Paulo, verdadeiro apóstolo

Na Carta aos Gálatas, Paulo afirma que é um verdadeiro apóstolo, não por mérito próprio, mas por chamamento de Deus; e mostra a verdade da sua vocação através dum contraste impressionante que marca a sua vida: de perseguidor que era dos cristãos, porque não observavam as tradições e a lei de Moisés, foi chamado a tornar-se apóstolo precisamente para anunciar o Evangelho de Jesus Cristo que combatia. Ao narrar esta inversão de rumo na sua vida, o próprio Paulo se maravilha e confessa a Deus a sua gratidão. É como se quisesse dizer aos Gálatas que ele poderia ter sido tudo, menos Apóstolo. Desde pequeno fora educado para ser um observante irrepreensível da lei de Moisés, e as circunstâncias tinham-no levado a combater os discípulos de Cristo. Mas aconteceu algo de inesperado: Deus, com a sua graça, revelara-lhe o seu Filho morto e ressuscitado, para que se tornasse seu arauto no meio dos gentios. Como são imperscrutáveis os caminhos do Senhor! Constatamo-lo todos os dias, mas vemo-lo sobretudo no momento em que o Senhor nos chamou. Não devemos jamais esquecer o período e o modo como Deus entrou na nossa vida: havemos de conservar vivo, no coração e na mente, aquele encontro com a graça em que Deus mudou a nossa vida. À vista da obra do Senhor, quantas vezes nos apetece perguntar: Como é possível que Deus se sirva dum pecador, duma pessoa fraca e débil como eu para cumprir a sua vontade? E todavia não aconteceu por acaso! Tudo estava previsto nos desígnios de Deus. Se correspondermos confiadamente ao seu plano de salvação, dar-nos-emos conta de como Ele tece a nossa história. A vocação tem sempre em vista uma missão para que fomos destinados; daí a necessidade de nos prepararmos seriamente para ela, cientes de que é o próprio Deus que nos envia e sustenta com a sua graça. (Papa Francisco, Resumo da Audiência Geral , 30 de Junho, 2021).

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Só Deus basta

Só Deus basta! Deus é a riqueza que satisfaz: aquele que O possui não procura nada mais. (Beata Maria Josefina de Jesus Crucificado).

Oração

Jesus, será verdade que só Tu bastas? Sempre o vi nos escritos dos santos…e contudo, quando me pergunto se Tu me bastas… não sei… Bastas-me? Não permaneço tão centrado em mim, no meu orgulho, nos desejos de ser mais, de poder, de grandeza? Não procuro ter sempre razão, que todos me aplaudam, que me admirem, até talvez de viver acima do que posso, para causar impressão, alimentando a vã vaidade? E isso faz-me realmente feliz? Não me sinto vazio? Sim! Como é que Tu me bastas, quando aquilo que me basta sou eu próprio? Invejo os que são capazes de dizer com verdade: “Só Deus me basta”! Torna-me, Te peço, um de entre estes, apesar de saber que para aí chegar preciso, com a Tua ajuda, de me deixar a mim mesmo em tanta coisa. Assim seja.

 

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Sentido da vida

A perda de sentido gera sofrimento. Quando não se percebe porque é que se vive ou para que é que se vive, há uma espécie de eclipse, uma experiência da noite espiritual, que gera hoje tantas depressões e stress, em que a pessoa não percebe o que está a acontecer. Aqui, sim, posso ajudar o outro a encontrar o sentido da sua vida, o valor, o para quê. Outra fonte de sofrimento é a desordem interior, a perda de equilíbrio pessoal, que acontece de tantas maneiras quando a pessoa perde a sua unidade e a continuidade da sua história, quando desintegra aspectos da sua vida.

Vasco P. Magalhães, sj

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Introdução à Carta aos Gálatas

Hoje começamos um novo ciclo de catequeses, desta vez sobre a Carta de São Paulo aos Gálatas. Nesta carta, o Apóstolo faz diversas alusões biográficas que nos permitem conhecer a sua conversão e a decisão de colocar a sua vida a serviço de Jesus Cristo. Ele trata também temas importantes para a fé e extremamente atuais, como a liberdade, a graça e o viver cristão. O primeiro ponto que emerge da carta é a grande obra evangelizadora realizada pelo Apóstolo naquela região, onde fundou diversas pequenas comunidades cristãs. Igualmente digno de nota é a preocupação pastoral de Paulo que percebe o grande perigo que representava a influência de alguns cristãos provenientes do judaísmo para o crescimento na fé destas comunidades. De fato, estes adversários de Paulo sustentavam que os pagãos deveriam submeter-se à circuncisão e à lei mosaica e que ele não era um verdadeiro apóstolo e, portanto, não possuía autoridade para pregar o Evangelho. Não faltam, também em nossos dias, pregadores que se proclamem como detentores da verdade, afirmando que o verdadeiro cristianismo é o que praticam, muitas vezes identificado com formas do passado. Nos fará bem compreender que o caminho indicado pelo Apóstolo Paulo na carta aos Gálatas é o da liberdade, do anúncio realizado através da humildade e da fraternidade.

Papa Francisco, Audiência Geral (resumo), 23 de Junho de 2021

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Aprender com o sofrimento

Há que aprender a viver com o sofrimento e a fazer dele uma força e uma forma de crescimento. Aprender a tirar proveito do sofrimento, por pior que seja, não vou fingir, não vou iludir, vou aprender, vou crescer, vou ver aonde é que isto me leva. O sofrimento dá-nos uma grande compreensão de nós próprios, uma grande compreensão dos outros e uma grande abertura ao futuro. Claudel, como poeta, criou uma imagem muito bonita: o sofrimento, simbolicamente, é como uma porta, porque é pelo sofrimento que podemos sair de nós próprios e pelo sofrimento podemos deixar entrar o outro. A porta do amor, a porta da alegria!

Vasco P. Magalhães, sj

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12º Domingo do Tempo Comum – Ano B

Em pleno mar da Galileia, os discípulos / apóstolos de Jesus lutam, aflitos, contra a tempestade que ameaça desfazer a pequena e frágil embarcação no meio do mar encapelado (Marcos 4,35-41). E em claro e sereno contraponto, narra o Evangelho, «Jesus, à popa, dormia deitado sobre uma almofada» (Marcos 4,38). Não nos esqueçamos que a popa é o lugar de comando da embarcação. Jesus permanece, portanto, no comando da nossa barca, da nossa vida, ainda que muitas vezes nem nos apercebamos da serenidade da sua condução. A presença da almofada na pobre embarcação e do sono sereno de Jesus marcam bem o tom doce e tranquilo deste condutor diferente da nossa vida agitada. Não é a nossa agitação que conta. É o seu sono tranquilo. Ainda que algumas vezes nós caiamos na tentação, como, de resto, sucede com aqueles discípulos, de julgar o sono de Jesus como indiferença. Canta bem a Liturgia das Horas da Igreja: «Se me colhe a tempestade, / E Jesus vai a dormir na minha barca, / Nada temo porque a Paz está comigo».

Na travessia levantou-se uma violenta tempestade, que encheu de água a pequena barca e de medo aqueles discípulos. Como Jesus dormia tranquilamente deitado sobre a almofada, os discípulos correram a acordá-lo, deixando no ar um certo tom acusatório por aquilo que julgavam ser o desinteresse de Jesus pela vida dos que seguiam com Ele: «Tu não te importas que pereçamos?».

Jesus levanta-se e dirige-se primeiro ao vento e ao mar, dando duas ordens: «Cala-te! Acalma-te!». E parou o vento, e fez-se bonança no mar. Só depois disto, Jesus se dirige aos seus discípulos, não com duas ordens, mas com duas perguntas: «Por que tendes medo? Ainda não tendes fé?». Os discípulos não responderam, mas expressam a sua reacção perante tudo o que viram Jesus fazer e ouviram Jesus dizer: «Quem é este, que até o vento e o mar lhe obedecem?».

Já lá atrás, em Cafarnaum, Jesus tinha dado ordens a um espírito impuro, e ele obedeceu (Marcos 1,26-27). Fica então claro que os espíritos impuros e as forças da natureza, que não reagem a palavras humanas, seguem à letra as ordens de Jesus. Os discípulos saem então de um temor para outro ainda maior. É o temor que resulta da experiência do poder divino, sobre humano. O novo temor daqueles discípulos mostra o sentido que começam a ver nascer do agir divino de Jesus. Mas expressa também o seu espanto diante da pergunta de Jesus, que deixa supor uma fé incondicionada. Em relação a um homem, uma tal fé seria impossível e sem sentido. A pergunta que os discípulos se fazem entre si é, portanto, dupla: «Quem é este que faz tais coisas e que pede uma tal fé»? Esta pergunta não exprime dúvida, mas espanto e pesquisa. Acompanhá-los-á daqui para a frente no seu caminho com Jesus. (Texto resumido e adaptado de António Couto).

Palavra para o caminho

“A Igreja caminha na história entre as perseguições do mundo e as consolações que recebe de Deus” (Santo Agostinho).
Suplicado pelos discípulos, Jesus acalma o vento e as ondas. E faz-lhes uma pergunta, uma interrogação que também nos diz respeito: «Por que tendes medo? Ainda não tendes fé?» (v. 40). Os discípulos deixaram-se surpreender pelo medo, pois tinham fixado mais as ondas do que Jesus. E o medo leva-nos a olhar para as dificuldades, para os problemas graves e não para o Senhor, que muitas vezes dorme. Acontece o mesmo connosco: quantas vezes olhamos para os problemas, em vez de ir ter com o Senhor para depor nele as nossas preocupações! Quantas vezes deixamos o Senhor num canto, no fundo do barco da vida, para o acordar apenas no momento da necessidade! Hoje peçamos a graça de uma fé que não se canse de procurar o Senhor, de bater à porta do seu Coração. (Papa Francisco, Angelus, 20 de Fevereiro, 2021).

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Perdoar (Per-doar)

Per-doar é da minha parte e o outro pode não querer, mas é doar, apesar de tudo, uma nova oportunidade, um abrirmo-nos e oferecermo-nos para recomeçar uma relação. O perdão tem a ver com a relação, a reconquista da relação. Isto não se consegue de um dia para o outro, nem através de um contorcionismo de sentimentos, como se uma pessoa que me é antipática tivesse de começar a ser-me simpática… Significa começar a fazer a caminhada no sentido de reestabelecer relações perdidas, estragadas. Posso perdoar alguém que continua a ser-me antipático e vice-versa. Perdoar significa que me disponho a ter uma relação construtiva com esse alguém, a doar-lhe o meu coração e a minha abertura, a estabelecer a ponte. O perdão é isso. Não é um esquecer ou um abafar de sentimentos. Não é um mero desculpar. É uma ponte que se pode lançar até no silêncio.

Vasco P. Magalhães, sj

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A oração sacerdotal de Jesus

Como já várias vezes nos demos conta, uma das características mais evidentes da vida de Jesus é a oração. Esta, porém, torna-se ainda mais frequente e intensa nas horas da sua paixão e morte. Reza de modo muito humano, desafogando na presença do Pai a angústia do seu coração. No Jardim das Oliveiras, apesar da angústia mortal que O faz suar sangue, dirige-Se ao Pai com a palavra aramaica Abbá, repleta da ternura e confiança duma criança no seu papá. E Jesus continua nesta dimensão filial até ao fim, quando exclama: «Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito». No mistério desta oração intensa, tudo aparece recapitulado em Cristo: o olhar de Jesus não se fixa apenas nas pessoas ao seu redor, mas vê-nos também a nós, como se quisesse dizer a cada um: «Rezei por ti, na Última Ceia e no madeiro da Cruz». Eis o dado mais belo que poderíeis guardar destas catequeses: não só rezamos com Jesus, mas de certo modo fomos acolhidos no seu diálogo com o Pai, na comunhão com o Espírito Santo. Fomos amados em Cristo Jesus e, mesmo na hora da sua paixão, morte e ressurreição, tudo foi oferecido por nós. (Papa Francisco, Catequese da Audiência Geral (resumo), 16 de Junho, 2021).

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Santo António – 13 de Junho

– Correi, portanto, famintos, avarentos e usurários, para quem o dinheiro vale mais do que Deus, e comprai o grão de trigo que a Virgem tirou hoje do armário do seu ventre. Deu à luz um Filho.

– Quem está cheio do Espírito Santo fala várias línguas. As várias línguas são os vários testemunhos sobre Cristo, como a humildade, a pobreza, a paciência e a obediência; falamo-las, quando mostramos aos outros estas virtudes na nossa vida. A linguagem é viva, quando falam as obras. Cessem, portanto, as palavras e falem as obras. De palavras estamos cheios, mas de obras vazios; por este motivo nos amaldiçoa o Senhor, como amaldiçoou a figueira em que não encontrou fruto, mas somente folhas. Diz São Gregório: «Há uma norma para o pregador: que faça aquilo que prega». Em vão pregará os ensinamentos da lei, se destrói a doutrina com as obras.

– Se pregas Jesus, Ele comove os corações duros; se o invocas, alivia das tentações amargas; se o pensas, ilumina o teu coração; se o lês, sacia-te a mente.

Santo António

Oração

Deus eterno e todo-poderoso, que em Santo António destes ao vosso povo um pregador insigne do Evangelho e um poderoso intercessor junto de Vós, concedei que, pelo seu auxílio, sigamos fielmente os ensinamentos da vida cristã e mereçamos a vossa protecção em todas as adversidades. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. Amen.

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Solenidade do Sagrado Coração de Jesus

Oração de consagração ao Sagrado Coração de Jesus

Entrego-me e consagro-vos, Sagrado Coração de Jesus Cristo, a minha vida, as minhas acções, penas e sofrimentos, para não querer mais servir-me de nenhuma parte do meu ser, senão para vos honrar, amar e glorificar. É esta a minha vontade irrevogável: ser toda(o) vossa(o) e tudo fazer por Vosso amor, renunciando de todo o meu coração a tudo quanto Vos possa desagradar.

Tomo-vos, pois, Sagrado Coração de Jesus, por único bem do meu amor, protector da minha vida, segurança da minha salvação, remédio da minha fragilidade e da minha inconstância, reparador de todas as imperfeições da minha vida e meu asilo seguro na hora da morte. Sede, Coração de bondade, a minha justificação diante de Deus, vosso Pai, para que desvie de mim a sua justa cólera. Coração amoroso de Jesus, deposito toda a minha confiança em vós, pois tudo temo da minha malícia e da minha fraqueza, mas tudo espero da Vossa bondade!

Extingui em mim tudo o que possa desagradar-vos ou que se oponha à vossa vontade. Seja o vosso puro amor tão profundamente impresso no meu coração, que jamais vos possa esquecer nem me separar de vós. Suplico-vos, por vossa bondade, que o meu nome seja escrito no vosso Coração, pois quero viver e morrer como vossa(o) verdadeira(o) devota(o). Sagrado Coração de Jesus, confio em vós!

Santa Margarida Maria Alacoque

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