4º – Novena de Nossa Senhora do Carmo

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A Regra e o Monte Carmelo

A Regra do Carmo foi dada por Santo Alberto, Patriarca de Jerusalém, aos Carmelitas que viviam no Monte Carmelo. O Monte Carmelo marcou de tal maneira a vida dos primeiros Carmelitas que ele deixou de ser uma simples referência geográfica para tornar-se o símbolo do ideal de vida dos Carmelitas.

O símbolo do Monte tem uma força evocativa muito forte. Traz à nossa memória a montanha de Deus do profeta Elias (1Rs 19,8), o monte Sinai do levita Moisés (Ex 3,1), o monte das Nações do profeta Isaías (Is 2,2), o monte Tabor da Transfiguração de Jesus (Mt 17,1), o monte das Oliveiras da agonia de Jesus (Lc 22,39) e da sua Ascensão ao Céu (Mt 28,16;Lc 24,50; Act 1,9), e a “Subida do Monte Carmelo” de São João da Cruz.

Evoca as dificuldades da subida, a solidão das alturas, a vastidão do panorama e o silêncio longínquo dos rumores. Na medida em que cada um vai subindo o monte, o caminho vai ficando mais estreito, mas a visão do horizonte vai-se alargando.

Situando o quarto dia no conjunto da novena

Neste quarto passo, a ênfase cai na Regra do Carmo que contém o projecto de vida elaborado pelos primeiros Carmelitas. Os Carmelitas viviam orando e trabalhando no alto do monte e desciam para anunciar a Boa Nova ao povo e ensinar-lhe como rezar e como viver na presença do Deus libertador e irradiar esta presença no meio da comunidade.

Esta Regra de Vida de toda a Família Carmelita já tem mais de 800 anos! Mas a árvore velha do fundo do quintal não se corta quando, cada ano de novo, ela continua a produzir frutos novos. De facto, em cada século, até hoje, a Regra do Carmo produz frutos novos na Igreja ao serviço do povo de Deus, sobretudo dos “menores”, dos pobres.

A Regra do Carmo, a mais curta de todas as Regras monásticas, é como o mapa de viagem que orienta o peregrino na “Subida do Monte Carmelo”. Ao longo dos seus 24 capítulos cada um vai subindo e, no capítulo 21, o capítulo sobre o silêncio, o viajante alcança o topo do monte. São João da Cruz, inspirando-se nas grandes montanhas da Bíblia, diz que no alto do Carmelo, em cima do monte, reinam o amor e o silêncio.

O objectivo a ser alcançado neste quarto dia da novena

– Fortalecer em nós a identidade como Carmelitas, não só com a cabeça, nas ideias, mas também com o coração, na vivência diária.

– Confrontar a nossa vida com as propostas da Regra e fazer uma boa revisão da nossa vida como Carmelitas que procuram viver o Evangelho de acordo com o ideal proposto pela Regra de Santo Alberto.

Atitude orante a ser cultivada no quarto dia da novena. A oração dos Salmos

A Regra do Carmo insiste muito na oração dos Salmos. Os Salmos são o lado orante da Bíblia e da Vida. Neles meditamos a Lei de Deus, a História, a Sabedoria e a Profecia. Todas as situações da vida humana estão reflectidas nos Salmos. Eles são uma amostra de como rezar. Por isso é bom cada um acostumar-se a rezar os Salmos e até a decorar algum Salmo que mais fala ao coração.

Padroeiro: Santo Alberto, Patriarca de Jerusalém, autor da Regra do Carmo

Alberto nasceu na Itália por volta do ano 1149. Entrou na Congregação dos Cónegos Regulares. Em 1184 foi nomeado bispo de Bobbio e Vercelli. Procurou promover a reforma da Igreja, estimulando, sobretudo o nascimento de novas formas de vida religiosa ao serviço dos pobres. Homem de visão, ele ajudou várias congregações a renovarem-se e a adaptarem-se à nova situação política e social da Europa. Escreveu Regras de Vida para várias Congregações.

Por causa das suas qualidades como pastor, Alberto foi nomeado Patriarca de Jerusalém em 1206. Nesta sua condição como autoridade eclesiástica, ele foi procurado pelos primeiros Carmelitas do Monte Carmelo, para que aprovasse a maneira de eles viverem em obséquio de Jesus Cristo. O Monte Carmelo pertencia à diocese de Jerusalém. Usando a proposta dos próprios frades, Alberto escreveu a Regra do Carmo.

Os três capítulos mais longos da Regra sobre as armas espirituais (RC 18 e 19), sobre o trabalho (RC 20) e sobre o silêncio (RC 21) são um resumo da tradição monástica da Igreja. Alberto queria que esta tradição tão rica fosse colocada ao serviço do Povo de Deus, sobretudo dos pobres, através da nossa fidelidade à Regra.

Pela sua coragem de denunciar os erros e a má conduta do Mestre do Hospital da cidade de Acre a norte do Monte Carmelo, Alberto foi assassinado por ele no dia 14 de Setembro de 1214, durante a procissão do Santíssimo Sacramento.

Mesmo reconhecendo Alberto como autor da Regra, os primeiros frades Carmelitas não quiseram ser chamados de Albertinos, mas sim de Carmelitas, isto é, Moradores do Carmelo. Eles queriam e querem que todas as comunidades de Carmelitas sejam Pequenos Carmelos.

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3º – Novena de Nossa Senhora do Carmo

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A cruz de Jesus

A cruz era o pior instrumento de tortura inventado pelo império romano para abafar qualquer rebelião contra o poder da autoridade imperial. Visava desumanizar as pessoas a ponto de destruir nelas qualquer auto-estima ou sentimento de humanidade, e matava-as através de uma agonia cruel e prolongada. Para um crucificado não havia sepultura. Ele ficava pendurado na cruz até o corpo apodrecer ou ser comido pelos bichos.

Em Jesus, a consciência da sua dignidade humana foi mais forte do que a desumanidade do poder romano. Em vez de odiar e vingar, Jesus perdoava e rezava: “Pai, perdoai, eles não sabem o que fazem!” (Lc 23,34). O amor ao Pai e aos irmãos levou-o a perdoar aos seus próprios torturadores e assassinos. Com este gesto incrível de perdão, Jesus mostrou que um grande amor é capaz de vencer o ódio que mata.

Esta resistência humana e humanizadora de Jesus destruiu na raiz o instrumento do ódio. Em Jesus, a força desumanizadora da cruz, esse terrível instrumento de tortura do império, foi esvaziada. A cruz de Jesus tornou-se o símbolo da vitória do amor sobre o ódio, da vida sobre a morte. O amor levou Jesus ao dom total de si mesmo e, assim, tornou-se fonte de esperança para todo ser humano.

Situando o terceiro dia no conjunto da novena

Neste terceiro dia da novena, a ênfase cai na pessoa de Jesus que carrega a sua cruz até ao Calvário. Para que possamos segui-lo, devemos também nós carregar a nossa cruz. Ele disse: “Toma a tua cruz, e segue-me!” (Mc 8,34). Jesus não pede para carregarmos a cruz dos outros, nem para carregar a cruz que ele carregou, mas pede que cada um carregue a sua própria cruz, não de qualquer jeito, mas sim “atrás de Jesus e por amor a ele e ao evangelho” (Mc 8,35). Isto é, eu devo carregar-me a mim mesmo com as minhas limitações, defeitos e pecados; devo procurar ser eu mesmo sem pretensão nem arrogância, e colocar-me ao serviço, atrás de Jesus, da maneira que Jesus carregou a sua cruz. Foi assim que ele realizou a sua missão: “Eu não vim para ser servido, mas para servir” (Mc 10,45).

O compromisso que se pede consiste em não buscar saídas individuais para problemas colectivos. A cruz de Jesus pede que coloquemos o bem comum acima do bem pessoal ou familiar (de sangue, classe, cultura e demais extensões do meu “eu”). Este é o resumo de toda a Bíblia: “Tudo o que desejardes que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles. Pois nisto consistem a Lei e os Profetas.” (Mt 7,12).

O objectivo a ser alcançado no terceiro dia da novena

– Criar em nós uma atitude de doação: colocar o bem dos outros acima do próprio bem-estar individual.

– Aprender a viver melhor a fé na ressurreição que acontece quando em mim o amor vence o ódio; quando a esperança derruba em mim o desespero; quando a atitude de serviço leva vantagem sobre o egoísmo.

Atitude orante a ser cultivada no terceiro dia da novena

O noivo, mesmo estando sozinho, pensa sempre na noiva e, por amor a ela, suporta qualquer problema. É bom exercitar-nos a pensar sempre em Deus, que revelou o seu amor por nós nas atitudes que Jesus tomava para com as pessoas. Por amor a ele, devemos aprender a carregar a nossa cruz atrás de Jesus. Para poder realizar este exercício é útil levar na memória a lembrança de algum gesto amoroso de Jesus, narrado nos evangelhos.

Padroeiro: Beato Tito Brandsma, mártir Carmelita

Nasceu na cidade de Bolsward, na Frísia (Holanda) em 1881. Entrou na Ordem do Carmo e foi ordenado sacerdote em 1905. Estudou em Roma, onde conseguiu o grau de doutor em filosofia, na Universidade Gregoriana. Voltando para a Holanda viveu grande parte da sua vida em Nimega, cidade universitária, e exerceu uma intensa actividade como sacerdote, professor universitário e jornalista. Dedicou-se ao estudo do movimento místico nos Países Baixos, sobretudo dos místicos e místicas da Idade Média.

Nos anos trinta, quando começou o movimento nazista na Alemanha, Tito tomava posição através dos seus inúmeros artigos nos jornais e nas revistas. Depois do início da guerra em Maio de 1940, opôs-se à ocupação nazista da Holanda e, baseando-se no Evangelho, combateu tenazmente a ideologia nazista, protestou contra a perseguição dos judeus e defendeu a liberdade da educação e da imprensa católicas.

Por estas suas actividades, Frei Tito foi preso. Passou por várias prisões. Foi um longo calvário. Foi morto no campo de concentração de Dachau em 1942. Até ao último suspiro, Tito não se cansava de levar a paz e o conforto aos companheiros da prisão.

Como Jesus, Frei Tito foi condenado por ter defendido a justiça, a liberdade e a fraternidade diante das aberrações do sistema político-social, imposto ao povo holandês pelo nazismo.

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2º – Novena de Nossa Senhora do Carmo

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A Bíblia e o Rosário

Olha bem o símbolo da Bíblia e do Rosário. A Bíblia é o livro de Deus que nos abre os olhos e nos faz ver. Ela é a Palavra escrita de Deus que nos ajuda a descobrir a Palavra viva de Deus na vida, na história e na beleza da criação. Ela nos faz saber que a Palavra de Deus enche a vastidão da terra (Sb 1,7; 8,1). O Papa João XXIII dizia: “O Rosário é a Bíblia dos Pobres”, pois nos leva a meditar os mistérios da vida de Jesus ao longo das suas dezenas.

A Palavra de Deus na Bíblia vale não só pelo ensinamento que nos oferece, mas também e, sobretudo, pela presença do próprio Deus Pai que nela se dirige a nós. Quando alguém te diz: “Eu amo-te”, esta palavra vale não só pelo conteúdo que ela te comunica, mas também e, sobretudo, pela pessoa que a pronuncia. Não é assim? Ora, a palavra da Bíblia é pronunciada por um Pai amoroso que nos ama muito. Esta dimensão pessoal da Palavra de Deus é muito importante e deve ser cultivada por nós Carmelitas. A Palavra de Deus dirige-se não só à cabeça, ela fala também ao coração. “Faz arder o coração” (Lc 24,32).

Situando o segundo dia no conjunto da novena

Neste segundo dia da novena a ênfase cai no desejo de conhecer melhor quem é Jesus para nós e na meditação constante da Palavra de Deus. A Palavra de Deus, que criou o universo e orientou o povo hebreu ao longo da história, chegou perto de nós em Jesus, nosso irmão (Jo 1,14). Jesus deixou a Palavra de Deus tomar conta da sua vida e, por isso, a sua vida é a melhor chave para entendermos a mensagem da Bíblia. Por isso mesmo, é bom, desde este segundo dia, criar o costume de, todos os dias, fazer uma breve leitura da Palavra de Deus, nem que seja de poucos versículos, repetidos de memória durante o dia.

A oração do Terço é uma forma simples e popular de Leitura Orante da Palavra de Deus. A sua oração leva a um confronto com os mistérios principais da vida de Jesus: gozosos, dolorosos e gloriosos, e agora também os luminosos. Maria, a Mãe de Jesus, ajudar-nos-á a encarnar e a assimilar a vida de Jesus na nossa vida.

O objectivo a ser alcançado neste segundo dia

– Esforçar-nos para conhecer melhor a vida de Jesus através da leitura dos Evangelhos e da oração do Terço.

– Começar a ler a Bíblia, sobretudo os Evangelhos, com maior frequência e cultivar a dimensão pessoal da Palavra de Deus.

Atitude orante a ser cultivada no segundo dia da novena

Exercitar-se para meditar os mistérios da vida de Jesus e de Maria, sua Mãe, através da leitura dos Evangelhos e da reza do Terço. Durante o dia, seja no autocarro ou andando na rua, seja durante o trabalho, em casa ou no emprego, rezar de memória uma dezena do Terço, meditando um dos mistérios da vida de Jesus.

Padroeira: Santa Teresinha, que gostava de meditar os quatro Evangelhos

Nasceu em 1873 na França, como última de nove filhos. Perdeu a mãe aos 5 anos. Foi criada por uma tia e pelas duas irmãs mais velhas. A morte da mãe e a ida das duas irmãs mais velhas para o Carmelo afectaram profundamente a pequena Teresa. Chorava muito, vivia isolada dentro do pequeno mundo da família e tinha dificuldade em abrir-se na direcção espiritual. Mas possuía uma vontade de ferro.

Aos 15 anos entrou no Carmelo. Queria ser santa a todo o custo. Mas aos poucos, diante das suas limitações e defeitos, ela foi-se dando conta de ser incapaz de conseguir a santidade. Ela descobriu que não é o nosso esforço que nos leva para perto de Deus, mas sim a bondade acolhedora de Deus que nos atrai e que, sem mérito algum nosso, nos abraça e santifica. A experiência da bondade do seu próprio pai ajudou-a a superar a imagem de Deus como juiz severo que condena e castiga. Teresinha foi amadurecendo ao longo dos poucos anos da sua vida, descobrindo que, diante de Deus, estamos sempre de mãos vazias. Ela dizia: “Senhor, Tu sabes que só tenho o dia de hoje para te amar”.

Os Evangelhos eram o seu livro de cabeceira. Neles encontrava sempre um consolo e uma orientação segura, mesmo no maior abandono. Foi na meditação dos Evangelhos que ela descobriu o seu “pequeno caminho” para chegar até Deus.

Havia momentos em que ela sentia Deus tão perto que parecia poder tocá-lo. Mas nos últimos 18 meses da sua vida Teresa viveu na escuridão total. Era como se Deus já não existisse; como se já não houvesse mais céu e que tudo fosse ilusão e puro engano. Foi uma provação terrível! Ela viveu o ateísmo de verdade. Mas maior que a noite escura era a sua fé na bondade de Deus, Pai que acolhe a sua filha.

Uma tuberculose dolorosa de longos meses levou-a à morte aos 24 anos de idade, no dia 1 de Outubro de 1897, aniversário da aprovação da Regra do Carmo. A sua vida foi tudo, menos um mar de rosas.

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1º – Novena de Nossa Senhora do Carmo

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O escapulário

No século XII, época da origem da Família Carmelita, havia muitos escapulários. Um deles era o escapulário do Carmo. O escapulário era uma espécie de manto ou avental, sinal de serviço. Era usado pelos camponeses de um determinado lugar ou fazenda, para expressar a sua pertença à família do dono daquele lugar. A veste do escapulário era um sinal visível da família, a que eles estavam ligados ou agregados. Conferia identidade às pessoas e integrava-as num determinado grupo social ou comunidade.

O escapulário era expressão da garantia de protecção que os camponeses recebiam do dono do lugar (feudo ou fazenda) e da sua esposa, chamada a “Senhora do Lugar”. Era expressão também do obséquio ou serviço que eles deviam prestar ao fazendeiro e à “Senhora do Lugar”.

Os primeiros Carmelitas, porém, abandonaram o seu feudo na Europa e foram para a Terra de Jesus, para o Monte Carmelo. Queriam viver em obséquio de outro dono, Jesus; e de outra Senhora do Lugar, Maria, a Mãe de Jesus. O escapulário do Carmo é a expressão visível deste novo modo de viver o Evangelho. Manto de protecção e de compromisso.

O símbolo do escapulário acentua os dois aspectos fundamentais da vida Carmelita: a nossa devoção para com Maria, a Mãe de Jesus, e a protecção da parte dela para connosco.

Situando o primeiro dia no conjunto da novena

Neste primeiro dia da novena a ênfase cai no acompanhamento que Nossa Senhora nos vai dar. Ela é a irmã e a educadora que nos acompanhará nesta novena, desde o primeiro dia até o fim, para que possamos chegar à maturidade da fé (Ef 4,13). Maria soube escutar e cultivar a vontade de Deus (Lc 11,27-28; Lc 1,38; Mc 3,31-35; Jo 2,5; 19,25-27) e fazer da sua vida um serviço a Deus e aos irmãos e irmãs. Desde este primeiro dia, assumimos o mesmo compromisso que Maria assumiu de escutar e de cultivar sempre em nós a vontade de Deus: “Eis aqui a Serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua Palavra!”.

O que Nossa Senhora nos tem a dizer é, sobretudo, aquilo que o próprio Jesus disse a respeito dela: “Feliz de quem ouve a palavra de Deus e a põe em prática” (Lc 11,27-28): ouvir a Palavra de Deus e colocá-la em prática!

O objectivo a ser alcançado no primeiro dia da novena

– Viver a protecção de Maria para connosco e levar a sério o nosso compromisso com Maria, a Mãe de Jesus.

– Criar em nós o firme propósito de escutar sempre o que Deus nos tem a dizer e de cultivar em tudo a sua vontade.

Atitude orante a ser cultivada no primeiro dia da novena

Começar e permanecer, desde agora, uns cinco a sete minutos em silêncio total diante de Deus, sem fazer nada, sem dizer nada, dizendo apenas: “Senhor, estou aqui às tuas ordens, ao teu serviço!”.

Padroeiro: Beato Isidoro Bakanja, o mártir do escapulário

Isidoro Bakanja nasceu em torno de 1885, no antigo Congo Belga, África. Converteu-se ao Cristianismo em 1906. No dia 6 de Maio de 1906, aos 21 anos de idade, foi baptizado, sendo o primeiro cristão da sua região. No baptismo, recebeu de presente um Rosário e o escapulário de Nossa Senhora do Carmo, que nunca mais deixou de usar. Chamavam-no de o “leigo do escapulário”.

Isidoro trabalhava na plantação de um colonizador belga, ateu, que não gostava de africanos convertidos. Dizia que rezavam demais e que perdiam tempo. A raiva do patrão foi crescendo e mandou que Isidoro lançasse fora o escapulário. Isidoro recusou. Por isso foi chicoteado até ao ponto de as suas costas se transformarem numa chaga viva. A ferida infeccionou e, ao longo de seis meses, Isidoro viveu um verdadeiro calvário de sofrimentos. Morreu com o Rosário nas mãos e o escapulário de Nossa Senhora do Carmo no seu pescoço, dia 15 de Agosto de 1909. Perdoou ao seu algoz e prometeu rezar por ele quando ingressasse no céu. O Papa João Paulo II beatificou-o em 1994 e chamou-o de “mártir do escapulário”.

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14º Domingo do Tempo Comum – Ano A

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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus (Mt 11, 25-30)

Naquela ocasião, Jesus tomou a palavra e disse: «Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque isso foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai; e ninguém conhece o Filho senão o Pai, como ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.» «Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que Eu hei-de aliviar-vos. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para o vosso espírito. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.»

Comentário às palavras de Jesus

Mateus 11, 25-26: Só os pequenos podem entender e aceitar a Boa Nova do Reino. Perante o acolhimento da mensagem do Reino por parte dos pequenos, Jesus tem uma grande alegria e espontâneamente transforma a sua alegria em oração ao Pai: “Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque isso foi do teu agrado”. Os sábios, os doutores daquele tempo, criaram uma série de leis à volta da pureza legal, que depois as impunham ao povo em nome de Deus (Mt 15, 1-9). Eles pensavam que Deus exigia todas estas observâncias para que o povo pudesse ter paz. Mas a lei do amor, revelada por Jesus, afirmava o contrário. De facto, o que conta, não é o que fazemos por Deus, mas antes, o que Deus, na sua grande misericórdia, faz por nós! Os pequenos ouviam esta boa notícia e alegravam-se. Os sábios e doutores não conseguiam entender tal ensinamento. Hoje, como naquele tempo, Jesus continua a ensinar muitas coisas aos pobres e aos pequenos. Os sábios e inteligentes farão bem em converterem-se em discípulos dos pequenos.

Jesus rezava muito! Orava com os discípulos, orava com o povo, orava sozinho. Passava noites inteiras em oração. Chegou a resumir toda a sua mensagem numa oração de sete pedidos, que é o Pai Nosso. Às vezes, como neste caso, os Evangelhos informam-nos acerca da oração de Jesus (Mt 11, 25-26; 26, 39; Jo 11, 41-42; 17, 1-26). Outra vezes dão-nos a conhecer que Jesus rezava os Salmos (Mt 26, 30; 27, 46). Na maior parte dos casos dizem simplesmente que Jesus rezava. Hoje por todas as partes os grupos de oração multiplicam-se.

No Evangelho de Mateus o termo pequenos às vezes indica as crianças e outras sectores excluídos da sociedade. Não é fácil fazer a distinção. Às vezes o que é chamado pequeno num Evangelho, é chamada criança noutro. Além disso, nem sempre é fácil fazer a distinção entre o que pertence à época de Jesus e o que é do tempo das comunidades para quem foram escritos os Evangelhos. Seja como for, o que é claro é o contexto de exclusão que reinava naquela época, e a imagem de pessoa acolhedora que os pequenos das comunidades cristãs primitivas tinham de Jesus.

Mateus 11, 27: A origem da nova lei: o Filho conhece o Pai. Jesus sendo o Filho, conhece o Pai e sabe o que o Pai queria, quando no passado, chamou Abraão e Sara para formar um povo e quando deu a Lei a Moisés para reforçar a aliança. A experiência de Deus como Pai ajudava Jesus a entender de uma maneira nova o que Deus dissera no passado. Ajudava-o a reconhecer erros e limites, dentro dos quais a Boa Nova de Deus ficara prisioneira da ideologia dominante A intimidade com o Pai dava-lhe um critério novo que o colocava em contacto directo com o autor da Bíblia. Jesus não ia da letra para a raiz mas da raiz para a letra. Ele procurava o sentido na fonte. Para compreender o sentido de uma carta é importante estudar as palavras que ela contém. Mas a amizade com o autor da carta pode ajudar a descobrir uma dimensão mais profunda nessas palavras, que só o estudo não pode revelar.

Mateus 11, 28-30: Jesus convida todos os que estão cansados e promete-lhes o descanso. O povo daquele tempo vivia cansado sob o duplo peso dos impostos e das observâncias exigidas pelas leis da pureza. Jesus diz: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para o vosso espírito. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. Através do profeta Jeremias Deus convidou o povo a investigar o passado para conhecer qual o caminho bom que poderia dar descanso às almas (Jer 6, 16). Este caminho bom aparece agora em Cristo. Jesus oferece descanso às almas. Ele é o caminho (Jo 14, 6).

Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração”. Como Moisés, Jesus era manso e humilde (Num 12, 3). Muitas vezes esta frase foi manipulada para pedir ao povo submissão, mansidão e passividade. O que Jesus quer dizer é totalmente o contrário. Ele pede ao povo, para poder entender as coisas do Reino, que não dê tanta importância “aos sábios e doutores”, isto é, aos professores oficiais da religião do tempo, e que confie mais nos pequenos. Os oprimidos devem começar a aprender de Jesus o que é ser “manso e humilde de coração”.

Muitas vezes na Bíblia humilde é sinónimo de humilhado. Jesus não fazia como os escribas que se envaideciam da sua ciência, mas era como o povo humilde e humilhado. Ele, o Mestre, sabia por experiência o que se passava no coração do povo e quanto o povo sofria na vida de cada dia.

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Deus não se cansa de perdoar

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Quando reconheço ter caído nalguma falta, concordo que fiz mal e digo: “é o meu natural, só isto é que sei fazer”; se não faltei em nada, dou graças a Deus e confesso que foi porque Ele me ajudou.

Frei Lourenço da Ressurreição

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