O escapulário
No século XII, época da origem da Família Carmelita, havia muitos escapulários. Um deles era o escapulário do Carmo. O escapulário era uma espécie de manto ou avental, sinal de serviço. Era usado pelos camponeses de um determinado lugar ou fazenda, para expressar a sua pertença à família do dono daquele lugar. A veste do escapulário era um sinal visível da família, a que eles estavam ligados ou agregados. Conferia identidade às pessoas e integrava-as num determinado grupo social ou comunidade.
O escapulário era expressão da garantia de protecção que os camponeses recebiam do dono do lugar (feudo ou fazenda) e da sua esposa, chamada a “Senhora do Lugar”. Era expressão também do obséquio ou serviço que eles deviam prestar ao fazendeiro e à “Senhora do Lugar”.
Os primeiros Carmelitas, porém, abandonaram o seu feudo na Europa e foram para a Terra de Jesus, para o Monte Carmelo. Queriam viver em obséquio de outro dono, Jesus; e de outra Senhora do Lugar, Maria, a Mãe de Jesus. O escapulário do Carmo é a expressão visível deste novo modo de viver o Evangelho. Manto de protecção e de compromisso.
O símbolo do escapulário acentua os dois aspectos fundamentais da vida Carmelita: a nossa devoção para com Maria, a Mãe de Jesus, e a protecção da parte dela para connosco.
Situando o primeiro dia no conjunto da novena
Neste primeiro dia da novena a ênfase cai no acompanhamento que Nossa Senhora nos vai dar. Ela é a irmã e a educadora que nos acompanhará nesta novena, desde o primeiro dia até o fim, para que possamos chegar à maturidade da fé (Ef 4,13). Maria soube escutar e cultivar a vontade de Deus (Lc 11,27-28; Lc 1,38; Mc 3,31-35; Jo 2,5; 19,25-27) e fazer da sua vida um serviço a Deus e aos irmãos e irmãs. Desde este primeiro dia, assumimos o mesmo compromisso que Maria assumiu de escutar e de cultivar sempre em nós a vontade de Deus: “Eis aqui a Serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua Palavra!”.
O que Nossa Senhora nos tem a dizer é, sobretudo, aquilo que o próprio Jesus disse a respeito dela: “Feliz de quem ouve a palavra de Deus e a põe em prática” (Lc 11,27-28): ouvir a Palavra de Deus e colocá-la em prática!
O objectivo a ser alcançado no primeiro dia da novena
– Viver a protecção de Maria para connosco e levar a sério o nosso compromisso com Maria, a Mãe de Jesus.
– Criar em nós o firme propósito de escutar sempre o que Deus nos tem a dizer e de cultivar em tudo a sua vontade.
Atitude orante a ser cultivada no primeiro dia da novena
Começar e permanecer, desde agora, uns cinco a sete minutos em silêncio total diante de Deus, sem fazer nada, sem dizer nada, dizendo apenas: “Senhor, estou aqui às tuas ordens, ao teu serviço!”.
Padroeiro: Beato Isidoro Bakanja, o mártir do escapulário
Isidoro Bakanja nasceu em torno de 1885, no antigo Congo Belga, África. Converteu-se ao Cristianismo em 1906. No dia 6 de Maio de 1906, aos 21 anos de idade, foi baptizado, sendo o primeiro cristão da sua região. No baptismo, recebeu de presente um Rosário e o escapulário de Nossa Senhora do Carmo, que nunca mais deixou de usar. Chamavam-no de o “leigo do escapulário”.
Isidoro trabalhava na plantação de um colonizador belga, ateu, que não gostava de africanos convertidos. Dizia que rezavam demais e que perdiam tempo. A raiva do patrão foi crescendo e mandou que Isidoro lançasse fora o escapulário. Isidoro recusou. Por isso foi chicoteado até ao ponto de as suas costas se transformarem numa chaga viva. A ferida infeccionou e, ao longo de seis meses, Isidoro viveu um verdadeiro calvário de sofrimentos. Morreu com o Rosário nas mãos e o escapulário de Nossa Senhora do Carmo no seu pescoço, dia 15 de Agosto de 1909. Perdoou ao seu algoz e prometeu rezar por ele quando ingressasse no céu. O Papa João Paulo II beatificou-o em 1994 e chamou-o de “mártir do escapulário”.