10 frases do Papa Francisco sobre a Confissão

1. Costumo dizer aos confessores: falai, escutai com paciência e sobretudo dizei às pessoas que Deus lhes quer bem. E se o confessor não pode absolver, que explique as razões, mas que dê de todo o modo uma bênção, ainda que seja sem absolvição sacramental. O amor de Deus também existe para quem não está na disposição de receber o sacramento; esse homem ou essa mulher, esse jovem ou essa rapariga também são amados por Deus, são procurados por Deus, estão necessitados de bênção.

2. Os apóstolos e os seus sucessores — os bispos e os sacerdotes que são seus colaboradores — convertem-se em instrumentos da misericórdia de Deus. Actuam “in persona Christi”. Isto é muito bonito.

3. Confessar-se com um sacerdote é um modo de pôr a minha vida nas mãos e no coração de outro, que nesse momento actua em nome e por conta de Jesus. É uma maneira de sermos concretos e autênticos; estar frente à realidade olhando para outra pessoa e não para si mesmo reflectido num espelho.

4. É verdade eu posso falar com o Senhor, pedir-Lhe logo perdão a Ele, implorar-lho. E o Senhor perdoa, logo. Mas é importante que vá ao confessionário, que me ponha a mim mesmo frente a um sacerdote que representa Jesus, que me ajoelhe frente à Mãe Igreja chamada a distribuir a misericórdia de Deus. Há uma objectividade neste gesto, em ajoelhar-me frente ao sacerdote, que nesse momento é a via da graça que me chega e me cura.

5. Como confessor, mesmo quando deparei com uma porta fechada, sempre procurei uma fissura, uma greta, para abrir essa porta e poder dar o perdão, a misericórdia.

6. O que se confessa está bem que se envergonhe do pecado; a vergonha é uma graça que é preciso pedir, é um factor bom, positivo, porque nos faz humildes.

7. Há também a importância do gesto. O simples facto de uma pessoa ir ao confessionário indica que já há um início de arrependimento, ainda que não seja consciente. Se não tivesse existido esse movimento inicial, a pessoa não teria ido. Que esteja ali pode evidenciar o desejo de uma mudança. A palavra é importante, explicita o gesto. Mas o próprio gesto é importante.

8. Que conselhos daria a um penitente para fazer uma boa confissão? Que pense na verdade da sua vida diante de Deus, o que sente, o que pensa. Que saiba olhar-se com sinceridade a si próprio e ao seu pecado. E que se sinta pecador, que se deixe surpreender, assombrar por Deus.

9. A misericórdia existe, mas se tu não a queres receber… Se não te reconheces pecador quer dizer que não a queres receber, quer dizer que não sentes a necessidade.

10. Há muitas pessoas humildes que confessam as suas recaídas. O importante, na vida de cada homem e de cada mulher, não é nunca voltar a cair pelo caminho. O importante é levantar-se sempre, não ficar no chão a lamber as feridas. O Senhor da misericórdia perdoa-me sempre, de maneira que me oferece a possibilidade de voltar a começar sempre.

 

Abrir

5º Domingo da Quaresma – Ano C

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João (Jo 8, 1-11)

Naquele tempo, Jesus foi para o monte das Oliveiras. Mas de manhã cedo, apareceu outra vez no templo e todo o povo se aproximou d’Ele. Então sentou-Se e começou a ensinar. Os escribas e os fariseus apresentaram a Jesus uma mulher surpreendida em adultério, colocaram-na no meio dos presentes e disseram a Jesus: «Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. Na Lei, Moisés mandou-nos apedrejar tais mulheres. Tu que dizes?». Falavam assim para Lhe armarem uma cilada e terem pretexto para O acusar. Mas Jesus inclinou-Se e começou a escrever com o dedo no chão. Como persistiam em interrogá-l’O, ergueu-Se e disse-lhes: «Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra». Inclinou-Se novamente e continuou a escrever no chão. Eles, porém, quando ouviram tais palavras, foram saindo um após outro, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher, que estava no meio. Jesus ergueu-Se e disse-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?». Ela respondeu: «Ninguém, Senhor». Disse então Jesus: «Nem Eu te condeno. Vai e não tornes a pecar». 

Reflexão

Neste quinto Domingo da Quaresma, a liturgia apresenta o episódio da mulher adúltera . O texto evangélico opõe duas atitudes: a dos escribas e fariseus, de uma parte, e a de Jesus, da outra parte. Os primeiros querem condenar a mulher, porque se sentem os guardiões da Lei e da sua fiel aplicação. Entretanto, Jesus quer salvar a mulher, porque ele personifica a misericórdia de Deus que perdoando redime e reconciliando renova.

Enquanto Jesus ensina no templo, os escribas e fariseus trazem-lhe uma mulher surpreendida em flagrante adultério e perguntam a Jesus se devem apedrejá-la, como a Lei de Moisés prescreve. O evangelista especifica que eles colocam a questão “para Lhe armarem uma cilada e terem pretexto para O acusar”. A pergunta era uma armadilha, respondesse Jesus “sim” ou “não”.

Mas Jesus não veio ao mundo para julgar e condenar, mas para salvar e oferecer às pessoas uma nova vida. Jesus permanece por uns momentos em silêncio e escreve com o dedo no chão, como para recordar que o único Legislador e Juiz é Deus, e diz: “Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra”. Jesus apela à consciência daqueles homens fazendo-os reconhecer a sua condição de pecadores. Um após outro, começando pelos mais velhos, ou seja, os que mais experimentaram as suas próprias misérias, todos eles saíram, desistindo de apedrejar a mulher.

No final, permanecem apenas Jesus e a mulher. Jesus é o único sem culpa, o único que poderia atirar uma pedra contra ela, mas não o faz, porque Deus “não quer a morte do pecador, mas antes que ele se converta e viva”. E Jesus despede a mulher com estas palavras maravilhosas: “Vai e não tornes a pecar”. Ele abre diante dela um novo caminho, criado pela misericórdia, uma estrada que requer o seu compromisso de não pecar mais. É um convite que se aplica a cada um de nós.

Neste tempo de Quaresma somos chamados a reconhecer-nos como pecadores e a pedir perdão a Deus. Pois ao mesmo tempo que nos reconcilia e nos dá a paz, Deus faz-nos começar uma história renovada. Cada verdadeira conversão é destinada a um novo futuro, a uma nova vida, bela, livre do pecado, generosa.

Papa Francisco, Angelus (resumo), 7 de Abril de 2019

Palavra para o caminho

Jesus revela a misericórdia de Deus, que deseja o perdão e quer a vida: «Eu não me comprazo na morte do pecador, mas antes que se converta do seu caminho e viva» (Ez 33,11; 18,23). É preciso reconhecer com humildade que somos fracos e pecadores, que precisamos do amor, da misericórdia e da ajuda de Deus e dos outros para caminhar numa vida nova. É esse mesmo amor, misericórdia e perdão que somos chamados a reflectir nas nossas atitudes, palavras e gestos em relação aos outros. Sem deixar de chamar pecado ao pecado, não podemos confundir o pecado com o pecador, de modo a rejeitar o pecado, mas a amar o pecador como Deus o ama e também nos ama a nós, pecadores.

Abrir

O caminho estreito

Esta doutrina de morrer para si mesmo, que entretanto constitui a lei de toda a alma cristã, desde que Cristo disse: “Se alguém quiser vir após Mim que tome a sua cruz e renuncie a si próprio”, esta doutrina, apesar de parecer tão austera, é duma suavidade deliciosa, quando se olha para o termo desta morte, que é a vida de Deus, colocada em vez da nossa vida de pecado e de misérias.

Santa Isabel da Trindade

Abrir

Caminhada quaresmal com Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein) – 6

REZAR CADA DIA DA SEMANA COM SANTA TERESA BENEDITA DA CRUZ: 08-13 DE ABRIL

Segunda feira, 8 de Abril: não julgar

«Vós julgais segundo critérios humanos; Eu não julgo ninguém» (Jo 8, 15).

Não julguemos para não sermos julgados! Todos somos abusados por aparências enganadoras. Cá na terra não vemos senão por enigmas; só o Criador conhece a verdade (Edith Stein).

Não podemos julgar nem a Deus, nem aos outros, nem a nós mesmos. Mas o pouco bem que podemos fazer, façamo-lo com Ele…

Terça feira, 9 de Abril: como uma criancinha

«Todo aquele que olhar para ela, ficará vivo!» (Nm 21, 8).

Ponha toda a preocupação pelo seu futuro na mão de Deus e deixe-se guiar por Ele como uma criancinha. Então poderá ter a certeza de nunca se perder no caminho (Edith Stein).

Quando não compreendemos bem, olhemos para Jesus, sigamo-Lo, não o larguemos nem um passo, afirmemos-Lhe a nossa fé.

Quarta feira, 10 de Abril: o meu lugar no Corpo de Cristo

«Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão!» (Jo 8, 39).

O ser humano é, por natureza, membro da sociedade; o pecado original e a redenção seriam completamente incompreensíveis se a humanidade fosse uma soma de indivíduos isolados, totalmente separados. Que o ser humano é por natureza membro do grande corpo da humanidade, nascido da comunidade, na comunidade e para a comunidade é um facto, mas um facto misterioso que está ligado a todos os mistérios do cristianismo… (Edith Stein).

Quando escutamos o Evangelho é importante compreender que Jesus se dirige a nós, a cada geração humana que recusa ser filha de Deus e comportar-se como tal. Tenho consciência de ser membro de um corpo?

Quinta feira, 11 de Abril: a preocupação de Jesus pela nossa salvação

«Em verdade, em verdade vos digo: se alguém observar a minha palavra, nunca morrerá» (Jo 8, 51).

Os desígnios salvíficos de Deus estendem-se de facto a toda a humanidade e, por amor a ela, ao Seu povo eleito. Mas, para além disso, Ele preocupa-se com cada alma em particular. Ele tenta ganhar cada uma como Sua esposa com um amor terno, envolvido numa fidelidade paternal (Edith Stein).

Vertiginoso. Jesus preocupa-se com cada um de nós. Se guardarmos uma relação viva com Ele, se guardarmos a Sua palavra, Ele promete-nos a Vida. Jesus não pensa na Sua própria morte, Ele está apaixonado pela minha salvação, pela tua, pela de todos…

Sexta feira, 12 de Abril: escutar Deus que me fala

«Jesus voltou a retirar-se para a margem de além-Jordão, para o lugar onde, ao princípio, João tinha estado a baptizar, e ali se demorou» (Jo 10, 40).

Uma palavra da Escritura pode tocar-me tão profundamente que, através dela, sinto que o próprio Deus me dirige a palavra e apercebo-me da Sua presença. O livro do autor sagrado, ou o pregador que nesse momento estava a escutar, desaparecem – Deus fala em pessoa e fala-me a mim (Edith Stein).

Perseguido por aqueles que querem a sua morte, Jesus volta a orar no local onde começou a Sua vida pública, onde o Pai fez ouvir o Seu Amor por Ele. Terei eu um local inicial onde Deus me falou? Saberei regressar lá e permanecer aí nos momentos de grandes provas?

Sábado, 13 de Abril: a vida entregue de Cristo

«Convém que morra um só homem pelo povo» (Jo 11, 50).

Cristo entrega a Sua vida para abrir aos homens a vida eterna (Edith Stein).

Jesus morreu para dar a vida a todos. Todo o homem torna-se um próximo por quem Cristo morreu.

Abrir

Seguir Jesus

Ponde os olhos no Crucificado e tudo vos parecerá pouco… Se Sua Majestade nos mostrou o Seu amor com tão espantosas obras e sofrimento, como querei contentá-lo só com palavras? Sabeis o que significa ser de facto espiritual? É fazer-se escravo de Deus, marcado com o Seu selo, o da cruz.

Santa Teresa de Jesus

Abrir

Centenário da morte de São Francisco Marto: 4 de Abril (1919-2019)

São Francisco Marto, retrato de uma vida breve e intensa

São Francisco Marto, cuja iconografia o apresenta de carapuço na cabeça e jaleca curta, com o cajado e o saco do farnel ao pescoço, nasceu em 11 de Junho de 1908 e foi baptizado em 20 de Junho na Igreja Paroquial de Fátima. 

Com apenas 8 anos de idade, começou, com a sua irmã Jacinta, a pastorear o rebanho dos seus pais pela zona da Cova da Iria, local onde, juntamente com a prima Lúcia, viriam a testemunhar as Aparições, durante as quais podia apenas ver, sem ouvir ou falar.

Levado pelo desejo íntimo de consolar o coração de Jesus, pois afirmava que queria dar alegria a um Deus que estava triste com os agravos ao Seu coração, Francisco viveu intensamente a oração contemplativa. Para isso, passava horas seguidas em oração em frente ao sacrário, na Igreja Paroquial de Fátima, quando a prima e a irmã iam para a escola.

A 18 de Outubro de 1918, pouco mais de um ano depois da última Aparição, Francisco adoece, vítima da epidemia da gripe pneumónica que assolou o país, também conhecida por gripe espanhola, a doença que chegara a Portugal no meio desse ano e em pouco tempo causou a morte de dezenas de milhar de pessoas.

A 2 de Abril do ano seguinte, confessa-se e recebe a comunhão pela última vez “com uma grande lucidez e piedade”, como escreve o pároco de Fátima no Livro de Óbitos, ao registar a sua morte, em 4 de Abril, acrescentando: “E confirmou que tinha visto uma Senhora na Cova da Iria e Valinho”.

Foi sepultado no cemitério de Fátima, de onde os seus restos mortais foram exumados, em 17 de Fevereiro de 1952, e trasladados para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, em 13 de Março de 1952, repousando no braço direito do transepto.

Francisco e a irmã Jacinta foram canonizados no Santuário de Fátima, a 13 de Maio de 2017, durante a Missa da primeira Peregrinação Internacional Aniversária do Centenário das Aparições, presidida pelo Papa Francisco, tornando-se assim nos mais jovens santos não-mártires da história da Igreja Católica.

A canonização tinha sido aprovada a 23 de Março, quando o Vaticano anunciou que o Papa Francisco reconhecera o milagre atribuído a Francisco e Jacinta, última etapa do processo, iniciado há 65 anos.

O reconhecimento de um milagre realizado por sua intercessão depois da beatificação é um processo da competência da Congregação para a Causa dos Santos, regulado pela Constituição Apostólica Divinus Perfectionis Magister , promulgada por João Paulo II em 1983.

No processo de Francisco e Jacinta Marto, foi aceite como milagre a cura milagrosa de Lucas, uma criança brasileira de cinco anos, que caiu de uma janela, a uma altura de 6,5 metros no dia 3 de Março de 2013, ficando em coma, com perda de tecido cerebral no lóbulo frontal direito.

A oração da família e das irmãs do Carmelo de Campo Mourão, no Brasil, pedindo a intercessão de Francisco e Jacinta, resultou na cura total de Lucas, facto que os médicos não conseguem explicar.

Abrir

O melhor jejum

Jejum de palavras negativas e dizer palavras bondosas. Jejum de descontentamento e encher-se de gratidão. Jejum de raiva e encher-se com mansidão e paciência. Jejum de pessimismo e encher-se de esperança e optimismo. Jejum de preocupações e encher-se de confiança em Deus. Jejum de queixas e encher-se com as coisas simples da vida. Jejum de tensões e encher-se com orações. Jejum de amargura e tristeza e encher o coração de alegria. Jejum de egoísmo e encher-se com compaixão pelos outros. Jejum de falta de perdão e encher-se de reconciliação. Jejum de palavras e encher-se de silêncio para ouvir os outros.

Papa Francisco

Abrir

Proposta de exame de consciência

– “Eu não vim chamar os justos mas os pecadores” (Mt 9, 13).

– “Haverá mais alegria no Céu por um só pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que não precisam de se arrepender” (Lc 15, 7).

– “Se perdoardes aos outros as ofensas que eles vos fizeram, também o vosso Pai celeste vos perdoará. Mas, se não perdoares, também o vosso Pai não vos perdoará” (Mt 9, 13).

– “É preciso que se emendem; que não ofendem mais Nosso Senhor, que já está muito ofendido” (Nossa Senhora em Fátima, 13 de Outubro de 1917).

Em relação a Deus

Amo verdadeiramente a Deus com todo o meu coração, ou vivo apenas preocupado com as coisas materiais (trabalho, negócios, riquezas, bem-estar temporal…)? Começo e termino o meu dia com a oração? Na minha oração intercedo pela minha família, pelo grupo com quem trabalho, convivo, pela minha Pátria, pela Igreja e pelo Mundo? Consagro a Deus o meu trabalho, estudo, doença? Lembro-me de agradecer a Deus por tudo o que me deu e dá? Só me dirijo a Deus em caso de necessidade? Participo regularmente na Missa aos Domingos e dias santos, ou falto sem motivo justificado? Blasfemo em vão o nome de Deus, de Nossa Senhora e dos Santos? Envergonhei-me de me manifestar católico? Que faço para crescer espiritualmente, como o faço e quando o faço? Manifesto-me contra os desígnios de Deus? Pretendo que Ele faça a minha vontade? Tenho uma relação de confiança e amizade com Deus, ou cumpro somente a minha relação com Ele com ritos exteriores? Comungo frequentemente? Creio na misericórdia de Deus e abro-me a ela, nomeadamente, através da celebração regular do Sacramento da Reconciliação? Colaboro nas actividades apostólicas da minha paróquia, ou vivo completamente à margem? Procuro cultivar a minha fé e a minha formação cristã?

Em relação ao próximo

Amo de coração o meu próximo como a mim mesmo e como o Senhor Jesus me pede que o ame? Sei perdoar, tenho compreensão, ajudo o meu próximo e partilho os meus bens e dons pelos que são mais pobres do que eu? Rezo pelos defuntos, especialmente os meus familiares? Sou agradecido pelo serviço e favores que me são prestados? Julgo sem piedade, tanto através de pensamentos como através de palavras? Caluniei, roubei, desprezei os humildes e os indefesos? Sou invejoso, colérico ou parcial? Regozijei-me com a desgraça alheia? Sou honesto e justo com todos ou só me interesso pelos outros enquanto posso tirar partido deles para as minhas conveniências, pondo-os de lado depois? Pago salários justos e os impostos? Explorei os meus funcionários ou outras pessoas que tenho sob minha responsabilidade? Incito outros a fazer o mal? Observo a moral conjugal e familiar ensinada pelo Evangelho? Expresso ao meu esposo(a) amor, carinho e respeito e dialogo com ele(a)? Cumpro a minha responsabilidade pela educação dos meus filhos? Estimo os meus pais? Dou-me bem com os meus irmãos? Carrego com paciência os defeitos dos outros, principalmente dos que estão mais próximos de mim? Rejeitei a vida recém concebida? Aconselhei e colaborei em fazê-lo? Pus em perigo a vida e a saúde dos outros e a minha? Respeito o meio ambiente? Respeito os bens alheios? Sou apóstolo da alegria e da esperança?

Em relação a mim mesmo

Sou um pouco mundano e um pouco crente? Como, bebo, fumo e divirto-me em excesso? Preocupo-me em demasia com a saúde física e com os meus bens? Como utilizo o meu tempo? Sou preguiçoso? Gosto de ser servido? Sou soberbo, auto-suficiente? Recuso a violência, sou tolerante e pacífico e tenho a coragem de por causa disto suportar os abusos e prepotências dos injustos? Aflijo-me, preocupo-me e até choro por tudo o que de mal ocorre à minha volta e em mim? Amo e cultivo a pureza de coração, de pensamentos, de acções, como templo que sou do Espírito Santo? Tenho um coração honesto e leal, que não pactua com a duplicidade e o engano? Perco a paz, manifesto mau humor quando as coisas não são ou correm como eu espero? Sou honesto no emprego, sério no trabalho e nos negócios? Alimento vinganças e rancores? Sou misericordioso e construtor da paz? Tenho pecado por omissão? Tenho sido avarento? Sou humilde, simples, prestativo, amigo da verdade? Suporto com paciência as contrariedades da vida? Na maneira como vivo e nas escolhas que faço tenho em conta a perspectiva do fim para o qual Deus nos criou? Digo não a mim mesmo e sei vencer-me, na luta que tenho de travar para fazer a vontade de Deus? Vivo a virtude da esperança e expresso-a através do bom-humor, optimismo, paciência, positividade, iniciativa, encorajamento, fortaleza…?

Conclusão: O Papa Francisco lembra-nos que «Deus nunca Se cansa de nos perdoar. Nós é que nos cansamos de pedir perdão». Levemos para as nossas famílias e locais de convivência e trabalho a experiência de sermos perdoados por Deus com generosa misericórdia. Distribuamos às pessoas que convivem connosco os presentes de misericórdia que o Senhor nos oferece.

Abrir

Caminhada quaresmal com Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein) – 5

REZAR CADA DIA DA SEMANA COM SANTA TERESA BENEDITA DA CRUZ: 1-6 DE ABRIL

Segunda-feira, 1 de Abril: ficar diante de Deus por todos

Senhor! Desce, antes que o meu filho morra! (Jo 4:49).

Estar diante de Deus por todos; é a nossa vocação (Edith Stein).

Muitas vezes chamamos Jesus pedindo a sua ajuda para determinada pessoa. Isso é bom. Nem sempre somos atendidos de maneira espectacular, mas o amor espalha-se como o brilho do sol. Vamos acreditar!

Terça-feira, 2 de Abril: anunciar Jesus

O homem (curado) foi anunciar aos judeus que foi Jesus quem o curou (Jo 5,15).

Para pertencer a Deus como um dom, livre de amor e servi-lo, não é apenas a vocação de alguns escolhidos, mas de todo o cristão: dedicado ou não, homem ou mulher, todos são chamados a seguir Cristo (Edith Stein).

Todo o cristão é chamado para anunciar que Jesus o curou. De uma forma ou de outra. Qual é o meu caminho? Ainda estou um pouco «paralisado» para anunciar isso?

Quarta-feira, 3 de Abril: receber a Vida

Como o Pai realmente ressuscita os mortos e os faz viver, assim o Filho também faz viver quem ele quer (Jo 5, 21).

Não és tu o Maná, Que passa do coração do Filho, Ao meu, Comida dos anjos e dos santos? Ele, que da morte, Para a vida se levantou, Também a mim ressuscitou para a vida. Arrancou-me do sono da morte, E nova vida Ele me dá, De dia para dia. Um dia a sua plenitude, Inundar-me-á totalmente, Vida de tua vida – Sim, tu mesmo: Santo Espírito (Edith Stein).

Deus diz tudo: somos chamados a uma vida de abundância. Este é o plano de Deus para nós. Isso me é dado na Eucaristia. Eu tenho o desejo de comer e receber essa Vida?

Quinta-feira, 4 de Abril: um por todos e…

Moisés apazigua a face do Senhor seu Deus, dizendo … (Ex 32, 11).

É somente pelo facto de que o indivíduo está diante de Deus, através do confronto e da atracção da liberdade divina e da liberdade humana, que ele recebe a força para permanecer ali para todos e isso diz a Igreja, “todos por um e um por todos (Edith Stein).

Moisés está diante de Deus para obter a conversão e a salvação de seu povo. Eu realmente imploro pelos outros? «Todos por um, um por todos».

Sexta-feira, 5 de Abril: estar interessado nos assuntos do Senhor

Os ímpios não estão na verdade quando raciocinam sozinhos… (Sl 2,1).

Aquele que procura o Senhor em sua casa não mais quererá falar com ele sobre si mesmo e sobre seus assuntos. Ele começará a se interessar pelos assuntos do Senhor (Edith Stein).

A Quaresma avança. A liturgia encoraja-nos a olhar cada vez mais para o Crucificado, a descentrar-nos. Caminhemos para Ele, olhemos para ele…

Sábado 6 de Abril: a oração da Igreja

Pôr fim à fúria dos ímpios, fortalecer os justos, tu que escrutinas a mente e o coração, Deus, o Justo! (Sl 7).

Toda oração verdadeira é a oração da Igreja: através de toda oração verdadeira acontece alguma coisa na Igreja e é a própria Igreja quem a reza, porque é o Espírito Santo vivendo nela que, em cada alma, «intervém por nós através de gritos inexprimíveis» (Edith Stein).

Conhecemos os nossos, vemos a justiça e a bondade de Jesus. O choque do pecado e do Amor o levará à morte. Através da oração, somos um com Ele. Podem as nossas obras, a nossa linguagem, o nosso espírito, ser à imagem de Cristo…

Abrir

4º Domingo da Quaresma – Ano C

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 15,1-3.11-32)

Naquele tempo, os publicanos e os pecadores aproximavam-se todos de Jesus, para O ouvirem. Mas os fariseus e os escribas murmuravam entre si, dizendo: «Este homem acolhe os pecadores e come com eles». Jesus disse-lhes então a seguinte parábola: «Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me toca’. O pai repartiu os bens pelos filhos. Alguns dias depois, o filho mais novo, juntando todos os seus haveres, partiu para um país distante e por lá esbanjou quanto possuía, numa vida dissoluta. Tendo gasto tudo, houve uma grande fome naquela região e ele começou a passar privações. Entrou então ao serviço de um dos habitantes daquela terra, que o mandou para os seus campos guardar porcos. Bem desejava ele matar a fome com as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. Então, caindo em si, disse: ‘Quantos trabalhadores de meu pai têm pão em abundância, e eu aqui a morrer de fome! Vou-me embora, vou ter com meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho, mas trata-me como um dos teus trabalhadores’. Pôs-se a caminho e foi ter com o pai. Ainda ele estava longe, quando o pai o viu: encheu-se de compaixão e correu a lançar-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos. Disse-lhe o filho: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos servos: ‘Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha. Ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei o vitelo gordo e matai-o. Comamos e festejemos, porque este meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’. E começou a festa. Ora o filho mais velho estava no campo. Quando regressou, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos servos e perguntou-lhe o que era aquilo. O servo respondeu-lhe: ‘O teu irmão voltou e teu pai mandou matar o vitelo gordo, porque ele chegou são e salvo’. Ele ficou ressentido e não queria entrar. Então o pai veio cá fora instar com ele. Mas ele respondeu ao pai: ‘Há tantos anos que eu te sirvo, sem nunca transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para fazer uma festa com os meus amigos. E agora, quando chegou esse teu filho, que consumiu os teus bens com mulheres de má vida, mataste-lhe o vitelo gordo’. Disse-lhe o pai: ‘Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu. Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’». 

Reflexão

«Quando ainda estava longe, o pai viu-o e, enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe ao pescoço e cobriu-o de beijos» (Lc 15, 20). Assim nos leva o Evangelho ao coração da parábola onde se apresenta o comportamento do pai quando vê regressar o seu filho: comovido até às entranhas, não espera que ele chegue a casa, mas surpreende-o correndo ao seu encontro. Um filho ansiosamente esperado. Um pai comovido ao vê-lo regressar.

Mas não foi a única vez que o pai correu. A sua alegria seria incompleta sem a presença do outro filho. Por isso, sai também ao seu encontro, para convidá-lo a tomar parte na festa (cf. 15, 28). Contudo o filho mais velho parece não gostar das festas de boas-vindas, custava-lhe suportar a alegria do pai, não reconhece o regresso do seu irmão: «esse teu filho» (15, 30) – dizia. Para ele, o irmão continua perdido, porque já o perdera no seu coração.

Incapaz de participar na festa, não só não reconhece o irmão, mas tão-pouco reconhece o pai. Prefere ser órfão à fraternidade, o isolamento ao encontro, a amargura à festa. Custa-lhe não só compreender e perdoar a seu irmão, mas também aceitar ter um pai capaz de perdoar, disposto a esperar e velar por que ninguém fique fora; enfim, um pai capaz de sentir compaixão.

No limiar daquela casa, parece manifestar-se o mistério da nossa humanidade: por um lado, temos a festa pelo filho reencontrado e, por outro, um certo sentimento de traição e indignação por se festejar o seu regresso. Por um lado, a hospitalidade para quem experimentara tal miséria e sofrimento, que chegara ao ponto de exalar o cheiro dos porcos e querer alimentar-se com o que eles comiam; por outro, a irritação e o ressentimento por se dar lugar a alguém que não era digno nem merecedor de tal abraço.

Mas no limiar daquela casa brilhará também em toda a sua claridade, sem lucubrações nem desculpas que lhe tirem força, o desejo do Pai: que todos os seus filhos tomem parte na sua alegria; que ninguém viva em condições desumanas como o seu filho mais novo, nem na orfandade, isolamento ou amargura como o filho mais velho. O seu coração quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade (cf. 1 Tm 2, 4).

A parábola do Evangelho deixa aberto o final. Vemos o pai rogar ao filho mais velho que entre e participe na festa da misericórdia; mas o evangelista nada diz acerca da decisão que ele tomou. Ter-se-á associado à festa? Podemos pensar que este final aberto sirva para cada comunidade, cada um de nós o escrever com a sua vida, o seu olhar e atitude para com os outros. O cristão sabe que, na casa do Pai, há muitas moradas; de fora, ficam apenas aqueles que não querem tomar parte na sua alegria.

Papa Francisco, Excerto da homilia pronunciada na Eucaristia celebrada em Rabat (Marrocos) em 31 de Maio de 2019

Abrir