Na Carta aos Gálatas, Paulo afirma que é um verdadeiro apóstolo, não por mérito próprio, mas por chamamento de Deus; e mostra a verdade da sua vocação através dum contraste impressionante que marca a sua vida: de perseguidor que era dos cristãos, porque não observavam as tradições e a lei de Moisés, foi chamado a tornar-se apóstolo precisamente para anunciar o Evangelho de Jesus Cristo que combatia. Ao narrar esta inversão de rumo na sua vida, o próprio Paulo se maravilha e confessa a Deus a sua gratidão. É como se quisesse dizer aos Gálatas que ele poderia ter sido tudo, menos Apóstolo. Desde pequeno fora educado para ser um observante irrepreensível da lei de Moisés, e as circunstâncias tinham-no levado a combater os discípulos de Cristo. Mas aconteceu algo de inesperado: Deus, com a sua graça, revelara-lhe o seu Filho morto e ressuscitado, para que se tornasse seu arauto no meio dos gentios. Como são imperscrutáveis os caminhos do Senhor! Constatamo-lo todos os dias, mas vemo-lo sobretudo no momento em que o Senhor nos chamou. Não devemos jamais esquecer o período e o modo como Deus entrou na nossa vida: havemos de conservar vivo, no coração e na mente, aquele encontro com a graça em que Deus mudou a nossa vida. À vista da obra do Senhor, quantas vezes nos apetece perguntar: Como é possível que Deus se sirva dum pecador, duma pessoa fraca e débil como eu para cumprir a sua vontade? E todavia não aconteceu por acaso! Tudo estava previsto nos desígnios de Deus. Se correspondermos confiadamente ao seu plano de salvação, dar-nos-emos conta de como Ele tece a nossa história. A vocação tem sempre em vista uma missão para que fomos destinados; daí a necessidade de nos prepararmos seriamente para ela, cientes de que é o próprio Deus que nos envia e sustenta com a sua graça. (Papa Francisco, Resumo da Audiência Geral , 30 de Junho, 2021).
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