S. João da Cruz). Ele torna-se como nós. Isto mostra-nos até que ponto vai o amor de Deus: Ele carrega todo o nosso peso. Deus percorre connosco todos os caminhos. Ele vive a nossa solidão, o nosso sofrimento, o nosso medo da morte. Ele apresenta-se onde não podemos avançar, para nos abrir a porta para a Vida.
A felicidade que procurais, a felicidade que tendes direito (…) tem um nome, um rosto: é Jesus de Nazaré (Bento XVI).